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JORNAL

Esporte na Escola

Segunda-feira, 13 de Agosto de 2012

Edição 76

EDITORIAL - Esporte na Escola

Esporte na Escola é o tema da 76ª edição do Jornal do Professor. O assunto foi o escolhido por 37, 54% dos leitores que votaram na enquete colocada em nossa página e, por coincidência, está à disposição de você leitor, um dia após o término das Olimpíadas de Londres. E agora o bastão está com o Brasil, o Rio de Janeiro será a sede das Olímpiadas de 2016.

Descobrimos que diversas escolas brasileiras incentivam o esporte de diversas formas. Você vai conhecer as experiências desenvolvidas no Centro de Ensino Médio Castro Alves, em Palmas (TO); no Centro de Ensino Fundamental 05 do Guará (DF); na Escola Estadual Professor Dionysio Vieira, em Sorocaba (SP; no Instituto Federal de Brasília (DF e no Instituto Federal do Espírito Santo; Unidade Escolar Raul Sérgio, em Simões (PI).

O professor Wagner de Campos, da Universidade Federal do Paraná, é o entrevistado desta edição. E a professora Rose Mary Calanzans, da Escola Estadual 19 de Maio, de Alta Floresta (MT), participa da seção Espaço do Professor.

Ajude-nos a escolher o tema das próximas edições, votando na enquete colocada em nossa página. E aproveite para colaborar enviando sugestões, críticas, textos e músicas!

Seja bem-vindo!

 

Em escola do DF, o esporte é atividade considerada essencial

Alunos jogam futsal

O Centro de Ensino Fundamental 05 (CEF 05) do Guará, região administrativa do Distrito Federal, a 11 quilômetros de Brasília, oferece aulas de futsal e de judô no horário oposto (contraturno) ao das aulas regulares. As atividades, inseridas como oficinas em projeto de educação integral, atendem não apenas os 480 alunos matriculados na instituição. São estendidas a crianças e adolescentes da comunidade próxima, matriculados ou não em escolas da rede pública.

“O esporte é essencial para o desenvolvimento integral do aluno e contribui para a formação de um cidadão capaz de interagir plenamente na sociedade”, afirma a diretora da escola, Josceline Pereira Nunes. Há planos de implantação de outras oficinas, como caratê e capoeira. Com licenciatura plena em história e formação em administração escolar, Josceline está no magistério há 24 anos, 12 dos quais na direção.

“Trabalhamos no tripé esporte, respeito e educação”, explica o professor Carlos Antônio Cândido Reis, graduado em educação física e faixa-preta de judô. Conhecido como professor Carlão, ele ensina a modalidade desde 1990. “Meu principal objetivo é mostrar que um esporte individual pode ser o mais coletivo de todos”, afirma. “Sempre há a necessidade do outro para essa prática.”

Além das aulas, Carlão ministra palestras sobre diversos temas, como alimentação natural, respeito aos idosos, higiene corporal e trato com os amigos. O trabalho tem bons resultados, fundamentados por relatos, feitos pelos pais, de melhoria no comportamento dos estudantes. Os alunos são registrados na Federação Metropolitana de Judô (Femeju), no ato da matrícula, e encaminhados à participação em eventos esportivos tão logo estejam em condições de competir.

Equipe — O CEF 05 mantém uma equipe de futsal, que participa de competições, como os Jogos Escolares do Distrito Federal e os Jogos do Serviço Social do Comércio (Sesc). O principal objetivo do professor Maurício Cesar Ribeiro, responsável pelas oficinas de futsal, é aprimorar as táticas da modalidade e as qualidades físicas e técnicas dos estudantes, além de promover o bem-estar geral.

Para Maurício, que tem 18 anos de magistério, a prática desportiva significa, para os estudantes, benefícios como disciplina, respeito às regras, desenvolvimento de qualidades físicas e melhora da autoestima. Graduado em educação física, com pós-graduação em fisiologia do exercício, o professor tem recebido relatos de colegas de outras disciplinas sobre melhor rendimento escolar dos alunos que praticam esportes na escola.

