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As funções da linguagem artística: o que o poético pode ocultar?

 

16/12/2009

Autor e Coautor(es)
ANA GRAZIELA CABRAL
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BELO HORIZONTE - MG ESCOLA DE EDUCACAO BASICA E PROFISSIONAL DA UFMG - CENTRO PEDAGOGICO

Edna Maria Santana Magalhães

Estrutura Curricular
Modalidade / Nível de Ensino Componente Curricular Tema
Ensino Médio Literatura Estudos literários: análise e reflexão
Dados da Aula
O que o aluno poderá aprender com esta aula

Com a sequência de aulas que será sugerida o aluno aprenderá:


- a diferenciar as funções da arte, tendo como exemplo diferentes textos literários;


- noções históricas, contextuais e de composição da arte;


- a apurar o olhar em relação ao trato de textos literários;


- a diferenciar textos não-literários de literários;

Duração das atividades
5 aulas de 50 minutos cada (250 minutos)
Conhecimentos prévios trabalhados pelo professor com o aluno

Professor, para que os alunos consigam acompanhar satisfatoriamente esta proposta, é necessário que eles tenham conhecimentos básicos sobre arte e literatura. Para garantir esses conhecimentos é apresentada no decorrer da primeira aula uma lista de vídeos sobre arte, que poderão sedimentar o trabalho com os alunos.


Em relação especificamente à literatura, é necessário que o aluno saiba diferenciar textos de cunho não literários e literários. Encontre maiores informações sobre isso no site: http://www2.fcsh.unl.pt/edtl/verbetes/T/texto_literario_texto_nao_lit.htm - [Acesso em 24/10/09].

Estratégias e recursos da aula

1ª AULA


Professor, a intenção desta proposta de aulas é de levar aos alunos conhecimentos sobre a Arte e suas funções, mas especificamente em relação à literatura, já que literatura é uma das formas de manifestação da arte.


Comece explicando aos alunos que a produção da arte requer criatividade e inovação. A arte é fruto de um CONHECIMENTO FORMAL, científico e legítimo que é adquirido por meio de estudo somado a um CONHECIMENTO INTERNALIZADO informal, empírico, oriundo do senso-comum.


Explique também aos alunos alguns conceitos que são considerados para se estabelecer que determinado objeto de observação é arte.

Um desses conceitos é a CRIATIVIDADE. Uma obra de arte tem que ser inovadora, original – e entenda-se original não somente como o que foi produzido primeiro, como também aquilo que estabelece um diálogo entre os primeiros e os próximos trabalhos, com o acréscimo de um toque inovador.


Há também o conceito de GRATUIDADE, segundo o qual não se pode visar inicialmente o lucro aos se produzir uma obra de arte. Deve-se produzir pelo prazer ou por uma necessidade interior de produção. Não que o objeto artístico não possa ser vendido, mas esse não pode ser objetivo principal. É interessante que se estabeleça uma distinção entre utensílio e objeto artístico. Um objeto que tenha uma utilidade imediata é considerado um utensílio e não uma obra de arte. Ao andar pela sua cidade, você passa por uma praça e vê uma escultura, em um edifício vê um mural de azulejos ou de pintura, em uma igreja vê um mosaico ou um vitral colorido. Se você é observador, sensível, com certeza gosta de ficar olhando para tudo isso. Esses objetos, portanto, não terão uma função ou utilidade imediata, mas tem outras diversas funções relacionadas à percepção e à emoção. Essas sensações são despertadas por um conjunto de elementos: a capacidade inventiva do artista, a composição, a cor, a textura, a forma, a harmonia e a qualidade da idéia.


Outro conceito é a respeito da BUSCA DO BELO. Explique aos alunos que segundo o filósofo Hegel, há dois tipos de belo: um Natural, que agrada aos sentidos, existe na natureza e não é produzido pela mão do homem, por isso não é arte; e um Belo Artístico, produzido pelo homem e agrada principalmente ao espírito, mesmo que não agrade aos sentidos. Isso quer dizer que nem todo objeto artístico tem que ser propriamente bonito para ser belo e para ser considerado arte. Ao explicar isso, mostre aos alunos essas duas imagens, comparando-as:


IMAGEM 1

O nascimento de Vênus: Botticelli - http://bailedemascaras.files.wordpress.com/2009/08/nascimento-de-venus.jpg - [acesso em 23/10/09].


