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JORNAL

Saídas Pedagógicas

Terça-feira, 4 de Setembro de 2012

Edição 77

EDITORIAL - Saídas Pedagógicas

Saídas Pedagógicas é o tema da 77ª edição do Jornal do Professor. O assunto foi o escolhido por 61,66% dos leitores que votaram na enquete colocada em nossa página.

Nesta edição, apresentamos experiências desenvolvidas em escolas dos municípios de Alvorada (RS); Caruaru (PE); Queimados (RJ); Rio de Janeiro; São Paulo (SP); e Sapucaia do Sul (RS).

Nossa entrevistada é a professora Maria Abádia da Silva, da Faculdade de Educação da Universidade de Brasília. E o participante da seção Espaço do Professor é Gleison dos Santos Miranda, professor e orientador tecnológico em escolas municipais de São Francisco do Itabapoana (RJ).

Ajude-nos a escolher o tema das próximas edições, votando na enquete colocada em nossa página. E aproveite para colaborar enviando sugestões, críticas, textos e músicas!

Seja bem-vindo!

 

Em Pernambuco, escola usa saídas para unir teoria à prática

Alunos fazem fila em frente de casa

No município de Caruaru, no Agreste pernambucano, a Escola Municipal Pedro de Souza promove saídas pedagógicas regulares com os estudantes. “O objetivo é mostrar de forma concreta o que é trabalhado em sala de aula”, explica a professora polivalente Daniele Fernanda e Silva, que leciona a turma do quinto ano do ensino fundamental.

Segundo a professora, as visitas possibilitam o contato concreto dos alunos com a temática desenvolvida em sala de aula. Outro benefício é o estímulo à observação e à atenção que as visitas despertam nos estudantes. Após os passeios, ela orienta a produção de textos e determina aos alunos a apresentação de relatórios ou realização de pesquisas e minisseminários.

Formada em pedagogia, há 13 anos no magistério, Daniele inclui as visitas ao Jardim Zoológico de Recife — Horto Dois Irmãos —, em 2010 e em 2011, entre as mais importantes que realizou com estudantes. Isso porque foi possível ver, de perto, animais até então conhecidos apenas por meio de livros ou da televisão.

As visitas são desenvolvidas em conjunto pelos professores. “Combinamos o local a ser visitado e, após o passeio, cada um trabalha aquilo que foi visto em sua área de atuação”, explica Daniele. Ela já programou nova visita ao zoológico para outubro próximo.

As saídas pedagógicas da escola estão inseridas no programa Mais Educação do Ministério da Educação. Na visão da diretora da escola, Caterine Esteves Xavier, o aluno aprende, com as atividades externas, o teórico por meio do concreto.

Leitura — A professora Roseli Vinhola Moraes, coordenadora da biblioteca da escola, participa de trabalho de incentivo à leitura, entre os estudantes, que inclui a realização de atividades externas. “É o projeto Brigada Leitora e da Cidadania, que tem o objetivo de formar cidadãos leitores críticos e conscientes de seus direitos e deveres”, salienta.

Os alunos são treinados para realizar atividades que incluem leitura de poesias e histórias, além de brincadeiras infantis. Formada em pedagogia, com especialização em supervisão escolar e gestão pedagógica, Roseli atende turmas de todos os anos do ensino fundamental e da educação de jovens e adultos.

Entre as atividades realizadas pelos alunos da Brigada Leitora, algumas merecem destaque, como as visitas ao refúgio ecológico Charles Darwin, no município de Igarassu, em parceria com a professora de ciências, e ao Parque Ambiental de Caruaru, com os participantes da oficina de fotografia. No parque, os estudantes aproveitaram o encontro com a natureza para escrever haicais, enquanto os alunos da oficina de fotografia registravam tudo em imagens. O haicai é uma forma de poesia japonesa, surgida no século 16, composta de três versos, com cinco, sete e cinco sílabas, que tem como tema a natureza ou as estações do ano. No Brasil, é uma forma poética de métrica e acentuação adaptada do modelo japonês. “Como resultado desse trabalho, foi elaborado o livro Retratando Emoções: Haicais”, diz Roseli.

