O aluno poderá reconhecer as pistas e recuros linguísticos que possibilitam ao leitor  identificar a função de utilização de diferentes tipos de texto;  identificar o público a que se destina determinado texto; estabelecer relações entre informações e outros textos;identificar os elementos gramaticais que ajudam na construção do discurso;

É importante que os alunos recebam esclarecimentos sobre o significado do termo público-alvo. Eles devem entender que se refere ao público para o qual é destinado um determinado texto. Por exemplo, um texto técnico que fale sobre neurologia será destinado a um público de médicos específico. 

 1ª AULA

Professor, esta sequência de aulas se destina a apresentar uma proposta sobre a intencionalidade contida em diferentes tipos de texto. Forneceremos exemplos em que os alunos poderão observar que cada formato textual, desenvolvido sobre um mesmo tema, pode ter funções distintas, de acordo com o contexto empregado, com a escolha da linguagem e os objetivos de sua produção etc..

Inicie os trabalhos mostrando a eles a seguinte piada:

Mendigo Faminto

O mendigo se aproxima de uma madame cheia de sacolas de compras, no centro da cidade, e diz:
— Senhora, estou sem comer faz quatro dias…
— Meu Deus! Gostaria de ter sua força de vontade!

http://piadasengracadas.net/piada/44/mendigo-faminto/ - acesso em 18/10/09.

Agora, valendo-se da piada, pergunte aos alunos:

- O que de fato o mendigo quis dizer à madame? Será que ele queria somente que ela soubesse há quantos dias ele não comia ou há alguma outra intenção que permeia a sua fala?

Explique que situações como essas acontecem com muita frequência em nosso cotidiano, já que muitas vezes nosso discurso não condiz exatamente com o que queremos dizer ou saber. Outras vezes, as pessoas entendem  o que dissemos de forma diferente do que era o nosso objetivo. Isso se deve ao fato de que nem sempre usamos a linguagem de forma clara e objetiva, mas podemos (e o fazemos sempre) camuflar várias intenções em uma palavra, uma frase.Outras vezes, a pessoa que nos ouve ou lê não possui os conhecimentos prévios necessários para entender a nossa informação. Por isso, é importante que, na escrita, prindipalmente, usemos de recuros de linguagem o mais claro possível para que não tenhamos problemas em relação ao entendimento do que falamos. Na fala, os mecanismos de correção são usados de diferentes maneiras e o nosso interlocutor nos informa - na hora - que não entendeu isso ou aquilo. Corremos muito menos riscos de não nos fazermos entender, porque a pessoa a quem o texto se dirige está a nossa frente. Na escrita, isso não ocorre e precisamos detalhar mais nossa mensagem, dar mais pistas para que - na distância - o outro nos compreenda.

Por exemplo, quando vamos tomar banho e nossa mãe chega à porta do banheiro gritando: “Você não vai mais sair daí?”. Sabemos perfeitamente que nossa mãe não quer que respondamos “Vou!” ou “Não vou!”, mas está subentendido em sua fala que ela quer que acabemos logo de tomar banho.

Ou então: Se alguém te diz: “Dê-me o seu telefone.” Você, obviamente, não vai entregar o seu celular para a pessoa, mas sim dirá o número do telefone.

O mesmo acontece quando alguém pergunta:

“Você tem horas?”. Claro que a pessoa não espera como resposta um sim ou não. Ela quer saber que horas são.
Essas intenções ocultas apenas são entendidas porque tais códigos já fazem parte do imaginário de todos nós. Já estamos habituados a eles de tal forma que nem percebemos o exercício que fazemos ao decifrá-los no dia-a-dia. Portanto, a intenção dessa aula, professor, é tornar esses mecanismos mais claros para os alunos, pois quanto mais consciência eles tiverem do uso que fazem da língua, melhores se tornarão ao utilizá-la.

Agora, pergunte-os novamente, como a madame compreendeu a fala do mendigo? Será que ela entendeu a verdadeira intenção dele, ou terá sido irônica ao dar a resposta, por não querer ajudá-lo com uma esmola?

Após essa introdução, professor, forme equipes e peça aos alunos que criem uma li sta de frases como a s dos exemplos acima. Logo que estiv er pronto, peça a eles que leiam os exemplos , anote-os no quadro e discu ta a coerência das sug estões. Deixe que os alunos se expressem ao máximo.

