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JORNAL
Edição 38 - Educação a Distância
29/04/2010
 
ou

Masako Masuda: EAD democratiza acesso à educação

EaD oferece flexibilidade de horário e local para estudar

EaD oferece flexibilidade de horário e local para estudar

Autor:ACS/Fund.Cecierj


A Presidente da Fundação Centro de Ciências do Estado do Rio de Janeiro (Fundação Cecierj), que abrange o Consórcio Centro de Educação a Distância do Estado do Rio de Janeiro (Consórcio Cederj), Masako Oya Masuda, diz que um benefício importante trazido pela educação a distância (EAD) de qualidade é a democratização do acesso à educação.

Ela destaca, ainda, o fato de a EAD atender pessoas sem acesso ao sistema universitário tradicional, o que permite melhores perspectivas de inserção no mercado de trabalho e realização profissional.

Jornal do Professor – Que análise a senhora faz da situação da educação a distância no Brasil, atualmente?

Masako Masuda – Creio que estamos em fase de implementação em escala nacional. É, portanto, fundamental a presença das instâncias de regulação governamentais, para que o processo aconteça com responsabilidade.

JP – Qual é a situação do Brasil, em comparação com outros países, quanto à oferta de cursos a distância?

MM – Neste aspecto, como uma alternativa universal de acesso à educação, estamos apenas começando. Esta modalidade já está implementada com sucesso em muitos países.

JP – Ainda há preconceito com relação a essa forma de ensino? De que tipo?

MM – Há sim preconceito tanto no meio acadêmico quanto na população em geral. Há por exemplo uma desconfiança de que possa ser uma forma de aligeiramento de formação, uma educação de baixa qualidade. Penso que estamos vivendo, neste primeiro momento, uma etapa natural de desconfiança em relação ao novo. Claro que tanto quanto no ensino presencial, podem existir cursos EAD de excelente qualidade e outros abaixo da crítica. É necessário separar o joio do trigo e a sociedade precisa ter acesso a esta informação. Neste ponto, a ação dos órgãos reguladores é fundamental para que tudo que não atinja padrões mínimos de qualidade seja corrigido. A melhor forma de vencer o preconceito será através da qualidade da formação dos egressos, cuja atuação profissional será avaliada pela sociedade.

JP – Quais os principais benefícios da educação a distância?

MM – Diria que um benefício importante trazido pela educação a distância (EAD) de qualidade é a democratização do acesso à educação. A principal característica da EAD é a flexibilidade que o estudante tem do ponto de vista de horário e local para estudar. Assim, tanto aquela pessoa que mora a muitas centenas ou milhares de quilômetros de uma universidade poderá estudar neste sistema, quanto aquele outro estudante que embora more num grande centro não pode assistir aulas durante quatro ou oito horas todos os dias porque trabalha para o sustento próprio ou de sua família ou precisa cuidar da casa, filhos etc. Ou seja, a EAD atende pessoas que jamais conseguiriam estudar no sistema tradicional das nossas universidades. Permite melhores perspectivas de inserção no mercado de trabalho e realização profissional para estas pessoas. Com isto, contribui em última instância para capilarizar o desenvolvimento social e econômico por todo o território e também através das camadas da população socialmente menos favorecidas.

Um outro benefício destacado pela grande maioria dos alunos que concluem nossos cursos é que esta modalidade desenvolve a capacidade de planejamento e disciplina visando metas claramente estabelecidas. Eles aprendem a administrar o tempo e são os atores do seu processo de aprendizagem. Com isto, tornam-se profissionais com mais autonomia. Eles se tornam também capazes de se manter em permanente aperfeiçoamento profissional. São características fundamentais do bom profissional no mundo atual.

JP – Qual a importância da educação a distância para a formação dos professores?

