As aulas que aqui serão propostas têm os objetivos de:

Produzir textos narrativos a partir de estruturas já conhecidas.

Conhecer a estrutura de um “causo”.

Produzir um registro de memórias dos “causos” contados e ouvidos.

Refletir sobre a variação linguística e desenvolver um pensamento crítico sobre a língua e seus usos sociais.

Perceber a importância de se estar atento à situação comunicativa (interlocutores, contexto, finalidades e outras circunstâncias de interlocução).

Perceber que as escolhas que feitas ao produzir um discurso não são aleatórias, mas decorrentes das condições em que o discurso é realizado.

Discutir e combater o preconceito linguístico.

Perceber a coexistência de diferentes variantes da língua oral.

Atentar para a necessidade de dominar a variante padrão da língua, para um pleno exercício da cidadania, nas mais diversas situações de comunicação em que essa é exigida.

Estimular a exposição em público, o saber ouvir e o respeito ao outro.

Enriquecer os conhecimentos gramaticais do aluno a partir da reflexão sobre as ocorrências de 'erros' identificados e corrigidos por ele.

Ampliar a capacidade escrita a partir de textos não-verbais.

O aluno precisa compreender que a língua possui duas formas de se manifestar:

. A forma culta, formal, padrão que é a correspondente ao registro utilizado pela elite, é a linguagem do poder, expressa tanto na escrita quanto na fala.
. A forma coloquial, informal que se aproxima da manifestação oral. Além disso, tem uma organização própria e pode variar de acordo com as situações de comunicação e os interlocutores nelas envolvidos.

É importante ressaltar que, por uma questão de extensão territorial, o Brasil possui uma grande variedade linguística que deve ser respeitada, visto que não há como classificar a melhor em detrimento de outra. Não existe um modo correto ou incorreto de se expressar, mas o que é adequado ou não em dada situação de interlocução. Todos os falantes e suas variações linguísticas devem ser respeitados. 

Aula 1: duas aulas de 50 minutos (1 hora e 40 minutos)

Professor, convide seus alunos para um momento ao ar livre, se possível embaixo de uma árvore frondosa. 

Coloque uma música para iniciar o “Cada Caso é um causo”. Se souber tocar um instrumento, faça-o: violão, preferencialmente.
Conte um “Causo” para seus alunos. Não leia. Prepare esse momento com antecedência. Convide um colega professor para contar um outro “Causo” também.

Note que essa atividade com um professor convidado de outra área de conhecimento pode promover uma participação maior dos alunos nessa disciplina em outros momentos na sala de aula.

Pergunte aos alunos o que acharam das histórias contadas. Qual foi a mais interessante ou a mais engraçada? Que temas foram expostos?

Peça que listem as seguintes observações em um Caderno de Memórias e Registros de Causos:

Qual era o nome do “causo”?
Como eram as personagens?
E os lugares descritos?
Que tipo de ação foi desenvolvida nas histórias?
Que tipo de linguagem foi utilizada para narrar a história?
A linguagem interferiu na compreensão da história contada?

Obs: Apesar de ser contado, é necessário que o aluno perceba a importância de se registrar de alguma forma (vídeo, gravação ou texto escrito) a modalidade oral, respeitando as variantes linguísticas para assegurar às futuras gerações que conheçam e conservem a tradição de se contar histórias.

Aula 2: duas aulas de 50 minutos(1 hora e 40 minutos)

Professor, inicie as aulas mais uma vez com o “Cada Caso é um Causo”. Apresente para os alunos uma rádio que conta “causos” durante a sua programação. Para que escolham o causo a ser ouvido, entregue um “cardápio” para cada um escolher. Promova uma votação. O mais bem votado será o ouvido.

www.mpbnet.com.br/musicos/rolandoboldrin/index.html      [Acesso em 05/11/2009]

1.Causo e Moda do Dente
2.Caipira na revolução
3.O Causo do Cemitério
4.O Causo do Zé do Efeito
5.O Causo do Burro
6.Crendices
7.Medo de Injeção
8.Frio nos Cafundó

www.violacaipira.com.br/musicabrasileira/     [Acesso em 30/10/2009]

Depois, divida a turma em duplas e leve-a ao laboratório de informática. Lá, cada dupla ouvirá ou lerá um outro “causo” que não foi ouvido/lido em sala de aula e redigirá uma resenha para colocar posteriormente no “Cardápio de Causos”. Algumas informações sobre como elaborar uma resenha, acesse o link http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html?aula=7482 [Acesso em 05/11/2009]