Também professora de educação física, Sheyla de Castro Félix dá aulas a dez turmas de sexto ano do CEF 05. No aprendizado das regras desportivas, ela aponta uma forma de o estudante estabelecer correlação com as regras sociais. “Aprender a ganhar e a perder são conceitos primordiais para o crescimento e o amadurecimento do indivíduo”, ressalta Sheila, que tem pós-graduação em esporte educacional.

Interclasse — A escola brasiliense aproveitou a realização das Olimpíadas de Londres para promover uma miniolimpíada escolar. Os Jogos Interclasse foram realizados na primeira semana de julho e na primeira de agosto. A atividade incluiu competições de futsal, basquete, queimada, handebol e atletismo, além de trabalhos interdisciplinares, com a participação de professores de educação física, artes, história, geografia e inglês.

“Cada turma da escola escolheu um país dos cinco continentes, como os que participam das Olimpíadas, para representar no campeonato”, revela Sheyla. Os professores de educação física ficaram responsáveis pela organização e arbitragem dos jogos. “Sempre promovemos eventos esportivos na escola, e quando temos oportunidade também participamos de campeonatos ou atividades esportivas em outras instituições, para estimular a prática de esportes entre nossos alunos”, explica a professora. (Fátima Schenini)

Confira o blog do CEF 05 do Guará

Blog ajuda a atrair o interesse de alunos em escola de Palmas

Alunos treinam basquete na quadra

A motivação inicial do professor de educação física Márcio Ricardo Medeiros Oliveira, ao criar um blog sobre esporte, era a de usar a internet para atrair a atenção de alunos. Três anos depois, e mais de 180 mil acessos, o blog é um sucesso entre os estudantes do Centro de Ensino Médio Castro Alves, em Palmas, Tocantins. Os resultados obtidos na aprendizagem vêm superando as expectativas.

“É uma ferramenta que pode fazer a diferença no aprendizado dos estudantes”, diz o professor. Criado em 2009, o blog faz parte do projeto Ensino Aprendizagem, Educação em Rede, elaborado por Márcio Ricardo para servir como elo entre o conhecimento e o aprendizado, de modo a contribuir para a abertura de uma perspectiva no processo de conhecimento.

No blog da escola, os alunos têm acesso ao conteúdo ministrado nas aulas de educação física e a todas as informações disponíveis sobre essa área, com links de acesso total ao conteúdo. Os estudantes também podem conferir notas ou faltas nos diários do professor. O processo de avaliação é feito no próprio blog, com provas postadas de acordo com cada série escolar.

É possível encontrar, ainda, material sobre temas transversais, como drogas, sexualidade, meio ambiente e benefícios da prática esportiva. “Levar essa tecnologia para a escola foi um desafio”, explica o professor, que precisou criar mais 38 blogs, que funcionam como links do principal.

Com licenciatura plena em educação física e bacharelado em comunicação social, com habilitação em jornalismo, Márcio Ricardo criou também um link com mais de duas mil fotos de projetos desenvolvidos por outros professores da escola, um mural de recados para os alunos e um espaço destinado aos estudantes de ensino médio, com provas e gabaritos do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). “Hoje, todos os integrantes da escola reconhecem a importância do blog”, destaca.

Diante do êxito, do interesse e do envolvimento manifestado pelos alunos, o professor espera dar continuidade à ação e buscar inovações que deixem o blog sempre atraente e dinâmico.

Jogos — Márcio Ricardo também dá aulas e treinamento em basquete e futsal ao estudantes que costumam participar dos Jogos Estudantis do Tocantins (Jets). Como a quadra de esportes não tem espaço para espectadores, a escola deu início, este mês, ao projeto Arquipet, destinado à construção de arquibancadas com o uso de garrafas plásticas (pet). O projeto prevê ainda a construção de um depósito para material esportivo, vestiário e mesas para jogos de xadrez e de tênis de mesa. (Fátima Schenini)

Confira o blog do CEM Castro Alves

Professor aponta benefícios da prática do vôlei para os alunos

Alunas de voleibol com professor

O professor de educação física Danilo Abdala tem a convicção de que a prática do esporte aumenta a capacidade cognitiva e resulta em benefícios à vida dos estudantes. Professor e técnico de voleibol, há 27 anos, no câmpus de Vitória do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Espírito Santo, ele discorda da tese segundo a qual o esporte provoca dispersão de concentração e, consequentemente, reduz o rendimento nos estudos.