IMAGEM 2

Jacques-Louis David, La morte di Marat. - http://www.dadavimaroto.blogger.com.br/Jacques-Louis%20David,%20La%20morte%20di%20Marat,%201793.jp  – [acesso em 23/10/09].


Explique a eles que diferentemente da primeira tela, que provoca uma sensação de beleza imediata e de encantamento, a segunda imagem causa ideia de repulsa e piedade, e nem por isso o objeto é menos artístico e menos belo, de acordo com os padrões de estética.


Agora, professor, para que os alunos possam internalizar alguns outros critérios sobre a arte, apresente a el es os vídeos que se se guem. Eles fazem pa rte de uma rica sequência didática que pode tirar dúvidas e acrescentar informações valiosas em relação à Arte.

1) http://www.youtube.com/watch?v=Ay6MBiIakDs – [Acesso em 24/10/09] – A arte de ver.


2) http://www.youtube.com/watch?v=lCl8N-HmC2A – [Acesso em 24/10/09] – Por que arte?


3) http://www.youtube.com/watch?v=7gpPsyMYV3c – [Acesso em 24/10/09] – História da Composição.


4) http://www.youtube.com/watch?v=PoJHiivtg90 – [Acesso em 24/10/09] – Direcionando o olhar.


5) http://www.youtube.com/watch?v=7LTMcKHUexU – [Acesso em 24/10/09]. Símbolos e emoções

2ª AULA

Agora, professor, fale aos alunos sobre as diferentes formas de manifestação artística e seus meios de expressão:

Literatura - palavras

Dança - movimento

Escultura - forma/volume

Arquitetura - forma/volume/cores

Música - som

Fotografia - imagem

Cinema - imagem/som/palavra

Teatro - Engloba todos os veículos

Pintura - imagens/cores/traços

Diga a eles que, dentre as manifestações citadas, além das pinturas que já foram exploradas no vídeo, se trabalhará nessa aula alguns textos literários. Nesse momento é que se deve explorar o conceito de texto literário e não literário, explicado no quesito “Conhecimentos prévios trabalhados pelo professor com o aluno”.


Feito isso, professor, para cada função da arte você apresentará como modelo um dos poemas abaixo, da seguinte forma:


- FUNÇÃO ESTÉTICA: é a 1ª função da arte. Consiste na busca do belo artístico e não natural, no trabalho da elaboração de peças únicas, inéditas.


EXEMPLO:

Amor é fogo que arde sem se ver


Luís Vaz de Camões


Amor é fogo que arde sem se ver,
é ferida que dói, e não se sente;
é um contentamento descontente,
é dor que desatina sem doer.

É um não querer mais que bem querer;
é um andar solitário entre a gente;
é nunca contentar-se de contente;
é um cuidar que ganha em se perder.

É querer estar preso por vontade;
é servir a quem vence, o vencedor;
é ter com quem nos mata, lealdade.

Mas como causar pode seu favor
nos corações humanos amizade,
se tão contrário a si é o mesmo Amor?


http://pt.wikisource.org/wiki/Amor_%C3%A9_fogo_que_arde_sem_se_ver – [Acesso em 23/10/09]


Recomende também aos alunos a música “Monte Castelo”, do grupo Legião Urbana, que é uma adaptação do poema de Camões. Link: http://www.youtube.com/watch?v=QYXc6ZvD4o0 – [Acesso em 25/09/10].


 Esse poema é lapidado por Camões, de modo a alcançar um belo artístico, mas que não oculta outra intenção senão a de provocar uma sensação estética.

- FUNÇÃO MORALIZADORA: nesse caso, a arte é usada na organização das regras e contratos sociais, com o objetivo de moralizar a sociedade. Ela enfatiza um conceito que deve ou não ser seguido socialmente.

