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JORNAL

Semana Nacional de Ciência e Tecnologia-2012

Quarta-feira, 31 de Outubro de 2012

Edição 79

EDITORIAL - Semana Nacional de Ciência e Tecnologia-2012

A 79ª edição do Jornal do Professor é dedicada à Semana Nacional de Ciência e Tecnologia. Criada em 2004, por iniciativa do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, a realização vem crescendo a cada ano, com a adesão de um número maior de instituições participantes em todo o Brasil.

Neste ano, enfocamos as atividades realizadas nas cidades de Niterói e Rio de Janeiro (RJ). Trazemos a nossos leitores informações sobre as exposições realizadas na Fundação Planetário, no bairro da Gávea (Zona Sul); na Quinta da Boa Vista, em São Cristóvão (Zona Norte); no Museu da Vida, da Fundação Oswaldo Cruz, em Manguinhos (Zona Norte); na Casa da Ciência da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), todas no Rio. Em Niterói, apresentamos a mostra organizada pelo Colégio Universitário Geraldo Reis, da Universidade Federal Fluminense (Coluni-UFF).

A professora de biologia Érika de Freitas, da Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Aristeu Aguiar, em Alegre (ES), participa da seção Espaço do Professor. Ela coordenou projeto de realização de um livro contendo 28 experimentos científicos realizados por seus alunos: Práticas de Ciências no Ensino Fundamental e Médio. Nossa entrevistada é a chefe do Museu da Vida da Casa de Oswaldo Cruz, do Instituto Oswaldo Cruz (Fiocruz), Luisa Medeiros Massarani.

Ajude-nos a escolher o tema das próximas edições, votando na enquete colocada em nossa página. E aproveite para colaborar enviando sugestões, críticas, textos e músicas!

Seja bem-vindo!

 

Estudantes de escola fluminense usam criatividade em exposição

Geral da mostra

O telhado ecológico, ou ecotelhado, foi um dos temas apresentados na exposição organizada pelo Colégio Universitário Geraldo Reis, da Universidade Federal Fluminense (Coluni-UFF), durante a Semana Nacional de Ciência e Tecnologia. Também conhecido como telhado verde ou telhado vivo, por usar cobertura vegetal, o assunto foi escolhido por estudantes do segundo ano do ensino médio da instituição, localizada em Niterói (RJ).

Outro tema apresentado foi o uso de uma bicicleta para gerar energia. O trabalho coube a alunos do oitavo ano do ensino fundamental. O reaproveitamento de material reciclável foi a opção dos estudantes do primeiro ano do ensino médio. Eles usaram pneus velhos para confeccionar pufes, caixotes de madeira para construir mesas e copos plásticos de café para criar luminárias, entre outros objetos.

“Quisemos mostrar que é possível decorar a casa e, ao mesmo tempo, cuidar do meio ambiente”, revela a aluna Ana Carvalho Viana. Para Andréa Pimentel, outra participante do grupo, a ideia foi demonstrar que, com criatividade, “é possível fazer coisas legais para ter em casa”.

Toda a escola se mobiliza para um dia inteiro de atividades internas no decorrer da Semana Nacional. A partir do tema, o professor Fábio de França Moreira, coordenador da atividade, passa aos estudantes os eixos a serem abordados nos trabalhos. Este ano, a mostra foi realizada no dia 17 último, com apresentação de trabalhos relativos a economia verde, sustentabilidade e erradicação da pobreza.

“É possível fazer trabalhos mais elaborados, com alunos mais novos. Basta que eles recebam incentivo e orientação”, analisa o professor, que dá aulas em turmas do sexto ao nono ano do ensino fundamental e do ensino médio. Com mestrado e doutorado em ciências biológicas e licenciatura em biologia, ele está há dez anos no magistério. Sua experiência profissional inclui outras instituições, como a Faculdades Integradas Maria Thereza, onde atua há nove anos. Lá, ele leciona nos cursos de licenciatura em ciências biológicas e pedagogia e bacharelado em biologia marinha.

Na opinião do professor, dar aulas na educação básica e na superior traz contribuições significativas. “O professor que dá aulas no ensino básico leva coisas importantes para o aprendizado dos alunos de licenciatura, futuros professores”, acredita. “E os alunos do ensino básico também se beneficiam pelo contato com a prática, a parte experimental, os materiais oferecidos."

