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JORNAL

Olimpíadas de Matemática

Segunda-feira, 29 de Agosto de 2011

Edição 59

EDITORIAL - Olimpíadas de Matemática

Nesta 59ª edição do Jornal do Professor, decidimos abordar um assunto que vem despertando o interesse de alunos e professores e se tornando cada vez mais importante.

Com o tema Olimpíadas de Matemática, procuramos mostrar algumas experiências de professores e escolas na preparação de estudantes para a Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (Obmep). Assim, apresentamos a vocês os trabalhos desenvolvidos nas escolas Augustinho Brandão e Teotônio Ferreira Brandão, em Cocal dos Alves (PI); no Colégio Militar de Brasília (DF); e na Escola Estadual Coronel Oscar Castro, em Pirajuba (MG).

Criada em 2005, como objetivo de estimular o estudo da matemática e revelar talentos na área, a Obmep vê aumentar, a cada ano, o número de participantes. O número de alunos inscritos na primeira fase passou de 10.520.831, em sua primeira edição, para 19.665.928 em 2010. Nesse mesmo período, aumentou também o número de ganhadores de medalhas de ouro, que passou de 300, em 2005, para 504, em 2010.

O entrevistado desta edição é o professor César Camacho, diretor geral do Instituto Nacional de Matemática Pura e Aplicada (Impa). E a participante da seção Espaço do Professor é a professora Rose Mary Calazans, da Escola Estadual 19 de Maio, em Alta Floresta (MT).

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Pequeno município do Piauí é celeiro de campeões

Da esq. para a direita: Antonio Amaral, Raimundo Alves e Sandoel Vieira

O excelente desempenho dos estudantes de Cocal dos Alves, em diferentes áreas do conhecimento, tem feito o pequeno município localizado no norte do Piauí se destacar e virar notícia em todo o Brasil. Alunos do município, que tem pouco mais de cinco mil habitantes, já foram campeões em olimpíadas nacionais de matemática, química, e língua portuguesa e em gincanas estaduais de história e geografia.

Na matemática, à frente dessa história de sucesso está o professor Antonio Cardoso do Amaral, que dá aulas nas duas escolas onde estudam os alunos campeões: a Escola de Ensino Médio Augustinho Brandão e a Escola Municipal Teotônio Ferreira Brandão. Com licenciatura em matemática e especialização em matemática do ensino médio, ele está há dez anos no magistério.

Os bons resultados obtidos logo na primeira edição da Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (Obmep), em 2005 – 17 premiações, entre medalhas de prata, bronze e menções honrosas – fez com que alunos e professores passassem a acreditar mais em seus potenciais e a sonhar com outros resultados. “A partir daí, diversos interesses foram despertados e os resultados foram aparecendo em todos os outros campos”, relembra Amaral.

Ele explica que o trabalho de preparação para a Olimpíada de Matemática começou junto com a Obmep. Nessa época, ele dedicava uma ou duas aulas semanais, em cada turma, para a preparação da prova. O bom resultado obtido no primeiro ano da competição incentivou a todos e provocou mudanças na preparação dos alunos. Assim, no ano seguinte, antes mesmo da realização da prova da primeira fase da olimpíada, já havia encontros nos finais de semana com os alunos mais interessados em competir.

“E daí já saía a primeira medalha de ouro, com o aluno Sandoel de Brito Vieira, da 7ª série da Escola Municipal Teotônio Ferreira Brandão, que depois do resultado passou a ajudar na preparação dos novos alunos interessados na competição”, explica Amaral. Segundo ele, desde então as aulas de preparação ocorrem nos finais de semana, se intensificando à medida que se aproxima a fase final da Obmep, quando passam a ser diárias, no turno contrário ao das aulas. Desde o ano passado, o professor Amaral conta com a colaboração do professor Raimundo Alves, que também leciona nas duas escolas participantes das competições de matemática. “Sempre que pode, ele dá uma força na preparação dos alunos”, diz Amaral.