EXEMPLO:


Pronominais


Oswaldo de Andrade


Dê-me um cigarro
Diz a gramática
Do professor e do aluno
E do mulato sabido
Mas o bom negro e o bom branco
Da Nação Brasileira
Dizem todos os dias
Deixa disso camarada
Me dá um ciga rro.


http://recantodasletras.uol.com.br/teorialiteraria/693930 - [Acesso em 23/10/09].


 No caso desse poema, transmite-se a ideia de que há uma gramática normativa que rege o uso da linguagem no Brasil, mas que nem sempre é seguida a rigor. Portanto, o poema trata de uma forma de organização de regras sociais e ao ironizar essas regras, reforça o seu não cumprimento, ou seja, moralizando ao contrário.


- FUNÇÃO LÚDICA: Lúdico quer dizer jogo, diversão, entretenimento, de forma que a arte pode servir como um deleite, arte pela arte.


Velocidade


Ronaldo Azeredo


VVVVVVVVVV
VVVVVVVVVE
VVVVVVVVEL
VVVVVVVELO
VVVVVVELOC
VVVVVELOCI
VVVVELOCID
VVVELOCIDA
VVELOCIDAD
VELOCIDADE


http://www.infoescola.com/literatura/concretismo/ - [acesso em 23/10/09].


- FUNÇÃO COGNITIVA: a arte serve também como transmissora de conhecimento.


Os Lusíadas

Luís Vaz de Camões.

1
As armas e os barões assinalados
Que da Ocidental praia Lusitana,
Por mares nunca dantes navegados
Passaram ainda além da Taprobana,
Em perigos e guerras esforçados
Mais do que prometia a força humana
E entre gente remota edificaram
Novo Reino, que tanto sublimaram;
3
Cessem do sábio Grego e do Troiano
As navegações grandes que fizeram;
Cale-se de Alexandro e de Trajano
A fama das vitórias que tiveram;
Que eu canto o peito ilustre Lusitano,
A quem Neptuno e Marte obedeceram:
Cesse tudo o que a Musa antiga canta,
Que outro valor mais alto se alevanta.

http://www.dcc.unicamp.br/~stolfi/realwork/babelbabble/TheWeapons-p.html - [acesso em 23/10/09].

 Explique aos alunos que esse poema, que faz parte de um todo maior, menciona momentos históricos, como as navegações e os domínios gregos e romanos. Então, por transmitir tais conhecimentos, esse poema pode ser considerado cognitivo. Caracteriza uma arte que transmite conhecimentos e informações.


- FUNÇÃO EVASIVA: a arte constitui um lugar de fuga, devido à insatisfação com a realidade. Geralmente a fuga se dá através de uma arte utópica.


Sino de minha aldeia


Fernando Pessoa


Ó sino da minha aldeia
Dolente na tarde calma
Cada tua badalada
Soa dentro de minh'alma
e é tão lento o teu soar
Tão como triste da vida
Que já a primeira pancada
Tem o som de repetida

Por mais que me tanjas perto
Quando passo sempre errante
És para mim como um sonho
Soas-me na alma distante
A cada pancada tua
Vibrante no céu aberto
Sinto mais longe o passado
Sinto a saudade mais perto.


http://natura.di.uminho.pt/~jj/musica/html/betania-sinoDaMinhaAldeia.html - [acesso em 23/10/09].


 Aqui temos um poema cujo motivo de criação por parte do autor parece estar na intenção de fuga do passado. O ambiente construído no poema é um ambiente de sonho, de irrealidade. A criação literária, portanto, se dá como forma de fuga, a partir da criação de um novo mundo, uma nova realidade, utópica, distante.                    
                                           
                                                                               
- FUNÇÃO CATÁRTICA:
Catársis é um termo grego que significa purificação e pressupõe que se jogue fora o que causa incômodo através da arte. Isso surgiu como o filósofo grego Aritóteles.


Cântico do Calvário

Fagundes Varela


À Memória de Meu Filho
Morto a l l de Dezembro
de 1863.


