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Metáforas literárias e cotidianas

 

02/12/2009

Autor y Coautor(es)
Joseli Rezende Thomaz
imagem do usuário

JUIZ DE FORA - MG Universidade Federal de Juiz de Fora

Maria Cristina Tavela Weitzel

Estructura Curricular
Modalidad / Nivel de Enseñanza Disciplina Tema
Ensino Fundamental Final Língua Portuguesa Análise linguística: processos de construção de significação
Datos de la Clase
O que o aluno poderá aprender com esta aula

O objetivo desta aula é propiciar uma reflexão sobre o uso literário da metáfora, fazendo com que o aluno desvende e se aproprie desse recurso linguístico que nos permite associar ideias. Além disso, pretende-se levá-lo a perceber que os processos figurativos não são exclusivos dos poetas; eles estão presentes o tempo todo no nosso dia a dia.

Duração das atividades
4 horas/aula
Conhecimentos prévios trabalhados pelo professor com o aluno

Aulas elaboradas para alunos do 8° ano do ensino fundamental que já tenham experienciado uma ampla e prazerosa leitura de poemas, incluindo-se aí a exploração de recursos da linguagem poética, tais com a rima, o ritmo, as assonâncias, as aliterações, as associações de imagens, entre outros. Consulte a aula “Fruição poética: a leitura de poemas”.

Estratégias e recursos da aula

Aula 1


Professor: adiante aos alunos o tema da aula, dizendo a eles que você vai promover um estudo que contempla a associação de ideias na promoção de sentidos. Para tanto, você irá iniciar o trabalho, buscando interpretar, em conjunto e livremente, o sentido para duas obras de arte do artista Marc Chagall. Sabe-se que todo artista, ao criar a sua obra, tem uma intencionalidade; no entanto, ao visitá-la, cabe a nós abrir os sentidos, buscando criar uma narrativa pela associação das imagens que eles nos propõem. E, se possível, trazendo para essa interpretação outros elementos de que dispomos naquele dado momento.

Leia para os alunos a breve biografia de Chagall, abaixo.

Marc Chagall nasceu em 1887, na Rússia. Vindo de uma família pobre, era o mais velho de nove filhos. Cresceu numa comunidade judaica da Europa Oriental, que sofria perseguições e ameaças de violência oficial e não oficial.
Chagall criou em seus quadros um mundo colorido de mitos, estranhas criaturas e cenas revestidas de uma atmosfera de sonho. Morreu em 1985, aos 97 anos.

No site http://educacao.uol.com.br/biografias/marc-chagall.jhtm  

você encontrará uma biografia mais completa, com foto do artista.

Nos dados da biografia, podemos salientar aquele que diz que “Chagall criou em seus quadros um mundo colorido de mitos, estranhas criaturas e cenas revestidas de uma atmosfera de sonho”. Além do elemento temático de fundo onírico (de sonho), ele também procurou refletir, em várias obras, profundas raízes afetivas e culturais.
Associando esses dados aos títulos das telas e às imagens, analise as obras, compondo com seus alunos uma possível narrativa para cada uma delas.

A primeira você pode encontrar no site  http://catalogue.gazette-drouot.com/images/perso/full/LOT/58/1837/8.jpg

chagal I

“Maternité” (“Maternidade”), de Marc Chagall, 1954. Litografia, 67x51,52cm


Questões:
1) Qual é o título da obra?
2) Que elementos presentes nela remetem ao título?
3) Olhando a imagem com mais atenção que outros elementos podemos perceber?
4) No conjunto da obra, pode-se dizer que há uma tranquilidade no ambiente?
5) Na sua opinião, a tranquilidade do ambiente tem a ver com a maternidade?
6) Levando em consideração os dados fornecidos sobre Chagall, expresse as suas impressões sobre a obra, respondendo:
a) A imagem sugere um mundo de sonho? Explique.
b) O artista reflete suas raízes afetivas e culturais? Explique.

