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Construindo o conceito de regência

 

26/11/2009

Autor y Coautor(es)
Maria Luiza Scafutto
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JUIZ DE FORA - MG Universidade Federal de Juiz de Fora

Maria Cristina Weitzel Tavela

Estructura Curricular
Modalidad / Nivel de Enseñanza Disciplina Tema
Ensino Fundamental Final Língua Portuguesa Análise linguística: organização estrutural dos enunciados
Datos de la Clase
O que o aluno poderá aprender com esta aula

O aluno vai construir o conceito de regência verbal e conhecer um pouco sobre o escritor Manoel de Barros

Duração das atividades
duas aulas de cinquenta minutos
Conhecimentos prévios trabalhados pelo professor com o aluno

O aluno já deve ter alguma familiaridade com os conceitos de predicação verbal (transitividade).

Estratégias e recursos da aula

A estratégia será chegar ao conceito de regência pela observação e análise de estruturas que causam estranheza ao leitor, no caso, mais surpresa pelo uso estético dessas estruturas.

A partir da leitura do texto de Manoel de Barros, apresentar o autor aos alunos. O professor deve informar que a obra da qual o texto foi retirado – Memórias Inventadas: A Infância – é seu primeiro livro em prosa, composto de pequenos textos poéticos, de cunho autobiográfico, em que o poeta faz uma reconstituição de sua vida centrada na sua relação de descobrimento e de trabalho com a linguagem, marcado, esse trabalho, por uso frequente de metalinguagem/metapoesia.
Conforme o nível da turma e as possibilidades de acesso à biblioteca ou à internet, o professor pode solicitar uma pesquisa prévia sobre o autor.

ATIVIDADE I

TEXTO I

Hoje eu completei oitenta e cinco anos. O poeta nasceu de treze. Naquela ocasião escrevi uma carta aos meus pais, que moravam na fazenda, contando que eu já decidira o que queria ser no meu futuro. Que eu não queria ser doutor. Nem doutor de curar nem doutor de fazer casa nem doutor de medir terras. Que eu queria ser fraseador. Meu pai ficou meio vago depois de ler a carta. Minha mãe inclinou a cabeça. Eu queria ser fraseador e não doutor. Então, o meu irmão mais velho perguntou: Mas esse tal fraseador bota mantimento em casa? Eu não queria ser doutor, eu só queria ser fraseador. Meu irmão insistiu: Mas se esse fraseador não bota mantimento em casa, nós temos que botar uma enxada na mão desse menino pra ele deixar de variar. A mãe baixou a cabeça um pouco mais. O pai continuou meio vago. Mas não botou enxada.
(BARROS, Manoel de. Memórias Inventadas: a Infância. São Paulo: Planeta,2003)


1. Há logo na primeira linha do texto um uso inesperado da linguagem. O que você estranhou? (Espera-se que o aluno aponte o uso da frase: O poeta nasceu de treze).

A partir das frases abaixo, discutir algumas das possibilidades de sentido do verbo nascer, ajudando os alunos a constatarem que, conforme o contexto, um mesmo verbo apresenta significados diferentes e exige (rege) ou permite certas construções e não outras.

O menino nasceu de cesariana. (vir ao mundo)
em Brasília.
à noite.
O menino nasceu de pais idosos. (ser procriado)
O menino nasceu para a política. (ter aptidão especial)
Concluir: que construção não causaria surpresa no lugar da
“O poeta nasceu de treze.”
O poeta nasceu aos treze anos. (começar a desenvolver-se)

2. Solicitar aos alunos a leitura do verbete: variar, retirado do Mínidicionário Sacconi da Língua Portuguesa 11ª edição, 2009:

Va.ri.ar v.t.d. 1. Tornar diverso; diversificar: variar os programas noturnos; variar a dieta. 2. Repetir (melodia ou tema), modificando a harmonia, o ritmo, etc.: variar um compasso musical. // v.t.i.3. Diferir; desviar: variar dos padrões normais de comportamento. 4. Discrepar; diferençar: a segunda edição do dicionário variou muito da primeira. // v.i. 5. Sofrer mudanças; mudar: varia a moda, variam os usos e costumes. 6. Sofrer alteração paulatina: a temperatura variou durante o dia. 7. Flexionar-se: o verbo varia em tempo, modo, número e pessoa. 8. Diferir; divergir: as opiniões variam muito. 9. Mudar periodicamente: a demanda varia conforme a época do ano. 10. Enlouquecer; delirar: o velho já está variando.

a) Com qual das dez acepções elencadas foi usado o verbo variar no texto?
b) Neste sentido, o verbo exige algum complemento?
c) Como que a informação dada na resposta anterior está colocada no verbete? (Espera-se que o aluno perceba a presença da sigla v.i. e saiba seu significado; caso contrário, o professor deverá fazer uma leitura compartilhada de todo o verbete, explicando a função de cada parte)
d) Em quais acepções o verbo exige presença de um complemento antecedido da preposição de?
e) Na acepção 5, no exemplo dado , por que em uma oração o verbo está no singular e, na outra, está no plural?
f) No dicionário Aurélio, existe a seguinte acepção no verbete variar: “Apresentar-se sob diversas formas ou aspectos.” – Em qual das acepções acima esta se encaixaria?
g) Após análise do verbete, conclua qual é a regência do verbo variar.