2ª AULA

Nesta aula, professor, queremos que os alunos pensem no termo AVIÃO. A partir desse tema, serão apresentados três formatos de texto para eles reflitam. Vejamos:

Dicas de viagem

Para tornar a sua viagem mais agradável, selecionamos dicas e exercícios que podem melhorar a sua circulação sanguínea e aumentar o conforto durante o vôo.

1 - Procure se exercitar enquanto estiver sentado (ver ilustrações). É recomendável que você faça exercícios por pelo menos cinco minutos a cada uma ou duas horas de vôo. Cruzar as pernas não é recomendável durante a viagem, pois dificulta a circulação sanguínea.

2 - Prefira sempre alimentos leves antes, durante e após viag ens de longa duração . Aproveite o vôo para relax ar ouvindo a música de sua preferência ou lendo uma revista de variedades ou um bom livro. Simplesmente esqueça os problemas e relaxe...

3 - Se você sentir cansado durante a viagem, respire fundo pelo menos três vezes e tenha sempre bons pensamentos. Essa é a melhor forma de energizar o corpo e a mente.
4 - Em suas viagens, a lazer ou a negócios, use sempre roupas leves e sapatos confortáveis. Troque as jaquetas e blazers sintéticos por peças à base de algodão. Se a situação não permitir, leve uma bolsa de mão com uma peça de roupa pra ser usada a bordo: um suéter ou mesmo um jogging.
5 - Mantenha-se sempre hidratado durante a viagem. Água e sucos são recomendáveis. Evite ingerir bebidas alcoólicas ou à base de cafeína. Assim você evitará a fadiga e dor de cabeça e tornará a sua viagem mais agradável.
6 - Durante o vôo, sempre que possível hidrate seu rosto, as mãos e o pescoço, com movimentos leves e circulares. Dê preferência aos cremes à base de água. Eles são facilmente absorvidos pela pele e diminuem os efeitos causados pelo ar seco a bordo.

Fonte e imagem: Revista da Varig

http://images.google.com.br/imgres?imgurl=http://www.senado.gov.br/sf/senado/portaldoservidor/jornal/jornal91/Imagens/Voo.jpg&imgrefurl=http://www.senado.gov.br/sf/senado/portaldoservidor/jornal/jornal91/utilidade_dicas_voo.aspx&usg=__psYVK3e-AA7zJlhtsU0JSjSrEjU=&h=328&w=322&sz=71&hl=pt-BR&start=4&um=1&tbnid=pV3SbrlHxJsL7M:&tbnh=118&tbnw=116&prev=/images%3Fq%3Dcomportamento%2Bdurante%2Bo%2Bv%25C3%25B4o%26hl%3Dpt-BR%26um%3D1 - [Acesso em 17/10/09]

Professor, apresente esse primeiro texto, acompanhado de uma imagem, e reflita com os alunos sobre as intencionalidades do mesmo. Pergunte a eles:

- a qual público se dirige essa mensagem? Os alunos precisam fazer menção ao público que faz viagens aéreas.

- quais as principais características da linguagem utilizada para atingir o efeito esperado? Os alunos falarão que a linguagem foi elaborada de forma objetiva e clara, com a finalidade de transmitir informações sobre um vôo confortável.

- Agora, professor, peça a eles pensem sobre a frase: “Simplesmente esqueça os problemas e relaxe...”. Demonstre como essa frase teve um tom mais pessoal e próximo em relação ao leitor. Por que isso a contece? Ex plique que o fato de uma empresa aé rea apr esentar um texto com dicas que trarão confort o ao cliente durante a viagem é estratégico e o culta uma intenção: a de que o cliente sinta-se satisfeito e continue a optar pelos serviços da empresa. Portanto pode-se dizer que esse texto é informativo e ao mesmo tempo traz implícita a intenção de persuasão. Aproveite para esclarecer o que significa o termo persuasão. Persuadir é levar alguém a crer em algo. Esse é um termo muito ligado à publicidade, já que cabe a ela levar o indivíduo a consumir e a crer em algum produto.

Agora, faça-os ouvir a música “Samba do avião”, de Antônio Carlos Jobim. A letra e o vídeo encontram-se abaixo:

Samba do avião

Antônio Carlos Jobim

Minha alma canta
Vejo o Rio de Janeiro
Estou morrendo de saudades
Rio, seu mar
Praia sem fim
Rio, você foi feito prá mim
Cristo Redentor
Braços abertos sobre a Guanabara
Este samba é só porque
Rio, eu gosto de você
A morena vai sambar
Seu corpo todo balançar
Rio de sol, de céu, de marDen tro de mais um minuto estaremos no Galeão< br />Copacabana, Copacabana
Cristo Redentor
Braços abertos sobre a Guanabara
Este samba é só porque
Rio, eu gosto de você
A morena vai sambar
Seu corpo todo balançar
Aperte o cinto, vamos chegar
Água brilhando, olha a pista chegando
E vamos nós
Pousar...