A segunda obra, abaixo, está disponível no endereço

http://translate.google.com.br/translate?hl=pt-BR&sl=es&u=http://www.foroxerbar.com/viewtopic.php%3Ft%3D6293&ei=e2n3SqqxH4- -

chagal

“Promenade” (“Passeio”) de Marc Chagall, 1917-18. Pintura a óleo, 99x68cm

Questões:
1) Qual é o título da obra?
2) Que elementos presentes nela remetem ao título?
3) Observando a tela, poderíamos fazer alguma relação entre o jovem casal e a capela, ao fundo?
4) O que representam as cores azul e branca na parte superior d o quadro?
5) A obra é de 1917-18, anos muito conturbados, de guerra . Comparando o cenário real com a tela, poderíamos dizer que esta cena está “revestida de uma atmosfera de sonho”? E se não houvesse guerra à época, mesmo assim poderíamos dizer que a obra nos dá uma sensação de sonho?

Aula 2
Professor: relembre aos alunos alguns aspectos da aula anterior, completando que não é possível definir com precisão o que o artista quis expressar ao produzir sua obra, a menos que nos dirigíssemos diretamente a ele ou que fizéssemos cursos especiais em História da Arte. Neste último caso, talvez nos aproximássemos da sua intencionalidade. Acrescente que, certamente, ele associou vários elementos para produzir um dado sentido, o que não impede que vocês promovam uma nova associação de idéias e um criem um novo sentido. Associar ideias é uma habilidade que, além de estimular a criação poética, está muito presente no nosso dia a dia.

Comece essa aula, distribuindo o material de leitura e as atividades propostas conforme abaixo.
Você poderá solicitar que a leitura dos poemas seja feita por alunos.
1) Promova uma discussão oral, a partir dos poemas abaixo, sobre o tema o que é poesia.

3 de maio
     Oswald de Andrade


Aprendi com meu filho de dez anos
Que a poesia é a descoberta
Das coisas que nunca vi.

Coincidência
       Mário Quintana

Às vezes a gente pensa que está dizendo bobagens e está fazendo poesia.

Faça as seguintes perguntas:
a) O que é poesia para vocês?
b) Havia poesia nas telas que examinamos?
c) A poesia é pertinente apenas à literatura?
d) Poesia e poemas são conceitos idênticos?
e) O que você entendeu a partir das leituras dos poemas de Oswald de Andrade e de Mário Quintana?

Professor: leia abaixo, algumas considerações sobre o termo “poema” e sobre leitura de poemas.

Na evolução da palavra até hoje, as conceituações mais estritas para POEMA nem sempre são muito precisas, e, em muitos casos, confundem-se com os conceitos para POESIA, embora, de modo geral, POEMA seja entendido como uma das expressões possíveis da POESIA. Destacamos algumas definições normalmente encontradas: 1. obra literária em verso; 2. composição poética de extensão variável; 3. obra literária em prosa, em que há ficção e estilo poético; (...)
Disponível em  http://www2.fcsh.unl.pt/edtl

Poemas não são textos que oferecem objetivamente um ensinamento ou uma informação, tal como a notícia de jornal. Segundo William Wordsworth, poeta inglês do século XIX, a poesia nasce de um transbordamento espontâneo de sentimentos poderosos, no entanto, necessita ser escrita com serenidade. Encontra-se aí uma “pista” importante para a leitura da poesia: para compreender acerca do que o poeta está falando, é preciso identificar indícios que serão importantes para a análise. A partir daí, o nosso papel como leitor será construir junto com os alunos o caminho trilhado pelo poeta.

É importante mostrar ao aluno que a poesia não impõe um modelo, uma técnica ou tema específicos. Além disso, como bem sugeriu Oswald de Andrade, pode haver poesia mesmo fora de um poema, como numa paisagem, numa cena de filme, ou num encontro sensível entre duas pessoas.


Professor, para seu embasamento, leia os textos abaixo sobre processos figurativos. Divulgue esse material para seus alunos. Reformule-o, se necessário, atendendo à capacidade de compreensão da turma. O gráfico poderá ser obtido diretamente na Internet. Discuta com eles a teoria e os exemplos.

O uso figurado da linguagem: processos analógicos

Usamos a linguagem figuradamente toda vez que buscamos para ela uma interpretação n ão- literal, não- con vencional. Os proces sos analógicos são aqueles que nos levam a perceber semelhanças (analogias).

