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DIARIO
Edición 62 - Semana Nacional de Ciência e Tecnologia-2011
07/11/2011
 
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Eduardo de Campos Valadares (UFMG): escolas devem dar espaço à criatividade e à imaginação

Para Eduardo Valadares, é possível tornar o aprendizado científico mais instigante e desafiador.

Para Eduardo Valadares, é possível tornar o aprendizado científico mais instigante e desafiador.

Autor:Arquivo pessoal


Professor do Departamento de Física da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Eduardo de Campos Valadares desenvolve programas de divulgação científica em âmbito nacional e internacional, voltados para a revitalização do ensino de física.

Diretor-presidente da Fundação Ciência Jovem e coordenador do Projeto Inovação, criado para estimular uma cultura de inovação nos cursos de graduação, Valadares desenvolve, desde 1998, o Projeto Física Divertida.

Doutor em física, com pós-doutorados na Universidade de São Paulo (USP) e na Universidade de Nottingham, Reino Unido, ele recebeu, em 2001, o Prêmio Francisco de Assis Magalhães Gomes, por seu trabalho pela divulgação científica em Minas Gerais.

Em entrevista ao Jornal do Professor, ele diz que a criatividade e a imaginação devem ter espaço nas escolas: “uma vivência criativa do conhecimento é, a meu ver, a melhor forma de apropriá-lo”, defende.

Jornal do Professor - Qual é a importância da ciência e tecnologia na escola?

Eduardo de Campos Valadares – Ciência e Tecnologia são fundamentais para a inserção sócio-econômica e para a plena cidadania das novas gerações. Temas como impacto ambiental de novas e velhas tecnologias em uso, eficiência energética, engenharia genética e nanotecnologia, por exemplo, devem ser abordados em sala de aula.

JP – Como despertar o interesse das crianças e jovens pela ciência e tecnologia?

ECV – É preciso dar espaço nas escolas à criatividade e à imaginação. Uma vivência criativa do conhecimento é, a meu ver, a melhor forma de apropriá-lo. Oficinas de projetos são indispensáveis neste contexto. As escolas deveriam dispor de ambientes de inovação, onde equipes de alunos construiriam protótipos funcionais. As tomadas de decisões demandariam o uso do conhecimento formal. Além disso, outras habilidades não contempladas no ensino tradicional seriam desenvolvidas, como pensar e decidir em equipe, olhar para os problemas reais ao nosso redor e buscar soluções viáveis e inovadoras, além de saber usar ferramentas com segurança. Os projetos deveriam ser simples para as crianças e mais desafiadores para os jovens que frequentam o ensino fundamental (5º ao 9º anos) e o ensino médio.

JP – Qual a melhor forma para os estudantes aprenderem conteúdos de ciência e tecnologia?

ECV – A melhor forma, a meu ver, é aprender fazendo. O conhecimento puramente livresco não é incorporado. Serve apenas para fazer provas e nada mais.

JP – Qual a contribuição da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia na difusão e popularização da ciência no Brasil?

ECV – A SN&T retomou uma tradição de feiras de ciências que teve o seu apogeu nos anos cinquenta e sessenta do século passado. Os avanços científicos e tecnológicos e os desafios de nossa sociedade têm encontrado um poderoso canal de divulgação no âmbito da SNC&T. Esta iniciativa reflete a percepção do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação da necessidade vital de promover a C, T &I junto à sociedade, de modo a capacitá-la a se converter em uma sociedade do conhecimento e assim promover o progresso social e econômico em nosso meio.

JP – De que forma a academia pode contribuir para a disseminação de conhecimentos científicos entre professores do ensino básico e a população em geral?

ECV – A academia pode desenvolver novas metodologias de ensino ativo em colaboração com professores dos ensinos médio e fundamental e valorizar a criatividade e o espírito inovador. Para tanto, é fundamental a criação de espaços de inovação dentro da própria academia, que necessita se renovar para poder dar respostas aos nossos enormes desafios educacionais.

JP – É importante que os professores participem de cursos ou oficinas para reciclagem de conhecimentos ou aprendizado de novas técnicas para o ensino de disciplinas das áreas de ciência e tecnologia?

ECV – Sim, pois a formação da maioria dos professores é deficitária no que concerne os aspectos práticos do conhecimento científico e tecnológico. Além disso, as novas gerações, em geral, utilizam as novas tecnologias de informação com mais fluência que os seus próprios professores. Cabe a eles desenvolver estratégias que combinem sua experiência e visão prática com o potencial criativo de seus estudantes. A formação acadêmica atual não contempla este cenário, daí a importância de oferecer aos professores novos subsídios para que possam atuar de forma mais relevante.

JP – É possível ensinar ciências de modo fácil e divertido? Que conselhos o senhor daria aos professores?

ECV – É possível tornar o aprendizado científico mais instigante e desafiador. Cabe aos professores reconhecer as suas limitações e não se intimidar com os desafios educacionais. Aprender, seja com os alunos, instrutores e por conta própria, de forma continuada e criativa, é o que torna a vivência de um educador mais aprazível. A criação de redes sociais permite a troca de informações e vivências e pode agilizar tremendamente o processo de transformação da escola em ambiente de inovação.

JP – O senhor criou e mantém o site Física mais que divertida, no âmbito do Departamento de Física da UFMG. Quando e por que ele foi criado?

ECV – O sítio foi criado há mais de sete anos. Ele foi concebido para divulgar o nosso projeto e estimular iniciativas semelhantes nas escolas e universidades. Além disso, instituímos a Fundação Ciência Jovem (www.cienciajovem.org.br), cujo sítio estará em breve novamente ativo.

JP – Vocês prestam algum tipo de assessoria a professores de instituições de fundamental ou médio? Que ações o senhor e sua equipe têm desenvolvido nesse sentido?

ECV – Temos realizado diversas oficinas de projetos voltadas para professores. No âmbito do projeto Inova Escola, financiado pelo CNPq, organizamos uma oficina com a duração de 12 horas, divididas em três seções, que reuniu professores de várias disciplinas das escolas públicas de Santa Luzia, cidade da região metropolitana de Belo Horizonte.

Foi uma experiência única ver professores de português, artes, geografia, história, biologia e matemática discutirem soluções para projetos aplicados envolvendo conceitos básicos de Física. A alegria e o entusiasmo deles foi contagiante. O ambiente de inovação das oficinas gerou novas idéias e protótipos funcionais.

Temos realizado oficinas com o apoio da Sociedade Brasileira de Física (SBF) durante eventos científicos e também em vários estados do país a convite de instituições de ensino e secretarias de educação e de ciência, tecnologia e inovação. Além disso, realizamos shows de ciências e exposições interativas em espaços informais (parques, shoppings, praças, estações de trem desativadas, etc). Recebemos também visitas de alunos de escolas públicas e particulares no Laboratório de Divulgação Científica (LDC-UFMG) e participamos do Festival de Verão, evento da UFMG realizado durante o Carnaval, com oficinas de projetos com foco em inovação, nas quais os participantes, com idades entre 12 e 70 anos, constroem foguetes, robôs, barcos com controle remoto e outras invenções que envolvem a concepção de protótipos a partir de materiais simples e brinquedos eletrônicos de baixo custo que são desmontados e reinventados. Já organizamos oficinas em Costa Rica, no Marrocos, na Espanha (País Basco), Alemanha, Hungria e Colômbia.

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