Outra saída importante foi a visita ao Quilombo do Castainho, em Garanhuns, em parceria com o professor de história. Além de conhecerem a comunidade quilombola, os estudantes participaram de festival de contos africanos com alunos do município. (Fátima Schenini)

Confira o blog da EM Pedro de Souza

 

 

 

 

Atividades ajudam estudantes a ganhar mais densidade cultural

Grupo de alunos e professoras

A ampliação do repertório cultural dos estudantes e o aprendizado do conteúdo sistematizado em sala de aula por meio da vivência são alguns resultados obtidos por uma escola de São Paulo ao promover frequentes saídas pedagógicas. Alunos da Escola Municipal de Ensino Fundamental Comandante Garcia D’Ávila já conheceram museus, centros culturais e patrimônios históricos. Novas visitas estão programadas para o restante do ano letivo.

“As saídas pedagógicas são fundamentais, pois ampliam os horizontes dos alunos e abrem novas perspectivas”, assegura a diretora da escola, Marly Alves de Souza. As atividades externas, segundo ela, contribuem para a melhoria do ensino, pois permitem ao estudante experimentar vários espaços de aprendizagem. Além do grande auxílio pedagógico, a diretora ressalta que as atividades promovem melhor interação dos alunos entre si e com os professores. Pedagoga com especialização em orientação educacional e supervisão escolar, Marly tem 27 anos de magistério. Há três, exerce a direção.

As saídas pedagógicas são programadas de maneira a adequar os projetos desenvolvidos na escola ao calendário cultural da cidade. São precedidas de visita prévia de professores e coordenadores para melhor organizar as atividades.

Segundo a professora Solange Boudeux, as saídas contribuem para enriquecer os conhecimentos culturais dos estudantes e ampliam a leitura do mundo. “Nada substitui o contato com a obra de arte e o conhecimento in loco dos patrimônios históricos e objetos de estudo”, ressalta. Com 25 anos de magistério, formada em artes plásticas e educação artística, Solange dá aulas a alunos do quinto ao oitavo ano do ensino fundamental. “O objetivo das saídas é suscitar o respeito às diferenças, diversificar o olhar do aluno cidadão para as diferentes culturas, minimizar o preconceito e promover a tolerância numa cidade tão diversificada quanto São Paulo”, explica.

Inclusão — Professora de português de turmas do sexto e do sétimo anos do ensino fundamental, Sílvia Sato Taramoto considera as visitas pedagógicas importantes por possibilitar aos alunos a obtenção de conhecimentos relevantes. “Elas também proporcionam inclusão social, ao despertar valores de cidadania”, analisa. “Além disso, os alunos passam a conhecer seu ambiente e tudo o que ele pode oferecer”, diz Sílvia. Graduada em pedagogia e em letras (português e inglês), ela está há 15 anos no magistério.

Imprensa — Várias visitas pedagógicas são registradas por uma equipe de estudantes, que integra a chamada imprensa jovem da escola. O grupo de alunos, do ensino fundamental, atua como jornalistas-mirins. Eles filmam, fotografam, editam e divulgam o material no blog da escola. Para isso, contam com a ajuda dos professores de informática educativa.

Entre as visitas feitas no primeiro semestre de 2012 estão as realizadas ao Centro Cultural Banco do Brasil, durante a exposição Índia: Cultura, Religiosidade, Hábitos e Costumes, e ao Memorial da América Latina. Os estudantes puderam apreciar obras do pintor Cândido Portinari, na exposição Guerra e Paz. (Ana Júlia Silva de Souza)

Acesse o blog da EM Comandante Garcia D'Ávila

Professoras do RJ tornam a aprendizagem mais estimulante

Grupo de alunos e professores

As saídas pedagógicas ocorrem habitualmente na Escola Municipal Professor Washington Manoel de Souza, no município fluminense de Queimados. “As visitas contribuem para tornar a aprendizagem mais estimulante e enriquecedora e também para a expansão das fronteiras entre o espaço escolar e o mundo externo”, ressalta Denise Guerra dos Santos, professora de educação física. “As saídas pedagógicas trazem riquezas de conhecimentos simultâneos, além do conteúdo proposto”, salienta Fátima Muniz, professora de história.

