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A influência da propaganda na infância e na juventude

 

05/02/2010

Autor e Coautor(es)
Júlia Maria Cerqueira
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JUIZ DE FORA - MG Universidade Federal de Juiz de Fora

Maria Cristina Weitzel Tavela

Estrutura Curricular
Modalidade / Nível de Ensino Componente Curricular Tema
Educação de Jovens e Adultos - 2º ciclo Língua Portuguesa Linguagem escrita: leitura e produção de textos
Ensino Médio Língua Portuguesa Produção, leitura, análise e reflexão sobre linguagens
Ensino Fundamental Final Língua Portuguesa Língua oral e escrita: prática de escuta e de leitura de textos
Dados da Aula
O que o aluno poderá aprender com esta aula

• Refletir sobre esse tema e seus efeitos, principalmente em relação às crianças e adolescentes.
• Analisar os recursos argumentativos utilizados no artigo de opinião em questão.

Duração das atividades
5 aulas de 50 minutos
Conhecimentos prévios trabalhados pelo professor com o aluno
Habilidades de leitura e escrita.
Estratégias e recursos da aula

Etapa 1:

Antes de iniciar a leitura do texto, estimule seus alunos a refletir sobre as seguintes questões:

• Ao pensar em marcas de tênis ou de roupas, quais nomes lhes vêm instantaneamente à memória?
• Vocês costumam comprá-las (ou pedem-nas aos pais) ou gostariam de comprá-las?
• Por que as pessoas escolhem comprar roupas, sapatos, tênis, etc. de determinadas marcas? (Para se sentirem superiores a outras pessoas; para se sentirem “aceitas” em determinado grupo; ou porque essas marcas têm mais qualidade que as outras, entre outros fatores).

PROFESSOR: Leve seus alunos a refletirem sobre o porquê da aquisição de um produto de tal marca em lugar de outro. Mais do que conforto, praticidade ou utilidade, as pessoas são movidas por questões subjetivas, por sentimentos provocados, na maioria das vezes, pelas propagandas.


Etapa 2:

Leia o texto abaixo:


A propaganda e as crianças

Maria Rita Kehl


Como é contraditório o funcionamento mental dos publicitários. Passam a vida toda queimando neurônios para encontrar a melhor forma de influenciar as pessoas a comprar, consumir, desejar, valorizar acima de todas as coisas a mercadoria que anunciam. Mas quando algum anúncio é taxado por dar mau exemplo aos consumidores em potencial, os publicitários são os primeiros a jurar que a propaganda não influencia o comportamento de ninguém. Se não influencia, por que é que as empresas pagam caríssimo por uma inserção de comercial no horário nobre da televisão? Por que as marcas invadem a paisagem urbana com out-doors cada vez mais vistosos, mais altos, mais iluminados, que ninguém consegue ignorar? Por que os jornais vendem as primeiras páginas de seus cadernos para anunciar grifes da moda, deixando os artigos que queremos ler para as páginas de menor visibilidade? Por que os políticos dependem cada vez mais dos marqueteiros não só para se eleger, mas para conseguir governar?
A matéria de capa da revista ‘Istoé’ desta semana trata da polêmica em torno dos efeitos da propaganda de cerveja entre as crianças e os adolescentes: o apelo excessivo ao consumo de cerveja, sempre associado a um estilo de vida jovem e descontraído, estaria criando uma geração de alcoólatras precoces?
(...)
O presidente do Sindicato dos Produtores de Cerveja disse à reportagem da ‘Istoé’ que quem introduz o álcool na vida das crianças são os pais tolerantes, e que a propaganda não faz nenhuma criança começar a beber. É óbvio: quem compra a cerveja na casa em que a criança vive são os adultos, não ela. Quem autoriza o primeiro golinho numa festa de família são os pais, também. Mas quem associa o álcool a tudo o que há de melhor nessa vida? Quem estimula o hábito, quem garante que a festa só fica boa com Vodka Ice, que a sexta-feira só vale a pena com Kaiser, que assistir futebol sem uma Brahma é programa de índio? Quem faz o adolescente acreditar que a inclusão dele no grupo depende da bebida, do cigarro e do carrão que ele vai querer pegar escondido do pai assim que tiver uma oportunidade? Alguém duvida que, pelo menos no meio urbano, a publicidade é fator determinante na formação das crianças e dos jovens?
(...)
A publicidade pauta a ‘atitude jovem’ para o País inteiro; quem quiser se sentir incluído e valorizado em seu grupo de referência sabe que a receita é encher a cara de álcool, fumar, delirar, enlouquecer. Tomadas uma a uma, talvez essas peças de propaganda não tenham grande influência sobre o consumidor. Não são as mensagens isoladas a favor da marca tal e tal, mas a grande e única mensagem que atravessa todos os anúncios, que cria o caldo de cultura onde crescem as crianças e adolescentes brasileiros. Essa mensagem é, com unanimidade, uma mensagem de gozo. Ela ‘educa’ mais que a escola e a família; é mais onipresente na vida das crianças do que os pais e professores. O adolescente talvez não seja o consumidor mai s visado pelos fabri cantes de bebidas alcoólicas (será que não?), mas tornou-se o símbolo do gozo sem limites que a publicidade estimula. O tempo todo ele se depara com imagens publicitárias utilizando modelos de sua geração, em clima de eterna farra; o tempo todo é convidado a se identificar com essa imagem. Dizer que essa exuberante oferta imaginária não produz identificações, é ingenuidade ou má fé.
(...)
Felizmente, contrariando o discurso totalitário da publicidade, há tentativas de se estipular limites éticos a ele. O Conselho Nacional de Auto-Regulamentação Publicitária (Conar) fez algumas alterações em seu código de ética no que se refere à propaganda de cervejas; aconselham que atores menores e 25 anos não apareçam nos anúncios, que se evite a associação entre bebida e erotismo, que não se apresentem imagens de pessoas ingerindo o produto, que não se utilizem recursos gráficos ‘pertencentes ao universo infantil, tais como animais ‘humanizados’, bonecos ou animações’. O Ministro da Saúde, Humberto Costa, vem estudando a possibilidade de se proibir a veiculação de anúncios de cerveja na televisão entre as seis da manhã e as dez da noite.
Talvez não sejam grandes mudanças, mas o precedente é importante. A regulamentação ética da publicidade, afinal, será sempre contrária a seus próprios interesses. Só uma pressão considerável da sociedade é capaz de mostrar que a educação, a cidadania, o respeito ao outro, a solidariedade, nos interessam tanto ou mais do que o gozo consumista para o qual todos são chamados, mas poucos os escolhidos.

KEHL, Maria Rita. A propaganda e as crianças. Observatório da Imprensa, 11 dez. 2003. Disponível em:

http://www.observatoriodaimprensa.com.br/artigos/asp1111200395.htm 

Etapa 3:

Responda, por escrito, às seguintes questões em seu caderno:

1) Segundo a autora, o “funcionamento mental dos publicitários” é “contraditório”. Em que se fundamenta essa contradição?


2) Releia o seguinte trecho:

“Mas quando algum anúncio é taxado por dar mau exemplo aos consumidores em potencial, os publicitários são os primeiros a jurar que a propaganda não influencia o comportamento de ninguém”. O verbo taxar poderia ser substituído, sem alterar o sentido da frase, por:

a) advertir
b) censurar
c) considerar
d) punir

3) Releia o seguinte trecho:

“Se não influencia, por que é que as empresas pagam caríssimo por uma inserção de comercial no horário nobre da televisão?”. Explique, com suas palavras, o termo destacado.

5) Releia o trecho para responder as letras “a” e “b”:

“Por que as marcas invadem a paisagem urbana com out-doors cada vez mais vistosos, mais altos, mais iluminados, que ninguém consegue ignorar?”.

a) A autora, em sua indagação, restringe-se à “paisagem urbana” porque...

a) no meio urbano estão, em maior número, os potenciais compradores.
b) os não-urbanos não consomem produtos “ofertados” pela propaganda.
c) a legislação permite “out-doors” apenas em locais urbanos.
d) o meio não-urbano é iletrado.

b) Por qual outra palavra da língua portuguesa poderíamos substituir a palavra “out-doors”, sem alterar o sentido da frase?

6. É conhecida a sentença: “todo efeito corresponde a uma causa.” Entendendo a criação de uma “geração de alcoólatras precoces” como um efeito, responda qual seria a sua causa na opinião:

a) da articulista.

b) do presidente do Sindicato dos Produtores de Cerveja.

