18/12/2009
Maria Cristina Weitzel Tavela
Modalidade / Nível de Ensino | Componente Curricular | Tema |
---|---|---|
Ensino Fundamental Final | Língua Portuguesa | Língua oral e escrita: prática de produção de textos orais e escritos |
• Ler e interpretar textos.
• Conhecer a biografia de Heloísa Seixas.
• Produzir um novo final para um conto e também um conto.
• Habilidades básicas de leitura.
• Estrutura da narrativa: narrador, personagens, cenário, tempo, local.
Biografia de Heloísa Seixas disponível no site http://www.tirodeletra.com.br/biografia/HeloisaSeixas.htm (acesso em 30 de novembro de 2009)
Conto “O beijo” de Heloísa Seixas disponível no site http://jbonline.terra.com.br/jb/papel/colunas/contos/2003/06/21/jorcolcon20030621001.html (acesso em 30 de novembro de 2009)
Conto “Segredos” de Heloísa Seixas disponível no site http://heloisaseixas.blogspot.com/search?updated-min=1999-01-01T00%3A00%3A00-08%3A00&updated-max=2000-01-01T00%3A00%3A00-08%3A00&max-results=31
1ª AULA
Professor, inicie a aula contando um pouco sobre a vida e obra da escritora carioca Heloísa Seixas. Em seguida, entregue para os alunos o texto 1 “O beijo”e peça que eles façam uma leitura silenciosa do mesmo. Terminada a leitura silenciosa, pergunte aos alunos o que eles acharam do conto. Em seguida, faça a leitura coletiva do texto.
Biografia
Heloisa Seixas
Nasceu em 26/07/1952, no Rio de Janeiro. Jornalista e escritora, iniciou como estagiária (1974-1975) na RioGráfica Editora. O ano seguinte é dedicado a tradução free-lancer, para entrar em seguida n’O Globo, onde permanece por 12 anos como redatora e subeditora nas editorias de Internacional e Cidade. Suas últimas funções como jornalista se deram na agência de notícias UPI e na assessoria de imprensa do escritório da ONU, no Rio de Janeiro. Hoje atua como tradutora free-lancer e versões, e dedica-se mais à literatura. Seu primeiro livro de contos – Pente de vênus: histórias do amor assombrado – foi publicado em 1995 e reeditado com acréscimos em 2000. O primeiro romance – A Porta – saiu em 1996, pela Record, seguido de Diário de Perséfone, em 1998 pela mesma editora. Em 2001 publica Através do vidro, dentro da coleção Amores extremos. No mesmo ano publica, também os livros de contos: 13 maneiras de amar e Contos mínimos, uma coletânea de contos publicados na revista Domingo, do Jornal do Brasil. Em 2003 publica mais três livros de contos: Sete vidas: sete contos mínimos de gatos; Pérolas absolutas e Boa companhia. Há quem diga, sem trocadilho, que seus “contos mínimos” são no mínimo máximos.
TEXTO 1
O beijo
Coincidência ou não, aconteceu justamente na esquina do poeta, naquele pedaço de calçada em que as pedras portuguesas formam versos de Drummond. Ali, na fronteira entre Copacabana e Ipanema, a tarde caía. Mas ainda havia luz. O entardecer de outono descia lentamente sobre os prédios, em cujos topos, para além da vegetação das coberturas, brilhava um céu de azul intenso.
Cá embaixo, na calçada, embora ainda houvesse luz, soprava um ventinho frio, que em junho passa ali como num corredor, provocando arrepios nas nucas descobertas, do Castelinho ao Posto Seis. As pessoas iam apressadas, com as golas dos casacos levantadas, porque qualquer brisa mais fresca faz tremer esse animal solar que é o carioca.
Era um dia de semana e o trânsito, àquela hora, já estava apertado. Ao volante, eu esperava o sinal abrir quando reparei nos dois. Estavam de pé junto ao meio-fio, semi-encobertos por um poste de luz. Um casal - ambos seguramente com mais de 70 anos.
No instante em que pousei os olhos neles, houve o abraço. E depois o beijo. Um beijo de amor entre homem e mulher, que nada tinha de fraterno, um beijo com qualquer coisa de sôfrego, de apressado. Um beijo de despedida.
