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Crônica, conhecimento de mundo e sentido

 

02/12/2009

Autor e Coautor(es)
Joseli Rezende Thomaz
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JUIZ DE FORA - MG Universidade Federal de Juiz de Fora

Maria Cristina Tavela Weitzel

Estrutura Curricular
Modalidade / Nível de Ensino Componente Curricular Tema
Ensino Fundamental Final Língua Portuguesa Análise linguística: processos de construção de significação
Dados da Aula
O que o aluno poderá aprender com esta aula

O objetivo desta aula é promover a leitura e a interpretação de textos, duas crônicas, cujas temáticas enfocam a dificuldade de relacionamento entre pessoas devido à falta de conhecimento de mundo. Além de discutir o papel do conhecimento de mundo nas relações interpessoais, pretende-se levar o aluno a perceber a sua importância na produção da coerência textual.

Duração das atividades
4 horas/aula
Conhecimentos prévios trabalhados pelo professor com o aluno

Aulas elaboradas para alunos do 8° ano do ensino fundamental, preferencialmente com conhecimentos sobre o gênero crônica.

Estratégias e recursos da aula
                   

Aulas 1 e 2

Professor, inicialmente faça uma sondagem na turma, verificando a experiência dos alunos em relação ao jogo de futebol. Motive-os perguntando sobre seus clubes, se são torcedores fanáticos ou se têm apenas simpatia por algum time. Verifique se eles conhecem times de outras regiões brasileiras, especialmente do Rio Grande do Sul. E se conseguem descrever como é a camisa dos clubes, os escudos, os mascotes. Pergunte se sabem quais são as cores do Internacional e do Grêmio. Pergunte, também, se sabem os nomes de alguns estádios, como o Mineirão, o Maracanã, o Beira Rio, etc. Faça uma pequena lista no quadro- de- giz (ou branco) dos times, cores e estádios citados. Outro detalhe muito importante: leve-os a explicitar algumas regras de futebol, mas ponha ênfase na regra do impedimento, já que alguns podem não conhecê-la. Simule o impedimento, colocando alguns alunos à frente da sala, para facilitar a compreensão dessa regra.

Em seguida, distribua o texto Choque cultural, de Luis Fernando Veríssimo e as folhas com as atividades que serão feitas por escrito.

Professor: inicialmente os alunos farão uma leitura silenciosa. Em seguida, você fará uma leitura bem expressiva, em voz alta, dramatizando as falas de Márcio e de Bete. Ao final, se julgar interessante, deixe que três alunos leiam, fazendo os papéis do narrador, do Márcio e da Bete.

CHOQUE CULTURAL

Todos ficaram preocupados quando o Márcio e a Bete começaram a namorar porque cedo ou tarde haveria um choque cultural. Márcio era louco por futebol, Bete só sabia que futebol se jogava com os pés, ou aquilo era basquete? Avisaram a Bete que para acompanhar o Márcio era preciso acompanhar a sua paixão e ela disse que não esquentassem, iria todos os dias com o Márcio ao Beira Mar, se ele quisesse.
- Beira Rio, Bete...
Naquele domingo mesmo, Bete estava com Márcio no Beira Rio, pronta para torcer ao seu lado, e quase provocou uma síncope em Márcio quando tirou o casaco do abrigo.
- O que é isso?!
Estava com a camiseta do Grêmio, em marcante contraste com o vermelho que Márcio e todos à sua volta vestiam. Desculpou-se. Disse que pensara que se pudesse escolher uma camiseta que combinasse com a roupa e...
Está bem, está bem – interrompeu o Márcio. – Agora veste o casaco outra vez.
- Certo – disse Bete, obedecendo. E em seguida gritou “Inter!”, depois virou-se para o Márcio e disse: - O nosso é o Inter, não é?
- É, é.
- Inter! Olha, eu acho que foi gol!
- O jogo ainda não começou. Os times estão entrando em campo.
Bete agarrou-se ao braço de Márcio.
- Você vai me explicar tudo, não vai? Gol de longe também vale três pontos?
- Não. Vale dois. O que que eu estou dizendo? Vale um.
Mas Bete não estava mais ouvindo. Estava acompanhando um movimento no gramado com cara de incompreensão.
- Pensei que em futebol se levasse a bola com o pé.
- É com o pé.
- Mas aquele lá está levando embaixo do braço.
Márcio explicou que aquele era o juiz, e que estava levando a bola embaixo do braço para o centro do campo, onde iniciaria o jogo. Não, os outros dois não estavam ali para evitar que tirassem a bola das mãos do juiz, como no futebol americano. Eles eram os auxiliares do juiz. O que os auxiliares faziam?
- Bom, quando um dos auxiliares levanta a bandeira, o juiz dá impedimento.
- E o que o auxiliar faz com o impedimento?
Márcio suspirou. Foi o primeiro dos 117 suspiros que daria até o namoro acabar duas semanas depois. Explicou:
- Os auxiliares sinalizam para o juiz que um jogador está em impedimento, isto é, está em posição irregular, im pedido de jogar, e o juiz apita.
- Meu Deus!
Márcio olhou para Bete. O que fora?
- O juiz apita?! – perg untou Bete, com os o lhos arregalados.
- É. O juiz sopra um apito. Aquilo que ele tem pendurado no pescoço é um apito.
- Ah.
Bete sentiu-se aliviada. Por alguns instantes, a idéia de um homem que apitava, sabia-se lá por que mecanismo insólito, quando lhe acenavam uma bandeira, parecia sintetizar toda a estranheza daquele ambiente em que se metera, por amor. Ele não apitava. Soprava um apito. Era diferente.
Mas Bete notou, pela cara do Márcio quando ela disse “Ah” , que estava tudo acabado.