LETRA: http://letras.terra.com.br/tom-jobim/49065/ - [Acesso em 17/10/09].

VÍDEO: http://www.youtube.com/watch?v=aK-k0SstIJQ – [Acesso em 17/10/09].

Quanto a essa segunda situação, professor, pergunte aos alunos:

- O texto é narrado em 1ª pessoa, ou seja, há um eu que se expressa, falando de sua visão da cidade do Rio de Janeiro a partir de um avião. As características atribuídas à cidade são positivas ou negativas? Qual seria, portanto, a intenção do autor?

Os alunos provavelmente comentarão que a música demonstra características positivas da cidade e que a intenção do autor é de justamente de exaltar o Rio de Janeiro. No entanto, professor, questione qual a função do avião nesse contexto. Para que eles possam formular hipóteses, apresente a biografia de Antônio Carlos Jobim, no link abaixo:

http://www.netsaber.com.br/biografias/ver_biografia_c_520.html - [Acesso em 18/10/09].

A partir dela os alunos descobrirão que Tom Jobim viveu vários anos dividido entre o Rio e os Estados Unidos. Portanto poderão inferir que o avião era o elo entre as duas cidades. Poderão inclusive extrapolar os limites do texto, sugerindo que a canção tenha sido escrita dentro do avião, como sugere o título “Samba do avião”.

Então, a intencionalidade criada em torno do tema “avião” nesse texto é distinta da do texto anterior. Esse é um texto de caráter intimista e literário e possui uma linguagem mais elaborada. Outro ponto importante que você pode ressaltar é que, no primeiro caso, o texto é acompanhado por uma imagem, que ajuda na transmissão das duas intenções do texto: tanto de persuadir, quanto de informar. Já no segundo caso, estamos falando de uma canção, que é geralmente associada ao lúdico e ao poético. Assim sendo, pode-se dizer que os elementos que acompanham o texto contribuem para a construção da intencionalidade do mesmo.

Mostre agora a eles a seguinte charge, que também tem como tema o avião:

http://images.google.com.br/imgres?imgurl=http://hubertoalonso.es/images/alguiensabeusarFS.JPG&imgrefurl=http://fullestablished.com/blog/%3Fpage_id%3D513&usg=__CScZaoMiIQ5JwBMWOGmXUnjuFzk=&h=231&w=320&sz=19&hl=pt-BR&start=4&um=1&tbnid=1YD0fzC16d35lM:&tbnh=85&tbnw=118&prev=/images%3Fq%3Dhumor%2Baereo%26hl%3Dpt-BR%26um%3D1 - [Acesso em 19/10/09].

Primeiramente explique aos alunos que a expressão “Microsoft Flight Simulator” se refere ao simulador de vôo do avião.

Questione se atitude da aeromoça é coerente em uma situação de vôo. O que a pergunta dela subentende?

Ajude os alunos a entenderem que, já que se está prec isando de um simulador de vôo, é porque há algo errado com o condutor do avião. Dessa forma, a intenção da tirinha é ironizar uma situação limite para provocar humor. Então, apesar de a temática central da tirinha ainda girar em torno do tema “avião”, não se tem, como no primeiro texto, a intenção de informar ou persuadir, nem como no segundo texto, a intenção de exaltar e criar um efeito estético-literário, mas sim, tem-se a intenção de despertar o riso. Precisa ficar claro que cada discurso ou texto possui, de acordo com a carga contextual e linguística e com o público alvo, uma intencionalidade a ser alcançada.

3ª AULA

Assim como o avião serviu de exemplo para mostrar as diferentes intencionalidades de um texto, dentro de uma lógica contextual, de acordo com o público alvo, peça agora aos alunos que pensem em novos exemplos. Cada aluno deve criar uma apresentação sobre um tema, cujo significado e a compreensão mudará de acordo com o contexto. Para realizar essa proposta de pesquisa é interessante que levar os alunos ao laboratório de informática ou à biblioteca. Os alunos deverão entregar o trabalho por escrito e com ilustrações, se for o caso. É bom que eles tenham acesso aos textos trabalhados para tê-los como suporte.

