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JORNAL

Planejamento Escolar

Sexta-feira, 3 de Outubro de 2008

Edição 6

EDITORIAL - Planejamento Escolar

Nesta sexta edição, o Jornal do Professor trata do tema Planejamento Escolar. Como sempre, o assunto atende aos pedidos dos leitores, tendo sido o mais votado na enquete colocada em nossa página.

Você vai ler, entre outros temas, sobre o que deve ser levado em consideração na hora de montar um plano escolar, curricular e de aula; qual é a importância de um plano de aula; como utilizar as aulas disponíveis no Portal do Professor e como criar as suas próprias.

Você também vai conhecer experiências de planejamento desenvolvidas em escolas das regiões Norte, Nordeste, e Sul do Brasil.

Ajude-nos escolher o tema das próximas edições, votando na enquete colocada em nossa página. E aproveite para colaborar enviando sugestões, críticas, textos e músicas!

Seja bem-vindo!

Professor deve usar plano de aula como guia, permanecendo atento aos imprevistos

Assessora pedagógica da Pró-Reitoria de Graduação da PUCRS.

O plano de aula é uma ferramenta muito importante para o professor. Por meio dele, o educador pode fazer a previsão dos conteúdos que serão dados, as atividades que serão desenvolvidas, os objetivos que pretende alcançar, e as formas de avaliação.

 

Para falar sobre este tema, o Jornal do Professor entrevistou a doutora em Educação, Marlene Grillo, professora titular do Programa de Pós-Graduação em Educação da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS) e assessora pedagógica da Pró-Reitoria de Graduação da mesma instituição.

 

 

JP - O que é e para que serve o plano de aula?

MG - Falar sobre plano de aula, mesmo que se pretenda ser breve, encaminha a um referencial teórico que reúne dimensões filosóficas, psicológicas e sociais com repercussões diretas no que, para que e como ensinar.

A experiência cotidiana mostra que a concepção de planejamento tem passado por várias modificações: entendido como instrumento obrigatório, definitivo e inflexível, passando pela dispensabilidade, até chegar quase a sua rejeição. Trata-se, nesse caso, menos de uma questão técnica e mais de uma questão filosófico-pedagógica.

Um plano de aula tem sempre sua origem num projeto pedagógico institucional que dinamiza as direções do ensino, detalhadas num plano de curso e de unidade. É uma previsão de atividades vinculadas a um plano de ensino mais amplo desenvolvidas em etapas seqüenciais, em consonância com objetivos e conteúdos previstos. Serve para organizar a intenção do professor e o modo de operacionalizá-la. Expressa, ainda, as opções desse professor diante de seu contexto de trabalho, que implica pensar simultaneamente o conteúdo e os sujeitos com os quais interage.

Todo plano de aula, além de ser um guia, traz implícitas questões pessoais do professor comprometido com sua tarefa e com seus alunos: por que faço o que faço ao ensinar? o que é uma aula: espaço de parceria ou de resistência? como mobilizar o aluno para aprender? como verificar se o aluno aprendeu?

 

JP - Qual sua importância?

MG - O plano possibilita ao professor, na medida do possível e do desejável, manter a articulação da disciplina como um todo pela relação com o plano de ensino e ainda realizar uma auto-avaliação da aula ou uma avaliação cooperativa para orientar decisões futuras. Aspectos a serem mantidos ou a reformular poderão ser identificados com mais segurança. Cabe destacar que o plano de aula não implica obrigatoriamente seu cumprimento rígido. O cenário da aula exige permanente atitude reflexiva do professor para recriar e redirecionar ações sempre que novos interesses e necessidades imprevistas surgirem, o que não significa despreparo docente, mas competência para “agir na urgência e decidir na incerteza”, como ensina Perrenoud. Entretanto, um afastamento contínuo do plano necessita ser revisado.

O plano, como resultado do processo de planejamento, permite ao professor distanciar-se de sua prática, sistematizá-la e tornar mais conscientes as opções para a organização da aula. O plano documenta a experiência em suas intenções iniciais e permite o retorno a ela após o vivido para sua avaliação.

 

JP - O que deve ser levado em consideração na elaboração de um plano?

MG - Um plano, para ser efetivo, deve apresentar, de forma precisa e orgânica, o objetivo da aula, o conteúdo a ser desenvolvido, as atividades e a avaliação. É preciso entender que avaliar não é sinônimo de prova nem de grau. É diagnosticar se a aprendizagem ocorreu ou não e explicitar ações para continuidade ou reorientação do processo de ensino.