                       VERÍSSIMO, L.F. A eterna privação do zagueiro absoluto. Rio de Janeiro: Objetiva, 1999

Professor: faça as perguntas abaixo aos alunos, oralmente.
1) Qual é o tema do texto?
2) Qual é a relação desse tema com o título?
3) Segundo os amigos, o que Beth deveria fazer para conquistar o namorado?
4) O que significa a expressão “esquentassem” quando Bete diz para os amigos “que não esquentassem”.
5) Bete conseguiu atingir o seu propósito de conquistar o Márcio? Por quê?
Agora, remeta os alunos à folha de atividades. Faça um quadro no quadro-de-giz e desenvolva com eles a atividade 1. As demais deverão ser discutidas e depois eles responderão, por escrito, individualmente.
1) Durante a partida, Bete não “dava uma dentro”. Preencha um quadro com os “foras” que a Bete deu.

2) Qual seria o principal motivo de a Bete ter dado tantos “foras”?

3) Quanto a vocês, lembram-se do início dessa aula? Todos teriam compreendido os “foras” da Bete - e consequentemente o texto - se não tivéssemos discutido sobre o futebol antes da leitura?

Professor: nesse ponto, explique aos alunos que o que faltou à Bete pra se entender com o Márcio foi um tipo de conhecimento chamado conhecimento de mundo. Sua falta pode ocasionar dificuldades nas relações pessoais/sociais e também pode nos impedir de entender um texto (o que teria acontecido com alguns colegas se não fosse a interferência do(a) professor(a)).

Para seu embasamento, leia o texto abaixo.


Conhecimento de mundo
• Adquirido pela experiência do dia a dia, são armazenados na memória em blocos (modelos cognitivos). São eles:
- frames (conhecimento armazenado em rótulos, sem ordenação entre eles): Carnaval, Natal
- esquemas (conhecimento armazenado em seqüência temporal ou causal): funcionamento de um aparelho, por exemplo.
- planos (conhecimento de como agir para atingir um objetivo): vencer uma partida de xadrez.
- scripts (conhecimentos sobre modos de agir altamente estereotipados em dada cultura): rituais religiosos; fórmulas de cortesia (“aparece lá em casa”, “não some não”); praxes jurídicas, parlamentares.
• Também faz parte desse processo conhecer os esquemas textuais, como o conhecimento acerca das tipologias e gêneros textuais. Exemplo: distinguir uma piada de uma receita ou de um conto de fadas.
• Além do conhecimento adquirido pela experiência, ainda existe o conhecimento dito científico, aprendido nos livros e na escola.
                              (KOCH, I. V. & TRAVAGLIA, L. C. A coerência textual. São Paulo: Contexto, 2001)

Obs.: O futebol é um frame, mas uma partida de futebol segue um script, que é o enfatizado na crônica.

Professor: agora continue a elaboração das atividades.

