Logo Portal do Professor

JORNAL

Semana Nacional de Ciência e Tecnologia-2011

Segunda-feira, 7 de Novembro de 2011

Edição 62

EDITORIAL - Semana Nacional de Ciência e Tecnologia-2011

A oitava edição da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia é o tema da 62ª edição do Jornal do Professor. O assunto foi escolhido por nós devido a sua grande importância. Desde que foi criado, em 2004, o evento tem crescido bastante. Em 2011, foram mais de 15 mil atividades cadastradas em 643 municípios.

Nesta edição, trazemos para vocês os projetos apresentados por professores de três escolas do Distrito Federal: a Escola Classe 415 Norte, o Instituto Federal Brasília – Campus Taguatinga e o Colégio Galois. Mostramos também as novidades expostas nos estandes do Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação (Ibict/MCTI), Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior, do Ministério da Educação (Capes/MEC), e Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa).

Nosso entrevistado é o professor Eduardo de Campos Valadares, do Departamento de Física da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). A professora Eliane Barreto Maia Santos, da Escola Trilhas, de Curitiba, Paraná, participa da seção Espaço do Professor.

Ajude-nos a escolher o tema das próximas edições, votando na enquete colocada em nossa página. E aproveite para colaborar enviando sugestões, críticas, textos e músicas!

Seja bem-vindo!

Alunos de instituto federal criam e expõem confecções

Vestidos expostos no estande

Peças de roupa produzidas por estudantes do curso técnico de vestuário do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Brasília, campus de Taguatinga, fizeram sucesso na Semana Nacional de Ciência e Tecnologia, realizada de 17 a 23 de outubro último, na capital federal. As vestimentas apresentadas fazem parte do projeto Moda e Grafite, desenvolvido pelas professoras Camila Rodrigues da Fonseca, que leciona história do vestuário, e Moema Carvalho Lima, especialista em desenho aplicado ao vestuário.

Os trajes foram confeccionados como resposta à exposição Anticorpos, comemorativa dos 20 anos de carreira dos irmãos Fernando e Humberto Campana. Em setembro, durante mostra apresentada no Centro Cultural Banco do Brasil, também em Brasília, os alunos conheceram o trabalho dos premiados designers brasileiros e foram estimulados pelas professoras a criar peças próprias.

“Quando saímos para visitas técnicas, o aprendizado se amplia”, avalia Camila. Segundo ela, no caso da exposição dos irmãos Campana, os alunos estudaram a carreira dos designers, visitaram a exposição, fizeram relatório e criaram peças com base nas linhas temáticas da exposição. “Minha certeza é a de que todos os alunos estiveram envolvidos e aprenderam muito sobre design, sustentabilidade e outras formas de olhar o que é moda, modismo, arte, artesanato, luxo e lixo”, destaca a professora, há 12 anos no magistério.

Bacharel em moda, com especialização na área de criação e produção, Camila observa que o curso técnico de vestuário estimula os alunos a ser profissionais modelistas e chefes de costura e a montar seus próprios ateliês de prototipia para a confecção de peças-piloto. “Sabemos que o Distrito Federal carece de confecções e queremos não só ofertar mão de obra especializada, mas a visão do microempreendedor”, ressalta Camila, cuja experiência profissional inclui a área empresarial.

Durante as aulas de história da moda, a maior preocupação da professora é transmitir conteúdo não muito teórico e pesado. Para tanto, usa dicionários de época, busca releituras na atualidade, em revistas e filmes, e estimula a criação de figurinos baseados em determinadas civilizações. “Sou apaixonada pela evolução dos trajes, da história das civilizações”, revela. “É a grande direção para que uma coleção seja atrativa para projetos futuros.”

