Portal do Governo Brasileiro
Início do Conteúdo
VISUALIZAR AULA
 


Agora quero falar de flores - Desejo de Rachel de Queirós

 

25/11/2009

Autor e Coautor(es)
Mirian Chaves Carneiro
imagem do usuário

BELO HORIZONTE - MG Universidade Federal de Minas Gerais

Sulamita Nagem Dias Lima

Estrutura Curricular
Modalidade / Nível de Ensino Componente Curricular Tema
Educação de Jovens e Adultos - 1º ciclo Língua Portuguesa Leitura e escrita de texto
Dados da Aula
O que o aluno poderá aprender com esta aula

• Dominar instrumentos básicos da cultura letrada, que lhes permitam melhor compreender e atuar no mundo em que vivem.
• Dominar o mecanismo e os recursos do sistema de representação escrita, compreendendo suas funções.
• Expressar-se oralmente com eficácia em diferentes situações, interessando-se por ampliar seus recursos expressivos e enriquecer seu vocabulário.
• Interessar-se pela leitura e escrita como fontes de informação, aprendizagem, lazer e arte.
• Respeitar a variedade lingüística que caracteriza a comunidade dos falantes.
• Valorizar a língua como veículo de comunicação e expressão das pessoas e dos povos..
• Acompanhar leituras em voz alta feitas pelo professor.
•Compreender e seguir instruções verbais.
• Identificar lacunas ou falta de clareza em esclarecimentos dados por outrem.
• Pedir esclarecimentos sobre assuntos tratados ou atividades propostas.

Duração das atividades
Aproximadamente 100 minutos; 02 aulas.
Conhecimentos prévios trabalhados pelo professor com o aluno

- É importante que o professor já tenha falado sobre crônicas. Caso não tenha feito, será interessante comentar antes de ler o texto.
CRÔNICA: uma narração, segundo a ordem temporal. O termo é atribuído, por exemplo, aos noticiários dos jornais, comentários literários ou científicos, que preenchem periodicamente as páginas de um jornal.
Características
A crônica é, primordialmente, um texto escrito para ser publicado no jornal. Assim o facto de ser publicada no jornal já lhe determina vida curta, pois à crônica de hoje seguem-se muitas outras nas próximas edições.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Cr%C3%B3nica#Caracter.C3.ADsticas

Estratégias e recursos da aula

As estratégias a serem utilizadas são:
- aula interativa.

1º Passo: Leitura oral pelo professor
“A leitura é uma prática social que envolve atitudes, gestos e habilidades que são mobilizados pelo leitor, tanto no ato de leitura propriamente dito, como no que antecede a leitura e no que decorre dela. Assim, o sujeito demonstra conhecimentos de leitura quando sabe a função de um jornal, quando se informa sobre o que tem sido publicado, quando localiza pontos de acesso público e privado aos textos impressos (bibliotecas), quando identifica pontos de compra de livros (livraria, bancas, etc.). Para contribuir com o desenvolvimento da capacidade de compreensão global, o professor pode orientar os alunos com mais independência a fazer uma leitura silenciosa do texto todo, com certa rapidez, sem se perder em detalhes. Outras vezes, pode convidá-los ler em voz alta, com fluência, ritmo e expressividade, pelo prazer de sentir-se participante do texto - como um narrador, como um repórter que trabalha no rádio ou na televisão (nunca como castigo porque não estavam prestando atenção na aula...). Só quem compreende é capaz de fazer uma leitura oral de qualidade”. Desenvolver atitude e disposições favoráveis à leitura. CRV SEE MG http://crv.educacao.mg.gov.br/sistema_crv/index.asp?id_projeto=27&ID_OBJETO=43559&tipo=ob&cp=FF9900&cb=&n1=&n2=Proposta%20Curricular%20-%20CBC&n3=Fundamental%20-%20Ciclos&n4=Ciclo%20da%20Alfabetiza%C3%A7%C3%A3o&b=s


CRÔNICA:

Agora quero falar de flores - Rachel de Queirós
          Flor tem moda como roupa de mulher. E as plantas do tempo antigo, flores, folhagens e ervas de cheiro, ninguém as cultiva mais. Agora são só aqueles estúpidos fícus italianos que parecem feitos de plástico, os antúrios e até tulipas.
Hoje em dia, principalmente nas cidades grandes, acabaram-se os manjericões.
E as manjeronas, e as alfavacas e de modo geral todas as ervas cheirosas.
          Quem é que ainda planta alecrim? Quem é que ainda conhece malva-rosa?
Rosas, já cultivei rosas quando morava na Ilha do Governador, e era um problema obter mudas das velhas rosas tradicionais dos jardins brasileiros.
Rosas Paul-Neron que o povo chama de Palmeirão, Rosa Amélia com seu tom de rosa-claro, verdadeiro cor-de-rosa. Rosas de cacho com que as moças gostavam de enfeitar os cabelos. Rosas mariquinhas, que em linguagem de catálogo, se chamam com um nome horrível - floribundas - e que hoje só aparecem nas suas variedades mais complicadas. Rosas príncipe-negro, como se feitas de veludo sombrio.
           E depois das rosas vem o capítulo dos cravos. Agora só conhecemos esses inexpressivos cravos de plantação industrial, enormes, uniformes - e sem perfume. Nos tempos de dantes, no interior, toda moça tinha à janela do seu quarto um jarro de barro com um craveiro. Cravos brancos, apertados, de coração rosado, que eram prenúncio de casamento. De cheiro tão forte que, aspirados com força, entonteciam. Cravos vermelhos, de dar aos namorados, em sinal de amor sem fim. Cravos que se guardavam secos dentro do livro de reza, como recordação. E além dos cravos havia as cravinas, singelas, dobradas, lisas e rajadas. E ainda havia, tão importante quando o dos cravos, o capítulo dos jasmins. Jasmim-estrela, que podia ser grande e pequeno, de pétalas tão leves e vulneráveis, que a flor parece feita só de perfume. Jasmim-do-céu, jasmim-laranja; deste tenho um pé junto ao alpendre do Não Me Deixes, que me embalsama o terreiro quando está em flor e se cobre de miniaturas douradas de laranjas, ao acabar da floração.
          Jasmim-do-imperador, jasmim-de-são-josé, jasmim-caiano, jasmim-do-cabo, a glória dos velhos jardins, que se chama também gardênia.
          E resedá? Meu Deus, que estranha anomalia da sensibilidade fez com que se abandonasse o resedá? E bogari? Ai, de bogari já nem falo que me dói o coração.
Miosótis, flor da inocência, ninguém vê mais também. E amores-perfeitos são dificílimos; ah, os amores-perfeitos de Guaramiranga, que minha prima Elsa acondicionava em caixinhas forradas de bambu japonês com os talos envoltos em algodão úmido, e eram o mais precioso dos presentes. E as angélicas, que nos livros se chamam tuberosas, e são as flores de espantar vampiro. Devo ter qualquer pingo de sangue de vampiro, porque sempre detestei angélicas.
Desapareceram as sebes e os caramanchões de madressilvas - madressilvas que cheiram a abelhas e a mel. E, falando em caramanchões, sumiram-se também os estefanotes e as simpatias com seus maciços vermelhos, e uma trepadeira de cachos brancos e arroxeados, que andou muito em moda em meados do século passado (imagine, século 20 já está no rol dos séculos passados!) e ganhou o nome de Coelho Netto.
         Todas essas flores para mim são saudades da infância, pois ambas as minhas avós eram jardineiras empedernidas, que jamais fizeram uma viagem sem uma bagagem subsidiária de embrulhinhos com galhos de mudas, batatas, bulbos, sementes - e até mesmo vasos com plantas, aparentemente preciosíssimas, pois era mister carregá-las no colo, durante os percursos de trem.
....................................................................................................................
         No Brasil, nós ainda não chegamos a esse eterno retorno ao passado. Há os jardineiros sofisticados das casas ricas com os arranjos pedantes de plantas de importação recente, e há o comércio de flores, que se reduz aos produtos de fácil cultivo, de boa resistência e venda fácil. Comércio de que é expoente típico o horrendo agapanto, a flor mais feia e triste do mundo, com a qual se insultam os mortos no Dia de Finados, cobrindo-lhes os túmulos com suas umbelas sinistras. Eu, defunta, chegarei às piores represálias, puxarei pelo pé, arrastarei correntões, aparecerei de mortalha fosforescente, soltarei gargalhadas macabras, assombrarei de todas as maneiras o herdeiro mal-agradecido que me puser agapantos na cova. Perdôo tudo, até anulação de testamento e enterro de terceira classe; mas agapanto não.