MM – Além das vantagens citadas na resposta à pergunta anterior, particularmente o desenvolvimento de autonomia, poderia incluir, neste momento, a vantagem da obrigatoriedade do aluno, futuro professor (na maior parte, atualmente, imigrantes no mundo digital) familiarizar-se com as tecnologias de comunicação e informação e consequentemente tornar-se capaz de utilizar os mesmos meios de comunicação com os quais seus alunos (mais jovens, nativos no mundo digital) convivem, tranquilamente, no seu dia a dia. Assim, o professor formado através da EAD poderá utilizar com segurança mais esta ferramenta como auxiliar no seu trabalho junto aos alunos.

Adicionalmente, a possibilidade de formar professores nos locais onde residem, permite que populações do interior possam ter professores com o mesmo background cultural regional, por efetivamente vivenciarem esta realidade, e portanto talvez mais capazes de contextualizar o novo conhecimento na vida dos alunos. Neste sentido, levantamento que estamos fazendo com os alunos egressos de nossos cursos de licenciatura indica que grande parte dos que fizeram concurso para professores se candidataram e foram aprovados nos próprios locais onde residem e estudaram e vão atuar profissionalmente nestes locais.

JP – Qual o perfil dos alunos de educação a distância?

MM – A média de idade dos nossos alunos no momento do ingresso é mais alta, quando comparado com alunos das mesmas universidades no sistema presencial; temos hoje alunos ingressantes de 17 a 60 anos. A maioria (cerca de 80%) trabalha pelo menos em tempo parcial; cerca de 60% deles sustenta a família ou contribui de forma significativa para tal e a maioria (cerca de 70%) concluiu o ensino médio há cinco ou mais anos, quando ingressam nos nossos cursos. Portanto,no nosso caso, tratamos com alunos trabalhadores, adultos, homens e mulheres, a maioria em seu primeiro curso superior. Temos como nossos alunos muitas donas de casa que pela primeira vez estão buscando uma profissionalização e que, ao ingressarem e conhecerem nossos cursos trazem seus maridos, filhos, outros parentes e vizinhos para a universidade.

JP – Como as tecnologias auxiliam no ensino a distância?

MM – A rápida popularização do uso das tecnologias de comunicação certamente é um auxiliar muito poderoso na EAD. As tecnologias de informação e comunicação permitem uma rápida e ampla comunicação entre os atores do processo ensino-aprendizagem-gestão na EAD, fator fundamental para o sucesso desta modalidade. Permitem, também, enormes possibilidades de interação, troca de experiências e produção intelectual colaborativa nos ambientes virtuais de aprendizagem. No entanto, pela característica desta linguagem pelo menos na forma atualmente em uso, penso que a educação a distancia não prescinde dos livros, didáticos ou não, clássicas fontes bibliográficas e no nosso caso, também do material impresso, onde os alunos buscam parcela importante dos subsídios que fundamentam suas reflexões e seus conhecimentos específicos num trabalho solitário, que constitui uma das etapas de aprendizagem.

JP – Como o mercado de trabalho recebe esses estudantes do ensino a distância?

MM – Não tenho uma avaliação objetiva sobre o tema, apenas relatos de casos. Há situações como a de uma prefeitura que, há cerca de três anos, excluiu egressos de cursos a distância em edital de concurso que selecionava professores da educação básica. Por outro lado há relatos de egressos que não tiveram dificuldade de serem contratados em empresas e instituições de pesquisa públicas e privadas, sem falar no enorme sucesso dos professores formados nas nossas licenciaturas, nos concursos públicos em diversas prefeituras e também do Estado do Rio de Janeiro. É também crescente o número de ex-alunos cursando pós-graduação strictu e lato senso em universidades e instituições de pesquisa públicas de reconhecida qualidade.

Assim, acho fundamental que haja um controle muito estrito da qualidade de todos os cursos (a distância e presenciais), através de avaliações periódicas, para que o cidadão possa, com tranquilidade, escolher a modalidade de educação que melhor se adeque a sua condição individual.

Saiba mais sobre a Fundação Cecierj/Consórcio Cederj

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