Camila já deu aulas de estilismo, planejamento de coleção, tecnologia têxtil, ateliê de criação e introdução ao design, entre outras disciplinas. Os trabalhos práticos são a marca do ensino-aprendizagem desenvolvido pela professora. Entre os principais projetos está o Longas Metragens na Moda —exposição de bonecas sobre a história da moda por meio de filmes. No instituto federal, ela destaca a montagem de um painel fotográfico sobre tribos urbanas, desenvolvido com alunos do curso de formação inicial continuada em produção de moda, e outro, com estudantes do curso de assistente em produtos de moda, sobre filmes alusivos a personalidades como a austríaca Maria Antonieta, última rainha da Franca (1755-1793); a estilista francesa Coco Chanel (1883-1971) e o compositor russo Igor Stravinsky (1882-1971).

Cursos similares são oferecidos nos institutos federais de Jaraguá do Sul, em Santa Catarina, e de Erechim, no Rio Grande do Sul.

(Fátima Schenini)

Estudantes de escola do DF expõem diversidade do cerrado

Cleide Camargo Barros

Da parceria entre professores da escola Escola-Classe 415 Norte, de Brasília e a doutora em biologia vegetal da Universidade de Brasília, Lúcia Helena Soares e Silva, nasceu o projeto Conhecendo a Natureza, Defendendo a Vida. Por meio do projeto, os professores da escola participam de cursos de capacitação em botânica e repassam as informações a cerca de 350 alunos matriculados em turmas da educação infantil ao quinto ano do ensino fundamental. “A cada ano, novos departamentos têm se agregado a essa parceria, fazendo uma interligação com os temas botânicos”, explica a professora Nailda Rocha, diretora da escola. “Zoologia, artes, física, química e paleontologia são alguns deles.”

A biodiversidade do cerrado foi o tema dos trabalhos apresentados pela Escola-Classe 415 Norte na oitava edição da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia (SNCT), realizada de 17 a 23 de outubro último. Para realizar suas exposições, tradicionais no evento, a instituição de ensino mantém a parceria com o Departamento de Botânica do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade de Brasília (UnB).

De acordo com a diretora, além da realização de cursos, palestras e workshops, o projeto possibilita aos estudantes a participação em atividades no Viveiro Florestal da Fazenda Água Limpa, da UnB. “Tudo é feito para que a exposição da SNCT seja realmente marcante para as crianças”, diz Nailda.

Os professores da instituição preparam-se para a SNCT desde o início do ano letivo. Em 2011, eles decidiram que uma das formas de participação dos estudantes seria a apresentação de obras artísticas referentes às melhores exposições de anos anteriores. Os alunos usaram técnicas variadas, como modelagem com argila, cola com terra, papel picado e colado.

Outro trabalho apresentado foi o de confecção de livros sobre plantas do cerrado, desenvolvido com alunos do segundo ano. A professora titular da turma, Cleide Camargo Barros, acompanhou as atividades, coordenadas por professores e alunos da UnB. Foram feitas visitas ao Parque Olhos D’Água, vizinho à escola, para observação da flora local. Pedagoga, com 25 anos de magistério, Cleide destacou o interesse demonstrado pelos alunos logo na primeira visita. “Eles, por si só, se juntavam para observar e conversar sobre o que viam, sentavam-se e desenhavam”, conta.

Na segunda visita, reunidos em grupos, os estudantes escolheram e observaram plantas nativas do cerrado. O trabalho teve continuidade, como tarefa de casa, com pesquisa sobre a planta escolhida e desenhos das flores e frutos. Esse trabalho resultou em livros, feitos à mão pelos estudantes, e expostos na SNCT. (Fátima Schenini)

Estudantes fazem experiência no DF sobre a qualidade do ar

Professor Armando Teixeira

Estudantes de quatro turmas do primeiro ano do ensino médio do Colégio Galois, de Brasília, participaram de experiência para medir a qualidade do ar no Distrito Federal por meio da concentração de partículas de poeira. Filtros para coar café foram os instrumentos utilizados no experimento, apresentado pela escola, entre outros projetos, na oitava edição da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia, realizada de 17 a 23 de outubro último na capital federal.

