Esta aula é a oitava de uma seqüência de 12 aulas que têm como objetivo geral integrar os conteúdos sobre a água, o ar e o solo com a fisiologia vegetal no ensino fundamental. Assim os conceitos centrais desses conteúdos são trabalhados de forma que os alunos possam compreendê-los como componentes abióticos dos ambientes que estão em permanente interação com os elementos vivos (componentes bióticos). A integração desses conteúdos se dá visando a compreensão da vida vegetal nas relações que as plantas estabelecem com a água, o ar e os solos para realizarem o processo da fotossíntese. Neste bloco de aulas a fotossíntese deve ser compreendida como um processo de transformação de substâncias do ambiente em matéria orgânica. Outro objetivo geral subjacente a este bloco refere-se à compreensão da Ciência como artefato humano. Assim, também são apresentados elementos de história da Ciência e experimentos, valorizando o confronto de idéias de antigos cientistas com a interpretação que os alunos fazem sobre o que observam durante as atividades práticas. No caso específico desta oitava aula o aluno poderá identificar a presença de substâncias que são produzidas no interior das plantas e aprender que elas podem estocar amido como uma reserva de energia e que dependem da luz para produzi-lo.

Esta aula deve ser introduzida com a sua questão título: O que as plantas fazem com o que absorvem? Elas são capazes de produzir substâncias? De acordo com a sequência de aulas do bloco, até a aula anterior os alunos devem ter compreendido relações entre as plantas e substâncias que estão no ambiente (ar, água solo). Nesta aula o professor deve propor que os alunos pensem nas substâncias que estão dentro do corpo das plantas. Então o aluno deverá saber que existe água circulando no interior do corpo das plantas e que elas realizam trocas gasosas com o ar que as rodeia. A ideia é que a partir daí os alunos possam pensar sobre como se formam as substâncias que estão dentro do corpo da planta, focalizando o amido.

Esta aula pode ser realizada em dois momentos: um experimento integrado a discussões e um estudo dirigido. No experimento os alunos poderão identificar a presença de amido em alimentos de origem vegetal. No estudo dirigido, os alunos poderão relacionar a produção de amido nas folhas com a presença da luz no ambiente.

Atividade 1: Experimento

Nesse momento, o professor pode, inicialmente, propor que os alunos identifiquem algumas substâncias que existem no interior das plantas. O professor pode pedir que os alunos distingam se as plantas absorvem essas substâncias ou se elas produzem-nas. Os alunos devem escrever em seu caderno alguns exemplos onde é possível encontrar essas substâncias nas plantas. O professor deverá chamar a atenção para o açúcar (glicose), facilmente identificado pelo nosso paladar e, então, explicar que existe uma substância na planta, um tipo de açúcar também, que pode ser identificada em laboratório.

Em laboratório, o professor dividirá a turma em grupos e disponibilizará todo o material para cada grupo. Se a escola não apresentar um laboratório, essa atividade poderá ser feita em sala de aula.

Material:

Alimentos diversos (ver sugestões na tabela)
Placas de Petri
Tintura de iodo

O professor pedirá que os alunos assinalem com a letra “A” se o alimento for de origem animal e “V” se o alimento for de origem vegetal.

Procedimento:

Pingar uma gota de tintura de iodo em cada placa de Petri e anotar o resultado obtido na tabela. (veja na tabela as respostas esperadas)

Após a realização do experimento e a interpretação dos dados da tabela, os alunos responderão algumas perguntas, como por exemplo:

1) O que os alimentos que tiveram a cor do iodo alterada tem em comum?

Resposta: Eles possuem amido.

Comentário: Com este simples experimento os alunos aprendem a diferenciar, pela presença do amido, alimentos de origem vegetal de alimentos de origem animal. Nesse momento, o professor pode dar mais detalhes dessa molécula à turma. Ele pode dizer que é um tipo de açúcar bem maior que a glicose, pois é formado por várias moléculas de glicose ligadas umas às outras. Para melhor compreensão, a comparação com um cordão de contas é bem válida, as contas seriam as moléculas de glicose e todo o cordão equivale ao amido.

O professor também pode usar o resultado do experimento para problematizar o iodo como marcador de amido, perguntando aos alunos porque o iodo muda de cor em todos os alimentos que têm amido.

2) Por que em alguns alimentos o iodo ficou com cor alterada e em outros não?

Espera-se que os alunos respondam que é porque o alimento contém amido a partir da interpretação dos dados da tabela.

3) Em que órgãos da planta podemos encontrar essa substância?

Resposta: Sementes, Fru tos, Caule e Raiz.