O Coluni oferece aos estudantes a possibilidade de participar do Programa de Iniciação Científica Júnior, conhecido como Pibiquinho. Criado em 2010 para despertar a vocação científica e incentivar talentos entre os estudantes, o programa é uma iniciativa da UFF, liderada pela Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-graduação e pela direção do colégio. Outra opção é o Programa de Inovação, chamado de Pibitinho. (Fátima Schenini)

Com o Museu da Vida, Fiocruz alia diversão com aprendizado

Alunos, ao ar livre, observam experimento químico

Em uma ampla área de preservação ambiental, em plena Avenida Brasil, na Zona Norte do Rio de Janeiro, um espaço é dedicado à integração entre a ciência, a cultura e a sociedade. É o Museu da Vida, vinculado à Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), criado para informar e educar em ciência, saúde e tecnologia de maneira lúdica e criativa. Exposições, jogos, peças de teatro e vídeos são algumas das opções oferecidas aos visitantes, gratuitamente, de terça-feira a sábado.

Durante a nona edição da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia (SNCT), realizada em todo o Brasil entre os dias 15 e 21 últimos, o Museu da Vida programou diversas atividades. Estudantes, professores e outros visitantes puderam apreciar e participar de mostras de fotografias, vídeos e curtas-metragens, oficinas e conversas com cientistas.

Um dos maiores destaques da programação, que continua à disposição do público após o encerramento da SNCT, é a exposição O Corpo na Arte Africana. Com 140 obras de arte e 14 fotografias, a mostra pode ser visitada até o início do próximo ano. A exposição foi idealizada a partir da cooperação da Fiocruz com países da África. Além de estabelecer laços nas áreas de educação, pesquisa e saúde, pesquisadores brasileiros de missões da Fiocruz naquele continente formaram coleções de arte, agora expostas. A mostra marca também a abertura do primeiro escritório internacional da Fiocruz, em Maputo, Moçambique.

Visita — O professor Marcius Vinícius Borges Silva, do Colégio Estadual Roberto Lyra, no município fluminense de Seropédica, levou alunos da escola a uma visita ao Museu da Vida. “A principal vantagem de levar estudantes a passeios é difundir o conhecimento”, destaca o professor, que dá aulas de ciências a alunos do sexto ao nono ano do ensino fundamental e da educação de jovens e adultos. No magistério há três anos, Marcius Vinícius é apaixonado pelo que faz e acredita que “todo dia é um novo desafio”.

Professora no mesmo colégio, Ester Ferreira da Costa leva os alunos a museus, planetários, zoológicos e outros locais. “Uma aula-passeio atrai os alunos”, garante. “E a visualização torna mais fácil o aprendizado.”

Ester leciona biologia no ensino médio. Há dez anos no magistério, ela pede aos alunos que façam relatórios após cada visita para melhor fixação do que foi visto.

A coordenadora pedagógica do ensino fundamental da Maple Bear Canadian School, de Niterói (RJ), Priscilla Riddell, também acompanhou um grupo de alunos em visita ao Museu da Vida. “Participamos de visitas sempre que surge uma oportunidade. Elas são fundamentais, pois dão continuidade ao que é visto na sala de aula”, avalia. Com formação em pedagogia e letras, Priscilla está há sete anos no magistério. (Fátima Schenini)

 

 

 

Mostra sobre Portinari reúne arte e meio ambiente no Rio

Mostra sobre Portinari na Casa da Ciência

A Casa da Ciência da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) integrou-se à Semana Nacional de Ciência e Tecnologia, com a exposição Portinari – Arte e Meio Ambiente. A mostra, com réplicas digitais de telas do artista plástico brasileiro Cândido Portinari (1903-1962), pode ser vista até 16 de dezembro na Casa da Ciência, em Botafogo [Zona Sul], espaço que se dedica à divulgação da ciência e da tecnologia por meio de atividades interativas.

Além da exposição, a Casa da Ciência oferece atividades paralelas, como oficinas de arte e educação e curso de capacitação para professores de ensino fundamental e médio. “O curso é aberto com uma apresentação de Portinari e sua obra, por meio de uma coleção de pranchas com reproduções, em tamanho menor, das telas da exposição”, revela a coordenadora do Núcleo de Educação, Adriana Vicente.

As pranchas fazem parte do material enviado às escolas do estado do Rio de Janeiro em um baú, o Bauzinho do Pintor, que contém ainda caderno do professor, caderno de atividades do aluno e o livro Brasil-Atlântico; um País com a Raiz na Mata, de Roberto Cavalcanti. A exposição, itinerante, passa por várias cidades do país, nas quais é oferecido o curso e distribuído o material, nas escolas.