Cada aluno ficou encarregado da distribuição de três filtros em diferentes pontos da cidade – no trabalho do pai, na casa da tia, na casa de um amigo etc. Depois de duas semanas, os filtros foram retirados e lavados. A comparação da cor da água após a lavagem possibilitou a mensuração dos resultados. A conclusão, segundo o professor Armando Teixeira, coordenador do projeto, é de que o ar no Distrito Federal tem distribuição desigual de partículas e concentração nas regiões que sofreram queimadas no fim da época de estiagem.

Para reunião e modelagem dos dados, Armando usou um software livre do sistema de informação geográfica (SIG), o gvSIG, disponível na internet. Professor de biologia, com pós-graduação em geoprocessamento e mestrado em gestão ambiental, ele leciona desde 1998. Nesse período, constatou que os alunos gostam da ciência. “O professor só precisa saber apresentá-la”, ressalta. De acordo com Armando, é necessário mostrar assuntos atuais, interessantes e, a partir dos temas, apresentar os conceitos básicos. “A melhor forma de provocar o interesse do aluno é explicar, de forma que eles entendam, como o conhecimento foi construído e quais as aplicações práticas.”

De modo geral, o que mais estimula o estudante, afirma Armando, é o conhecimento próximo a ele, bem como assuntos como genética e biotecnologia. Além disso, salienta, “quando o professor tem experiências para contar e vivência com o assunto, fica mais fácil de atrair o aluno.”

Os professores do Galois, sempre que possível, promovem passeios com os estudantes. A caminhada no Centro de Instrução e Adestramento de Brasília (Ciab) foi um dos projetos realizados este ano por Armando. Os professores de física e química também participaram da atividade, organizada para mostrar aos alunos uma área na qual o cerrado ainda está preservado. “A saída de campo mostra ao aluno que o conhecimento de sala de aula acontece mesmo no mundo real”, destaca Armando.

Outro ponto ressaltado pelo professor é o fato de os alunos terem oportunidade de ver coisas novas, às quais não teriam acesso com suas famílias, e ao mesmo tempo receber informações e orientações dos professores.

(Fátima Schenini)

Semana Nacional de Ciência e Tecnologia continua a crescer

Pórtico da exposição da SNCT em Brasília

Desde sua primeira edição, em 2004, quando teve a participação de 257 instituições em 252 municípios e pouco mais de 1.800 atividades cadastradas, a Semana Nacional de Ciência e Tecnologia (SNCT) chega a sua oitava edição, em 2011, com o total contabilizado, até o momento, de 15.520 atividades, 823 instituições e 643 cidades em todo o Brasil.

Criado com a finalidade de mobilizar a população, principalmente crianças e jovens, em torno de temas e atividades de ciência e tecnologia (C&T), valorizando a criatividade, a atitude científica e a inovação, a SNCT enfoca, a cada ano, um novo tema. Em 2011 o assunto abordado foi: Mudanças climáticas, desastres naturais e prevenção de riscos.

Em Brasília, 62 instituições participaram do evento promovido pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, de 17 a 23 de outubro, na Esplanada dos Ministérios. Além de exposições e projetos apresentados por alunos e professores de instituições de ensino públicas e particulares, os visitantes tiveram oportunidade de conhecer algumas das realizações dos principais órgãos ligados à ciência e tecnologia no Brasil.

O Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação (Ibict/MCTI) aproveitou a oportunidade para lançar a Enciclopédia Interativa de Desastres Naturais. É um material lúdico e educativo em CD-ROM, dirigido especialmente para professores e alunos do ensino fundamental e médio. Contém vídeos, fotos, animações e informações sobre furacões, terremotos, tsunamis, erupções vulcânicas, raios e relâmpagos, entre outros eventos naturais.

O material foi produzido pelos Laboratórios de Climatologia Geográfica (LCGea) e de Geoiconografia e de Multimídias (Lagim) do Departamento de Geografia da Universidade de Brasília (UnB) em parceria com o Ibict. Os professores interessados em receber esse material podem entrar em contato com o Núcleo de Comunicação do Ibict, pelo email: imprensaibict@ibict.br

Outra atração do estande do Ibict foi a aula teatro intitulada A química de John Dalton e a química de hoje, produzida com o objetivo de aproximar a realidade concreta dos conceitos. Durante a dramatização, encenada pela Companhia de Teatro Cia Daqui, os estudantes tiveram a oportunidade de conhecer os princípios básicos da teoria atômica de Dalton, as ideias defendidas por Lavoisier, além de conteúdos da química utilizada atualmente.