Eras na vida a pomba predileta
Que sobre um mar de angústias conduzi a
O ramo da esperança. — Eras a estrela
Que entre as névoas do inverno cintilava
Apontando o caminho ao pegureiro.
Eras a messe de um dourado estio.
Eras o idílio de um amor sublime.
Eras a glória, — a inspiração, — a pátria,
O porvir de teu pai! — Ah! no entanto,
Pomba, — varou-te a flecha do destino!
Astro, — engoliu-te o temporal do norte!
Teto, caíste! — Crença, já não vives!
Correi, correi, oh! lágrimas saudosas,
Legado acerbo da ventura extinta,
Dúbios archotes que a tremer clareiam
A lousa fria de um sonhar que é morto!
Correi! Um dia vos verei mais belas
Que os diamantes de Ofir e de Golgonda
Fulgurar na coroa de martírios
Que me circunda a fronte cismadora!
São mortos para mim da noite os fachos,
Mas Deus vos faz brilhar, lágrimas santas,
E à vossa luz caminharei nos ermos!
Estrelas do sofrer, — gotas de mágoa,
Brando orvalho do céu! — Sede benditas!
Oh! filho de minh'alma! Última rosa
Que neste solo ingrato vicejava!
Minha esperança amargamente doce!
(...)


http://www.revista.agulha.nom.br/fvarela.html#calvario – [acesso em 23/10/09]


 Explique aos alunos que o poema abaixo é uma elegia, ou seja, um poema fúnebre ou simplesmente melancólico, em que Varela lamenta a perda de um filho. O poema é uma forma de Varela exteriorizar seus sentimentos, por um processo catártico. A catarse é entendida desde a Grécia antiga como uma forma de purificação de algum mal que aflige ao homem e está muito presente nas tragédias gregas. Encontre maiores explicações sobre o termo no artigo: “Macbeth e o erro trágico: um estudo da atemporalidade shakespeariana”, que se encontra no link: http://unipam.edu.br/cratilo/images/stories/file/artigos/2008_1(revisto)/Macbeth_e_o_ErroTragico.pdf - [Acesso em 25/10/09].

- FUNÇÃO SOCIAL: a arte usada com tom de denúncia, crítica. Ela pode também ser subversiva.


Poema tirado de uma notícia de jornal

Manuel Bandeira

João Gostoso era carregador de feira livre e morava no morro da Babilônia num barracão sem número
Uma noite ele chegou no bar Vinte de Novembro
Bebeu
Cantou
Dançou
Depois se atirou na lagoa Rodrigo de Freitas e morreu afogado.


http://www.sonhosbr.com.br/ler/5556 - [acesso em 22/10/09].


 Diga aos alunos que também há várias músicas com esse olhar de denúncia e críti ca social. Dê como exemplo a música “Admirável gado novo” de Zé Ramalho, http://letras.terra.com.br/ze-ramalho/49361/ - [Acesso em 25/10/09], que tece uma crítica às condiç ões sociais da população. Explique que a mensagem oculta nessas diferentes manifestações artísticas é muito importante para o despertar de uma visão crítica sobre o mundo.


Professor, é importante que fique claro aos alunos que um objeto artístico pode ter mais de uma função. Portanto, um poema, por exemplo, pode ao mesmo tempo transmitir uma informação contextual (Função cognitiva) e produzir um sentimento de beleza em seu apreciador (Função estética).


Outro fator importante é que você deve explora r ao máximo os textos f ornecidos como exemplo, apresentando os seus contextos de produção, suas características principais, além da função.


3ª AULA


Agora, professor, ainda se valendo dos textos já apresentados, peça que os alunos façam por escrito no caderno uma justificativa para a função de cada texto. Isso os levará a pensar sobre o texto, exercitar e memorizar os conhecimentos adquiridos.


4ª AULA


Aqui, professor, você irá apresentar uma atividade que contenha alguns poemas aleatórios. Cabe aos alunos identificar a função subentendida em cada um deles, e construir uma justificativa com argumentos sólidos, justificando a função de cada texto. Esse trabalho dever ser feito em folha aparte e os alunos deverão entregá-lo para avaliação.
Veja os textos que damos como sugestão:


TEXTO 1: Demonstra a função Cognitiva, pois traz informações sobre um momento histórico, referente à escravidão no Brasil.