Formada em pedagogia e em letras, Adriana é mestre em história da ciência. Professora da rede pública estadual desde 1998, leciona português e literatura a alunos de ensino médio do Colégio Estadual Cuba, na Ilha do Governador [Zona Norte]. Dá aulas ainda no curso de especialização em divulgação da ciência, da tecnologia e da saúde, promovido pela Casa da Ciência, em parceria com o Museu da Vida da Fiocruz e com o Museu de Astronomia do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

De acordo com a idealizadora da parte pedagógica da exposição, Suely Avellar, o principal objetivo foi apresentar um recorte da imensa obra de Portinari, com trabalhos realizados em diferentes épocas, capazes de apresentar questões importantes ligadas ao meio ambiente. As obras selecionadas partem de temas centrais, como a relação dos seres humanos com o espaço em que vivem, a água, os recursos minerais, as florestas e a fauna e o equilíbrio entre os seres humanos.

Licenciada em artes visuais, Suely iniciou o programa educativo do Projeto Portinari, em 1997. Desde então, tem criado diversas exposições de réplicas, como Portinari, Arte e Ciência; Portinari, Arte e Meio Ambiente; Drummond/Portinari – Poesia e Pintura; Portinari: num Pé de Café Nasci; Portinari, Imagens do Brasil. “Procuro sempre compor exposições temáticas cujas imagens possam ser usadas nas escolas, em trabalhos de diferentes disciplinas”, explica. Ela recebe muitas mensagens com elogios sobre as exposições.

Muitos professores apresentam trabalhos interessantes, elaborados pelos alunos a partir do que foi visto nas exposições. “Isso nos incentiva a criar sempre exposições e outros materiais que possam ajudar os professores em seus trabalhos didáticos”, assinala Suely.

Mais informações na página da Casa da Ciência na internet (Fátima Schenini)

Estudantes visitam exposição para ampliar o aprendizado

Menino ao microscópio

Uma tenda montada na alameda principal do Museu Nacional, na Quinta da Boa Vista, na Zona Norte do Rio de Janeiro, atraiu a atenção durante a Semana Nacional de Ciência e Tecnologia de 2012. Durante três dias, de 19 a 21 últimos, ali foram apresentadas atrações como amostras de rochas, minerais e gemas, expostas pelo Centro de Tecnologia Mineral (Cetem) do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação.

Por meio de um microscópio, era possível observar amostras de diamantes naturais e sintéticos. Os visitantes também puderam assistir a experimentos químicos feitos por técnicos do Cetem. Com base na cor, eram identificadas substâncias presentes nas soluções. Os visitantes recebiam um folder com a tabela periódica, ilustrada, e gibis educativos. Wandeca e o que Sai da Mina... A Aventura com o Alumínio era um deles.

“Visitas e aulas-passeio possibilitam vivência e aprendizado aos estudantes”, diz a professora Mônica Matsumoto, da Escola Municipal Conselheiro Mayrink, no bairro do Maracanã [Zona Norte]. Ela levou alunos do segundo ano do ensino fundamental à exposição.

“Após um passeio, promovemos uma roda de conversa, trocamos experiências vividas na ocasião e as registramos, por meio de texto coletivo ou individual, além de desenhos e fotos”, detalha a professora. Formada em matemática, Mônica atua no magistério há mais de 15 anos.

O estande do Cetem apresentou ainda maquetes com soluções inovadoras na área de meio ambiente — aproveitamento de resíduos de rochas ornamentais na pavimentação asfáltica para minimizar impactos ambientais; drenagem ácida de minas de carvão mineral; biorremediação de solos contaminados por derramamento de petróleos e seus derivados por meio de micro-organismos.

Outro estande que chamou a atenção foi o do Museu Nacional. Com peças selecionadas do acervo da instituição, a mostra apresentou o tema Água para Vida e Água para Todos. Fósseis de animais de várias espécies mostravam que as primeiras espécies viviam na água. (Fátima Schenini)

Alunos de escola do Rio levam a ciência para as ruas

Alunos participam de experiência com morangos

Os estudantes da Escola-Parque da Barra, na Zona Oeste do Rio de Janeiro, são incentivados a participar de oficinas e exposições. Assim, ampliam os conhecimentos e compartilham o que sabem com outras pessoas. Durante a Semana Nacional de Ciência e Tecnologia (SNTC) de 2012, estudantes da instituição, de educação básica, apresentaram experiências científicas na Tenda da Ciência, armada na Fundação Planetário, na Gávea [Zona Sul].