A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) apresentou um estande interativo com dois espaços: enquanto um representava a cidade, o outro representava uma floresta com espécies animais e vegetais das diferentes regiões brasileiras.

A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior, do Ministério da Educação (Capes/MEC), apresentou uma mostra comemorativa aos seus 60 anos de existência. No estande, o público teve acesso a informações sobre uma de suas mais novas ações – a parceria com a Enciclopédia Britânica que permite o acesso de professores e estudantes do ensino fundamental ao Portal Britannica Escola Online. O conteúdo, em português, possibilita o aprendizado de forma divertida.

(Fátima Schenini)

Inpa cria jogos e promove oficinas sobre temas ambientais

pedagoga Solange Farias

Jogos que divulgam conhecimentos sobre a questão amazônica – a floresta, fauna, flora, biodiversidade, recursos ambientais, povos e culturas – integrantes das atividades de educação ambiental do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), foram apresentados durante a oitava edição da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia.

Servidora do Inpa há 30 anos, a pedagoga Solange Farias participou da exposição realizada em Brasília. De acordo com ela, os jogos são criados pela equipe do Laboratório de Psicologia e Educação Ambiental (Lapsea), a partir de um contexto social que leva em consideração o tema de interesse, o evento e o público. “De maneira geral, os jogos são flexíveis o bastante para se adequarem às diferentes ocasiões e temáticas, tendo sempre como base os critérios psicossociais e culturais dos participantes”, esclarece.

Segundo a coordenadora do Lapsea, Maria Inês Gasparetto Higuchi, os jogos são consequências da atividade com crianças e jovens, uma vez que pesquisas sobre a aprendizagem e análise do processo de envolvimento e participação com esse grupo, mostram que a ludicidade é essencial.

Ela explica que, de maneira geral, os jogos são produzidos numa escala restrita devido à falta de recursos financeiros para maior divulgação. “A socialização desses jogos se dá na divulgação dos procedimentos via exposições e impressos, tais como livros e folhetos que fazem parte do projeto de pesquisa em que estes jogos foram produzidos”, salienta Maria Inês. As escolas interessadas em ter acesso a esse material podem encaminhar suas solicitações diretamente à ela, por meio do email da coordenação do Lapsea - mines@inpa.gov.br .

O Lapsea também promove cursos de capacitação por meio de aulas, oficinas e atividades que devem ser previamente acertadas com a equipe do laboratório. “A capacitação não é remunerada, mas solicita contrapartida dos interessados, tendo em vista que o Lapsea/Inpa não dispõe de orçamento para essas atividades”, adianta a coordenadora. No caso dessas capacitações fazerem parte de um projeto aprovado por alguma agência de fomento, como o CNPq, ou projeto de divulgação científica com apoio de empresas, não há custo aos participantes.

O Inpa é um órgão ligado ao Ministério da Ciência e Tecnologia. Criado há cerca de 60 anos para a realização de estudos científicos sobre o meio físico e as condições de vida da região, tem como missão gerar e disseminar conhecimentos e tecnologia e capacitar recursos humanos para o desenvolvimento da Amazônia.

(Fátima Schenini)

Professora estimula alunos a pesquisar e fazer poemas

Professora Eliane e grupo de alunos, sentados em escada

No colégio em que a professora Eliane Barreto Maia Santos trabalha – a Escola Trilhas, em Curitiba (PR) – todos os anos são feitas pesquisas para escolher um nome diferente para cada turma. “Em 2010, minha turma escolheu Turma das Araucárias”, diz Eliane, que na época dava aulas para alunos do 3º ano do ensino fundamental.