Processos mais importantes: a comparação e a metáfora

A comparação é explícita:
Exemplo: A terra é achatada nos pólos como uma laranja.
-expressão que identifica a entidade comparada: terra
-expressão que identifica a entidade tomada como termo de comparação: laranja
-expressão que identifica a propriedade comum, atribuída às duas entidades: achatada
-um conectivo, indicando a comparação: como

Temos metáfora toda vez que, indo além da simples apresentação de propriedades comuns, pensamos uma realidade nos termos de uma outra.
Exemplo: A terra é uma laranja.

Nesse caso, a comparação não é explícita. O exercício de pensar uma realidade em termos do que ela não é nos leva sempre a alguma descoberta, por isso mesmo, a metáfora é uma poderosa fonte de novos conhecimentos e novos comportamentos. Pensar uma realidade em termos de outras proporciona também um prazer estético.

                                ILARI, R. Introdução à semântica: brincando com a gramática. São Paulo: Contexto, 2001.

A metáfora é a transposição de sentido de uma palavra através de uma relação subjetiva. Compara-se um termo a outro com base num elemento ou numa ideia comum . A similaridade na significação é o traço principal da metáfora. Esta decorre de uma comparação implícita (sem conectivo) e difere da símile (comparação explícita).

Esquema: termo A               ideia comum                termo B

             Aquele jogador           é um                        cavalo

                                          brutalidade

                               VALENTE, André. A linguagem nossa de cada dia. Petrópolis: Vozes, 1998.

Por medida de clareza, reproduz-se aqui o texto que antecede o quadro abaixo, retirado da Wikipedia.

Por exemplo (e subjetivamente), um gato é um quadrúpede, mamífero, felino, que mia e é considerado sensual. Um moço é bípede, mamífero, humano, fala e pode ser sensual. Ao compararmos os dois com a metáfora "Esse moço é um gato", o traço de significado que provavelmente estaremos colocando em intersecção é apenas o traço sensual.

Metáfora

Agora, proponha as atividades abaixo, resolvendo-as junto com os alunos.
1) Examine as analogias abaixo, verificando se se trata de comparação ou metáfora.
a) A Amazônia é tão importante para o planeta como os pulmões são para o ser humano. (R.:comparação)
b) A Amazônia é o pulmão do planeta. (R.: metáfora)
c) O pulmão do planeta está ameaçado de destruição. (R.: metáfora )

2) Tente explicar por meio de gráficos as seguintes metáforas:
a) Eu sou um poço de dor e estupidez.
b)Dois diamantes brilhavam nos olhos da menina .
c) Seus olhos são dois oceanos.
d) Meu pensamento é um rio subterrâneo. (Fernando Pessoa)

Aula 3
Professor: proponha, agora, o desvendamento de algumas metáforas a partir da leitura dos poemas “O auto-retrato”, de Mário Quintana, e “Gavetas”, de Roseana Murray.

1) Leia abaixo o poema “O auto-retrato”, de Mário Quintana e, em seguida, responda às questões propostas.

O auto-retrato

No retrato que me faço
- traço a traço -
às vezes me pinto nuvem,
às vezes me pinto árvore...

às vezes me pinto coisas
de que nem há mais lembrança...
ou coisas que não existem
mas que um dia existirão...

e, desta lida, em que busco
-pouco a pouco-
minha eterna semelhança,

no final, que restará?
Um desenho de criança...
Corrigido por um louco!

Responda:
a) Nesse poema de Mário Quintana percebemos que o eu-lírico tenta expressar sentimentos e emoções. Nesse momento, o poeta tem o olhar voltado para :
( ) dentro de si mesmo, buscando, nesse ato, se construir enquanto ser humano.
( ) fora de si, admirando a natureza e o mundo que o cerca.

b) Explique a resposta que você deu para a questão anterior.
c) Agora, tente explicar, por meio de gráficos, as seguintes metáforas criadas pelo poeta.