Premiações – Ao longo de seis anos de participações em competições de matemática, que incluem a Olimpíada Piauiense de Matemática e a Olimpíada Brasileira de Matemática (OBM), os alunos cocalalvenses já receberam 121 premiações: 10 medalhas de ouro, 10 medalhas de prata, 34 medalhas de bronze e 67 menções honrosas. Somente em 2010, os estudantes das escolas Augustinho Brandão e Teotônio Ferreira conquistaram 12 medalhas na Obmep, superando os resultados de 11 estados brasileiros – quatro de ouro, três de prata e cinco de bronze, mais 12 menções honrosas.

De acordo com a diretora da Escola Augustinho Brandão, Kuerly Vieira de Brito, é possível perceber que os estudantes passaram a acreditar mais em si e participam com mais intensidade das atividades propostas com o objetivo de melhorar seu desempenho, seja nas atividades escolares ou nas competições das mais diversas áreas. “Hoje temos alunos destaque nas olimpíadas de matemática, química, português e biologia e em 2010 tivemos 100% de aprovação nos vestibulares”, assegura a diretora, que é licenciada em letras, com especialização em língua portuguesa e está há oito anos no magistério. (Fátima Schenini)

Leia também: Vencedoras do Piauí ampliam tempo de estudantes na escola

Olimpíadas podem ajudar a diminuir preconceito com a matemática

Alunos fazendo prova na sala de aula

Um pequeno município do Triângulo Mineiro ganha projeção nacional devido aos bons resultados obtidos na Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (Obmep). É Pirajuba, a 567 quilômetros de Belo Horizonte, onde a estudante Maria Clara Mendes da Silva, da Escola Estadual Coronel Oscar Castro, vem colecionando medalhas de ouro desde a segunda edição do concurso, realizada em 2006. E em 2011, ela foi a primeira estudante de escola estadual a participar da Olimpíada Internacional de Matemática (IMO), realizada em julho, na Holanda, e ainda ganhou uma medalha de bronze.

“Os resultados são de muita responsabilidade para a escola, pois, uma vez que nos tornamos vitrine, faz-se necessário maior e melhor eficiência na oferta de nossos trabalhos”, diz Ricardo Urbano Silvério, que assumiu a direção da Oscar de Castro em março deste ano. Para ele, que é professor de língua portuguesa e língua inglesa está há 17 anos no magistério, “faz-se urgente e necessário abrir espaço para o mundo conhecer mais talentos como o de Maria Clara.”

A responsável pela participação da escola na Obmep é a professora Edna Maria Rodrigues, 19 anos de magistério, que foi diretora de novembro de 2002 até o início deste ano. “Vi a oportunidade de inscrever nossa escola na Obmep como um passo para diminuir o preconceito ou o medo da matemática”, explica Edna, que considera essa disciplina e a língua portuguesa como base para o estudo de todas as outras.

Com licenciatura plena e pós-graduação em matemática, atualmente Edna Maria é vice diretora da escola, além de dar aulas nas turmas de 7º e 8º anos do ensino fundamental e de 1º, 2º e 3º anos do ensino médio. "Meus pais sempre colocaram a educação como base para enfrentar a vida. Tento dar continuidade a isto com meus filhos e com todos que tenho a oportunidade de compartilhar algum momento de aprendizagem”, salienta a professora.

De acordo com o diretor, a Oscar de Castro não adota um programa específico de preparação para a olimpíada. “Há uns dois anos os professores montavam grupos de estudos para preparação dos alunos que se classificaram para a segunda fase da OBMEP”, relembra Ricardo. Segundo ele, a proposta da professora Edna Maria Rodrigues, neste ano, é de continuar com esses grupos de estudos de forma voluntária. No momento, ela trabalha intensivamente com os alunos classificados para a segunda fase da Obmep.

(Fátima Schenini)

Estímulo aos alunos é o maior segredo para bons resultados

Ten. Córes com alunas

Os estudantes das escolas militares sempre se destacam em todas as competições de matemática de que participam. Na 6ª Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (Obmep 2010), o percentual de alunos de instituições militares premiados foi superior a 30%. Apenas no Colégio Militar de Brasília (CMB), os resultados obtidos foram de 30 medalhas de ouro, 24 de prata e 23 de bronze.

Para o coordenador das olimpíadas de matemática no CMB, tenente Fernando Cunha Córes, os excelentes resultados obtidos pelas escolas militares podem ser explicados por fatores como a disciplina, que é uma característica comum a essas instituições, mais o estrito cumprimento do currículo escolar e o estímulo dado aos alunos para avançarem nos estudos e participarem de competições.