Depois que o nome é escolhido, os estudantes fazem novas pesquisas para saber mais a respeito daquele tema. Assim, após muitos estudos ao longo do ano, a turma descobriu fatos como: o risco de extinção das araucárias, a região onde elas se encontram, os frutos produzidos e os animais dispersores naturais das sementes, como a cutia e a gralha-azul.

Eliane costumava promover uma leitura semanal de poesias com os alunos. Em uma ocasião, durante a leitura dos poemas Canção do Exílio, de Gonçalves Dias e Nossa Terra tem Palmeiras, de Ricardo Azevedo, conversaram sobre a intertextualização que diversos poetas fizeram com a Canção do Exílio. Também falaram sobre o contexto em que essa poesia foi criada por Gonçalves Dias. “Nesse ponto falei: na terra de Gonçalves Dias tem palmeiras e aqui, na nossa terra, tem o que? A resposta foi automática: Araucárias”, revela a professora. Nascia assim o poema Meu Paraná, reproduzido abaixo. As estrofes um e três foram criadas coletivamente, as demais, por duplas de alunos. (Fátima Schenini)

Meu Paraná

Minha terra tem araucárias

Onde cantam as gralhas.

Aqui pinhão não falta não,

Podemos comer de montão!

 

Os animais comem o grão: pinhão

Que vem da plantação

Quais são?

O tucano, a cutia e algumas aves.

 

As cutias plantam pinhão,

Enquanto a gralha-azul fica de plantão.

A gralha-picaça fica na praça de alimentação

Onde ficam as sementes da pinha que ela enterra no chão.

 

Vários nomes de cidades do Paraná

Tiveram origem com a presença dos pinheiros

Como Pinhais, São José dos Pinhais,

A cidade de Araucária e também Curitiba.

 

Minha terra tinha muitas araucárias

Onde cantavam muitas gralhas.

Fala sério! Você gosta de uma mata bonita?

Então não corte as matas das araucárias!

Beatriz e Maria Eduarda

 

Meu Paraná

Minha terra tem araucárias

Onde cantam as gralhas.

Aqui pinhão não falta não,

Podemos comer de montão!

 

Aqui só tem animais legais

Que comem cereais.

As cutias plantam de montão

Com elas sempre vai ter dispersão.

 

As cutias plantam pinhão,

Enquanto a gralha-azul fica de plantão.

A gralha-picaça fica na praça de alimentação

Onde ficam as sementes da pinha que ela enterra no chão.

 

Em Pinhais

As pinhas são demais.

Em São José dos Pinhais

As araucárias crescem mais.

 

Minha terra tinha muitas araucárias

Onde cantavam as gralhas.

Humberto e Lucas

 

Meu Paraná

Minha terra tem araucárias

Onde cantam as gralhas.

Aqui pinhão não falta não,

Podemos comer de montão!

 

As gralhas têm medo de humano. Oh, que dó!

Seus bicos são tão fortes,

Que derrubam tantos pinhões.

 

As cutias plantam pinhão,

Enquanto a gralha-azul fica de plantão.

A gralha-picaça fica na praça de alimentação

Onde ficam as sementes da pinha que ela enterra no chão.

 

São José dos Pinhais, Araucária, Pinhais, Curitiba...

São tantas cidades elogiando

Como existem araucárias!!

 

Minha terra tinha muitas araucárias

Onde ficavam as gralhas.

Gabriel, Renzo e João Guilherme

 

Meu Paraná

Minha terra tem araucárias

Onde cantam as gralhas.

Aqui pinhão não falta não,

Podemos comer de montão!

 

A cutia mora na floresta com os tucanos

Cutia fica na floresta da minha tia.

Curitiba tem muitas araucárias,

Ganhou esse nome que significa “muitos pinhões”.

 

As cutias plantam pinhão,

Enquanto a gralha-azul fica de plantão.

A gralha-picaça fica na praça de alimentação

Onde ficam as sementes da pinha que ela enterra no chão.

 

Os animais da floresta gritam...

Minha terra tem muitas araucárias

Onde cantam as gralhas.

