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DIARIO
Edición 27 - Jornal na Escola
29/09/2009
 
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Graciela Natansohn (UFBA): jornalismo é um bom caminho para ensinar cidadania

Professora Graciela Natansohn, da UFBA, promoveu oficina de capacitação de alunos em produção de jornal escolar.

Professora Graciela Natansohn, da UFBA, promoveu oficina de capacitação de alunos em produção de jornal escolar.

Autor:Arquivo pessoal


A professora Graciela Natansohn, da Faculdade de Comunicação da Universidade Federal da Bahia (UFBA), tem graduação em jornalismo e licenciatura em comunicação social pela Universidad Nacional de La Plata, na Argentina. Com mestrado e doutorado em Comunicação e Cultura Contemporâneas pela UFBA, suas pesquisas e sua produção concentram-se na área de jornalismo online.

Tutora do Programa de Educação Tutorial (PetCom) de sua faculdade, ela promoveu, em 2008, uma oficina para capacitação de alunos na produção de jornal escolar, com a participação de 12 universitários bolsistas PET. O projeto Jornal na Escola atendeu estudantes de ensino médio do Colégio Estadual da Bahia – Central, em Salvador.

Em entrevista ao Jornal do Professor, Graciela Natansohn diz que a prática de jornalismo estimula a curiosidade e é um bom caminho para ensinar cidadania. Além disso, ela acredita que o jornal, como instrumento pedagógico, traz vários benefícios. Alguns deles são: integrar várias áreas de conhecimento, favorecer a confrontação das informações entre si e com a realidade circundante; estimular a procura de novas e variadas fontes de informação, além de estimular a leitura.

Jornal do Professor Qual é a importância de se ter um jornal na escola?

Graciela Natansohn – O jornal, como instrumento pedagógico, serve para integrar várias áreas de conhecimento (língua portuguesa, ciências sociais e humanas); propiciar a experimentação, expressão e criação de linguagens (fotos, desenho, texto), explorar o patrimônio lingüístico – cultural existente no grupo e transformá-lo em práticas de comunicação midiática; facilitar a expressão dos interesses, inquietações e opiniões dos alunos sobre diversos temas, inclusive os considerados como “não escolares”; favorecer a confrontação das informações entre si e com a realidade circundante; estimular a procura de novas e variadas fontes de informação, valorizando e ponderando fontes não tradicionais, e a abordar diferentes técnicas de coleta de informação; estabelecer um canal de comunicação e integração com a comunidade da qual a escola é parte e, é claro, incentivar a leitura.

JP - Em sua opinião, qual é o melhor jornal para o ambiente escolar: o impresso ou o virtual?

GN – São completamente diferentes: são duas linguagens, as duas indispensáveis. Trabalham com narrativas diferentes, geram processos sociais diferentes, pois o alcance é diferente. Não saberia escolher um em detrimento de outro. A grande vantagem do jornal online é que é completamente gratuito. O de papel precisa de gastos em papel e gráfica. O virtual, apenas de conhecimentos de softwares de editoração. Todavia, através da ferramenta blog, não há necessidade de conhecimento de software nenhum. Só de conhecimentos de jornalismo, para não fazer uma outra coisa que não um jornal.

JP – Por que você resolveu criar uma oficina para os alunos do Colégio Estadual da Bahia? Ela teve bons resultados?

GN – O grupo que coordeno, no PET, desenvolve atividades de ensino, pesquisa e extensão. Todo ano realizamos atividades diferentes.

JP – Quando foi realizada e qual a duração da oficina? Foi um pedido do colégio?

GN – Foi realizada durante o primeiro semestre de 2008, com uma duração de 60 horas. Não foi uma demanda do colégio, mas um oferecimento nosso, como parte de nossas atividades de extensão. Buscamos nos inserir no Projeto de Formação Cooperativa de Ofícios (Profoco), dirigido pela Faculdade de Educação da UFBA, que tinha como objetivo agregar processos alternativos de ensino-aprendizagem ao ensino médio formal, através da oferta de oficinas englobando as mais diferentes áreas do conhecimento, para que o estudante possa construir uma trajetória de formação com mais autonomia e opções. Dentre as oficinas oferecidas (teatro, dança, arte), encontravam-se as do Projeto Jornal na Escola, sob a responsabilidade do PetCom. O projeto visava capacitar os alunos do Colégio Central na produção, diagramação e distribuição de um jornal escolar. Participaram todos os bolsistas, sob a minha orientação.

JP – Foi a primeira vez que ocorreu? Há previsão de ser realizada novamente este ano?

GN – Foi a primeira vez que fizemos isso e foi muito proveitoso. Aprendemos com os erros e acertos. Não há previsão de uma outra oficina igual, mas estamos planejando uma outra, em outro colégio, orientada ao ensino de rádio, aproveitando a existência e funcionamento de uma rádio na escola.

JP – Quais os principais conteúdos e resultados apresentados? Os alunos chegaram a fazer um jornal?

GN – Ensinamos, basicamente, a compreender o que é um jornal, entender seus aspectos visuais e plásticos: colunas, tipos de imagem (fotografia, infográficos, desenhos etc); aspectos de organização do conteúdo: cadernos, seções fixas, colunas, publicidade, manchetes, olhos, chapéus etc. Ensinamos a diagramar, mediante a manipulação de softwares de editoração eletrônica de uso simples, como o Corell Draw. Ensinamos fotografia, mediante a manipulação de máquinas de fotos dos próprios alunos, celulares e máquinas disponíveis. Trabalhamos narrativas fotográficas, a partir da pergunta: o que se pode dizer com uma foto? Também trabalhamos pautas e notícias, texto jornalístico e critérios jornalísticos. Os alunos prepararam um fanzine, previsto na primeira etapa do processo. Em termos de resultados foi muito interessante para os alunos da faculdade, pois foi a primeira vez que experimentaram o papel de "docentes". Para os estudantes da escola deve ter sido muito interessante, pois além dos conteúdos, a experiência de "entrar" na faculdade para estudar gerou discussões sobre seu futuro como estudantes universitários.

JP – Você acha que esse exemplo deveria ser seguido por outras universidades brasileiras, de modo que outras escolas pudessem participar de oficinas desse tipo? Por quê?

GN – Existem muitos bons projetos de integração universidade-escola. Ensinar jornalismo, seja nas escolas médias ou na universidade, é ensinar a observar, a pesquisar, a ponderar a informação, a desconfiar do senso comum, a desafiar o aparente, a se expressar de modos diversos. A prática de jornalismo estimula a curiosidade. É um grande incentivo contra o vírus da indiferença, por isso, é um bom caminho para ensinar cidadania.

JP – Você tem algum conselho para os professores que estão interessados em criar um jornal? Existe algum livro ou endereço na internet onde os professores possam aprender a fazer um jornal com seus alunos?

GN – Tem vários livros. Maria Alice Faria publicou vários (Como usar o jornal em sala de aula e outros). A USP tem uma bela revista, Educação & Comunicação, que tem várias reflexões. Acredito que são materiais indispensáveis para formar professores com vontade de experimentar o jornalismo escolar. Meu conselho é que consultem a bibliografia, muito fácil de conseguir e agradável de ler, e que não tenham medo de experimentar. As escolas de jornalismo merecem ser cutucadas: muitas vezes querem realizar tarefas comunitárias e não têm contato com escolas. Tudo é questão de iniciativa e coordenação.

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