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Tecendo o texto

 

21/10/2009

Autor e Coautor(es)
LAZUITA GORETTI DE OLIVEIRA
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UBERLANDIA - MG ESC DE EDUCACAO BASICA

Eliana Dias

Estrutura Curricular
Modalidade / Nível de Ensino Componente Curricular Tema
Educação de Jovens e Adultos - 2º ciclo Língua Portuguesa Linguagem escrita: leitura e produção de textos
Ensino Fundamental Final Língua Portuguesa Língua oral e escrita: prática de produção de textos orais e escritos
Dados da Aula
O que o aluno poderá aprender com esta aula
  • analisar e empregar mecanismos de coesão referencial, lexical e seqüencial;
  • analisar efeitos de sentido produzido por determinadas escolhas lexicais;
  • articular conhecimentos prévios e informações textuais, tais como opiniões e valores implícitos.
Duração das atividades
3 aulas de 50 minutos
Conhecimentos prévios trabalhados pelo professor com o aluno
  • demonstrar habilidades básicas de leitura: realizar inferências e estabelecer relação entre texto e contexto
  • conhecer o gênero crônica;
  • fazer distinção entre linguagem conotativa e denotativa.
Estratégias e recursos da aula
  • utilização do laboratório de informática.

Aula 1

A temática a ser trabalhada nessa aula é coesão textual.Um texto é como um tecido em que se juntam fios para criar uma unidade de acordo com ideias de quem o escreve. Para conseguir isso, usamos os recursos que a língua oferece o quais ajudam a estabelecer ligações entre o que foi dito com o que se quer dizer na sequência. Estes recursos são responsáveis pela coesão textual.

Com o objetivo de conhecer ou retomar os recursos que a língua oferece para se realizar a coesão textual, o professor deverá levar os alunos ao laboratório de informática , para que em duplas realizem uma pesquisa sobre esse assunto.

Disponíveis nos sites:

http://vestibular.uol.com.br/ultnot/resumos/coesao-textual.jhtm

http://www.redacional.com.br/coesao.htm

Aula 2

Em sala de aula, o professor deverá entregar aos alunos uma cópia do texto “Eu sei, mas não devia “ de Marina Colasanti e pedir a eles que o leiam silenciosamente.

Nesse texto, a autora questiona o fato de as pessoas se acomodarem diante dos problemas.

Texto:

Disponível em:

http://static.blogstorage.hi-pi.com/spaceblog.com.br/p/pr/princess87/images/gd/1221164356.jpg

Eu sei, mas não devia

Marina Colasanti

Eu sei que a gente se acostuma. Mas não devia. A gente se acostuma a morar em apartamentos de fundos e a não ter outra vista que não as janelas ao redor. E, porque não tem vista, logo se acostuma a não olhar para fora. E, porque não olha para fora, logo se acostuma a não abrir de todo as cortinas. E, porque não abre as cortinas, logo se acostuma a acender mais cedo a luz. E, à medida que se acostuma, esquece o sol, esquece o ar, esquece a amplidão.

A gente se acostuma a acordar de manhã sobressaltado porque está na hora. A tomar o café correndo porque está atrasado. A ler o jornal no ônibus porque não pode perder o tempo da viagem. A comer sanduíche porque não dá para almoçar. A sair do trabalho porque já é noite. A cochilar no ônibus porque está cansado. A deitar cedo e dormir pesado sem ter vivido o dia.

A gente se acostuma a abrir o jornal e a ler sobre a guerra. E, aceitando a guerra, aceita os mortos e que haja números para os mortos. E, aceitando os números, aceita não acreditar nas negociações de paz. E, não acreditando nas negociações de paz, aceita ler todo dia da guerra, dos números, da longa duração.

A gente se acostuma a esperar o dia inteiro e ouvir no telefone: “Hoje não posso ir”. A sorrir para as pessoas sem receber um sorriso de volta. A ser ignorado quando precisava tanto ser visto.