Em geral, as duas trabalham de forma interdisciplinar. Os passeios são imaginados individualmente, mas discutidos e realizados com apoio mútuo e, invariavelmente, com a participação de outros professores. “Sempre planejamos as saídas em conjunto“, diz Fátima, que leciona a turmas do sétimo ano do ensino fundamental. “Trocamos sugestões e a nossa participação é intensa.”

Segundo Denise, que dá aulas a turmas de oitavo e nono anos do ensino fundamental, os alunos têm, durante as visitas, a oportunidade de conhecer lugares interessantes e divertidos. Também entram em contato, de forma dinâmica e agradável, com o conteúdo pedagógico e com projetos das respectivas séries e das diversas disciplinas.

“As saídas também se propõem a estreitar os laços entre alunos de diferentes turmas, a escola, a família e a sociedade como um todo, favorecendo as relações de convivência e desenvolvendo a capacidade de trabalhar em grupo”, explica Denise, que está há oito anos no magistério.

Graduada em educação física e em musicoterapia, com pós-graduação em psicomotricidade e em cultura africana e afro-brasileira, ela acredita que os passeios desenvolvem, ainda, qualidades como empenho, organização, flexibilidade, tolerância, espírito esportivo, princípios éticos e de cidadania.

Prêmios — Com licenciatura plena em história e 32 anos de magistério, Fátima já teve dois projetos premiados no Concurso Professor Alberto Pirro, promovido pela Secretaria Municipal de Educação. Em julho, ela promoveu visita ao Centro Municipal Luiz Gonzaga de Tradições Nordestinas. Um dos propósitos do passeio foi o de levar os estudantes a compreender o êxodo nordestino e sua relação com a ocupação da Baixada Fluminense, região na qual está inserido o município de Queimados. A professora pretendeu, ainda, estimular os alunos a analisar as próprias origens, reconhecer o legado político e social do Nordeste no município e valorizar a contribuição nordestina na ocupação da região.

Depois do passeio, os estudantes sintetizaram as observações por meio da produção de literatura de cordel, relatórios, gráficos, desenhos, dobraduras, pinturas, com dramatizações e confecção de bandeirolas e bonecos. Todos os trabalhos foram expostos na escola.

No mesmo mês, a professora Denise promoveu visita ao Belmonte Futebol Clube, com a participação de estudantes dos três últimos anos do ensino fundamental. O passeio fez parte do projeto Histórias da Capoeira e do Futebol de Queimados, desenvolvido por ela na disciplina de educação física. Na escola, Denise incentivou debate para troca de impressões, exposição de dúvidas e resumo das experiências vividas pelos estudantes.

Também este ano, as duas professoras levaram os alunos ao centro do Rio de Janeiro para conhecer o Museu Histórico Nacional e o Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB). Para este semestre, estão previstas visitas ao Espaço Cultural da Marinha do Brasil, também no centro da capital, e à Vila Olímpica de Queimados. Lá, os estudantes conhecerão as aulas de capoeira de Mestre Comprido.

“As saídas pedagógicas são enriquecedoras”, avalia a orientadora educacional Cilene Maria Cavalcanti. Ela observa que os passeios permitem o contato com o conteúdo programático de forma dinâmica e desenvolvem a capacidade de trabalho em equipe. Para Cilene, as visitas estimulam princípios éticos e de cidadania entre os alunos e estreitam os laços entre família, escola e comunidade. (Fátima Schenini)

Acesse o blog da EM Prof. Washington Manoel de Souza

 

 

 

Estudantes aliam conhecimento ao lazer em escolas públicas gaúchas

Grupo de alunos observa obras de artes

A cada trimestre letivo, os estudantes da Escola Municipal de Ensino Fundamental Herbert José de Souza, de Alvorada, Rio Grande do Sul, visitam casas de cultura e museus de arte e de ciências. Eles também saem para assistir a filmes e peças de teatro, além de participar de pesquisas de campo em patrimônios culturais.