 

JP - Modelo para construção de um plano de aula

MG - Mais do que saber elaborar um plano, é necessário acreditar que ele é o instrumento pessoal e intransferível de trabalho do professor, e expressa as concepções teóricas que sustentam suas atividades docentes. Importante não é estabelecer um roteiro / modelo padrão de plano, mas o registro dos aspectos que orientam o professor para estruturar a prática. O estabelecimento de modelos pode burocratizar o planejamento e restringir as possibilidades de auto-organização do professor na elaboração do plano.

JP - Dicas para professores novos

MG - Além de elaborar o plano, o professor deve levar em consideração a relação entre suas intenções e o modo como os alunos as percebem, pois às vezes são necessários pequenos ajustes em qualquer dos elementos do plano para uma boa condução da aula.

(Fátima Schenini)

Planejamento é fator importante em escolas do Pará e Alagoas

Escola Estadual Padre Aurélio Góis - Junqueiro (AL)

Na Escola Estadual Padre Aurélio Góis, localizada no município de Junqueiro, em Alagoas, a cerca de 100 Km de Maceió, o planejamento é uma tarefa conjunta, que tem como objetivo traçar metas para saber aonde chegar.

De acordo com a diretora da instituição, Maria Salete dos Santos Ribeiro, o planejamento do ano letivo é feito pelos diretores e coordenadores e depois repassado para os professores, em reuniões.

No início do segundo semestre do ano letivo, em agosto, é feita nova reunião para analisar os resultados obtidos e verificar o que pode ser melhorado e o que deve ser descartado.

“Os professores não ficam sós. A direção e os coordenadores pedagógicos estão sempre em contato com eles, incentivando-os e estimulando-os para que descubram novos meios de se aperfeiçoarem,” salienta Maria Salete.

A coordenadora pedagógica do ensino fundamental da Padre Góis, Rejane Maria Vieira da Silva, explica que a escola também promove encontros do conselho de classe. São duas reuniões por semestre, com a participação de diretores, coordenadores, professores, pais e alunos. Ela acredita que a participação do aluno, nesses encontros, é importante, pois ele é o sujeito que justifica a existência da escola. “O processo na escola acontece porque temos o aluno”, diz. Defende também a participação dos pais: “a comunidade confia na escola e a escola confia na família dos alunos”, justifica.

Com 908 alunos do 7º ano do ensino fundamental ao 3º ano do ensino médio, nos três turnos, a instituição deu um salto no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb). De 3,1 em 2005 passou para 4,9 em 2007, atingindo o valor previsto para 2019.

Na Escola Municipal Deputado Ubaldo Corrêa, em Santarém (PA), município situado na confluência dos rios Amazonas e Tapajós, a 1.369 Km de Belém, o planejamento, amplo e detalhado, engloba a planificação dos instrumentos que propõem ações e metas a serem alcançadas – a proposta pedagógica, o plano anual de metas, e o plano de ação do conselho escolar.

De acordo com o vice-diretor da instituição, Ernany Santos de Almeida, no início de cada ano é realizada uma jornada pedagógica, onde os professores analisam os dados do rendimento escolar, os objetivos e metas previstos para o ano anterior e implementam novas ações. Ele explica que os dados estatísticos registrados a cada bimestre, como índices de aprovação, reprovação, evasão e faltas, são analisados em conjunto, pela equipe gestora da escola, pais e alunos. E a cada semestre, eles avaliam as práticas pedagógicas e propõem melhorias nas ações para o ensino aprendizagem.

A escola também promove inúmeras atividades curriculares e extracurriculares que contribuem para fortalecer o compromisso de professores e gestores com o plano de trabalho escolar e de crescimento profissional, tais como encontros pedagógicos e administrativos e reuniões do conselho escolar e do conselho de classe.

Compromisso – “A educação só vai mudar quando todos os envolvidos se conscientizarem de que também são responsáveis, incluindo aí professores, gestores, alunos, pais, vigias, serventes, enfim, a comunidade em geral,” diz a diretora da Ubaldo Corrêa, Naide Iraci Sousa da Silva. “Em nossa escola já está acontecendo de o pessoal responsável pela merenda perguntar se vamos precisar deles no sábado. Isso é se comprometer com a educação“, ressalta.