A gente se acostuma a pagar por tudo o que deseja e o de que necessita. E a lutar para ganhar o dinheiro com que se paga. E a ganhar menos do que precisa. E a fazer fila para pagar. E a pagar mais do que as coisas valem. E a saber que cada vez pagar mais. E a procurar mais trabalho, para ganhar mais dinheiro, para ter com que pagar nas filas em que se cobra.

A gente se acostuma a andar na rua e ver cartazes. A abrir as revistas e ver anúncios. A ligar a televisão e assistir a comerciais. A ir ao cinema e engolir publicidade. A ser instigado, conduzido, desnorteado, lançado na infindável catarata dos produtos.

A gente se acostuma à poluição. Às salas fechadas de ar condicio nado e cheiro de cigarro. À luz artificial de ligeiro tremor. Ao choque que os olhos levam na luz natural. Às bactérias da água potável. À contaminação da água do mar. À lenta morte dos rios. Se acostuma a não ouvir passarinho, a não ter galo de madrugada, a temer a hidrofobia dos cães, a não colher fruta no pé, a não ter sequer uma planta.

A gente se acostuma a coisas demais, para não sofrer. Em doses pequenas, tentando não perceber, vai afastando uma dor aqui, um ressentimento ali, uma revolta acolá. Se o cinema está cheio, a gente senta na primeira fila e torce um pouco o pescoço. Se a praia está contaminada, a gente molha só os pés e sua no resto do corpo. Se o trabalho está duro, a gente se consola pensando no fim de semana. E se no fim de semana não há muito o que fazer, a gente vai dormir cedo e ainda fica satisfeito porque tem sempre sono atrasado.

A gente se acostuma para não se ralar na aspereza, para preservar a pele. Se acostuma para evitar feridas, sangramentos, para esquivar-se de faca e baioneta, para poupar o peito. A gente se acostuma para poupar a vida. Que aos poucos se gasta, e que, gasta de tanto acostumar, se perde de si mesma.

Marina Colasanti nasceu em Asmara, Etiópia, morou 11 anos na Itália e desde então vive no Brasil. Publicou vários livros de contos, crônicas, poemas e histórias infantis. Recebeu o Prêmio Jabuti com Eu sei mas não devia e também por Rota de Colisão. Dentre outros escreveu E por falar em Amor; Contos de Amor Rasgados; Aqui entre nós, Intimidade Pública, Eu Sozinha, Zooilógico, A Morada do Ser, A nova Mulher, Mulher daqui pra Frente e O leopardo é um animal delicado. Escreve, também, para revistas femininas e constantemente é convidada para cursos e palestras em todo o Brasil. É casada com o escritor e poeta Affonso Romano de Sant'Anna.


Disponível em:

http://www.releituras.com/mcolasanti_eusei.asp


Após a leitura do texto, o professor deverá propor aos alunos que respondam às questões seguintes relacionadas à coerência e à coesão do texto.

1.  De acordo como o texto, "Eu sei, mas não devia", numere a segunda coluna de acordo com a primeira, relacionando a ideia ao parágrafo correspondente.
(1) Questiona-se o conformismo do homem em relação ao cotidiano desenfreado.
(2) Questiona-se a acomodação do homem diante da crueldade e da violência
(3) Questiona-se a acomodação do homem diante da competitividade e do consumismo da sociedade.
(4) Questiona-se a passividade com que o homem se habitua à solidão.
(5) Questiona-se o conformismo do homem diante da destruição do meio ambiente e da artificialidade do mundo moderno.
(6) Questiona-se o isolamento, a limitação de horizonte a que o homem se habitua.

a. ( )   
b. ( )
c. ( )
d. ( )
e. ( )

 f. ( )
g. ( )

2. A autora repete a expressão “a gente se acostuma” em todos os parágrafos do texto. Essa repetição é responsável pela manutenção da temática abordada.

a. Explique essa afirmação.

b. Essa repetição funciona como um mecanismo de coesão? Explique.