 

Minha terra tinha muitas araucárias

Até serem derrubadas

As gralhas cantavam nelas

E o que sobrou, nós vamos preservar!

Letícia e Giulia

 

Meu Paraná

Minha terra tem araucárias

Onde cantam as gralhas.

Aqui pinhão não falta não,

Podemos comer de montão!

 

A gralha-azul não é inteira azul

A gralha-picaça tem o peito bege

Que graça que é a casa dessas gralhas!

 

As cutias plantam pinhão,

Enquanto a gralha-azul fica de plantão.

A gralha-picaça fica na praça de alimentação

Onde ficam as sementes da pinha que ela enterra no chão.

 

Em Pinhais os pinheiros são demais,

Em São José dos Pinhais

Tem muitos animais.

 

Minha terra tinha muitas araucárias

Onde cantavam as gralhas.

Marcos e João Lucas

Eduardo de Campos Valadares (UFMG): escolas devem dar espaço à criatividade e à imaginação

Professor Eduardo de Campos Valadares

Professor do Departamento de Física da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Eduardo de Campos Valadares desenvolve programas de divulgação científica em âmbito nacional e internacional, voltados para a revitalização do ensino de física.

Diretor-presidente da Fundação Ciência Jovem e coordenador do Projeto Inovação, criado para estimular uma cultura de inovação nos cursos de graduação, Valadares desenvolve, desde 1998, o Projeto Física Divertida.

Doutor em física, com pós-doutorados na Universidade de São Paulo (USP) e na Universidade de Nottingham, Reino Unido, ele recebeu, em 2001, o Prêmio Francisco de Assis Magalhães Gomes, por seu trabalho pela divulgação científica em Minas Gerais.

Em entrevista ao Jornal do Professor, ele diz que a criatividade e a imaginação devem ter espaço nas escolas: “uma vivência criativa do conhecimento é, a meu ver, a melhor forma de apropriá-lo”, defende.

Jornal do Professor - Qual é a importância da ciência e tecnologia na escola?

Eduardo de Campos Valadares – Ciência e Tecnologia são fundamentais para a inserção sócio-econômica e para a plena cidadania das novas gerações. Temas como impacto ambiental de novas e velhas tecnologias em uso, eficiência energética, engenharia genética e nanotecnologia, por exemplo, devem ser abordados em sala de aula.

JP – Como despertar o interesse das crianças e jovens pela ciência e tecnologia?

ECV – É preciso dar espaço nas escolas à criatividade e à imaginação. Uma vivência criativa do conhecimento é, a meu ver, a melhor forma de apropriá-lo. Oficinas de projetos são indispensáveis neste contexto. As escolas deveriam dispor de ambientes de inovação, onde equipes de alunos construiriam protótipos funcionais. As tomadas de decisões demandariam o uso do conhecimento formal. Além disso, outras habilidades não contempladas no ensino tradicional seriam desenvolvidas, como pensar e decidir em equipe, olhar para os problemas reais ao nosso redor e buscar soluções viáveis e inovadoras, além de saber usar ferramentas com segurança. Os projetos deveriam ser simples para as crianças e mais desafiadores para os jovens que frequentam o ensino fundamental (5º ao 9º anos) e o ensino médio.

JP – Qual a melhor forma para os estudantes aprenderem conteúdos de ciência e tecnologia?

ECV – A melhor forma, a meu ver, é aprender fazendo. O conhecimento puramente livresco não é incorporado. Serve apenas para fazer provas e nada mais.

JP – Qual a contribuição da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia na difusão e popularização da ciência no Brasil?

ECV – A SN&T retomou uma tradição de feiras de ciências que teve o seu apogeu nos anos cinquenta e sessenta do século passado. Os avanços científicos e tecnológicos e os desafios de nossa sociedade têm encontrado um poderoso canal de divulgação no âmbito da SNC&T. Esta iniciativa reflete a percepção do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação da necessidade vital de promover a C, T &I junto à sociedade, de modo a capacitá-la a se converter em uma sociedade do conhecimento e assim promover o progresso social e econômico em nosso meio.