Navio negreiro


Castro Alves


(...)
IV

Era um sonho dantesco... o tombadilho
Que das luzernas avermelha o brilho.
Em sangue a se banhar.
Tinir de ferros... estalar de açoite...
Legiões de homens negros como a noite,
Horrendos a dançar...

Negras mulheres, suspendendo às tetas
Magras crianças, cujas bocas pretas
Rega o sangue das mães:
Outras moças, mas nuas e espantadas,
No turbilhão de espectros arrastadas,
Em ânsia e mágoa vãs!

E ri-se a orquestra irônica, estridente...
E da ronda fantástica a serpente
Faz doudas espirais ...
Se o velho arqueja, se no chão resvala,
Ouvem-se gritos... o chicote estala.
E voam mais e mais...
(...)

Link: http://www.culturabrasil.org/navionegreiro.htm - [acesso em 08/11/2009].


TEXTO 2: Este texto também tem função lúdica. O aluno deve notar que o autor brinca com as palavras para atingir o efeito lúdico e a mensagem passada é simples, não sendo ela o recurso mais importante a se extrair do poema.

Beba coca cola

Décio Pignatari

beba coca cola
babe cola
beba coca
babe cola caco
caco
cola
c l o a c a

Link: http://www.imediata.com/BVP/Decio_Pignatari/deciobeba.html - [Acesso em 25/10/09].


TEXTO 3: Neste poema, uma elegia, é expresso o lamento do eu - lírico em função da morte da mulher amada. A poesia se torna, portanto, uma forma de expurgação do sentimento de tristeza, tendo função Catártica.

Hão de chorar por ela os cimamomos

Alphonsus de Guimarães

Hão de chorar por ela os cinamomos
Murchando as flores ao tombar do dia
Dos laranjais hão de cair o s pomos
Lembrando-se daquela que os colhia.

As estrelas dirão: - "Ai, nada somos,
Pois ela s e morreu silente e fria..."
E pondo os olhos nela como pomos,
Hão de chorar a irmã que lhes sorria.

A lua que lhe foi mãe carinhosa
Que a viu nascer e amar, há de envolvê-la
Entre lírios e pétalas de rosa.

Os meus sonhos de amor serão defuntos...
E os arcanjos dirão no azul ao vê-la,
Pensa ndo em mim: - "Por que não vieram juntos?"

Link: http://educaterra.terra.com.br/literatura/simbolismo/simbolismo_15.htm - [Acesso em 25/10/09].


TEXTO 4: Este poema expressa a função evasiva, já que demonstra a fuga do poeta em relação à sua dor, através do fingimento.

Autopsicografia

Fernando Pessoa



O poeta é um fingidor.
Finge tão com pletamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.

E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele tev e,
Mas só a que eles não têm.

E assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama coração.

Link: http://www.tanto.com.br/fernandopessoa-autopsicografia.htm - [Acesso em 25/10/09].


TEXTO 5: A construção do poema “A flor e a fonte” demonstra uma grande preocupação com o estético. O ritmo e a musicalidade do poema enfatizam a sua beleza artística.

A Flor e a Fonte

Vicente de Carvalho

Deixa-me, fonte, dizia,
A flor, tonta de terror,
E a fonte, rápida e fria,
Cantava, levando a flor.

Deixa-me, deixa-me, fonte,
Dizia a flor, a chorar.
Eu fui nascida no monte,
Não me leves para o mar!

E a fonte, rápida e fria,
Com um sussurro zombador,
por sobre a areia corria,
Corria, levando a flor.

“Ai, balanços do meu galho,
Balanços do berço meu,
Ai, claras gotas de orvalho,
Caídas do azul do céu!”

“Carícias das brisas leves
Que abrem rasgões de luar,
Fonte, fonte, não me leves,
Não me leves para o mar!”

………

As correntezas da vida
E os restos do meu amor
Resvalam numa descida
Como a da fonte e da flor…

Link: http://www.culturalivre.net/2007/08/25/a-fonte-e-a-flor-vicente-de-carvalho/ - [Acesso em 25/10/09].