3. Vamos analisar a regência dos verbos das seguintes orações retiradas do texto:
a) “Naquela ocasião escrevi uma carta aos meus pais...”
b) “Minha mãe inclinou a cabeça.”

ATIVIDADE II

O professor vai construir com os alunos as conclusões da aula:

1. Quando um verbo exige a presença de um outro termo, ele é o termo regente ou subordinante, e o seu complemento é o termo regido ou subordinante.
2. O verbo pode exigir um complemento introduzido por uma determinada preposição (ex.: gostar de) ou sem a presença de preposição (ex.: construir).
3. Há verbos que exigem ou não preposição, conforme seu significado. (ex.: aspirar o ar da montanha/ aspirar ao cargo de diretor)
4. Há verbos que exigem dois complementos: um preposicionado e o outro não.
5. Regência verbal é a relação de dependência que se estabelece entre o verbo e o termo por ele regido.

Recursos Complementares

TEXTO II

Quando a Vó me recebeu nas férias, ela me apresentou aos amigos: Este é meu neto. Ele foi estudar no Rio e voltou de ateu. Ela disse que eu voltei de ateu. Aquela preposição deslocada me fantasiava de ateu. Como quem dissesse no Carnaval: aquele menino está fantasiado de palhaço. Minha avó entendia de regências verbais. Ela falava de sério. Mas todo-mundo riu. Porque aquela preposição deslocada podia fazer de uma informação um chiste. E fez. E mais: eu acho que buscar a beleza nas palavras é uma solenidade de amor. E pode ser instrumento de rir. De outra feita, no meio da pelada um menino gritou: Disilimina esse, Cabeludinho. Eu não disiliminei ninguém. Mas aquele verbo novo trouxe um perfume de poesia à nossa quadra. Aprendi nessas férias a brincar de palavras mais do que trabalhar com elas. Comecei a não gostar de palavra engavetada. Aquela que não pode mudar de lugar. Aprendi a gostar mais das palavras pelo que elas entoam do que pelo que elas informam. Por depois ouvi um vaqueiro a cantar com saudade: Ai morena, não me escreve/ que eu não sei a ler. Aquele a preposto ao verbo ler, ao meu ouvir, ampliava a solidão do vaqueiro.
(BARROS, Manoel de. Memórias Inventadas: a Infância. São Paulo: Planeta,2003)

Avaliação

Para verficar a apreensão do conceito, o professor, após ler o texto II, colocado como recurso complementar, pedirá aos alunos que respondam às questões propostas abaixo:

1. “Ele foi estudar no Rio e voltou de ateu. Ela disse que eu voltei de ateu.”
Cabeludinho, o personagem-narrador, estranhou a forma como a sua avó construiu a frase acima e, por isso, até a repetiu. Ao mesmo tempo, afirma que a avó entendia de regências verbais.
a) Qual a estrutura que, no lugar da negritada, não causaria estranheza?
b) Levante uma hipótese que explique por que a avó usou essa forma.

2. Explique o sentido do verbo voltar nas frases abaixo e identifique sua regência:

a) O trocador voltou troco errado.
b) O marginal voltou a arma contra mim.
c) Voltei o pensamento a Deus.
d) Voltei à forma normal, só depois de três meses do parto.

3. Observe o uso do verbo voltar, como intransitivo, seguido de adjunto adverbial. Determine a diferença semântica decorrente da mudança da preposição e de contexto:
a) Depois do almoço, voltei à escola.
b) Depois de morar em São Paulo, voltei para minha cidade natal.
c) Os jogadores voltaram, imediatamente, para o ataque.
d) Quando ele voltou do Norte, estava irreconhecível.

4. “Disilimina esse, Cabeludinho. Eu não disiliminei ninguém.” – o colega do personagem, criou um neologismo. Apesar de não conhecer esta palavra, você pode afirmar que ela pertence à classe dos verbos. Considerando as construções do texto em que foi usada, especifique sua regência.

5. “Ai morena, não me escreve/ que eu não sei a ler.”

Com base nos conhecimentos de regência verbal, explicite a estranheza da construção marcada. Ai morena, não me escreve/ que eu não sei a ler.

Opinión de quien visitó

Cinco estrelas 2 calificaciones

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Opiniones

  • Maria Luiza Ferreira Augusto Santos, LFG , Minas Gerais - dijo:
    ferreira.luiza@gmail.com

    22/03/2012

    Cinco estrelas

    Achei muito boa a aula, porém tenho uma dúvida: o verbo nascer é intransitivo ou pode mudar sua transitividade conforme o complemento que o segue? No caso de "o menino nasceu para a política", o berbo ainda assim seria intransitivo? Obrigada!


  • Shênia, CEC , Rio de Janeiro - dijo:
    shennyam3@hotmail.com

    11/08/2010

    Cinco estrelas

    Aula muito funcional, bons textos, excelentes exercícios.


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