JP – De que forma a academia pode contribuir para a disseminação de conhecimentos científicos entre professores do ensino básico e a população em geral?

ECV – A academia pode desenvolver novas metodologias de ensino ativo em colaboração com professores dos ensinos médio e fundamental e valorizar a criatividade e o espírito inovador. Para tanto, é fundamental a criação de espaços de inovação dentro da própria academia, que necessita se renovar para poder dar respostas aos nossos enormes desafios educacionais.

JP – É importante que os professores participem de cursos ou oficinas para reciclagem de conhecimentos ou aprendizado de novas técnicas para o ensino de disciplinas das áreas de ciência e tecnologia?

ECV – Sim, pois a formação da maioria dos professores é deficitária no que concerne os aspectos práticos do conhecimento científico e tecnológico. Além disso, as novas gerações, em geral, utilizam as novas tecnologias de informação com mais fluência que os seus próprios professores. Cabe a eles desenvolver estratégias que combinem sua experiência e visão prática com o potencial criativo de seus estudantes. A formação acadêmica atual não contempla este cenário, daí a importância de oferecer aos professores novos subsídios para que possam atuar de forma mais relevante.

JP – É possível ensinar ciências de modo fácil e divertido? Que conselhos o senhor daria aos professores?

ECV – É possível tornar o aprendizado científico mais instigante e desafiador. Cabe aos professores reconhecer as suas limitações e não se intimidar com os desafios educacionais. Aprender, seja com os alunos, instrutores e por conta própria, de forma continuada e criativa, é o que torna a vivência de um educador mais aprazível. A criação de redes sociais permite a troca de informações e vivências e pode agilizar tremendamente o processo de transformação da escola em ambiente de inovação.

JP – O senhor criou e mantém o site Física mais que divertida, no âmbito do Departamento de Física da UFMG. Quando e por que ele foi criado?

ECV – O sítio foi criado há mais de sete anos. Ele foi concebido para divulgar o nosso projeto e estimular iniciativas semelhantes nas escolas e universidades. Além disso, instituímos a Fundação Ciência Jovem (www.cienciajovem.org.br), cujo sítio estará em breve novamente ativo.

JP – Vocês prestam algum tipo de assessoria a professores de instituições de fundamental ou médio? Que ações o senhor e sua equipe têm desenvolvido nesse sentido?

ECV – Temos realizado diversas oficinas de projetos voltadas para professores. No âmbito do projeto Inova Escola, financiado pelo CNPq, organizamos uma oficina com a duração de 12 horas, divididas em três seções, que reuniu professores de várias disciplinas das escolas públicas de Santa Luzia, cidade da região metropolitana de Belo Horizonte.

Foi uma experiência única ver professores de português, artes, geografia, história, biologia e matemática discutirem soluções para projetos aplicados envolvendo conceitos básicos de Física. A alegria e o entusiasmo deles foi contagiante. O ambiente de inovação das oficinas gerou novas idéias e protótipos funcionais.

Temos realizado oficinas com o apoio da Sociedade Brasileira de Física (SBF) durante eventos científicos e também em vários estados do país a convite de instituições de ensino e secretarias de educação e de ciência, tecnologia e inovação. Além disso, realizamos shows de ciências e exposições interativas em espaços informais (parques, shoppings, praças, estações de trem desativadas, etc). Recebemos também visitas de alunos de escolas públicas e particulares no Laboratório de Divulgação Científica (LDC-UFMG) e participamos do Festival de Verão, evento da UFMG realizado durante o Carnaval, com oficinas de projetos com foco em inovação, nas quais os participantes, com idades entre 12 e 70 anos, constroem foguetes, robôs, barcos com controle remoto e outras invenções que envolvem a concepção de protótipos a partir de materiais simples e brinquedos eletrônicos de baixo custo que são desmontados e reinventados. Já organizamos oficinas em Costa Rica, no Marrocos, na Espanha (País Basco), Alemanha, Hungria e Colômbia.