A posição do professor foi defendida na tese de mestrado em ciências do movimento humano A Associação do Treinamento Desportivo e o Rendimento Educativo dos Alunos do Centro Federal de Educação Tecnológica do Espírito Santo. Durante um ano, Abdala acompanhou o desempenho de 70 estudantes que praticavam esportes rotineiramente e de outros 70 alunos que não tinham interesse nessa atividade. Na tese, ele comprova que o esporte, além de aumentar a capacidade cognitiva dos estudantes, os estimula a se envolver com o ambiente escolar. Muitas vezes, por permanecerem mais tempo na escola. “Se o aluno tem aulas de manhã e treina à noite, não volta para casa à tarde; permanece na biblioteca”, explica.

Segundo Abdala, que tem doutorado em educação, as atividades esportivas também ajudam a desenvolver o espírito de cooperação e a disciplina, incentivam o trabalho coletivo e ampliam a noção de igualdade socioeconômica. “Na quadra, não há desigualdades entre os alunos”, ressalta.

Na avaliação do professor, o esporte contribui para elevar a autoestima. “Nos jogos regionais, todos os atletas ficam no mesmo hotel e se alimentam da mesma comida”, destaca. “Isso aumenta a autoestima.”

Abdala dá aulas de voleibol a estudantes da graduação e das três séries do ensino médio. Equipe por ele dirigida conquistou, em 2010, o título de campeã brasileira em competição nacional que envolve os institutos federais e tem se destacado também em competições da região Sudeste.

O professor, no entanto, revela que o instituto capixaba não pretende ser referência no vôlei. “Nosso objetivo é levar o aluno a participar das competições e representar bem a escola”, afirma. “Mas nosso parque esportivo é muito bom, e a escola dá um grande apoio ao esporte." (Ana Júlia Silva de Souza)

Confira a página do Instituto Federal do Espírito Santo na internet

 

Aulas de judô ajudam a melhorar a qualidade de vida, diz professor

Professor Guilherme com um grupo de alunos

A prática de esportes afasta a criança e o adolescente das drogas, aumenta a capacidade cognitiva do aluno, traz benefícios consideráveis à saúde e gera cooperação e socialização entre os estudantes. Os benefícios decorrentes da prática desportiva na escola são descritos pelo professor Guilherme Lins de Magalhães. Ele dá aulas de judô do campus de Taguatinga do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Brasília.

O professor, que está há 12 anos na atividade, ministra as aulas às terças e quintas-feiras, no turno vespertino, a 30 alunos, divididos em duas turmas. No judô, arte marcial centenária, a pessoa usa o próprio corpo para derrubar ou conter o adversário. As aulas de Magalhães começam sempre com o aquecimento, que inclui atividades específicas da modalidade, como autoprojeção (rolamento), movimentos e treinamento de golpes e de pegadas no quimono (traje específico usado pelos praticantes) e atividades de ginástica. Em seguida os, alunos, que têm em média 10 anos de idade, aprendem movimentos, como os de contenção e imobilização, e a aplicar golpes que imobilizem ou derrubem o adversário.

A prática desportiva contribui para a prevenção de problemas sociais. De acordo com o professor, a criança em situação de vulnerabilidade social, privada de oportunidades, corre o risco de ser atraída pelo crime, principalmente o de roubo e o de tráfico de drogas. “Quando essa criança pratica esporte e participa de eventos esportivos, tem a oportunidade de enxergar que não há diferenças sociais e econômicas no tatame ou na quadra”, salienta. “Essas crianças passam a ver que podem ser atletas ou professores nessa modalidade.”

Para Magalhães, além de afastar o jovem do mundo das drogas, o esporte aumenta a capacidade cognitiva e, consequentemente, o desempenho escolar dos estudantes. “O esporte educacional, desde que trabalhado de maneira pedagógica pode produzir vários benefícios, como aumentar a cooperação e a socialização e a desenvolver o espírito de liderança e o respeito”, afirma. “O esporte é um importante elemento na preparação de crianças e jovens para a vida em sociedade.”

