- Vivenciar a prática da música em conjunto.
- Desenvolver as noções de pulsação, compasso e divisão rítmica da pulsação.
- Compreender a atividade musical como forma de expressão de uma cultura: suas contradições, sua história e sua identidade.
- Aprender um passo básico do “Gumboot Dancing” e utilizá-lo para a construção de acompanhamentos rítmicos.
Nesta coleção de duas aulas os alunos aprenderão um passo básico do Gumboot Dancing da África do Sul e ritmos associados, bem como acerca de sua história e de seus aspectos sociais, podendo utilizá-los para o acompanhamento de músicas do seu repertório.

Noções de pulsação, compasso, divisão rítmica da pulsação e, opcionalmente, de início anacrústico.

Conceitos

Gumboot Dancing

A “Gumboot Dancing” — ou Dança com Botas de Borracha, Dança de Galochas — é uma dança tradicional da África do Sul. Sua origem está ligada à história de preconceito racial e exploração do trabalho do negro naquele país e representa uma forma original de resistência cultural. Sua prática agrega dança, música e performance em uma única atividade. Surgiu nas minas de ouro da África do Sul durante a opressão das leis do Apartheid onde os trabalhadores negros trabalhavam em total escuridão, acorrentados aos seus postos de trabalho e proibidos de falar uns com os outros. Como método de comunicação, os mineiros estalavam as correntes e batiam com as botas. Mais tarde, desenvolveu-se como uma forma de expressão artística autônoma e vários grupos se disseminaram pelo país.
Veja outras informações a partir dos links em “Recursos Complementares”.

Observações importantes

O Gumboot Dancing é um tipo de dança que inclui a percussão corporal. Professor(a), tome o cuidado, ao utilizar a percussão corporal, de explicar aos seus alunos que eles não devem se machucar. Para obter um som bonito e alto não é necessário utilizar a força, e sim um toque preciso. No caso de palmas nas coxas, a mão ligeiramente em concha ajuda a obter maior volume. Para as batidas com os pés no chão, não é necessário utilizar força, o que pode gerar dores no pé, apenas bater com a sola da galocha ou do calçado de forma adequada. Essa forma tem que ser estudada e testada até que se consiga dominá-la tranquilamente para a performance.

Preparação a ser feita pelo Professor, anterior à aula

Professor(a), se possível, consiga pares de galochas de borracha de cano longo a serem utilizadas por seus alunos. Caso seja comum na sua região que seus alunos possuam galochas desse tipo ou parecidas, peça a eles, na aula anterior, que venham calçados com elas para esta aula.

Desenvolvimento da aula

Esta aula tem dois momentos: um momento de conversa e avaliação que deve ficar para o final, e um momento de dança e ritmo.

Momento de dança e ritmo

Professor(a), retome o passo básico do Gumboot Dancing aprendido na aula passada, utilizando-o também como acompanhamento de uma canção do repertório dos seus alunos. Faça isso com os alunos em roda, olhando para o centro. Tenha certeza de que todos estão conseguindo realizá-lo confortavelmente, com o ritmo preciso e que conseguem cantar ao mesmo tempo.
Nesta aula serão utilizados três sons: o som da galocha batendo no chão, o som de batidas com os dedos no cano das galochas e o som de batidas com a palma da mão nas coxas da perna. Para isso, seus alunos já devem estar calçados com a galocha. Caso não seja possível ter galochas para todos, o Gumboot Dancing também pode ser praticado sem elas, embora perca o som característico das batidas em seus canos e de suas solas contra o chão.
Após essa recordação e a dança inicial, explique que agora você vai executar outros ritmos juntamente com o passo e que vai fazê-los em grau cada vez maior de dificuldade. Diga que você irá utilizar dois sons: um batendo com os dedos no cano da galocha — demonstre —, outro com a palma da mão na coxa da perna — também demonstre. Faça aqui a observação de que eles não precisam usar a força para obter os sons e que não devem machucar-se. Observe que basta usar a mão em concha para aumentar o volume da batida na perna.
Reinicie o passo em roda e execute os ritmos mostrados nas figuras abaixo progressivamente. A cada ritmo novo, peça aos alunos que observem e imitem o que você faz, tendo a certeza de que antes de passar para um próximo ritmo seus alunos já tenham dominado o anterior. A vivência destes ritmos se faz de forma extremamente corporal como na eurritmia de Dalcroze. Pare sempre que seja necessário descansar ou ajudar um aluno que não tenha dominado o movimento ou a precisão do ritmo, mas não deixe que as paradas quebrem o “clima” da performance e da brincadeira rítmica. Observe que o primeiro ritmo é anacrústico, preparando a primeira pisada no chão (a mais forte). A notação utilizada segue a convenção mostrada na Fig.1, e abaixo, da Fig.2 à Fig.6, seguem os ritmos, em ordem crescente de dificuldade.