“O objetivo das saídas pedagógicas é agregar conhecimento”, diz a professora Cecília da Silva Camilio. Graduada em artes visuais, com especialização em arte contemporânea e ensino da arte, ela trabalha com alunos do ensino fundamental e da educação de jovens e adultos.

As saídas são agendadas com pelo menos 15 dias de antecedência. O planejamento das visitas é feito de acordo com o conteúdo desenvolvido nas aulas.

Segundo a diretora da escola, Cláudia Martins Canabravo, as saídas pedagógicas proporcionam aos alunos lazer, cultura e conhecimento. “Elas promovem a integração entre alunos e professores e complementam o trabalho em sala de aula”, destaca. Com 13 anos de experiência em sala de aula e há cinco na direção da escola, Cláudia é pedagoga, com especialização em supervisão escolar.

A professora de ciências, Letícia Beras, participa dos passeios pedagógicos, sempre que possível. “Acredito que as experiências e vivências são as grandes responsáveis pelo processo de aprendizagem significativa”, enfatiza a professora, que tem dez anos de magistério.

Para ela, “conhecer, enxergar, ouvir ou tocar o que é explicado em aula é o que fará a diferença entre o conhecimento real – que será levado para a vida – e o conhecimento teórico - que é, muitas vezes, apenas estudado para a prova”.

De acordo com o professor de história, Marcelo da Silva Rios, além de contribuírem para ampliar o conhecimento, as saídas pedagógicas também colaboram, de forma positiva, para o amadurecimento e a mudança de postura comportamental de alguns alunos.

Com licenciatura plena em história e cursando pós-graduação em pedagogia da arte, Marcelo é professor há quatro anos. Entre as saídas de que participou, nesse período, destaca a visita ao Museu Itinerante Egito Antigo, realizada em 2010.

Em sua visão, é preciso ampliar a educação, que no contexto atual não se restringe ao ambiente escolar. “É preciso perceber que a todo o momento se faz história, e que a história está em todos os espaços produzidos pelos seres humanos”, enfatiza.

Em Sapucaia do Sul, também na região metropolitana de Porto Alegre, a Escola Municipal de Ensino Fundamental Justino Camboim promove visitas pedagógicas a diferentes locais, como feiras, museus, cinemas, fábricas e jardins botânico e zoológico. De acordo com o diretor da instituição, Cézar Augusto Ramgrab, conhecer os lugares e contemplar as imagens in loco vale mais do que mil palavras.

Cada saída é precedida de contato dos professores com os responsáveis pelos locais a serem visitados e sempre leva em consideração o conteúdo ministrado em sala de aula. “Procuramos proporcionar aos estudantes experiências que contribuam de forma significativa para seus conhecimentos”, ressalta Ramgrab. Com 27 anos de magistério, formado em educação física, ele está na direção há dois anos.

Para a professora Rosângela Plentz Giralt , que atua como substituta, as visitas pedagógicas enriquecem o trabalho realizado em sala de aula e ajudam a desenvolver a disciplina e a concentração nos alunos. Há 15 anos na área da educação, Rosângela tem experiência tanto na educação infantil quanto nas séries iniciais do ensino fundamental. (Ana Júlia Silva de Souza)

Confira o blog da EMEF Justino Camboim

Uma atividade externa atende a professores de várias matérias

Professora de geografia no município do Rio de Janeiro há mais de 15 anos, Jane Cordeiro de Oliveira tem larga experiência em visitas pedagógicas. Na Escola Municipal Governador Carlos Lacerda, onde Jane trabalhou, até julho deste ano, como professora e orientadora pedagógica, a atividade externa é adotada por professores de todas as disciplinas.

De acordo com Jane, essa forma de aproveitamento de uma mesma saída pedagógica leva o estudante a perceber que um mesmo conhecimento pode estar presente em várias matérias escolares, além de ajudar na fixação do conteúdo aprendido. Para ela, as visitas devem estar vinculadas a determinadas ações pedagógicas desenvolvidas em sala de aula. “Assim, elas serão mais significativas e proveitosas, tanto para os alunos quanto para os professores que os acompanham”, destaca.

