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DIARIO
Edición 26 - Acordo Ortográfico
14/09/2009
 
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Evanildo Bechara: Acordo trará maior divulgação da língua portuguesa

Professor Emérito da Universidade do Estado do Rio de Janeiro e da Universidade Federal Fluminense, Evanildo Bechara também atuou em inúmeras outras instituições, como a Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ) e universidades federais de Sergipe (UFSE), da Paraíba (UFPB), Alagoas (UFAL), e Rio Grande do Norte (UFRN). No exterior, exerceu o cargo de professor titular visitante na Universidade de Colônia, na Alemanha, e na Universidade de Coimbra, em Portugal.

Graduado em letras, com doutorado na mesma área, Bechara é autor de 20 livros. Desde dezembro de 2000 ocupa a Cadeira nº 33, da Academia Brasileira de Letras.

Em entrevista ao Jornal do Professor, o acadêmico fala sobre o novo Acordo Ortográfico que passou a vigorar a partir de 1º de janeiro de 2009, no Brasil, em Portugal e nos países que fazem parte da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CLP): Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, São Tomé e Príncipe, na África, e Timor-Leste, na Ásia.

Jornal do Professor – Qual é o objetivo do Acordo Ortográfico?

Evanildo Bechara – O objetivo fundamental do Acordo é proporcionar à língua portuguesa, como uma língua de cultura que é, ser escrita de uma maneira só, a grafia das palavras, em todos os países da lusofonia. Isso tem como repercussão abrir portas e janelas da nossa língua para sua divulgação no mundo, para sua maior divulgação no mundo.

JP – Quais são as principais mudanças? É possível dizer, em poucas palavras, o que mudou, basicamente?

EB - As principais mudanças estão assentadas nessas três vertentes: a simplificação, seguir a tradição e obedecer a coerência. De modo que o Acordo, baseado nesses três princípios, procurou tirar do nosso sistema ortográfico e do sistema ortográfico em Portugal, tudo aquilo de que o escritor não precisava, para traduzir melhor as palavras que ele gostaria de empregar.

JP –Há um prazo para a efetiva implantação das mudanças?

EB - Há. Em Portugal, o governo pediu seis anos para a divulgação, para a implantação definitiva. E aqui no Brasil, quatro anos, mas com a presença forte, decisiva, da imprensa, dos jornais, das revistas, da televisão, acredito que dentro de seis meses nós estejamos completamente dentro desse Acordo que modifica muito pouco das práticas que nós já usávamos desde 1943.

JP Quais os países que estão dentro desse Acordo e como está sendo a receptividade a essas mudanças?

EB - Dos cinco países africanos nós não temos muitas notícias, mas temos a boa vontade deles em seguir porque os seus representantes assinaram este Acordo. Este Acordo não foi feito somente por Portugal e Brasil, além de cinco países africanos e um asiático.

A recepção é como dizia Dona Carolina em 1911, a recepção entre os usuários está muito dividida entre aqueles que aplaudem o Acordo porque vêm nele os traços da simplificação; há aqueles que não se interessam por isso, continuam escrevendo como escrevem.

JP – O senhor teria alguma recomendação ou conselho para dar aos professores no sentido de ensinar bem a língua portuguesa, especialmente com as mudanças?

EB - O grande segredo da pedagogia é não levar para o aluno de ensino fundamental e médio, a teoria. A teoria gramatical deve estar por trás do professor, orientando as suas decisões, porque ele precisa saber que os seus alunos não são candidatos a filólogos ou gramáticos. O professor tem que ensinar língua e a língua portuguesa é rica, é maleável e está à disposição de qualquer pensamento que nela se queira exprimir.

JP - Gostei muito da observação que o senhor fez há pouco, dizendo que a escola tem que ensinar o aluno a ser um poliglota em sua própria língua. Gostaria que o senhor desse uma explicação.

EB – Poliglota na sua própria língua é saber usar mais de uma variante de língua, mais de uma norma. Não ficar engessado na norma padrão ou então ficar liberado para a norma coloquial. Ele deve ter no seu armário linguístico todas essas formas porque ele tem quando fala e quando escreve, ele tem que se adequar ao seu interlocutor, a pessoa com quem ele fala.

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