“A ideia é que os alunos levem a ciência para a rua”, diz a professora Luciana Salles, que dá aulas de robótica no ensino fundamental e médio. Ela explica que os estudantes aprendem a transformar a ciência em algo prazeroso e interessante e a usar linguagem a ser entendida por qualquer pessoa.

Nos eventos externos, os estudantes também aproveitam o contato com gente e realidades diferentes. “Isso é importante”, ressalta a professora. “Quando forem trabalhar, terão de atuar em equipe e interagir com diferentes pessoas.”

De acordo com Luciana, a escola está preocupada com a questão ambiental e em educar para a sustentabilidade. Nesse sentido, a cada ano letivo promove uma exposição, a Semana da Ciência, Cultura e Cidadania da Escola-Parque, este ano realizada nos dias 20 e 27 últimos.

Outra atividade desenvolvida pela escola, na área ambiental, é o Projeto Pantanal. No fim deste mês, estudantes do ensino médio e professores estiveram no Pantanal Mato-Grossense para conhecer a flora e a fauna da região e promover oficinas com a comunidade. Fotografia, cinema, música e projetos sustentáveis, como o sabão feito com óleo de cozinha usado, são alguns dos temas propostos. “Acreditamos que o trabalho de campo deve ser experimentado já a partir do ensino médio, para que os alunos possam ir participando dessa experiência”, enfatiza Luciana.

Pedagoga, especializada em educação com aplicação da informática, ela está há 20 anos no magistério, 11 dos quais na escola-parque. Ela coordena o projeto Ciência e Arte, que oferece cursos complementares à carga regular das disciplinas de ensino médio, em diferentes áreas do conhecimento. A cada início de ano, os estudantes escolhem as aulas para participar. Cinema, grafite, teatro, projetos sustentáveis e mudanças climáticas são algumas delas. (Fátima Schenini)

Portal oferece informações e serviços a professores e alunos

Estudantes no estande do Canal Ciência

O Canal Ciência, portal de divulgação científica e tecnológica do Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (Ibict), esteve representado na Tenda da Ciência, montada no Planetário da Gávea, no Rio de Janeiro, durante a edição deste ano da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia. Criado em 2002, o Canal Ciência reúne e oferece produtos e serviços de informação em educação e divulgação científica e divulga resultados relevantes de pesquisas científicas brasileiras.

Os visitantes puderam conferir o conteúdo oferecido pelo portal, que inclui banco de pesquisas científicas, galeria de pesquisadores — cientistas brasileiros notáveis —, museus e centros de ciências. Há 75 registros, que incluem entidades tão diferentes como o Bosque da Ciência, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, em Manaus; a Fundação Museu Homem Americano, sociedade civil com sede em São Raimundo Nonato (PI), e o Museu Antártico da Universidade Federal de Rio Grande, em Rio Grande (RS). Blogues, revistas, livros e coleções sobre divulgação e popularização da ciência, além de projetos educacionais e material de apoio didático, como cartilhas, apostilas e jogos, também estão disponíveis no Canal Ciência.

“É uma ferramenta muito importante para o professor”, avalia Tânia Chalub, doutora e pós-doutora em ciência da informação, integrante da equipe do portal. Segundo Tânia, que faz pesquisa sobre acessos ao Canal Ciência, ele é usado tanto por alunos da educação básica quanto por universitários de todas as regiões brasileiras e também de outros países. O portal, de acordo com a professora, deveria ser mais conhecido pela população para, consequentemente, ser mais bem aproveitado.

“O Canal Ciência aproveita eventos como a Semana Nacional de Ciência e Tecnologia para se mostrar a professores e alunos”, destaca Bruno Nathansohnn, mestre em ciência da informação. Ele desenvolve trabalho no portal como assistente de pesquisa, oferece suporte técnico e de conteúdo. “O grande trabalho é buscar novos nomes e pesquisar o que colocar no portal”, diz. Bruno ressalta a importância das fontes de informações, que devem ser fidedignas. (Fátima Schenini)

Saúde e esporte estarão entre os temas da 10ª Semana, em 2013

Vista interna da tenda montada em frente ao Museu Nacional

Encerrada a edição de 2012 da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia (SNCT), que movimentou o país entre os dias 15 e 21 último, temas e datas da próxima edição já estão definidos. Em 2013, o evento será realizado de 21 a 27 de outubro, sob o tema Ciência, Saúde e Esporte.