Formado em educação física, com pós-graduação em educação física escolar, Guilherme aponta também os benefícios da prática do esporte para a saúde. Ele cita a melhoria do sistema cardiorrespiratório e da coordenação motora; o aumento do tônus muscular e da força física; a redução dos riscos de contrair doenças crônicas e o desenvolvimento da noção do espaço corporal, do sentido de disciplina e da capacidade de persistência e perseverança e de traçar estratégias. (Ana Júlia Silva de Souza)

Título nacional ajuda escola a mostrar benefícios da prática

A conquista do título de vice-campeã de futsal na etapa nacional dos Jogos Escolares de 2011 deixou orgulhosos os integrantes da Unidade Escolar Raul Sérgio, de ensino fundamental e médio, no município de Simões, sudeste do Piauí. Pela primeira vez, o estado passava à etapa final nacional dos jogos e subia da primeira divisão para a divisão especial.

“Quando há empenho, as coisas acontecem, independentemente da estrutura da escola, do município ou do estado em que ela se encontra”, enfatiza a diretora da instituição, Maria Aparecida de Carvalho e Silva.

Segundo a diretora, a prática de esportes pode resultar em muitos benefícios para a vida dos estudantes, tanto intelectuais e sociais quanto para a saúde, de modo geral. Com 35 anos de magistério, cinco dos quais na direção, Maria Aparecida se diz apaixonada pelo trabalho. Ela é formada em letras, com habilitação em línguas portuguesa e inglesa e respectivas literaturas.

Na visão do professor Tarcísio Alves Carvalho, conquistar títulos com a equipe é motivo não apenas de orgulho. Significa compromisso, competência, e empenho de todos. “O título foi fruto de um treino muito intenso e de muito suor”, avalia. Graduado em educação física, com sete anos de magistério, Tarcísio revela que a conquista tem motivado os estudantes na busca de novas vitórias.

O fato de a escola obter destaque no esporte tem atraído novos alunos. Além das aulas práticas realizadas no período da disciplina de educação física, a escola oferece treinos técnicos e táticos de futsal e de handebol feminino no turno oposto ao das aulas regulares (contraturno). De acordo com o professor, a prática de futsal desenvolve e aprimora as habilidades do desporto, melhora a disciplina e o espírito de grupo. “Faz bem para a saúde e, consequentemente, para a vida”, ressalta.

Habilidades — Em Sorocaba, no interior de São Paulo, a Escola Estadual Professor Dionysio Vieira também estimula a prática de esportes. A instituição, que tem 1.850 alunos matriculados, do sexto ao nono ano do ensino fundamental, oferece treinamento nas modalidades de futsal, basquete, vôlei, handebol, xadrez e tênis de mesa como parte integrante de atividades extracurriculares, em horário diferente do estabelecido para as aulas de educação física.

De acordo com o diretor da escola, Mozart Galdino Barros, o objetivo é ajudar, por meio da prática de esportes, os estudantes a desenvolver as habilidades motoras e estimular a socialização e o senso de cooperação e equipe. Separados por faixa etária, todos os alunos podem participar das atividades de treinamento esportivo. “A escola tem várias equipes esportivas”, revela o professor de educação física Eduardo Santos Ribeiro. (Fátima Schenini)

 

Professora contribui para despertar interesse de alunos pelo meio ambiente

Alunos mexem em canteiro com terra

Pedagoga com pós-graduação em planejamento educacional, Rose Mary Fernandes Calazans atua no magistério desde 1989. Ela trabalha, atualmente, na Escola Estadual 19 de Maio, localizada no município de Alta Floresta, no extremo norte do Mato Grosso, onde dá aulas para alunos do 5º ano do ensino fundamental.

No primeiro semestre de 2012, Rose Mary desenvolveu um trabalho de suma importância: o projeto Ciclos da Água. “Tomou uma proporção maior do que o esperado, mas acredito que trabalhar com projetos é isso mesmo. Sempre aparecem novos caminhos e entendimentos”, avalia.

Segundo ela, o trabalho da turma foi surpreendente devido aos avanços, à participação e ao prazer que demonstraram no cuidado das plantas e do terrário. “Durante as quatro semanas de realização do projeto, os alunos se revezavam no recreio para evitar que alguma criança furasse o plástico do adesivo”, revela a professora.