Eis os “causos” para serem lidos:
1. As Medidas Perdidas
2. Novidade que chega no sertão
3. Historin ha do Zebedeu< br />4. Falta de Assun to
5. O Pr efeito e a Providência
6. Cada Doido com a sua Sabedoria
7. Es meraldo em Estado Inte ressante
8. Confus ão de DOPS com DROPS
9. Cachorrão Amarelo
10. Azarado nem um pouquinho
11. As Marcas da Aparência
12. Dona, cadê a minha viola?
13. Apareceu emprego no sertão
14. Um vaqueiro em apuros

http://www.criareplantar.com.br/ causos/  [Acesso em 30/10/2009]

Depois, esse “Cardápio de Causos” será utilizado como uma forma das pessoas da escola selecionarem o “ causo” que ouvirão pela rádio da escola ou que lerão no jornalzinho da mesma.

Atenção: Os "causos" que não estão sob a forma oral, grave-os para apresentar na rádio da escola. Essa é uma boa prática e quem sabe você não forma um grupo de alunos contadores de histórias? 

Aula 3: duas aulas de 50 minutos (1 hora e 40 minutos)

Professor, convide outro colega professor de outra área do conhecimento para contar um “causo” para os alunos. Leve-os ao o ar livre. Inscreva três alunos no máximo para que contem um “causo” também.

Depois, em sala de aula, peça para que a turma registre os “causos” contados seguindo o roteiro da primeira aula.

Não se esqueça de pedir àqueles que contaram os “causos” que entreguem por escritoo seu "causo" para a coletânea de “causos” da sala. Essa pode se transformar em um livro de registro escrito dos “causos”. O título pode ser o utilizado toda vez que seria a contação de histórias: “Cada Caso é um Causo”.

Peça que os alunos tragam de casa um “causo” contado por alguém da família por escrito. Outras formas de registro além do escrito serão aceitas: gravações, filmagens, fotos.

Aula 4: duas aulas de 50 minutos (1 hora e 40 minutos)

Professor, promova a exposição dos registros escritos dos “causos” em sala de aula. Selecione três para apresentação dos alunos. Se tiver alguma filmagem, passe para os alunos. Caso tenha uma gravação, deixe que os alunos ouçam.

Cada registro escrito entregue deve, inicialmente, ter uma resenha para inseri-lo no “Cardápio de Causos”. Caso os alunos não saibam o que é RESENHA, essa é uam oportunidade para você trabalhar esse tópico com eles. Durante a redação dos textos, acompanhe esse processo, peça a eles que troquem os textos entre si para discutirem a clareza, a concisão, os dados técnicos, a correção gramatical e a informatividade textual. 

Recolha o material e faça uma revisão, deixe as suas sugestões de melhoria das escritas em espaço próprio na folha. Anote os tópicos em que os alunos ainda precisam de uma melhor sistematização e prepare atividades sobre isso. Devolva as resenhas para os alunos e peça que as reescrevam. Acompanhe esse trabalho, pois esse material ficará exposto e os alunos precisam ter claro que a correção gramatical assim como a boa informatividade devem estar asseguradas. Todo texto que é exposto deve respeitar os seus leitores garantindo uma escrita limpa, correta e clara.

Organize com a turma uma visita a alguma casa de idosos de sua localidade. Viabilize tal visita com a direção da escola e da instituição a ser visitada. Peça que os alunos redijam um texto coletivo que seria utilizado para soliciar à direção da escola a autorização do passeio (redigir um REQUERIMENTO), observando a modalidade formal da língua para esse gênero. Faça com eles também uma CARTA (trabalhe a estrutura, a forma e o conteúdo desse tipo de texto) apresentando aos pais a razão do passeio, o local, a data e pedindo autorização para a saída dos filhos. Depois, envie-o para os pais e/ou responsáveis e aguarde a autorização.

Além de promover a interação entre os jovens e os idosos, a visita seria um momento enriquecedor de “causos” a serem co mpartilhados. Os alunos, além de registrarem o momento com fotos, film agens e gravações, poderiam apresentar alguns “causos” que conhecessem para os velhinhos.

Antes de fazê-las, entre em contato com a direção do asilo e pergunte se há algum impedimentos para tais registros. Interessante se fosse produzida uma carta para a direção da instituição fornecendo detalhes sobre os alunos, os objetivos da visita e pedindo autorização para fazer registros em filmagens, fotos e vídeos. 

Você e seus alunos poderiam organizar um lanche coletivo, envolvendo todos: alunos, professor, enfermeiros e idosos..