Jornal: O Estado de São Paulo (São Paulo -SP) em 16/11/2002
Acessado em 30.09.2009: http://www.academia.org.br/abl/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=2506&sid=419&tpl=printerview

2º Passo: Quem no texto fala das flores?
Sobre a autora:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Rachel_de_Queiroz

http://www.academia.org.br/abl/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=260&sid=115&tpl=printerview

3º Passo: Que flores foram citadas na crônica e vocês conhecem?

4º passo:
Listar as palavras em negrito no texto (algumas flores) e colocá-las em ordem alfabética.

5º Passo: No último parágrafo a autora fala dos agapantos. Qual é a opinião dela sobre estas flores?

6º Passo: Desafio: Cada aluno tentará fazer uma lista de nomes de flores (ou plantas) que comecem com cada letra do alfabeto. (Sugestão em casa de não aparecer exemplos):
A – Azaléia
B – begônia
C - Camélia - Cravo - crisântemo
D - Dália
G - Girassol
H - Hortência
J - Jasmim
L - Lírio
M - Magnólia - Margarida - Miosótis
N - Narciso
O - Orquídea
P - Papoula
R - Rosa
S - Sempre-Viva
T - Tulipa Amarela
V - Violeta

6º Passo: Imagens de flores que aparecem na crônica.

Agapanto:

http://images.google.com.br/images?hl=pt-BR&source=hp&q=AGAPANTO&btnG=Pesquisar+imagens&gbv=2&aq=f&oq=

Resedá:

http://www.imagem.ufrj.br/thumbnails/4/753.jpg

Jasmim:

http://images.google.com.br/images?start=0&q=Jasmim&btnG=Pesquisar+imagens&gbv=2&hl=pt-BR&sa=2

Amor perfeito:

http://4.bp.blogspot.com/_QIBRf2mby7k/RjpbC4yoqyI/AAAAAAAAAIk/f-nZzieC8js/s400/amoresperfeitos.JPG

7º Passo: Cada aluno vai criar um pequeno texto contando sobre as plantas que mais vê pelos caminhos por onde passa, nas praças, ruas, ou mesmo no quintal de sua casa. (Primeiro vai pensar se costuma observar as plantas que encontra no caminho, se sabe a época da floração delas, dos frutos, etc. Tem planta em casa? Gosta de cuidar de plantas?) Os trabalhos poderão ser lidos por quem quiser e expostos na sala para todos ver. Poderão, se quiser, ilustrar o texto.

Avaliação

A avaliação é processual e contínua, devendo ser realizada oral e coletivamente, enfocando a dinâmica do grupo, identificando avanços e dificuldades.
O desempenho dos alunos durante a aula, a realização das tarefas propostas(incluindo lista de nomes de flores) , as observações e intervenções do professor serão elementos essenciais para verificar se as competências previstas para a aula foram ou não desenvolvidas pelos alunos.

Opinião de quem acessou

Sem estrelas 0 classificações

  • Cinco estrelas 0/0 - 0%
  • Quatro estrelas 0/0 - 0%
  • Três estrelas 0/0 - 0%
  • Duas estrelas 0/0 - 0%
  • Uma estrela 0/0 - 0%

Denuncie opiniões ou materiais indevidos!

Sem classificação.
REPORTAR ERROS
Encontrou algum erro? Descreva-o aqui e contribua para que as informações do Portal estejam sempre corretas.
CONTATO
Deixe sua mensagem para o Portal. Dúvidas, críticas e sugestões são sempre bem-vindas.