Maior escola da rede do município, a Ubaldo Corrêa atende 1.180 alunos dos anos finais do ensino fundamental (6º ao 9º), distribuídos nos turnos matutino e vespertino. Com Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) de 3,8 em 2005, atingiu, em 2007, o valor de 4,1, maior do que estava previsto para 2009, que era de 4,0.

As duas instituições receberam o Prêmio Nacional de Referência em Gestão Escolar – Ciclo 2006-2007, promoção conjunta do Conselho Nacional dos Secretários de Educação (Consed), da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime), da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) e da Fundação Roberto Marinho.

(Fátima Schenini)

Aulas bem planejadas estimulam aprendizado

Alunos do projeto A mãe África e seus filhos - Escola Municipal Ver. Arnaldo Reinhardt - Novo Hamburgo (RS).

Duas professoras do interior do país apostaram em inovações para mudar a rotina de suas escolas. Situadas em realidades diferentes, uma no Rio Grande do Sul (RS) e outra no Ceará (CE), elas buscaram meios alternativos para o planejamento de suas aulas. Os problemas vividos dentro e fora da escola serviram como ponto de partida para a adequação do ensino diário na assimilação de conceitos básicos sócio-culturais.

Em Nova Hamburgo, município de colonização alemã a 40 Km de Porto Alegre (RS), a professora Juceli Hack de Oliveira, da Escola Municipal de Ensino Fundamental Vereador Arnaldo Reinhardt, elaborou o projeto A Mãe África e Seus Filhos Brasileiros, a partir de uma criança negra que entrou na escola em que prevalecem crianças de cor branca. Ao detectar o preconceito, surgiu a idéia de introduzir outras culturas, principalmente as africanas, na rotina dos alunos. Uma das atividades adotadas foi o recebimento de visitas de pessoas ligadas à cultura da África, como professores de capoeira e missionários atuantes naquele continente.

O projeto teve duração de dez meses. A professora ia planejando as aulas de acordo com a avaliação semanal dos alunos e o retorno da família. “No início, os pais não concordavam e havia muitas reclamações. Hoje, eles têm menos preconceitos e conhecem mais sobre a cultura deles mesmos e dos outros países”, diz Juceli.

Segundo a professora, a escola também não foi muito receptiva no início e não ajudou no planejamento. Mas após os bons resultados obtidos com as crianças, a escola apoiou e começou a participar do planejamento e a investir no projeto, que deu a Juceli o prêmio Professores do Brasil, edição 2005. A premiação é uma iniciativa do MEC em parceria com o Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed), a União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime), e fundações Bunge e Orsa.

Em Cágado, distrito rural de São Gonçalo do Amarante (CE), a cerca de 60 Km de Fortaleza, a professora da Escola de Ensino Fundamental João Pinto Magalhães, Francisca das Chagas Menezes Sousa, utilizou uma ferramenta diferente, a literatura de cordel. O projeto Cordel: rimas que encantam, deu à Francisca o Prêmio Victor Civita 2006, de Educadora do Ano.

Ao identificar problemas de escrita e leitura em seus alunos do 9º ano, a professora percebeu que utilizar cordéis seria uma forma diferente e mais atrativa de ensinar. Aos poucos os alunos foram pegando o gosto pela leitura dos livretos, com contos recheados de rimas. O distrito foi contribuindo para o planejamento do projeto e alimentando o acervo dos cordéis.

Segundo a professora, todo o planejamento é baseado nas necessidades dos alunos. “A maior dificuldade dos meus alunos era diferenciar a linguagem falada para a escrita. Com o cordel eles aprenderam a identificar cada uma”, destaca. Após estimular a leitura dos cordéis, a professora sentiu a necessidade de que os próprios estudantes construíssem os seus, escrevendo sobre o cotidiano, histórias de família ou qualquer outra história que conheciam.

