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O assalto, de Carlos Drummond de Andrade

 

12/11/2009

Autor e Coautor(es)
Alessandra Fernandes de Azevedo
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JUIZ DE FORA - MG Universidade Federal de Juiz de Fora

Maria Cristina Weitzel Tavela

Estrutura Curricular
Modalidade / Nível de Ensino Componente Curricular Tema
Ensino Fundamental Final Língua Portuguesa Análise linguística: léxico e redes semânticas
Ensino Fundamental Final Língua Portuguesa Língua oral e escrita: prática de produção de textos orais e escritos
Dados da Aula
O que o aluno poderá aprender com esta aula

• Ler e compreender o texto.
• Interpretar o texto.
• Produzir um texto narrativo.

Duração das atividades
2 aulas de 50 minutos
Conhecimentos prévios trabalhados pelo professor com o aluno

• Habilidades básicas de leitura.

Estratégias e recursos da aula

1ª AULA

Professor, conte aos alunos um pouco sobre a vida e obra de Carlos Drummond de Andrade.
Sugestões de sites:
http://www.releituras.com/drummond_bio.asp
http://pt.wikipedia.org/wiki/Carlos_Drummond_de_Andrade


Entregue o texto aos alunos e peça a eles que façam uma leitura silenciosa. Em seguida, inicie uma leitura coletiva do texto. Terminada a leitura coletiva, questione os alunos a respeito do sentido da palavra “assalto” empregado no texto e se eles têm dúvidas quanto ao significado de alguma palavra.

(Observação: Professor, leve para a sala de aula alguns dicionários para que os alunos possam consultar as palavras que  tiverem dificuldade quanto ao significado.)

Apresente aos alunos o significado da palavra “assalto” retirada de um dicionário, por exemplo, do dicionário eletrônico Houaiss da Língua Portuguesa

Assalto: substantivo masculino
1 ação ou efeito de assaltar; ataque impetuoso, assaltada
2 ataque repentino com uso de força e intuito de roubo
Ex.: a polícia identificou os autores do a. ao cofre do banco
3 ataque repentino e violento físico ou emocional
Ex.:
4 Uso: informal.
festa íntima e improvisada que surpreende os donos da casa
5 Derivação: sentido figurado. Regionalismo: Brasil. Uso: informal.
ato ou efeito de exorbitar na cobrança de preço(s)
Ex.: o preço dessa loja é um verdadeiro a.
6 Rubrica: esportes.
em certos tipos de lutas, cada ataque do adversário
7 Rubrica: esportes.
cada um dos períodos de tempo em que se divide uma luta livre, de boxe, de jiu-jítsu etc.

Verifique com os alunos se o dicionário fornece o sentido da palavra “assalto” conforme foi utilizado no texto e os outros possíveis sentidos dessa palavra em contextos diversos.

Observação: Professor, explique para os alunos que as palavras assumem significados distintos dependendo do contexto em que elas estão inseridas. Como mostra o texto “O assalto” de Drummond, em que a palavra “assalto” dita a “altos brados” pela senhora foi interpretada - no decorrer da narrativa - como um roubo, mudando o sentido dado a ela anteriormente (preço elevado) e, consequentemente, o desenrolar da narrativa.

