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Nojentos, mas necessários.

 

15/11/2009

Autor e Coautor(es)
MARIA ANTONIETA GONZAGA SILVA
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BELO HORIZONTE - MG ESCOLA DE EDUCACAO BASICA E PROFISSIONAL DA UFMG - CENTRO PEDAGOGICO

Lízia Maria Porto Ramos

Estrutura Curricular
Modalidade / Nível de Ensino Componente Curricular Tema
Ensino Fundamental Inicial Ciências Naturais Ambiente
Dados da Aula
O que o aluno poderá aprender com esta aula

* A importância dos organismos detritívoros (ratos, baratas, formigas, minhocas, urubus).
* Desmistificação quanto a estes organismos (modificar a idéia de que eles são “nojentos” e sem importância).

Duração das atividades
2 horas/aulas
Conhecimentos prévios trabalhados pelo professor com o aluno

Os alunos deverão ser capazes de entender como funciona a cadeia alimentar e o que significa equilíbrio ecológico.

Estratégias e recursos da aula

INTRODUÇÃO

Detritívoros são organismos que se alimentam de organismos mortos ou de matéria orgânica parcialmente em decomposição. Também denominados saprobiontes, alimentam-se de cadáveres, restos de vegetais e animais, e excrementos, que decompõem de maneira a provocar a sua mineralização parcial e produzindo uma nova matéria orgânica, amorfa, denominada húmus.
Uma grande variedade de seres vivos alimenta-se de detritos. É o caso das minhocas, muitos roedores, insetos, crustáceos, entre outros.
Há autores que consideram como detritívoros necrófagos os abutres, os chacais, as hienas, etc., que se alimentam de cadáveres frescos ou em estado de muito ligeira decomposição, acabando, frequentemente, o "trabalho" dos carnívoros. Da mesma maneira, consideram como detritívoros saprófagos os que se alimentam de matéria orgânica mais ou menos alterada (por exemplo, a minhoca) e detritívoros coprófagos os seres vivos que se alimentam de excrementos de animais.

Retirado de: detritívoros. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2009.
Disponível na URL: http://www.infopedia.pt/$detritivoros  (consultado em 13/10/09, às 09h22min).

ESTRATÉGIA

Nesta aula será usada uma crônica do autor Millôr Fernandes, referenciando os animais detritívoros.

DESENVOLVIMENTO

Professor, num primeiro momento da aula, discuta com os alunos sobre os animais que eles consideram “nojentos” e os motivos para estas considerações. Vá anotando no quadro o que os alunos forem listando.
Garotada, quais animais vocês acham nojentos?
- Baratas!
- Ratos!
- Urubus!
Mas por que vocês acham que estes animais são nojentos?
- São sujos, vivem no lixo.
- Comem outros bichos que já morreram.
- São feios, causam doenças na gente.

Peça aos alunos que falem agora sobre os bichos que não são nojentos e os porquês de não considerarem estes bichos nojentos.
Mas para vocês, quais são os animais que não são nojentos?
- Coelho.
- Passarinho.
- Cachorro e gato.
Por quê?
- Porque eles são fofinhos.
- Eles vivem com a gente, são animais de estimação.
- Porque vão ao veterinário e estão sempre cuidados.
Então agora nós vamos ler um texto que fala sobre este assunto. Vamos lá?

Professor, neste momento, peça que os alunos façam uma leitura inicial, silenciosa, para que tenham um primeiro contato com o texto. Depois, faça com eles uma leitura oral, onde você poderá escolher alunos que poderão representar um narrador, a barata e o rato.

A BARATA E O RATO


Era uma dessas baratinhas brancas e nojentas, acostumadas à só imundície e ao monturo, comendo calmamente sua refeição composta de um pedaço de batata podre e um pedaço de tomate podre (causando inveja a muita gente). Chegou junto a um Rato transmissor de peste bubônica e lhe disse:
_ “Comadre, ontem eu tive uma aventura extraordinária. Estive num lugar realmente impressionante, como você, comadre, certo jamais encontrará em toda sua vida”. Barata comendo. “O lugar era uma coisa que realmente me deixou de boca aberta” ¬ prosseguiu o Rato ─ “tão espantoso e tão diferente é de tudo que tenho visto em minha vida roedora”. (É sua sina roer.) Barata comendo. “Imagina você ─ prosseguiu o Rato ─ “que descobri o lugar por acaso. Vou indo numa das cavidades subterrâneas por onde passeio sempre, entrando aqui e ali numa casa e noutra, quando, de repente, percebo uma galeria que não conheço. Meto-me nela, um pouco amedrontado por não saber onde vai dar e de repente saio numa cozinha inacreditável. O chão, limpo, que nem um espelho! Os espelhos, de um brilho de cegar! As panelas polidas como você não pode imaginar! O fogão, que nem um brinco! As paredes, sem uma mancha! O teto, claro e bran co como se tivesse sido acabado de pintar! Os armários, tão arrumados e cuidados que estavam até perfumados! Poeira em nenhuma parte, umidade inexistente, no chão nem um palito de fósforo...
E foi aí que a Barata não se conteve. Levou a mão à boca num espasmo e protestou:
_ “Que mania! Que horror! Sempre vem contar essas histórias exatamente no momento em que a gente está comendo!”