Segundo a professora, o recurso das saídas pode ser usado desde a educação infantil até o ensino superior. “O enfoque é que será diferente para cada nível de escolaridade”, explica.

Na opinião de Jane, é necessário que o professor domine o assunto a ser tratado nas saídas pedagógicas para não depender apenas das explicações dos guias dos locais visitados. Além disso, ela recomenda que o professor elabore ou pesquise material sobre o espaço a ser visitado, de forma a orientar os estudantes sobre o melhor aproveitamento do conhecimento obtido durante a atividade. “O planejamento é fundamental para uma saída pedagógica”, destaca. Ela sugere ainda que o professor, em primeiro lugar, faça uma visita prévia ao local a ser visitado e leia sobre o assunto a ser tratado na visita. “Isso ajuda a prever acontecimentos e oferece uma visão do que os alunos vão observar.”

Outros pontos preconizados por Jane para as visitas são a antecedência nos contatos; a organização de listagens dos alunos e dos educadores; a inserção da atividade no projeto pedagógico e no planejamento da escola; a comunicação da realização da atividade ao diretor da escola; as providências relativas a transporte e lanche e a previsão do tempo a ser gasto na visita pedagógica ao enviar o pedido de autorização aos pais e responsáveis. Ela lembra, ainda, a necessidade de manter contato com a escola caso ocorram imprevistos ou atrasos. “Ao final, é bom fazer um relatório sobre o que foi visto para que o conhecimento não se perca”, enfatiza. Ela salienta que os alunos também devem elaborar relatórios, documentados com fotos, se possível.

Formada em geografia, com mestrado em educação, concluindo doutorado em educação brasileira na Pontifícia Universidade Católica (PUC) do Rio de Janeiro, Jane leciona, desde agosto, na Escola Municipal Jornalista Campos Ribeiro, também na capital fluminense. (Fátima Schenini)

 

Futebol e tecnologias ajudam a melhorar comportamentos

Alunos utilizando computadores

O professor e orientador tecnológico Gleison dos Santos Miranda trabalha em escolas da rede pública do município de São Francisco do Itabapoana, no norte fluminense, há cerca de três anos. Com formação na área de informática voltada para a educação, ele é encarregado pela transmissão e aplicação de conhecimentos tecnológicos relativos a computadores com aplicativos educacionais, câmeras e outros equipamentos.

Na Escola Municipal Francisco Antônio, onde trabalhava até julho deste ano, ele criou o projeto Futebol na Escola. O projeto foi criado como uma forma de atingir metas comportamentais que buscavam a socialização entre os alunos com dificuldades para realizar tarefas conjuntas. Foi um meio de melhorar o comportamento dos estudantes, e consequentemente, o aprendizado. A iniciativa contou com o apoio da diretora da escola, Ana Cláudia, e a colaboração dos professores Gisely Cerqueira e Lígia Soares.

“Criei esse projeto, voluntariamente, para conseguir opções para trabalhar o tema futebol no laboratório de informática”, explica Gleison. Por meio dessa atividade, procurou aproximar os alunos dos recursos tecnológicos, já que muitos não tinham conhecimento do mundo digital. “O esporte abriu portas entre os alunos e eu, proporcionando um vínculo que facilitou a inclusão deles com as novas tecnologias”, ressalta. O projeto foi realizado de março a julho, com a participação de alunos dos terceiros, quartos e quintos anos do ensino fundamental.

O projeto foi visto como ótimo recurso e Gleison foi colocado em outras escolas, incumbido de ajudar com novas ideias. Para ele, é boa a oportunidade de colher novas experiências para 2013, incluindo a união do projeto sobre futebol com o laboratório de informática da Escola Municipal Domingos Santos, onde ele trabalha atualmente. “Laboratório e esporte estarão integrados para estimular o uso das tecnologias de uma forma bem prazerosa”, enfatiza. (Fátima Schenini)

 

 

 

Maria Abádia da Silva (UnB): saídas pedagógicas favorecem a aprendizagem e a curiosidade

Professora Maria Abádia da Silva

Para a professora da Faculdade de Educação da Universidade de Brasília, Maria Abádia da Silva, as saídas pedagógicas podem ser utilizadas por todas as disciplinas, desde a educação infantil até o ensino superior. Para tanto, são necessários organização e planejamento.