Mas para ele, que é professor de matemática há 18 anos, sete dos quais no CMB, o maior segredo é estimular os alunos. Responsável pela preparação dos estudantes para as olimpíadas, ele explica que nessas aulas, realizadas no contraturno, os conteúdos são abordados de forma mais aprofundada. Além disso, adianta, a instituição procura apresentar conteúdos que, embora não façam parte do currículo normal, irão ajudar os estudantes a desenvolver a capacidade de resolver as questões propostas nas olimpíadas. “Propomos problemas mais desafiadores, que já compuseram as provas das olimpíadas brasileiras e internacionais”, ressalta.

Entre os alunos do CMB que vêm se destacando em competições de matemática está Henrique Fiúza do Nascimento. Medalha de ouro na Obmep 2010, recentemente ele obteve duas medalhas de prata em competições internacionais: uma na Olimpíada de Matemática do Cone Sul, realizada neste mês, na Bolívia, e outra na Olimpíada Internacional de Matemática, ocorrida em julho, na Holanda.

Estudante do CMB desde o sexto ano do fundamental, Henrique Fiúza cursa atualmente o segundo ano do ensino médio. Nesse período, de acordo com o tenente Córes, sempre foi um aluno curioso, interessado em descobrir como se solucionava cada problema e quais as alternativas que podiam ser dadas. O professor destaca também a importância da família do estudante, que sempre acompanhou e incentivou a participação do jovem nas competições. “Com estímulo e esforço podemos ter grandes resultados. É o que esperamos”, salienta.

(Fátima Schenini)

Professora do MT compartilha projeto sobre consumo responsável

Professora Rose Mary com um grupo de alunos

Pedagoga com pós-graduação em planejamento educacional, Rose Mary Calazans é professora na Escola Estadual 19 de Maio, em Alta Floresta (MT). Com atuação no magistério desde 1989, atualmente ela dá aulas para uma turma de 24 alunos do 4º ano do ensino fundamental.

A proposta de seu trabalho é voltada para o desenvolvimento de projetos, sempre buscando temas atualizados e necessários para a formação humana.

De fevereiro a julho deste ano, Rose Mary desenvolveu o projeto Consumidor Responsável, que reproduzimos abaixo.

Projeto Consumidor Responsável

Subprojetos: Crianças empreendedoras, Culinária afro-brasileira e Alimentação saudável

Histórico

De acordo com os pilares da educação para o século XXI, sistematizados em relatório por Delors (1996) e que são: aprender a ser, a conviver, a fazer e a aprender, daí a importância de trabalhar os conceitos através de atividades práticas que despertem também atitudes e procedimentos diários.

Este trabalho surgiu na semana pedagógica (fevereiro/2011), após a reformulação do Projeto Político Pedagógico (PPP), que tem como uma das metas o desenvolvimento de atividades reflexivas e investigativas. Acredita-se que este projeto seja significativo para a formação de indivíduos mais comprometidos com a qualidade de vida individual, social e do planeta, visto que trata de questões referentes à alimentação saudável, ao consumo responsável e ao empreendedorismo infantil.

Parceiros firmados para viabilização do trabalho: pais, professores, direção, coordenação, apoio nutricional da própria escola, pessoas da comunidade que trabalham com produtos de limpeza caseiros, assessoria pedagógica e Centro de Formação e Atualização dos Profissionais da Educação Básica (Cefapro). A importância da participação de cada parceiro foi fundamental para o bom desenvolvimento.

Pais: envolvimento nas atividades propostas pelo projeto (doação de matéria prima, receitas, apresentação de paródia sobre o tema abordado)

Professores: contribuíram com informações na área de ciências da natureza e matemática

Apoio Administrativo: na elaboração de slides, organização do espaço para apresentação do seminário, elaboração de panfletos de receitas, fotos para arquivos etc.