Texto

O Assalto Carlos Drummond de Andrade

Na feira, a gorda senhora protestou a altos brados contra o preço do chuchu:
— Isto é um assalto!
Houve um rebuliço. Os que estavam perto fugiram. Alguém, correndo, foi chamar o guarda. Um minuto depois, a rua inteira, atravancada, mas provida de um admirável serviço de comunicação espontânea, sabia que se estava perpetrando um assalto ao banco. Mas que banco? Havia banco naquela rua? Evidente que sim, pois do contrário como poderia ser assaltado?
— Um assalto! Um assalto! — a senhora continuava a exclamar, e quem não tinha escutado, escutou, multiplicando a notícia. Aquela voz subindo do mar de barracas e legumes era como a própria sirena policial, documentando, por seu uivo, a ocorrência grave, que fatalmente se estaria consumando ali, na claridade do dia, sem que ninguém pudesse evitá-la.
Moleques de carrinho corriam em todas as direções, atropelando-se uns aos outros. Queriam salvar as mercadorias que transportavam. Não era o instinto de propriedade que os impelia. Sentiam-se responsáveis pelo transporte. E no atropelo da fuga, pacotes rasgavam-se, melancias rolavam, tomates esborrachavam-se no asfalto. Se a fruta cai no chão, já não é de ninguém; é de qualquer um, inclusive do transportador. Em ocasiões de assalto, quem é que vai reclamar uma penca de bananas meio amassadas?
— Olha o assalto! Tem um assalto ali adiante!
O ônibus na rua transversal parou para assun tar. Passageiros ergueram-se, puseram o nariz para fora. Não se via nada. O motorista desceu, desceu o trocador, um passageiro advertiu:
— No que você vai a fim do assalto, eles assaltam sua caixa.
Ele nem escutou. Então os passageiros também acharam de bom alvitre abandonar o veículo, na ânsia de saber, que vem movendo o homem, desde a idade da pedra até a idade do módulo lunar.
Outros ônibus pararam, a rua entupiu.
— Melhor. Todas as ruas estão bloqueadas. Assim eles não podem dar no pé.
— É uma mulher que chefia o bando!
— Já sei. A tal dondoca loira.
— A loura assalta em São Paulo. Aqui é morena.
— Uma gorda. Está de metralhadora. Eu vi.
— Minha Nossa Senhora, o mundo está virado!
— Vai ver que está caçando é marido.
— Não brinca numa hora dessas. Olha aí sangue escorrendo!
— Sangue nada, é tomate.
Na confusão, circularam notícias diversas. O assalto fora a uma joalheria, as vitrinas tinham sido esmigalhadas a bala. E havia jóias pelo chão, braceletes, relógios. O que os bandidos não levaram, na pressa, era agora objeto de saque popular. Morreram no mínimo duas pessoas, e três estavam gravemente feridas.
Barracas derrubadas assinalavam o ímpeto da convulsão coletiva. Era preciso abrir caminho a todo custo. No rumo do assalto, para ver, e no rumo contrário, para escapar. Os grupos divergentes chocavam-se, e às vezes trocavam de direção; quem fugia dava marcha à ré, quem queria espiar era arrastado pela massa oposta. Os edifícios de apartamentos tinham fechado suas portas, logo que o primeiro foi invadido por pessoas que pretendiam, ao mesmo tempo, salvar o pêlo e contemplar lá de cima. Janelas e balcões apinhados de moradores, que gritavam:
— Pega! Pega! Correu pra lá!
— Olha ela ali!
— Eles entraram na Kombi ali adiante!
— É um mascarado! Não, são dois mascarados!
Ouviu-se nitidamente o pipocar de uma metralhadora, a pequena distância. Foi um deitar-no-chão geral, e como não havia espaço uns caíam por cima de outros. Cessou o ruído, Voltou. Que assalto era esse, dilatado no tempo, repetido, confuso?
— Olha o diabo daquele escurinho tocando matraca! E a gente com dor-de-barriga, pensando que era metralhadora!
Caíram em cima do garoto, que sorveteu na multidão. A senhora gorda apareceu, muito vermelha, protestando sempre:
— É um assalto! Chuchu por aquele preço é um verdadeiro assalto!

Disponível no site: http://www.aletria.com.br/historias.asp?id=130
Acesso em 14 de outubro de 2009

2ª AULA

Seguem abaixo algumas sugestões de atividades:
Atividades:

1) Qual o assunto do texto “O assalto” de Drummond?
2) Qual o sentido dado à palavra “assalto” na fala da gorda senhora “Isto é um assalto!” no texto?
3) De acordo com o trecho: “Aquela voz subindo do mar de barracas e legumes era como a própria sirena policial, documentando, por seu uivo, a ocorrência grave, que fatalmente se estaria consumando ali, na claridade do dia, sem que ninguém pudesse evitá-la.”, responda:
a) De quem era a voz que subia pelo mar de barracas?
b) A que foi comparada essa voz que subia do mar de barracas?
c) Explique a expressão “mar de barracas” destacada no trecho.

Avaliação

Avaliação:

Produção de texto

Produzir um texto narrativo a partir do ditado popular “Quem conta um conto aumenta um ponto”

Opinião de quem acessou

Quatro estrelas 10 classificações

  • Cinco estrelas 7/10 - 70%
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