Problematização

N esse momento, o prof essor pode voltar à ta bela e pedir para os alunos identificarem quais são os órgãos dos vegetais que contém amido (sementes, frutos, caule e raiz). Dessa forma, os alunos aprendem que esses órgãos das plantas fazem um estoque de glicose para as células e podem ser comestíveis e muito saborosas. Outros exemplos podem ser dados (cenoura, batata doce, beterraba). O professor também pode aproveitar para destacar a importância e a abundância dos alimentos de origem vegetal na alimentação do dia-a-dia, relacionando-os com a ideia de fonte de energia.

4) Essa substância é absorvida ou produzida pelas plantas?

Resposta: Produzida.

Por não estar no ambiente fora do corpo das plantas, os alunos chegam à conclusão que essa molécula é fabricada pelas plantas.

Problematização

A partir das respostas dos alunos, o professor pode interrogar como e onde essa substância é produzida dentro da planta. Como na tabela não há a presença de folhas, uma questão pode ser lev antada: será que as folhas contem amido? A partir desse questionamento, o professor pode aplicar um estudo dirigido sobre a presença de amido nas folhas.

Atividade 2: Estudo Dirigido

O professor também pode aproveitar as folhas formadas com a prática de germinação da aula anterior a essa sequência, utilizando as folhas mantidas no escuro com terra úmida e folhas mantidas na luz com terra úmida. Com quatro dias de antecedência da aula, colete as folhas e marque cada uma com um corte diferente, um triângulo e um círculo, por exemplo:

(CECISP, 1980)

Para retirar os pigmentos (clorofila), ferva as folhas e coloque-as, separadamente, em álcool. Quando elas ficaram pálidas o teste já pode ser realizado em sala de aula.
Mostre aos alunos o álcool onde as folhas ficaram, perguntando:

1) O que houve com o álcool e as folhas?

Resposta: O álcool ficou verde e as folhas sem cor.

Comentário: O professor pode explicar que o álcool retirou o pigmento verde das folhas, denominado clorofila. Esse pigmento é o responsável por captar a luz para fotossíntese.

Procedimento:
Jogue o álcool fora e pingue a tintura de iodo nas duas folhas. Observe o resultado.

2) O que aconteceu com o iodo? O que isso quer dizer?

Resposta: O iodo da folha que ficou no escuro não mudou de cor, mostrando que não contem amido e o iodo da folha que ficou no claro ficou preto/roxo, mostrando que contem amido.

Comentário: É importante mostrar aos alunos que a ausência de amido se deve à ausência de luz. Ou seja, na folha onde não ocorreu fotossíntese não ocorreu também a formação de amido.

3) As plantas precisam de luz para fabricar materiais nutritivos?

Resposta: Sim.

4) Qual a relação entre o amido e a fotossíntese?

Resposta: O amido é formado com a glicose que é produzida na fotossíntese.

Comentário: Os alunos verificam que o amido só é fabricado na presença de luz e funciona como uma reserva nutritiva, que pode ser utilizada pela própria planta e também por animais e pelo homem na alimentação.

O professor pode enriquecer a aula baseando-se em outros materiais didáticos sobre a identificação de amido:

Roteiro da atividade do amido:

http://www.projetofundao.ufrj.br/biologia/images/materiais/roteiro_da_atividade_do_amido_luiza_balster.pdf

Artigos:

Leitura recomendada sobre ensino por investigação:

LIMA, M.E.C.C.; DAVID, M.A.; MAGALHÃES, DE W.F. Ensinar Ciências por Investigação: Um Desafio para os Formadores. Química Nova na Escola, n. 29. p. 24-29, 2008.
Disponível em:
http://qnesc.sbq.org.br/online/qnesc29/06-RSA-7306.pdf

Leitura recomendada sobre experimentação problematizadora:

FRANCISCO JR., W.E.; Ferreira, L.H.; HARTWIG, D.R. Experimentação Problematizadora: Fundamentos Teóricos e Práticos para Aplicação em Salas de Aula em Ciências. Química Nova na Escola, n. 30. p. 34-41, 2008.
Disponível em:
http://qnesc.sbq.org.br/online/qnesc30/07-PEQ-4708.pdf

Livros:

Centro de Treinamento para Professores de Ciências Exatas e Naturais de São Paulo (CECISP). Ciências Ambientais para o 1º Grau 7ª e 8ª Séries. O homem e as plantas. Ed. CECISP. São Paulo; 1980.

O professor poderá avaliar os alunos pela participação, o que pode incluir bom comportamento em grupo, interesse e cuidado na realização do experimento. A avaliação pode ser feita também pelas respostas dos alunos ao estudo dirigido, recolhido após a aula.