Na escolha, foi considerada a proximidade da realização, no Brasil, de grandes eventos esportivos internacionais, como a Copa das Confederações de futebol, em 2013, a Copa do Mundo também de futebol, em 2014, e os Jogos Olímpicos e Paraolímpicos do Rio de Janeiro, em 2016.

O tema da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia deste ano foi o mesmo da Conferência Rio+20, promovida em junho último, no Rio, pela Organização das Nações Unidas (ONU), com a participação de representantes de inúmeros países. A SNCT é promovida pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, desde 2004. Este ano, com diversas atividades e exposições sobre economia verde, sustentabilidade e erradicação da pobreza, o evento registrou mais de 24 mil atividades cadastradas, com a participação de 897 instituições de 629 municípios brasileiros.

No Estado do Rio de Janeiro, foram desenvolvidas mais de 2,5 mil atividades por 103 instituições participantes. Somente na capital, cerca de 90 instituições de ciência e tecnologia participaram das atividades, concentradas nos polos de eventos integrados de Campo Grande (Zona Oeste), Jardim Botânico e Fundação Planetário (Zona Sul) e Quinta da Boa Vista (Zona Norte). Também ocorreram atividades em outros pontos da cidade, como a Casa da Ciência (Zona Sul) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

O estado com maior número de atividades cadastradas (4.986) foi o de Rondônia, seguido por Amazonas (3.907) e Minas Gerais (3.386). (Fátima Schenini)

 

Experiências nas aulas de biologia dão origem a livro

Alunos observam demonstração de experiência

Professora de biologia na Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Aristeu Aguiar, em Alegre (ES), há oito anos, Érika de Freitas coordenou projeto de realização de um livro contendo 28 experimentos científicos realizados por seus alunos. Os principais objetivos da obra intitulada Práticas de Ciências no Ensino Fundamental e Médio são: estimular os alunos a pesquisar, a ser críticos e investigativos, e a sempre querer saber os porquês e buscar soluções.

“A ideia surgiu das aulas de biologia, em que sempre usei muitas atividades práticas que foram despertando o gosto dos alunos pela disciplina”, diz Érika, que dá aulas para estudantes de três turmas de oitavo ano (7ª série) do ensino fundamental e dos três anos do ensino médio. Genética, citologia, e ecologia são algumas das subáreas apresentadas nas experiências.

“Já estamos escrevendo a segunda edição e despertamos a vontade dos companheiros das outras disciplinas – química, física e até matemática – de também participarem”, explica Érika. O livro conta com parceria do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (Pibid) por meio do projeto Pibid Biologia-Alegre, do Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal do Espírito Santo (CCA/Ufes).

A professora revela que inscreveu cinco projetos inscritos na Semana Nacional de Ciência e Tecnologia no Espírito Santo: Uma leitura sobre as produções de energia sustentáveis; Projetando casas sustentáveis; Agricultura sustentável - trabalhando com hortas suspensas; Culinária alternativa- Conhecendo e testando novas receitas; Reutilizando materiais tecnológicos. Segundo Érika, esse tipo de trabalho lhe dá muita gratificação, por perceber mudanças significativas nos alunos ao longo do processo: “na postura, na linguagem e até nas atitudes”, destaca.

Com graduação em licenciatura e bacharelado em ciências biológicas e pós-graduação em agroecologia, Érica pretende fazer um mestrado em breve. Há 16 anos no magistério, ela iniciou sua carreira na educação infantil, onde atuou durante 12 anos. (Fátima Schenini)

Acesse o site da EEEFM Aristeu Aguiar

Luisa Medeiros Massarani (Museu da Vida): professores devem manter conhecimentos científicos atualizados

Doutora na área de Gestão, Educação e Difusão em Biociências pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, com período de doutorado-sanduíche na University College London, Reino Unido, Luisa Medeiros Massarani é chefe do Museu da Vida da Casa de Oswaldo Cruz, do Instituto Oswaldo Cruz (Fiocruz). Graduada em comunicação social, tem mestrado em ciência da informação pelo Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (Ibict).