Rose Mary destaca também o fato de que alguns estudantes tinham a obrigação de chegar 30 minutos antes do sino bater, pela manhã, para molhar as plantinhas, enquanto outros iam à escola à noite, para acompanhar o processo do ciclo da água.

Apresentamos, abaixo, uma síntese relatório do projeto Ciclos da Água. As atividades foram realizadas no período de três de maio a primeiro de junho de 2012. (Fátima Schenini)

Relatório do Projeto Ciclos da Água

O ciclo da água é de fundamental importância para a manutenção dos seres vivos na Terra.

Sendo a água um recurso natural e indispensável para a vida tanto dos animais como dos vegetais, temos que ter muito cuidado ao interferir na natureza para não causar prejuízos que, muitas vezes, são incorrigíveis. Um ato cometido erroneamente é o suficiente para um desequilíbrio ambiental que poderia provocar uma grande alteração ou até mesmo a destruição do ciclo da água.

Para a compreensão do Ciclo da Água, foi elaborado um terrário, que possibilitasse acompanhar as mudanças do clima durante o dia e à noite e todo o processo realizado.

Objetivos do planejamento:

a) Reconhecer que a água é um recurso natural e indispensável para a manutenção da vida sobre a Terra.

b) Identificar as graves consequências para todos os seres da Terra se a água começar a faltar.

c) Perceber a importância da intervenção do homem na natureza que pode ser de grande ajuda ou de grande prejuízo.

O terrário foi observado durante as quatro semanas de desenvolvimento do projeto para acompanhamento do crescimento das plantas e da resistência dos insetos. Os alunos colocaram um grilo grande, de cor marrom, dois grilos pequenos, verdes, e algumas minhocas. Um cartaz, colocado próximo ao terrário, foi usado para registrar os acontecimentos. Logo no segundo dia, o grilo maior, ao qual foi dado o nome de dissonossauro por ser grande e destruidor, matou os insetos menores e comeu toda as cebolinhas e algumas outras plantas. Ele sobreviveu até o dia 25 de maio (24 dias).

A morte do grilo fez com a turma entendesse a importância do habitat natural onde o ciclo da vida tem seu curso e no qual o homem não deve interferir, respeitando, para não provocar danos.

Durante o trabalho de observação surgiu a ideia de fazer uma horta reciclada. Foram utilizadas garrafas plásticas e tampas de alimentos descartáveis, entre outros materiais. As plantas escolhidas foram: alface, cebolinha, salsinha, almeirão, e couve.

Algumas considerações finais da turma:

• A experiência despertou mais interesse na temática ambiental;

• Incentivou novos hábitos ecologicamente corretos;

• Oportunizou o acompanhamento dos crescimentos das plantas;

• Possibilitou a responsabilidade de plantar e cuidar;

• Proporcionou o prazer de ver o resultado do trabalho.

Wagner de Campos (UFPR): professor deve ser o mediador do processo competitivo

Professor Wagner de Campos

Para o professor e pesquisador do Departamento de Educação Física da Universidade Federal do Paraná, Wagner de Campos, a competição faz parte da vida em sociedade e o professor deve ser o mediador do processo competitivo nas atividades esportivas. Em sua visão, o professor deve estimular o respeito às regras, ao próximo e aos valores sociais, além de auxiliar os estudantes a compreenderem o significado, para a vida, dos conceitos de derrota e vitória.

Com licenciatura em educação física, Wagner de Campos fez mestrado, doutorado e estágio pós-doutoral na área do desenvolvimento motor, na Universidade de Pittsburgh, EUA. Ele dá aulas na graduação e na pós-graduação e desenvolve pesquisas sobre temas que incluem o treinamento desportivo na infância e adolescência.

Jornal do Professor – A escola deve oportunizar esportes aos estudantes? De que forma?

Wagner de Campos – Sim. A escola é um importante cenário para o desenvolvimento da cidadania através do esporte. Entretanto, os profissionais envolvidos devem ter bastante cuidado quando utilizarem o esporte na escola, pois se trata de um conteúdo que, na sua essência, pode estimular uma competitividade prejudicial para a saúde física e mental de nossas crianças. Neste contexto, o professor deve ser o mediador do processo competitivo, estimulando o respeito às regras, ao próximo e aos valores sociais.