Estimulante – De acordo com as duas professoras, é muito mais estimulante trabalhar com projetos inovadores. Planejar aulas tendo como meta um objetivo maior do que os rotineiros alimenta a vontade de ensinar e estimula o planejamento de novos projetos. Aulas bem planejadas levam ao engajamento da escola e da comunidade e fazem a diferença no aprendizado de qualquer estudante. (Assessoria de Comunicação da Seed/MEC)

Portal do Professor auxilia a planejar aulas

 Carmem Prata, coordenadora do Portal do Professor

Sugestões de aulas de acordo com o currículo de cada disciplina, além de recursos multimídia como vídeos, fotos, mapas, áudios e textos, que tornam o conteúdo mais dinâmico e interessante para o aluno, estão nas seções Espaço da Aula e Recursos Educacionais, do Portal do Professor. À disposição dos professores, os conteúdos podem auxiliar no preparo das aulas e enriquecer a aprendizagem dos estudantes.

Os professores das diferentes regiões brasileiras podem compartilhar suas idéias, propostas e sugestões metodológicas sobre o uso dos recursos multimídia e das ferramentas digitais. “Queremos criar um intercâmbio de experiências para o desenvolvimento criativo de novas estratégias de ensino e aprendizagem”, diz a coordenadora do Portal do Professor, Carmem Prata.

Ela destaca que, o importante é fortalecer a colaboração entre os professores, de modo a que um possa ajudar a outro. "Uma idéia simples, colocada em prática por um professor, poderá estimular a outro ou fazer com que desperte para novas possibilidades de uso de uma ferramenta de aprendizagem”, salienta.

O Portal dispõe, no momento, de 270 sugestões de aulas em diferentes disciplinas de ensino fundamental e médio. Elas podem ser lidas, comentadas, classificadas e baixadas por qualquer interessado. Para acessá-las, as opções são muitas: por nível de ensino, componente curricular, tema, ordem de publicação, mais comentadas e melhor classificadas.

Caso o professor queira criar sua própria aula, deverá fazer sua inscrição e login no ambiente do Portal, podendo também inserir recursos disponíveis no menu Recursos Educacionais, como mapas ou vídeos.

Aprenda a criar sua própria aula.

(Fátima Schenini)

Bancos ecológicos

Professora e alunos de Catuípe (RS) dão nova vida a pneus velhos.

Vamos criar novas possibilidades, olhar para nós e para o mundo como se fôssemos um só e assim lutar por uma vida melhor para todos”. Deise Cargnelutti

 

Professora de artes no Colégio Estadual Catuípe, no município de Catuípe, no Rio Grande do Sul, Deise Cargnelutti queria construir alguma coisa com o lixo que fosse útil e ao mesmo tempo pudesse ser desfrutado e apreciado. Então, ela e alguns alunos do 8º ano tiveram a idéia de fazer bancos, aproveitando pneus velhos.

 

Os alunos do 8º e do 9º anos do ensino fundamental diurno e das turmas 1A e 1B do ensino médio noturno lavaram e pintaram o material, que serviu para a construção de quatro bancos e uma mesa. Os assentos foram feitos com algumas placas que encontraram.

 

Ao concluírem o trabalho, a professora e os alunos fizeram uma reflexão sobre a importância de usar a criatividade na reutilização do lixo. Segundo Deise, “percebemos que tudo é possível quando fizermos brotar de nosso íntimo a motivação para construção de um mundo sustentável, onde ser humano e natureza convivam em harmonia”.

José Cerchi Fusari: “Planejar evita o excesso de improviso pedagógico”.

Com mais de 40 anos de experiência em educação, José Cerchi Fusari* defende a retomada do planejamento educacional como uma atividade realizada durante todo o ano letivo e não somente no início. Professor doutor da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP), Fusari trabalhou sistematicamente na formação de pedagogos, professores e pesquisadores. É doutor em educação pela USP, mestre em filosofia da educação pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), formado em pedagogia pela PUC–SP e egresso das antigas escolas normais de formação de professores. Além da longa experiência em ensino fundamental, médio e superior, no momento coordena na FEUSP o Grupo de Estudos e Pesquisas sobre Formação de Educadores (GPEFE).

 

JP - O que se entende por planejamento de ensino? Qual o seu conceito?

 

JCF - A maioria das escolas brasileiras organiza no começo do ano uma semana de planejamento. Isso tem um lado positivo e negativo. Como não há uma cultura de planejamento, isso acaba limitando-o àquilo que acontece somento no início do ano letivo. Planejar não pode ser caracterizado como uma atividade datada e situada, deve ser um processo mais amplo, caso contrário, cairemos no “repentismo pedagógico” em que as escolas vivem de improvisos.