4) Use a sua criatividade e crie um diálogo no qual Bete dá um novo fora com relação ao jogo de futebol.

5) Releia o trecho do texto: “ Márcio suspirou. Foi o primeiro dos 117 suspiros q ue daria até o namor o acabar duas semana s depois.” Explique a causa de tantos suspiros do personagem Márcio.

6) Abaixo existem dois trechos do texto onde aparece a expressão tudo. Ex plique o que cada um a quer dizer. Em outras palavras: a que essas expressões se referem?

               "- Você vai me explicar tudo, não vai? Gol de longe também vale três pontos?"

               "Mas Bete notou, pela cara do Márcio quando ela disse “Ah” , que estava tudo acabado."

7) Marque a resposta correta.

Após a leitura e a discussão do texto, podemos concluir que:

( ) Bete não tinha conhecimento nenhum sobre futebol e Márcio nem tentou ensinar tudo a ela. Nas entrelinhas pode-se entender que o namoro acabou porque Márcio pensa que conhecimento de mundo só se aprende na escola.
( ) Bete demonstrou boa vontade em aprender tudo sobre futebol. Márcio também estava disposto a ajudar, mas os questionamentos eram tantos que Márcio acabou desistindo do namoro. Faltou à Bete um tipo de conhecimento que se chama conhecimento de mundo.
( ) Para que o namoro desse certo, seria preciso que Bete se esforçasse mais para adquirir um conhecimento sobre futebol, coisa que Márcio não estava nem um pouco a fim de ensinar a ela.

Para casa

Leia a biografia de Luis Fernando Veríssimo no endereço eletrônico  http://educacao.uol.com.br/biografias/ult1789u487.jhtm . .
Anote em seu caderno os seguintes dados: onde ele nasceu, a importância de seu pai no cenário literário brasileiro, onde estudou na adolescência, o primeiro livro publicado e o sucesso editorial que o tornou conhecido nacionalmente. A partir desses dados, escreva uma brevíssima biografia de Veríssimo, em folha à parte.


Aulas 3 e 4

Professor: corrija os exercícios da aula anterior. Recolha a atividade feita em casa, para correção. Em seguida, distribua o texto e a folha de atividades.

Professor: antes da leitura, motive seus alunos, perguntando se eles costumam “papear” na Internet; se dialogam apenas com pessoas conhecidas; se já conversarem com estranhos ou se conhecem alguém que já fez isso. Pergunte se já ouviram falar nos sites de relacionamento para pessoas que buscam um namorado(a) e o que pensam a respeito ( se acham seguro, por exemplo). Aproveite a oportunidade e faça um alerta sobre alguns cuidados que se deve tomar na Internet (segurança/confiabilidade, etc).

Após essa discussão, lance o desafio: quem já ouviu falar de James Dean?
É muito provável que ninguém o conheça. Portanto, mostre aos alunos a foto colorida do ator, disponível no endereço
http://www.fanpix.net/picture-gallery/349/1390349-james-dean-picture.htm

james I

Já em http://www.allposters.com/-sp/Rebel-Without-a-Cause-Posters_i936992_.htm você encontra um cartaz do filme “Rebel Without a Cause” (traduzido para o português como “Juventude transviada”).

james II

Enquanto projeta as imagens, vá relatando algumas passagens da vida do ator. Selecione essas informações no site http://pt.wikipedia.org/wiki /James_Dean  

James Dean é um mito do cinema, e, como se sabe, os mitos são eternos.
Entre as informações, há duas muito interessantes para os alunos, porque têm muito a ver com a atualidade: o u so de camiseta e calça jeans e a expressão bastante usual “rebelde sem causa”, que é o título em inglês de um filme protagonizado por Dean, cuja tradução para o português foi Juventude transviada. Muito provavelmente você vai ter que explicar o termo “transviada”. Portanto se informe a respeito.

Converse também um pouco sobre as diferenças entre gerações. Por exemplo, hábitos, comportamentos, gostos que eram comuns na geração dos avós e que hoje as pessoas não conhecem ou não praticam mais.

Após essa discussão, passe à leitura do texto.