Direção e coordenação: apoio pedagógico e logístico

Apoio educacional/nutricional: cedência de espaço e de utensílios, orientação de hábitos de higiene e cuidados indispensáveis no preparo da alimentação

Pessoas da comunidade: contribuíram com informações sobre o preparo de sabão líquido e amaciante

Assessoria pedagógica: contribuiu com avaliação

Cefapro: contribuiu com elaboração do projeto e avaliação das atividades desenvolvidas

Diagnóstico e Metodologia

Este projeto teve início a partir de debates em sala de aula a respeito de: benfeitorias do bairro, recursos ambientais, aplicação dos recursos públicos, desperdício de água, energia, alimentos, e formas de reaproveitamento. Acreditando no princípio dos três erres - reciclar, reaproveitar e reutilizar, nosso trabalho com este projeto se deu através das seguintes atividades:

- Reaproveitamento das sobras de sabonetes em barra: esta atividade representou uma alternativa para quem deseja contribuir com a sustentabilidade.

- Banco de compra e venda: com a finalidade de sensibilizar os alunos e a comunidade para um consumo responsável, trabalhando o autocontrole na aquisição do que é necessário ou supérfluo. Analisar os produtos que se tem em casa e não são usados. Vantagens e desvantagens nas compras à vista ou a prazo.

- Alimentação saudável: com a finalidade de rever os hábitos alimentares dos alunos e familiares e discutir possíveis alternativas para uma alimentação mais saudável.

Em todas as atividades foram feitas pesquisas de campo e bibliográficas antes, durante e após a realização dos trabalhos, conforme registro em anexo:

- Diagnóstico da situação trabalhada: os trabalhos desenvolvidos com os projetos oportunizaram a participação de todos os alunos com aulas práticas, experimentos e observações. Para dinamizar as aulas, usamos o laboratório de informática para pesquisa bibliográfica e visualização de fotos e figuras, leitura de reportagens referentes ao tema. Tivemos momentos de visita in loco à margem do Córrego Severo, a fim de conhecer e observar os danos visíveis ao local, como colocação de lixo na beira do arroio. Estudamos o solo, sua fertilização. Desenvolvemos receitas saudáveis com os alunos, como os bombons de leite ninho, para serem degustados na Páscoa em substituição aos bombons de chocolate. Realizamos pesquisa sobre tipos de alimentos mais consumidos pelos alunos e os dividimos entre as três refeições.

Objetivo Geral

Mostrar como a educação ambiental é importante para o nosso planeta, dando enfoque à problemática do lixo e à solução oferecida pela reciclagem – três erres.

César Camacho (Impa): ao lado dos bons alunos aparece um bom professor

Foto de César Camacho

Diretor geral do Instituto Nacional de Matemática Pura e Aplicada (Impa), o professor César Camacho é doutor em matemática pela Universidade da Califórnia, mestre em matemática pelo Impa, e graduado em ciências e físicas matemáticas pela Universidade Nacional de Engenharia do Peru. Também é membro titular da Academia Brasileira de Ciências (ABC) do Brasil, membro do Conselho Científico do Centro Internacional de Matemática Pura e Aplicada, da França, e colaborador do Centro Internacional de Teoria Física, da Itália.

Este pesquisador e professor altamente qualificado tem se manifestado e lutado em prol do ensino da matemática. Em entrevista exclusiva ao Jornal do Professor, César Camacho diz que a realização de Olimpíadas de Matemática tem contribuído para uma maior disseminação da disciplina, por meio da organização das escolas para preparar os alunos para as provas.

Em sua opinião, a boa formação dos professores se projeta no bom aprendizado da matemática pelo alunos. E isso, segundo ele, pode ser apreciado claramente no desempenho dos estudantes nas olimpíadas – “ao lado dos bons alunos aparece um bom professor.”

Jornal do Professor – A matemática é uma disciplina temida pela maioria dos alunos. A realização das Olimpíadas de Matemática, tanto a das escolas particulares (OBM) quando a das escolas públicas (Obmep) tem contribuído para mudar isso?

César Camacho – Em primeiro lugar, a OBM não é uma olimpíada só para as escolas privadas. Ela é aberta também às escolas públicas e tem por finalidade precípua selecionar estudantes que representarão o Brasil em olimpíadas internacionais de vários tipos: Cone Sul, Ibero-americana, e a maior de todas a IMO (International Mathematical Olympiad). A propósito, a última IMO ocorreu na Holanda em julho deste ano e pela primeira vez, o time brasileiro de seis estudantes contou com a participação de três estudantes de escolas públicas provenientes da Obmep.