Sendo assim, o planejamento pode ser definido como um processo permanente, crítico e reflexivo vivenciado pelos educadores, em especial, nos 200 dias letivos e para além deles. É muito mais amplo do que a elaboração de planos e projetos. O planejamento é uma atitude, um valor que damos ao pensar, ao refletir. Ao fazer isso, valorizamos os educadores enquanto protagonistas do processo de educação escolar.

Atualmente, o planejamento escolar está estigmatizado como uma tarefa supérflua, desnecessária e burocrática. Entretanto, é importante recuperar a identidade do planejamento na escola como uma vivência, uma atitude. O planejamento transformado em cultura vai propiciar bons projetos, planos de aula e planos de ensino.

 

JP - É importante a participação da comunidade e dos conselhos escolares na hora de formular o plano de ensino? Como eles podem contribuir?

 

JCF - Toda escola se organiza a partir de um currículo formal, o qual serve de base para a construção de um Projeto Político Pedagógico (PPP). A construção deste projeto deve ser feita coletivamente, de maneira participava, costurada com a comunidade na qual a escola está inserida. Por isso, podemos dizer que o projeto é uma obra aberta. O PPP está sempre sendo reinventado porque a relação da escola com a comunidade é dinâmica.

A comunidade pode contribuir de várias formas. Sabemos que existem escolas muito fechadas em relação a comunidade, mas tem escolas que conseguem ter um diálogo mais aberto. Para isso, há formas instituídas como os conselhos escolares, que funcionando democraticamente, estabelecem um canal de comunicação rico e saudável para a escola. A escola tem que ir além do que é a expectativa da comunidade. O PPP tem uma função tripolar: está voltado para a educação dos alunos, mas também para a educação dos professores e da comunidade. Assim a comunidade se torna co-responsável pela escola e seu projeto pedagógico.

 

JP - O que deve ser levado em consideração na hora de montar um plano escolar, curricular e de aula?

 

JCF - O fundamental não é decidir se o plano será redigido no formulário x ou y, mas assumir que a ação pedagógica necessita de um mínimo de preparo, mesmo tendo o livro didático como um dos instrumentos comunicacionais no trabalho escolar em sala de aula. É importante desencadear um processo de repensar todo o ensino, buscando um significado transformador para os elementos curriculares básicos:

Princípios educacionais – Estão presentes na Lei de Diretrizes e Bases da Educação. Entretanto, é interessante que a escola se reúna e reescreva os princípios levando em consideração as situações locais. Os princípios são o ponto de partida do processo de elaboração de um plano escolar e é interessante que acompanhe todo o processo de planejamento escolar.

Objetivos – Estes são os pontos de chegada, onde se pretende chegar com as atividades da escola, de cada disciplina e das aulas.

Conteúdo – É necessário também prever o conteúdo como um recorte do conhecimento que fará parte de cada disciplina. Conhecimento este produzido históricamente pela humanidade.

Métodos de ensino – Concomitante a definição dos objetivos que constituem o ponto de partida para qualquer método de ensino, cumpre ao professor e supervisor o planejamento de técnicas, instrumentos, procedimentos, situações e experiências de ensino que visam engajar o aluno em situações capazes de produzir aprendizagens crítico-reflexivas.

Avaliação – A avaliação é o processo pelo qual a escola e os professores procuram determinar a qualidade e quantidade de mudanças efetuadas na aprendizagem dos educandos, sempre tendo como referência os princípios, objetivos, conhecimentos, metas e sistemas de avaliação. As situações de avaliação são mais facilmente escolhidas e planejadas quando os objetivos são bem definidos.

 

JP - Qual plano deve ser prioritário: escolar, curricular ou de aula?

 

JCF - Os três tipos de plano se complementam, se interpenetram e compõem o corpo do plano de currículo da escola. Entretanto, na prática das unidades escolares, devido à quase total falta de condições de trabalho docente, a elaboração dos planos escolar, de curso e de ensino tem-se revelado complexa, fragmentada, longe mesmo, em alguns casos, daquela organicidade desejada para o processo de ensino e aprendizagem.

 

Na atual conjuntura problemática em que se encontram a escola, vamos estimular os professores a prepararem as suas aulas, garantindo, deste modo, um trabalho mais interessante e produtivo no processo ensino e aprendizagem, no qual o professor seja um bom mediador entre os alunos (com suas características e necessidades) e os conteúdos do ensino.

 

*jcfusari@usp.br

 

(Renata Chamarelli)