Com experiência prática e de pesquisa na área de divulgação científica, Luisa Medeiros Massarani acredita que a Semana Nacional de Ciência e Tecnologia permite o estabelecimento de uma cultura científica mais ampla. Ela coordena o site SciDev.Net (Science and Development Network) da América Latina e Caribe, com sede em Londres e criado com apoio das revistas Nature e Science e da Academia de Ciências dos Países em Desenvolvimento. Ela também coordena a Rede de Capacitação e Monitoramento em Jornalismo Científico, que reúne dez países ibero-americanos.

Segundo Luisa Medeiros Massarani, que é orientadora de alunos de mestrado e doutorado em diferentes cursos de pós-graduação e coordenadora do curso de especialização em Divulgação da Ciência, da Tecnologia e da Saúde, localizado no Museu da Vida, é importante que os professores mantenham seus conhecimentos científicos atualizados e permaneçam motivados a aprender sempre, para que possam manter alta a curiosidade dos alunos.

Jornal do Professor – Como despertar o interesse pela ciência e tecnologia nas crianças e jovens?

Luisa Medeiros Massarani – Estudos mostram que as crianças são cientistas naturais, muito curiosos e que se interessam pelo mundo em seu entorno. Defende-se que essa faixa etária é mais fácil de ter sua curiosidade despertada do que adolescentes e adultos. Nesta linha, creio que se trata apenas de realizar atividades de divulgação cientifica que justamente explorem esta curiosidade natural. Já adolescentes são mais desafiadores... Uma estratégia que tem dado certo é trazer temas controversos relacionado à ciência e tecnologia, que os estimule a refletir e dialogar sobre a interface entre ciência e sociedade. Atividades de divulgação científica que explorem música e teatro também podem ser muito eficazes para atrair esta faixa etária (e outras idades).

JP – Qual a contribuição de instituições como o Museu da Vida para a disseminação de conhecimentos científicos entre professores do ensino básico e a população em geral?

LMM – O Museu da Vida, assim como outros museus de ciência interativos, trazem temas de ciência de forma lúdica e provocativa. Ele atende tanto escolas como o público em geral, oferendo uma série de atividades instigantes. Possui, ainda, programas específicos para professores.

Tem, portanto, um papel chave na difusão do conhecimento científico.

JP – Nesse sentido, qual é o trabalho realizado especificamente pelo Museu da Vida?

LMM – O Museu da Vida é um museu de ciência interativo de médio porte, que atende 200 mil pessoas ao ano no próprio museu e por meio de uma série de atividades itinerantes, entre exposições que percorrem todo o país e o Ciência Móvel, um caminhão itinerante. Tendo em vista a grande diversidade de atividades e produtos que oferecemos, gostaria de sugerir uma visita ao nosso site, em www.museudavida.fiocruz.br .

JP – É importante que os professores participem de cursos ou oficinas para reciclagem de conhecimentos ou aprendizado de novas técnicas para o ensino de disciplinas das áreas de ciência e tecnologia?

LMM – Sim, é muito importante que os professores atualizem seus conhecimentos científicos, especialmente por dois motivos. O primeiro deles é que a ciência é dinâmica, e novas contribuições científicas são adicionadas sistematicamente. O segundo motivo é que, como outras profissões, é muito importante que o professor se mantenha motivado a estar sempre aprendendo mais. Isto é particularmente importante no caso de um ator social tão relevante na sociedade - o professor - que justamente necessita manter também alta a curiosidade dos alunos.

JP – É possível ensinar conteúdos de ciência e tecnologia de modo fácil e divertido? De que maneira?

LMM – Sim, com certeza. Felizmente, não há receitas de bolo que tragam fórmulas prontas de como ensinar conteúdos de ciência e tecnologia de modo fácil e divertida... Mas os museus de ciência são certamente um espaço que permite um aprendizado lúdico e prazeroso. Há de se destacar, no entanto, que diversos professores também o fazem em sala de aula, é claro.

JP – Em sua opinião, quais as principais contribuições trazidas pela Semana Nacional de Ciência e Tecnologia para a difusão e popularização da ciência no Brasil?

LMM – A Semana Nacional de Ciência e Tecnologia já é como o carnaval: durante todo o ano, milhares de pessoas em todo o país se mobilizam para fazer com que tenhamos uma linda Semana. O processo em si, já é uma atividade de popularização da ciência. Além disso, permite que se estabeleça uma cultura científica mais ampla.