3. A autora desenvolve o tema, apresentando fatos como exemplos:

A gente se acostuma a morar em apartamentos de fundos e a não ter outra vista que não as janelas ao redor.

a. Explicite o que é causa e o que é conseqüência, nesse fragmento.

b. Transcreva do texto outros exemplos da autora em que os fatos são apresentados numa relação de causa/conseqüência.

c. Pode-se dizer que por meio de exemplificação a autora confirma o seu ponto de vista a respeito do tema? Explique.

4. Observe os termos em destaque nessa passagem do texto:

“A gente se acostuma à poluição. Às salas fechadas de ar condi cionado e cheiro de cigarro. À luz artifici al de ligeiro tremor. Ao choque que os olhos levam na luz natural. Às bactérias da água potável. À contaminação da água do mar. À lenta morte dos rios."

a.Sabendo que ocorre elipse quando há a omissão de um termo ou de uma oração inteira ,a qual pode ser recuperada pelo contexto, responda:

a. No trecho acima houve a elipse de que palavra?

b. A elipse é um recurso de coesão? Explique.

c. Reescreva o trecho abaixo, modificando as expressões destacadas, de modo que ele passe a apresentar a mesma estrutura do parágrafo acima.

“A gente se acostuma [...] a ler o jornal no ônibus porque não pode perder o tempo da viagem. A comer sanduíche porque não dá para almoçar. A sair do trabalho porque já é noite. A cochilar no ônibus porque está cansado.

5. Localize a expressão que está elidida- subentendida – no parágrafo abaixo:

“A gente se acostuma a acordar de manhã sobressaltado porque está na hora. A tomar o café correndo porque está atrasado. A ler o jornal no ônibus porque não pode perder o tempo da viagem. A comer sanduíche porque não dá para almoçar. A sair do trabalho porque já é noite. A cochilar no ônibus porque está cansado. A deitar cedo e dormir pesado sem ter vivido o dia”.

6. No parágrafo abaixo, as orações foram introduzidas por verbos no infinitivo:

“A gente se acostuma a andar na rua e ver cartazes. A abrir as revistas e ver anúncios. A ligar a televisão e assistir a comerciais. A ir ao cinema e engolir publicidade. A ser instigado, conduzido, desnorteado, lançado na infindável catarata dos produtos.

a. Localize no texto um parágrafo em que o s períodos foram introduzidos por expressões com verbos no gerúndio.

b. Explique o efeito de sentido estabelecido em cada caso, isto é, por meio dos verbos no infinitivo e por meio dos verbos no gerúndio.

7. “Eu sei, mas não devia”.

a. Qual é a relação de sentido estabelecida pela conjunção mas?

b. Reescreva a frase usando outra conjunção, mas sem alterar o sentido.

c. Dê exemplos de outras conjunções. Qual a utilidade dessas palavras?

d. Qual q diferença entre o emprego de uma conjunção ( mas, porém, e, quando, etc) e um pronome pessoal (nós, ele, lhe,o, a)?

8. “A gente se acostuma”

a. Reescreva a frase acima substituindo a expressão a gente pelo pronome nós.

b. A que se deve à mudança ocorrida com o verbo?

c. Escreva a regra geral de concordância verbal.

Aula 3

Produção de texto
Segundo Marina Colasanti, no texto “Eu sei, mas não devia”, o homem se acostuma por meio de pequenas concessões que vão se avolumando até transformar o seu cotidiano. Por não enfrentar as dificuldades, por ignorá-las, o homem vai s e privando da alegria de viver com intensidade grandes e pequenas situações.

Proposta de produção de texto:

Seguindo a estratégia utilizada pela autora, produza um texto, com o mesmo título: Eu sei, mas não devia ,de forma a questionar o leitor sobre algumas de suas opiniões pessoais.

Antes de escrever pense: em relação a que problemas você está se acomodando?

Esse texto deverá ser lido em sala de aula, portanto, seus interlocutores são os seus colegas de sala e o seu professor de português.

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Avaliação

A avaliação dar-se-á de forma processual, isto é, em todos os momentos em que os alunos estiverem participando das discussões propostas e, individualmente, por meio da realização das atividades escritas. Em relação à produção de texto, os alunos serão avaliados, considerando o atendimento à proposta e às especificidades das condições de produção.

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