TEXTO 6: Esse poema tem função social, pois trata de mazelas presentes na sociedade atual, em tom de denúncia às condições subumanas de vida a que certas pessoas se submetem.

O bicho

Manoel Bandeira

Vi ontem um bicho
Na imundície do pátio
Catando comida entre os detritos.

Quando achava alguma coisa,
Não examinava nem cheirava:
Engolia com voracidade.

O bicho não era um cão,
Não era um gato,
Não era um rato.

O bicho, meu Deus, era um homem.

Link: http://www.revista.agulha.nom.br/manuelbandeira03.html - [Acess o em 25/10/09].


Exercício solicitado para a próxima aula: Para a próxima aula, encomende uma pesquisa escrita em que os alunos deverão encontrar ao menos mais um texto exemplificando cada uma das funções, estética, moralizadora, cognitiva, evasiva, catártica, social e lúdica. Eles ficam livres para procurar em livros, antologias, na internet ou em qualquer outra fonte que julgarem pertinente.

5ª AULA

Esta aula é destinada à apresentação dos resultados de pesquisa dos alunos. Isso se fará por me io de seminários. Os alunos, em círculo, se revezarão na leitura dos textos e explicação encontrados. Cada aluno deve ter a liberdad e de fazer suas colocações e expor seus argumentos sobre os textos e você, professor, de ver se manifestar o mínimo possível, agindo apenas como mediador das discussões. Durante as apresentações, peça que os alunos anotem as informações mais significativas para eles. Esses dados serão retomados por escrito, em um texto dissertat ivo em que cada aluno apresentará o resultado de seu aprendizado, demonstrando com fatos os elementos conceituais que achou mais importante em todo o estudo realizado. Esses textos devem ser feitos em casa, retomados pelos pares para leitura e sugestões, reescritos se for necessário... Deixe que os alunos escrevam quantas versões forem necessárias para que o texto atinja a perfeição que ele julgar necessário. Aproveite para trabalhar os elementos gramaticais e textuais em que os alunos demonstraram mais dificuldade. A sua leitu ra dos textos finais terá o fim de orientar e não apenas marcar ou julgar a escrita boa ou ruim.

Recursos Complementares

1) http://www.youtube.com/watch?v=Ay6MBiIakDs – [Acesso em 24/10/09] – A arte de ver.


2) http://www.youtube.com/watch?v=lCl8N-HmC2A – [Acesso em 24/10/09] – Por que arte?


3) http://www.youtube.com/watch?v=7gpPsyMYV3c – [Acesso em 24/10/09] – História da Composição.


4) http://www.youtube.com/watch?v=PoJHiivtg90 – [Acesso em 24/10/09] – Direcionando o olhar.


5) http://www.youtube.com/watch?v=7LTMcKHUexU – [Acesso em 24/10/09] - Símbolos e emoções

6) http://www2.fcsh.unl.pt/edtl/verbetes/T/texto_literario_texto_nao_lit.htm - [Acesso em 24/10/09] - Textos de cunho literário e não literário.

Avaliação

Professor, essa sequência didática permite que se faça uma avaliação acerca do aproveitamento dos alunos em relação à produção escrita, analisando, em especial, a capacidade que eles têm de expor argumentos sólidos e pertinentes ao diferenciar funções dos textos literários apresentados. É possível julgar também a pertinência da pesquisa apresentada e a desenvoltura do aluno durante a socialização oral de seu ponto de vista.

Por último, peça aos alunos que respondam a um rápido questionário avaliando o nível de satisfação em relação à forma como foi trabalhada essa proposta de aula. Os alunos deverão responder o que aprenderam com as aulas, o que já sabiam a respeito do assunto trabalhado, o que ainda precisam aprender e qual o momento das aulas lhes chamou mais atenção. Deixe espaço para que ele deem sugestões e façam críticas, pois o olhar dos alunos é muito importante para o sucesso da proposta de construção do conhecimento. É indispensável ouvi-los.

Opinião de quem acessou

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