O DA FOTO

Pequena história para ser catalogada sob “Gerações - abismo entre”.
Ela com 18 anos, ele bem mais velho. Mas no seu chat pela internet os dois tinham mentido. Ela dissera “mais de 20”, ele “menos de 35”. Ela se descrevera como romântica, carinhosa e um pouco teimosa. Ou, como dizia a sua mãe, “cabeça dura”. Ele fora mais vago: era sincero, amigo dos amigos, talvez um pouco obsessivo. Ela gostava de frutos do mar, rock e algumas novelas. Ele Chico e Caetano, e só ligava a TV para ver as notícias e o futebol.
Depois de algumas semanas, em que tinham descoberto alguns gostos e desgostos em comum, marcaram um encontro num bar. E trocaram fotografias.
Ela chegou no bar primeiro. Olhou em volta, procurando um rosto que correspondesse ao da fotografia que ele mandara. Ele ainda não estava lá. Ela pediu uma Coca Dieta e ficou olhando para a fotografia. Pensando: tirei a sorte grande. Gostamos das mesmas coisas. Rimos das mesmas coisas. E ele, ainda por cima, tem esses olhos azuis.
Um homem parou ao lado da mesa e disse:
- Olá.
Ela levantou os olhos. Não era ele. Disse:
– Alô...
– Sou eu – disse o homem.
Não era ele. Ou não era o da fotografia.
– Desculpe – disse ela. – Estou esperando alguém que...
– Sou eu – repetiu o homem. E disse seu nome.
– Mas esta fotografia... – mostrou ela.
– É do James Dean.
– Quem?
– James Dean. O ator.
O homem não era feio. Ou pelo menos não era repugnante. Mas era mais velho do que o da foto. E não tinha olhos azuis.
– Pensei que você fosse achar engraçado – disse ele.
– Achar o que engraçado?
– Eu mandar uma foto do James Dean em vez da minha.
– Por que eu acharia engraçado?
– Era uma brincadeira. Você logo ia ver que não era eu, que eu estava me
autoironizando e...
O homem desistiu no meio da frase. Viu pela expressão no rosto dela que ela não estava entendendo nada. Perguntou:
– Você não reconheceu o James Dean, é isso?
– Eu não sei quem é o James Dean.
– Tá – disse o homem.
E sentou-se. Ainda conversaram um pouco, sem muito entusiasmo. Ela tentando esconder a decepção porque ele nem se parecia com o da foto. Ele pensando: que futuro eu posso ter com alguém que não sabe quem foi o James Dean? Com alguém do outro lado do abismo?
– Ele pagou pela Coca, apesar dos protestos dela, se despediram e nunca mais se viram.

                             (Veríssimo, O GLOBO, 7 de junho de 2009)

Atividades para serem feitas em dupla, por escrito.

1) Quem é “o da foto” a quem o título se refere?

2) Releia o 1º parágrafo, transcrito no quadro abaixo.

Pequena história para ser catalogada sob “Gerações - abismo entre”.


O autor sugere que a história contada na crônica poderia ser catalogada. Explique:
a) O que é catalogar?
b) Você já entrou numa locadora de filmes? Como eles são catalogados?
c) Supondo que numa biblioteca tivesse uma seção de catalogação de crônicas, c omo a crônica de Verí ssimo seria catalogada, segundo a sugestão do próprio autor?
d) Como você catalogaria a crônica “Choque cultural”?

3) Os dois personagens da crônica mentira m durante o relacionamento on-line. Quais as características que a moça atribuía a si mesma?

4) A moça se dizia “um pouco teimosa”, enquanto a mãe a chamava de “cabeça-dura”. Podemos considerar que as expressões “teimosa” e “cabeça-dura” são sinônimas. Mas nesse contexto?, ao chamar a filha de “cabeça-dura”, o que a mãe quis realçar?

5) O fato de ser considerada “cabeça-dura” pela mãe poderia ter alguma relação com o hábito de a moça se relacionar na Internet ?

6) O homem se diz “sincero”. Na sua opinião, ao mandar uma foto que não era a dele, o homem teria sido sincero?

7) Segundo o homem, ele quis fazer uma brincadeira, mandando uma foto do James Dean, certo de que ela reconheceria o ator. Ainda segundo a sua opinião, há outra hipótese para a atitude do homem?

8) A moça pensava: “tirei a sorte grande”. O que ela quis dizer?

9) O encontro pessoal provocou em ambos uma decepção. Por que a moça se decepcionou?