Essas atividades, que devem fazer parte do calendário escolar, estimulam a busca pelo desconhecido e favorecem a aprendizagem e a curiosidade dos alunos.

Doutora em educação pela Universidade de Salamanca, Espanha, Maria Abádia tem graduação em história e mestrado em educação. Ela atua no Programa de Mestrado em Educação e desenvolve estudos e pesquisas na área da educação.

Jornal do Professor – O que são saídas pedagógicas? E quais os principais benefícios que podem trazer para o processo de ensino-aprendizagem?

Maria Abádia da Silva – São atividades planejadas e intencionais com a finalidade de ampliar o conhecimento dos alunos. Estimulam a busca pelo desconhecido, favorece a aprendizagem e a curiosidade, pois o professor tem a chance de trabalhar aspectos teóricos com a realidade social cultural e política dos estudantes.

JP – Todas as disciplinas podem se beneficiar com a utilização desse recurso ou ele é mais eficaz em algumas delas, como artes ou história, por exemplo?

MAS – Todas as disciplinas podem trabalhar utilizando atividades de campo ou estudo dirigido. Exige-se um planejamento dos professores com os alunos e também de outros setores envolvidos: transporte, autorização dos pais, alimentação, leituras prévias, recepção no local e acomodação para os estudantes e, principalmente, quem vai atendê-los e que atividades serão desenvolvidas naquele momento.

JP – As saídas pedagógicas podem ser utilizadas desde a educação infantil até o ensino superior? De que forma?

MAS – Sim. Exige-se organização e planejamento. É fundamental que a gestão e coordenação da escola prevejam a atividade no calendário escolar. E dentro do possível planejem uma atividade interdisciplinar envolvendo professores de várias disciplinas. Organizem e assumam de forma coletiva as responsabilidades demandadas pela tarefa. Envolvam os alunos, pois a aprendizagem ocorre em todas as fases: organização, execução e avaliação, isto é, a retomada da atividade no retorno do trabalho externo realizado à escola.

JP – Qual é a importância do planejamento para uma saída pedagógica? Quais os pontos que não podem ser esquecidos pelos professores?

MAS – Vivenciar experiências junto com os alunos e levá-los a compreender de forma crítica e sistemática um problema, um fenômeno, uma fábrica, uma usina, um parque, o Senado Federal, um museu, uma estação de tratamento de água etc.

Pontos:

1. Planejamento com os alunos, direção, coordenação e demais professores

2. Autorização dos pais e conversa com eles sobre a atividade a ser realizada

3. Carta à direção ou setor responsável

4. Recibo de setor de transporte dando o OK quanto ao ônibus

5. Certificar se alguma criança tem algum problema de saúde

6. Escrever e entregar a cada aluno o que vão fazer e como.

7. Ficar atento a tudo durante a execução da tarefa.

8. Estabelecer horários de saída e de retorno.

9. Ter muita disposição para lidar com o inesperado. Manter sempre a calma.

JP – Após a realização dessas saídas, quais as atividades mais recomendadas para fixação dos conteúdos vistos pelos alunos? Seriam os relatórios?

MAS – Este tipo de atividade exige planejamento, o que significa dizer: antes, a execução e a avaliação posterior. Várias atividades podem ser feitas. Aprofundar o conteúdo, abordar um aspecto. Dialogar com os alunos para ouvir deles suas impressões. Propor outras atividades complementares. Comunicar aos pais na reunião seguinte.

Muito importante, além dos conteúdos, são os valores que vivenciam: cooperação, lealdade, repartir o alimento, generosidade, esperar o colega, cuidar do colega, laços de união, responsabilidade, afeto, carinho, solidariedade e ternura.