                        "às vezes me pinto nuvem"

                        "às vezes me pinto árvore"


d) Associando as respostas das questões anteriores, explique a última estrofe do poema, tendo em vista a instabilidade do eu-lírico diante das vicissitudes da vida. Considere em sua resposta as associações entre:


- o eu-lírico e a criança (elemento de contato: ingenuidade, falta de conhecimento do mundo, alegria de viver)
- o eu-lírico e o louco (elemento de contato: comportamento desviante dentro da sociedade; ser dissonante dentro do grupo)


2) Leia o poema “Gaveta”, de Roseana Murray, e responda às questões propostas. (atividade poderá ser feita em dupla)

Gaveta
     Roseana Murray

Com delicadeza
abrir as gavetas
que guardam
as palavras de seda.

Deixá-las sempre
ao alcance
de um sopro,
prontas para o voo,
para o ouvido,
para a boca.

Palavras de seda
são como borboletas
douradas
quando pousam
no coração do outro.


a) Explique as seguintes metáforas:
- abrir as gavetas
- palavras de seda
- ao alcance de um sopro
- prontas para o voo

b) Faça um gráfico para associar “palavras de seda” com “borboletas”.


Aula 4

Professor: nesta aula, você irá mostrar a seus alunos que as metáforas não são exclusivas do texto literário. Para tanto, introduza algumas expressões do dia a dia e peça a eles que as expliquem, buscando o elemento que permite fazer a associação.

Atividades


1)Explique as expressões em negrito, identificando o elemento que permite a analogia (associação de ideias).

Exemplo:
a) Eu estava mergulhado na tristeza.
O verbo mergulhar significa “introduzir na água”, “afundar num líquido”. O ponto comum entre esse sentido e o sentido que o verbo adquiriu na frase é o seguinte: assim como a água cobre completamente o corpo de quem nela mergulha, também a tristeza toma completamente a pessoa entristecida.

b) Mariazinha é uma excelente cozinheira. Por isso, no almoço, João come um maracanã.
c) A garota usava um vestido de cor berrante.
d) Acordei com uma música doce nos ouvidos.
e) Que homem! Que expressão dura ele tem!
f) Os namorados brigar am. A moça dirigiu ao rapaz palavras ásperas. Tudo acabou...

2) Leia o texto abaixo de João Ubaldo Ribeiro. Depois, escolha dois, entre os termo s negritados, e explique-os.

“A triste verdade é que passei as férias no calçadão do Leblon, nos intervalos do novo livro que venho penosamente perpetrando. Estou ficando cobra em calçadão, embora deva confessar que o meu momento calçadônico mais alegre é quando, já no caminho de volta, vislumbro o letreiro do hotel que marca a esquina da rua onde finalmente terminarei o programa-saúde do dia. Sou, digamos, um caminhante resignado. Depois dos 50, a gente fica igual a carro usado, todo o dia tem uma coisa dando errado, é a suspensão, é a embreagem, é o contrafarto de mesocárdio epidítico, a falta de serotorpina folimolecular, é o que os mecânicos e médicos disseram. Aí, para conseguir ir segurando a barra, vou acatando os conselhos. Andar é bom para mim, digo sem muita convicção a meus entediados botões, é bom para todos.” (João Ubaldo Ribeiro. O Estado de São Paulo, 6/8/1995)

Avaliação

Avaliação

Leia o poema abaixo, escolha uma metáfora e explique-a.

Os poemas
Mário Quintana

Os poemas são pássaros que chegam
não se sabe de onde e pousam
no livro que lês.
Quando fechas o livro, eles alçam voo
como de um alçapão.
Eles não têm pouso
nem porto
alimentam-se um instante em cada par de mãos
e partem.
E olhas, então, essas tuas mãos vazias,
no maravilhado espanto de saberes
que o alimento deles já estava em ti ...

Opinión de quien visitó

Cinco estrelas 1 calificaciones

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Opiniones

  • cássia, secretaria de educação , Distrito Federal - dijo:
    cassiabeltrao2008@gmail.com

    24/03/2010

    Cinco estrelas

    excelente, assim é que devem acontecer as aulas, numa estrutura de contextualização, sem abandonar o prazer.


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