Fig.1

Fig.2

Fig.3

Fig.4

Fig.5

Fig.6

Depois que seus alunos estiverem dominando estes ritmos ou a qualquer momento que achar conveniente, experimente variações, tanto rítmicas quanto dos timbres, mas sem modificar o passo básico.
Nos vídeos indicados em “Recursos Complementares” você poderá ver outros passos sendo executados (alguns bastante complexos e de forte apelo performático e musical). Sinta-se livre para utilizá-los, é claro, mas esteja certo de que não sobrepassam a capacidade motora de seus alunos, levando especialmente em conta a sua idade e desenvolvimento.
Continue executando diferentes ritmos do Gumboot Dancing e associe aos ritmos as músicas do repertório dos seus alunos, utilizando-os como acompanhamento. As músicas, inicialmente, terão de estar em compasso quaternário. Músicas em compasso binário também podem ser utilizadas desde que em andamento lento — neste caso todo o passo terá seus valores de duração divididos pela metade e cada duas pisadas equivalerão a um tempo do compasso — ou que seus alunos passem a marcar mais fortes as duas pisadas do pé direito — quando cada duas pisadas equivalerão a um compasso inteiro e o passo se estenderá por dois compassos binários.
Também podem ser testadas utilizações do passo com compassos ternários. Neste caso as pisadas fortes terão de estar alternadas a cada três, o que causa uma alternância do pé que acentua o tempo forte e uma maior dificuldade de execução. Nada impede que você experimente polimetrias, mantendo o passo em compasso quaternário e cantando canções em outros compassos: o resultado pode ser bastante interessante. Use sua criatividade! Como fonte de inspiração, coloque seus alunos em contato com o trabalho do grupo brasileiro Barbatuques (veja o link para o site do grupo nos “Recursos Complementares” abaixo).

Momento de conversa e avaliação

Pare para conversar com seus alunos sobre o que eles sentiram ao fazer o Gumboot Dancing, ao conhecer sua história e sua importância na cultura de um país distante. Procure saber deles se outras manifestações culturais das quais eles tenham participado trouxeram as mesmas sensações. Estimule a conversa a partir desses aspectos deixando com que a turma troque experiências e fale de suas vivências livremente.
Pergunte aos alunos se eles gostaram de fazer o Gumboot Dancing e que idéias teriam para a sua utilização nas aulas de música e/ou em apresentações, que músicas gostariam de acompanhar com a sua utilização, etc. Se possível, use as idéias dos alunos em aulas subsequentes.

Sites informativos sobre Gumboot Dancing:

http://www.gumbootsworldtour.com

http://en.wikipedia.org/wiki/Gumboot_dance

http://www.dance-in-our-footsteps.com/gumboot-dance.html

Vídeos de Gumboot Dancing:

http://www.youtube.com/watch?v=mnAxhQk4drM

http://www.youtube.com/watch?v=A5Nk-VdDuv8

Barbatuques (grupo paulista de percussão corporal)

http://www.barbatuques.com.br

Os alunos serão capazes de:
- Executar o passo básico do Gumboot Dancing e os ritmos a ele associados em conjunto, utilizando-o como acompanhamento de canções do seu repertório.
- Compreender os aspectos históricos, sociais e culturais da prática do Gumboot Dancing, associando-os a manifestações culturais brasileiras.