Adaptado de: FERNANDES, Millôr. Fábulas Fabulosas. Rio de Janeiro: Editora Nórdica, 1985.

Professor, é comum que alguns alunos reajam a esta escolha de personagens de forma pejorativa, não aceitando a ideia de serem comparados aos animais considerados “nojentos”. Converse com eles de modo que fique claro que não há intenção nenhuma de compará-los com esses animais.

Interpretação do texto

Professor, após a leitura do texto, discuta o texto com os alunos, sondando o que eles entenderam da fábula.

O que vocês acharam deste texto?

Respostas prováveis:
- Muito engraçado, professor!
- Esquisito demais, esta barata não gosta de limpeza!
- Que texto nojento! Baratas e ratos são bichos nojentos!

Mas por que será que a barata não gostou do que o rato falou para ela?

Respostas prováveis:
- Porque ela não gosta de lugares limpos.
- Porque ela estava comendo quando ele contou a história para ela.
- Porque o rato também não gosta de lugares limpos.

Então, para vocês, o que é um lugar limpo e o que é um lugar sujo?

Respostas prováveis:
- A cozinha de minha casa é limpa, mas quando as paredes ficam mofadas é um lugar sujo.
- Minha casa antes de fazer faxina é suja, depois que minha mãe faxina fica tudo limpo.
- A rua é suja, e os hospitais devem ser limpos.

Por que a barata e o rato não gostam de lugares limpos?

Pessoal, estes animais são chamados detritívoros, pois se alimentam de restos de alimentos de outros animais. Se a nossa casa estiver limpinha, sem nenhum vestígio de restos de alimentos pelo chão ou outros lugares, vocês acham que as baratas, ratos e outros animais detritívoros vão gostar? É claro que não, pois neste ambiente limpo não tem alimentos para eles. É por isso que não devemos deixar “sujeira” acumulada em nossas casas, se queremos evitar que estes animais nos visitem.

Por que estes animais são importantes para o ambiente, então?

E como seria o mundo se ratos, baratas, moscas e mosquitos fossem exterminados? Bem melhor! Essa certamente seria a resposta da maioria das pessoas. Porém, na vida real, o sumiço desses bichos poderia causar conseqüências desastrosas para a humanidade. Baratas, ratos, moscas, e mosquitos são fundamentais para o equilíbrio ecológico.
Porém esse paraíso imaginário seria seriamente ameaçado pelo desequilíbrio ambiental. Baratas, moscas, mosquitos e ratos são elos fundamentais da cadeia alimentar da qual o homem também faz parte. Ratos, mosquitos e baratas desempenham a importante tarefa de reciclar material orgânico. Alimentando-se de restos de comida e até de outros bichos mortos, eles ajudam na decomposição desse material. Sem eles, muito lixo orgânico se acumularia nas ruas e até os cadáveres demorariam muito tempo para se decompor.
Sem baratas e ratos, outros animais tornar-se-iam pragas, como morcegos, pombos, gambás, que também adoram migalhas e restos de comida e transmitem doenças como a raiva. O que parece melhor, dar uma chinelada numa barata invasora ou passar a noite tentando capturar um morcego?

Adaptado de: http://piquiri.blogspot.com/2008_03_01_archive.html (consultado em 13/10/2009, às 09h49min).

Avaliação

Avaliar numa perspectiva formativa implica estar atento à construção de conhecimentos conceituais, comportamentais e atitudinais de nossos alunos. Por isso é importante estar atento a todo o percurso do aluno enquanto aprende. Feitas estas considerações, propomos mais um momento para que os alunos sejam avaliados.
Divida a turma em grupos de 3 pessoas e peça que cada grupo escreva um teatrinho dando continuidade à fábula de Millôr, em que explicarão a posição da barata e do rato, contrapondo aos nossos valores: seres humanos apreciam a limpeza, enquanto o ambiente destes animais é o inverso. Peça que cada grupo apresente para a turma o seu teatro, e avalie a posição dos grupos quanto aos conceitos trabalhados, verificando a construção de conhecimentos. O professor deve estar sempre atento à desmistificação da ideia de que estes animais são nojentos, levando os alunos a perceberem a importância ecológica dos detritívoros.

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