10) Marque V ou F.

Com relação à decepção sofrida pelo homem, pode-se dizer que:

( ) a diferença entre as gerações (a dele e a dela) foi decisiva para o término do relacionamento. Faltou à moça, neste caso, um conhecimento de mundo fundamental para as exigências do homem: saber quem era James Dean.
( ) a brincadeira criada pelo homem possibilitou que ele enxergasse o abismo que havia entre eles. Um abismo criado pela diferença entre gerações. Para o homem, não haveria possibilidade de conviver com alguém que não conhece James Dean.

Avaliação

Depois de muitas críticas recebidas no meio futebolístico, Dunga superou a fase turbulenta com a mesma força e coragem que sempre demonstrou de chuteiras nos pés.

Leia, abaixo, a crônica de Veríssimo sobre o atleta Dunga. Em seguida, levante as informações que não fazem parte do seu conhecimento de mundo, e que possam ter interferido na melhor compreensão do texto. Pesquise-as, buscando se informar em fontes confiáveis. Feito isso, faça um quadro, colocando de um lado as dúvidas e do outro as soluções. A avaliação poderá ser feita em dupla, em casa, com apresentação oral posterior, em sala de aula.

OS DUNGAS

Depois do Júlio todos os governantes de Roma passaram a ser césares, e "césar" - na forma de kaiser, tzar, etc. - ficou nome genérico, como um dia "dunga" também será. Os times terão zagueiros, laterais, médios, "dungas" e atacantes, e jogadores em estados ainda por nascer descreverão sua função ou sua ambição como "de dunga" - dunga pela direita, dunga pela esquerda, dunga avançado, dunga recuado... Havia dungas antes do Dunga, como houve césares antes de César, mas o protótipo dos dungas que virão é esse nosso, que aproveita comemoração de gol para dar bronca.
Todos os melhores times do mundial têm o seu dunga, de uma forma ou de outra. Ou são jogadores que galvanizam o time com sua própria energia e empenho, e bronca, ou são os destruidores que liberam os companheiros para a criação, garantindo o rebote. Os franceses têm o Deschamps, os italianos têm o Dino Baggio, os alemães têm o Hamann, os argentinos têm o Veron... Marcel Desailly, o zagueiro francês que é possivelmente o melhor jogador da Copa de 98, e Matthaeus, o mítico alemão que tiraram da cadeira de rodas e escalaram para dar vergonha ao time, têm credenciais para o título, mas são menos dunga do que Deschamps e Hamann. Justamente porque são brilhantes e têm certas pretensões estéticas, além do coração e da coragem, o que os desqualifica como dungas autênticos. A dungalogia tem suas sutilezas.
Os dungas são os caroços do time. Já não se concede um time só polpa, por melhor que seja a polpa. Até no Brasil, que custou a aceitar a sua inevitabilidade, dá-se ao dunga o que é do dunga. O caroço dá forma ao time, garante a continuidade da sua alma e quebra os dentes de quem o ataca. Nenhuma seleção sem um dunga passou das oitavas.

                      ( Veríssimo, L. F. A eterna privação do zagueiro absoluto. Objetiva: Rio de Janeiro, 1999)

Opinião de quem acessou

Quatro estrelas 2 classificações

  • Cinco estrelas 1/2 - 50%
  • Quatro estrelas 0/2 - 0%
  • Três estrelas 1/2 - 50%
  • Duas estrelas 0/2 - 0%
  • Uma estrela 0/2 - 0%

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Opiniões

  • jose amauri frota, EEFM ESTADO DO PARANÁ , Ceará - disse:
    frotajose@ig.com.br

    25/09/2012

    Três estrelas

    gostei muito. é sempre necessário educar para a leitura não somente de palavras, mas também de imagens. devemos sempre insistir que a linguagem é algo amplo e que o aluno deve procurar sempre orientar o seu conhecimento em busca de compreender a diversidade de signos presentes na sociedade.


  • Myrna, E.E. Antônio Clemente , Minas Gerais - disse:
    myrnarochatib@yahoo.com.br

    30/08/2010

    Cinco estrelas

    Muito bom !!! Gostaria de outras sugestões para trabalhar com a lunos do 3º ao 5º ano. Ficaria muito grata se me desse retorno. Tenha uma ótima tarde ! Myrna


Sem classificação.
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