Aula 5: duas aulas de 50 minutos (1 hora e 40 minutos)

Professor, convide outro(s) professor(es) para acompanhar a turma com você à casa de idosos.

Faça dessa visita um momento inesquecível de ternura, de troca de experiências, de alegrias, tanto para os alunos quanto para os idosos.

Oriente seus alunos para usar o respeito e o carinho com eles e que sejam atenciosos e pacientes com aqueles que já viveram uma vida.

Enfatize o fato de que os idosos necessitam de muita atenção e de alguém que os ouça com carinho e respeito.

Não se esqueça de registrar esses momentos, se for permitido pela direção do asilo, é claro.

Aula 6: duas aulas de 50 minutos (1 hora e 40 minutos)

Professor, pergunte aos alunos o que acharam da visita aos idosos. Peça para os alunos reunirem todos os registros feitos, selecione e transcreva para o registro escrito os “causos” contados pelo pessoal da casa de repouso. Seria bom que essa aula fosse feita no laboratório de informática e que você pudesse contar com recursos para reproduzir os materiais produzidos durante a visita ao asilo.

Agora é o momento de fazer as revisões textuais. Distribua os “causos” registrados na língua escrita e peça para os alunos assinalarem as incoerências ou problemas na ortografia e na pontuação. Peça para que os autor es dos registros façam as correções apontadas.

Aula 7: duas aulas de 50 minutos (1 hora e 40 minutos)

Professor, organize com os alunos uma exposição do trabalho com os “Causos”. 

Faça uma galeria de fotos tiradas no asilo e de todo o projeto.

Organize o “Cardápio de Causos” com os “causos” e suas resenhas, para ser utilizado na escolha dos "causos" a serem ouvidos na rádio da escola.

Transforme a coletânea dos registros dos “causos” escritos em um livro a ser levado pelos redatores (alunos) e a ser doado um exemplar para a biblioteca da escola e quem sabe para os idosos (?).

Veja a possibilidade de que essa exposição seja ao ar livre, no pátio escolar, com a presença de violeiros (alguém da comunidade escolar que possa tocar uma moda de viola e contar um “causo”) ou algum aluno. É sempre muito bom privilegiar os talentos da escola e da comunidade.
Seria um momento de entretenimento, lazer e de cultura popular para os familiares, alunos e escola. Afinal, preservar o momento da história contada é muito importante, não acha?

http://www.digestivocultural.com/blog/[Acesso em 05/11/2009]

Não se esqueça de viabilizar os registros para o jornal e/ou a rádio da escola.

Professor,

Eis algumas sugestões de sites que poderão enriquecer as suas aulas:

http://recantodasletras.uol.com.br/publicacoes.php?categoria=1A - site com inúmeros "causos" [Acesso em 02/11/2009]

http://www.criareplantar.com.br/causos/ - site com "causos" e "estórias populares" [Acesso em 02/11/2009]

http://www.violacaipira.com.br/musicabrasileira/?go=causo - "Causos caipiras' em áudio [Acesso em 02/11/2009]

http://www.paginadogaucho.com.br/caus/ - "Causos" gaúchos [Acesso em 04/11/2009]

http://recantodasletras.uol.com.br/teorialiteraria/596099  - site "Como fazer uma resenha" [Acesso em 04/11/2009]

http://truques-dicas.com/como-fazer-um-relatorio-escrito/ - Como fazer um relatório [Acesso em 04/11/2009]

http://www.faceca.br/bsi/documentos/como_fazer_um_projeto_de_pesquisa.doc  Como fazer um projeto de pesquisa [Acesso em 04/11/2009]

Professor,

O processo de avaliação dessa sequência de aulas deve ser feita de forma contínua e progressiva.
As atividades viabilizam avaliações das competências linguísticas individuais dos alunos. Possibilita também a verificação de como cada um produz seu texto, se identifica as modalidades formais da língua e se fazem as substituições propostas na revisão textual. Deve-se observar e avaliar, principalmente,a capacidade dos alunos em transformarem os registros coloquiais em escritos, que critérios adotaram para tal conversão, se respeitaram ou privilegiaram as variantes linguísticas identificadas nos “causos” contados e/ou ouvidos.
É de suma importância ouvir os alunos na hora da avaliação, para que se descubra realmente o nível de aprendizado que tiveram sobre o assunto específico e a forma como fazem uso da expressão escrita e oral da língua. Além disso, essa é uma prática para ajudar a desenvolver a visão crítica sobre suas ações em termos de propor uma avaliação do que foi positivo e como os pontos negativos devem ser aprimorados.