7) Releia o seguinte trecho: “O adolescente talvez não seja o consumidor mais visado pelos fabricantes de bebidas alcoólicas (será que não?)”. A indagação entre parênteses: “Será que não?” denota, por parte da autora:

a) Ingenuidade
b) Ironia
c) Desinformação
d) Desconfiança

8) “Dizer que essa exuberante oferta imaginária não produz identificações, é ingenuidade ou má fé.” Levando em consideração todo o contexto argumentativo em que essa frase se insere, podemos inferir que a autora:

a) acredita que ingenuidade e má fé são a causa da afirmativa em questão
b) esteja inclinada a considerar, como cau sa, somente a má féc) esteja inclinada a considerar, como causa, somente a ingenuidade
d) esteja tentando esquivar-se de uma avaliação, deixando a cargo do leitor essa ação.

9) Segundo a autora: “Bebidas são associadas a erotismo”. Relacione a primeira coluna de acordo com a segunda, de modo a associar os produtos com as sensações, muitas vezes, veiculadas pelas propagandas:

1) Carro ( ) potência
2) Hospedagem ( ) felicidade
3) Som ( ) velocidade
4) Comida ( ) conforto

10) O Ministro da Saúde, Humberto Costa, vem estudando a possibilidade de se proibir a veiculação de anúncios de cerveja na televisão entre seis da manhã e dez da noite. Explique por que a proposta de proibição desses anúncios limita-se a esse intervalo de horário.
PROFESSOR: Explique aos seus alunos que neste horário supõe-se que as crianças estejam dormindo, e que os pais estejam em casa para “controlá-los”.
11) Releia o seguinte trecho:
“(...) que não se utilizem recursos gráficos ‘pertencentes ao universo infantil, tais como animais ‘humanizados’, bonecos ou animações’.”
Nesse parágrafo, é utilizado o recurso da “enumeração”, a fim de que o leitor tenha uma concepção ampliada do que sejam esses recursos gráficos ‘pertencentes ao universo infantil’. Amplie essa enumeração com mais três exemplos apropriados a esse ‘universo’, porém não se restringindo, necessariamente, apenas aos “recursos gráficos”.

Etapa 4:

Ouça a seguinte música (levar a letra fotocopiada):

A Promessa

Banda: Engenheiros do Hawaii

(Humberto Gessinger)

Não vejo nada (o que eu vejo não me agrada)
Não ouço nada (o que eu ouço não diz nada)
Perdi a conta das pérolas e porcos que eu
cruzei pela estrada
Estou ligado à cabo a tudo que acaba de
acontecer
Propaganda é a arma do negócio
No nosso peito bate um alvo muito fácil
Mira à laser... Miragem de consumo
Latas e litros de paz teleguiada
Estou ligado à cabo a tudo que eles tem pra
oferecer
...O céu é só uma promessa
Eu tenho pressa, vamos nessa direção
Atrás o sol que nos aqueça
Minha cabeça não aguenta mais...
Tu me encontrastes de mãos vazias
E eu te encontrei na contramão
Na hora exata, na encruzilhada, na highway da
superinformação
Estamos tão ligados, já não temos o que temer
...O céu é só uma promessa
Eu tenho pressa, vamos nessa direção
Atrás de um sol que nos aqueça
Minha cabeça não aguenta mais...

Disponível em: http://letras.terra.com.br/engenheiros-do-hawaii/12892/


Professor: Discuta com os seus alunos trechos que dizem respeito ao tema trabalhado, como:

a) O trocadilho presente no verso: “Propaganda é arma do negócio”, faz referência ao lema: “A propaganda é a alma do negócio”.

b) A vulnerabilidade das pessoas em relação às mensagens, muitas vezes subliminares, veiculadas pelas propagandas: “No nosso peito bate um alvo muito fácil”

c) O “bombardeio” de informações vindo de todos os lados: out doors, carros de som, banners, entre outros. Veja no verso: “Minha cabeça não aguenta mais...”


d) A referência à rapidez da informação, devido ao avanço da tecnologia, que a cada dia se supera: “Estou ligado à cabo a tudo que acaba de acontecer”

Avaliação

Construa um texto argumentativo sobre o seguinte tema:
“O poder da mídia no comportamento dos jovens”.
PROFESSOR: O tema é bastante amplo, portanto você pode levá-los a argumentar, entre outros, sobre:
a) a influência especificamente das propagandas no comportamento do jovem;
b) a influência das revistas especializadas em comportamento jovem;
c) os programas de televisão e novelas direcionados a essa faixa etária.

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