4ª AULA 

Esta aula será usada para que os alunos troquem entre si os textos produzidos na aula anterior e a redação de novas versões. Aconselhe-os a pedir a colaboração de, pelo menos, dois leitores e a guardar as versões que já foram feitas, ou seja, não apagar simplesmente o texto anterior. Acompanhe os trabalhos e veja em que você pode contribuir para a redação. É interessante que você se inteire das dúvidas e dificuldades dos alunos e quem está com mais ou menos problemas no uso dos recursos técnicas de escrtia. Ao mesmo tempo, você conhecerá os alunos e os conteúdos em que têm mais facilidades. Essas são estratégias de avaliação em processo. Quando os alunos tiverem feito o trabalho e se derem por satisfeitos, recolha os textos e marque quando você dará continuidade ao trabalho. Dependendo da turma, você poderá precisar de duas aulas para esse fim. Caso tenha alunos que já avaliaram a redação como 'final', peça-os que auxiliem aos que têm mais dificuldade. O diálogo entre alunos é, às vezes, mais produtivo do que o do professor com o aluno, devido a diversos fatores (idade, expressão vocabular, intimidade...).

5ª AULA

Nesta última aula, professor, devolva os trabalhos desenvolvidos, após já ter sugerido modificações e correções, tanto no nível conceitual do trabalho, quanto em relação a erros gramaticais e estrutura de texto (adequação à proposta/g6enero textual). Em seguida abra espaço para que, em círculo, os alunos apresentem suas produções. Deixo-os se apresentarem de forma livre e estimule a discussão sobre o que for proposto.

Fica como sugestão que os trabalhos sejam reunidos em uma cartilha, após feitas todas as correções, que ela seja doada à biblioteca da escola e disponibilizada para consulta por parte dos usuários. Isso requer uma revisão muito bem feita do texto&nb sp; e os próprios alunos podem se encarregar de fazer um texto de apresentação dos trabalhos para servir de introdução à cartilha. Ela pode ser confeccionada de forma simples, escrita mesmo à mão ou impressa. Os alunos se sentirão valorizados ao ver o material produzido por eles na biblioteca da escola.

http://piadasengracadas.net/piada/44/mendigo-faminto/ - [Acesso em 18/10/09] -  Piada “Mendigo faminto”.

http://images.google.com.br/imgres?imgurl=http://www.senado.gov.br/sf/senado/portaldoservidor/jornal/jornal91/Imagens/Voo.jpg&imgrefurl=http://www.senado.gov.br/sf/senado/portaldoservidor/jornal/jornal91/utilidade_dicas_voo.aspx&usg=__psYVK3e-AA7zJlhtsU0JSjSrEjU=&h=328&w=322&sz=71&hl=pt-BR&start=4&um=1&tbnid=pV3SbrlHxJsL7M:&tbnh=118&tbnw=116&prev=/images%3Fq%3Dcomportamento%2Bdurante%2Bo%2Bv%25C3%25B4o%26hl%3Dpt-BR%26um%3D1 - [Acesso em 18/10/09]. Dicas de viagem.

http://letras.terra.com.br/tom-jobim/49065/ - [Acesso em 17/10/09]. Letra da música “Samba do avião”, de Antônio Carlos Jobim.

http://www.youtube.com/watch?v=aK-k0SstIJQ – [Acesso em 17/10/09]. Vídeo da música “Samba do avião”, de Antônio Carlos Jobim.

http://www.netsaber.com.br/biografias/ver_biografia_c_520.html - [Acesso em 17/10/09]. Biografia de Antônio Carlos Jobim.

Professor, durante a apresentação final dos alunos, você pode perguntar a eles o que aprenderam com essa aula e pedir que façam sugestões ou críticas a ela. Essa é uma forma de avaliação muito válida. É sempre bom deixar que os alunos sejam os indicadores do seu próprio conhecimento, já que eles são os principais alvos das estratégias de ensino que criamos.

A partir da produção escrita que apresentaram é possível analisar sua competência tanto no nível conceitual do que foi ensinado, quanto em relação à capacidade de articulação e uso da linguagem escrita. Observe também o interesse dos alunos em relação às aulas, a participação, o nível de coerência de suas proposições. A partir de suas observações e dos alunos sobre o processo de ensino e aprendizagem, estabeleça os conteúdos que terá prioridade em sua programação de aulas para aprimorar as habilidades de leitura e de escrita de seus alunos.