As olimpíadas têm contribuído para uma maior disseminação da matemática. Temos inúmeros relatos de escolas que se organizam com entusiasmo para preparar-se para as provas, utilizando-se para esse fim de livros distribuídos pela Obmep em todas as escolas, contendo problemas e suas soluções. Além disso, as questões propostas nas provas das olimpíadas têm sido elaboradas com esmero, por matemáticos profissionais com ampla experiência neste tipo de questões. Elas são interessantes, desafiadoras e simples na sua apresentação o que torna agradável a tarefa de respondê-las.

JP – A matemática é algo que está de forma permanente no dia a dia das pessoas. Como ela poderia ser melhor ensinada e inserida no ambiente escolar e familiar?

CC – A dificuldade do ensino da matemática reside principalmente no fato de seu aprendizado ser sequencial. Se num ano o estudante não aprendeu as operações com frações, por exemplo, a seguir não aprenderá a regra de três que depende do adequado manejo das frações. Nisso a matemática se diferencia de outras disciplinas tais como geografia, ou história, deixando a impressão de ser mais difícil. Seu aprendizado requer, ainda, disciplina e trabalho árduo no sentido de fixarem-se os conceitos, especialmente mediante a solução de exercícios. Daí por que seja necessário o apoio de um professor que domine a disciplina, conheça a fundo a matéria que deve ensinar, e que ao fazê-lo saiba se colocar na posição do aluno que está aprendendo.

JP – Como o senhor avalia a formação dos professores de matemática no Brasil atualmente? É possível melhorar? De que forma?

CC – A boa formação dos professores se projeta no bom aprendizado da matemática por seus alunos. Isso pode ser apreciado claramente no desempenho das olimpíadas, por exemplo, em que ao lado dos bons alunos aparece um bom professor. Por outro lado, testes internacionais efetuados com estudantes dos níveis fundamental e médio, de conhecimento público, mostraram um desempenho médio baixo a nível nacional, em relação a outros países.

JP – Há falta de professores de matemática em nosso país? Qual a solução para essa questão?

CC – Sim. É necessário tornar a profissão mais atraente para os jovens que além de vocação para ensinar tenham capacidade suficiente para exercer o magistério de maneira competente. Isso passa pelo aprimoramento da carreira do magistério de maneira a torná-la mais interessante para os jovens.

JP – Que tipo de cooperação pode ser dada por instituições de ensino e de pesquisa a fim de disseminar o conhecimento matemático?

CC – A pós-graduação brasileira desenvolveu-se nos últimos sessenta anos, mediante um forte e sustentado apoio financeiro do governo, tendo por base a análise do mérito pelos pares como princípio de definição de hierarquias científicas. Formou-se assim uma comunidade que detém o conhecimento científico avançado. De outra parte a escola pública sofreu, nesse período, um processo de deterioração. É evidente que a transmissão de conhecimento acumulado nas universidades e institutos de pesquisa, para as escolas, é de suma importância e vem preencher uma necessidade criada por essas circunstâncias. A Obmep é um exemplo do que pode ser feito em auxílio da escola. Outros exemplos são os programas de aperfeiçoamento de professores do ensino fundamental e médio realizado pelo Impa, ou, ainda, o Mestrado Profissional em Ensino de Matemática (Profmat).

JP – O Impa promove o curso de aperfeiçoamento de professores de matemática do ensino médio em instituições superiores de ensino. Qual seu objetivo? Quem pode participar?

CC – O Programa de Aperfeiçoamento de Professores de Matemática do Ensino Médio existe desde 1991. Ele é realizado anualmente em dois módulos de duração de uma semana cada. Consiste de aulas proferidas desde o Impa e transmitidas pela internet a 32 centros espalhados em todo o país. Nesses centros, uma equipe de matemáticos auxilia os alunos com seminários e mesas redondas nas quais se discutem temas relacionados com as aulas. Os interessados em participar podem consultar o site do Impa.

JP – Qual o segredo para ser um bom professor de matemática?

CC – O bom professor de matemática tem que ter três qualidades: entusiasmo pelo seu trabalho de ensinar, dominar o conteúdo da matéria que tem que ensinar, e saber adequar-se ao conhecimento já adquirido pelo estudante.