JP – Como devem ser as atividades esportivas na escola? As aulas devem ocorrer dentro do horário normal ou fora do período regular?

WC – Defendemos que a prática de esportes com direcionamento às competições organizadas e regulamentadas deva ser oferecida no contraturno das aulas regulares de educação física. As aulas regulares serão utilizadas para o desenvolvimento das práticas corporais em geral, que será o único momento para se estimular as crianças a participarem das diferentes possibilidades de movimento, por exemplo: lutas, danças, lazer, jogos, habilidades motoras e esportivas em geral. Os professores de educação física deveriam ser estimulados a formular propostas de escolinhas de iniciação esportiva organizadas no contraturno das aulas. Entretanto, para que isto ocorra de forma eficiente, os professores devem ter remuneração e estrutura esportiva adequadas.

JP – Qual deve ser o objetivo das aulas de esportes na escola? O espírito de competição deve ser incentivado?

WC – Como qualquer outro conteúdo das aulas de educação física, além das habilidades motoras específicas e regras dos esportes, e em conjunto com as outras matérias da escola, os professores devem estar sempre preocupados em formar, em primeiro lugar, o cidadão. A competição está presente em todos os cenários da sociedade e, na escola, o professor deve ser o mediador do processo competitivo, auxiliando as crianças a compreender o significado para a vida dos conceitos de derrota e vitória.

JP Qual é a importância da realização de atividades esportivas na infância e na adolescência? Há uma idade mínima para a iniciação esportiva?

WC – Muito importante. O esporte pode ser uma das excelentes possibilidades para educação e saúde das crianças. A literatura (CAMPOS; BRUM, 2004) aponta que o momento ideal deve ser após a primeira infância. Cronologicamente isto dever ocorrer entre 10 a 12 anos. Antes disso, o ideal são as experiências amplas com habilidades motoras e jogos pré-desportivos. Mas é importante mencionar que a idade cronológica é apenas uma referência, pois devemos levar em consideração as diferenças individuais e experiências prévias de cada criança. Outro aspecto importante é o tipo de esporte. Em alguns esportes as crianças podem iniciar um pouco mais tarde e mesmo assim poderão ter a possibilidade de sucesso quando buscarem o rendimento esportivo. Desta forma, é nossa opinião que o esporte estruturado para competições deve ser trabalhado eficientemente no contraturno das aulas regulares e também em outros espaços fora da escola.

JP – Quais os benefícios do esporte para a saúde física e mental de crianças e adolescentes?

WC – O esporte é um importante meio para o desenvolvimento da saúde da criança. Do ponto de vista biológico, tem uma relação significativa com a diminuição dos índices de obesidade, além de contribuir para a melhoria do sistema imunológico e diminuição dos fatores de risco para doenças hipocinéticas, como a aterosclerose e o diabetes mellitus. Do ponto de vista psicológico, o esporte desenvolvido de forma adequada tem ainda o potencial de auxiliar a criança a lidar de forma efetiva com a sua autoestima, níveis de ansiedade e controle do estresse.

JP – O Brasil será sede de dois importantes eventos da área esportiva: Copa do Mundo de 2014 e Olimpíadas de 2016. O senhor acredita que esses fatos poderão contribuir para despertar o interesse pelo esporte entre os estudantes?

WC – Com certeza, mas o resultado desse interesse dependerá de que forma iremos tirar proveito da exposição maciça na mídia. A minha grande preocupação é como será o modelo de incentivo, pois medalhas e vitórias a qualquer custo poderão ir à contramão do desenvolvimento pleno das crianças. Precisamos, no Brasil, divulgar que o resultado esportivo deve ser encarado como consequência de um processo de participação e oportunidades. Mas sempre lembrando que existe um funil muito estreito para continuidade nas competições de rendimento, como por exemplo, participações em olimpíadas. As crianças que não atingirem este objetivo deverão ter sempre lembranças positivas da participação esportiva e quem sabe utilizar este conhecimento e experiências para toda a vida, contribuindo assim como um elemento importante para uma melhor qualidade de vida.