E em seguida, de fato, separaram-se. O trânsito recomeçava a fluir quando o homem estend eu a mão, chamando u m táxi. A mulher sorriu, antes de embarcar. E, de dent ro do carro, ainda virou-se e deu adeus pelo vidro de trás. Em resposta, o homem fez uma leve curvatura para a frente, como o galanteio de um cavalheiro com quem se acaba de dançar.
Havia nos gestos de ambos uma história e eu logo imaginei um conto de encontros furtivos, de tardes de amor em Copacabana, caminhadas até a esquina, beijos com sabor de proibido.
Cheguei a pensar em acompanhar o táxi para continuar observando a mulher, mas ele virou na Canning, desapareceu. E eu segui em frente, desembocando no poente de Ipanema com aqueles dois na retina.
Na minha mente, a imagem do beijo se repetia, ganhando contornos mais definidos, um cenário cada vez mais vivo. Dava-se de repente em câmera lenta, um beijo de amor no centro de um rodamoinho, onde voejavam folhas de outono. Um beijo de amor outonal, com uma beleza própria, peculiar.
Segui pela praia com o sol já caindo, deitando uma luz dourada na calçada de pedras portuguesas, onde àquela hora havia uma multidão, incluindo muita gente de idade. E fiquei pensando. Não é em qualquer lugar do mundo que duas pessoas mais velhas se beijam no meio da rua, um beijo ardente, com tamanho despudor. É preciso ter em torno uma cidade lasciva, irreverente, docemente permissiva e sensual.
E que bom que o Rio é um cenário assim.
2ª AULA:
Após as leituras silenciosa e coletiva, peça aos alunos que realizem as atividades referentes ao conto “O beijo” de Heloísa Seixas. Abaixo, seguem algumas sugestões de atividades.
Atividades:
1) Qual é o foco narrativo do texto?
2) Em “Coincidência ou não, aconteceu justamente na esquina do poeta, naquele pedaço de calçada em que as pedras portuguesas formam versos de Drummond.”:
a) o que aconteceu?
b) onde fica a “esquina do poeta”?
c) quando aconteceu?
3) No trecho “As pessoas iam apressadas, com as golas dos casacos levantadas, porque qualquer brisa mais fresca faz tremer esse animal solar que é o carioca.”, qual o sentido da expressão destacada?
4) Explique o sentido do termo destacado no trecho: “Era um dia de semana e o trânsito, àquela hora, já estava apertado.” Substitua por outro sem alterar o sentido.
5) Retire do texto o momento em que é anunciado o beijo.
6) Na visão da personagem que narrar os fatos, que tipo de beijo era aquele? Por que ela o imagina assim?
7) “Dava-se de repente em câmera lenta, um beijo de amor no centro de um rodamoinho, onde voejavam folhas de outono.”, qual o sentido da palavra “rodamoinho” no texto? Que trecho nos permite perceber que realmente há um rodamoinho?
8) “E que bom que o Rio é um cenário assim.”, “assim” como?
9) No conto “O beijo” de Heloísa Seixas, um personagem nos conta uma cena de amor e afeto, entre dois idosos, presenciada por ele. E nos revela no trecho “Cheguei a pensar em acompanhar o táxi para continuar observando a mulher, mas ele virou na Canning, desapareceu.” a vontade de seguir o táxi que levava a senhora que acabara de ser beijada na esquina do poeta.
Sua tarefa será a de produzir um novo final para o conto “O beijo” de Heloísa Seixas de forma que o personagem que presenciou o beijo siga o táxi da idosa.
3ª AULA
Professor, corrija as atividades da aula anterior. Sugiro que peça a um aluno de cada vez para responder às questões e construa no quadro sugestões de respostas a partir daquelas fornecidas pelos alunos. Quanto à produção de texto, peça aos alunos que leiam para a turma o novo final que cada um construiu para o conto.
4ª AULA
Nesta aula, professor, entregue mais um texto da escritora Heloísa Seixas para os alunos. Peça uma leitura silenciosa. Em seguida, converse com os alunos sobre o conto:
• Qual é o foco narrativo?
• Quem são os personagens?
• Onde os personagens estão e o que fazem?
• Co mo “a senhora” é descrita pelo narrador-personagem antes e depois de ter recebido uma carta?
• Qual a conclusão dada p elo narrador-personagem sobre aquela senhora?
Realize a leitura coletiva e depois entregue aos alunos as atividades propostas. (Seguem algumas sugestões de atividades).
TEXTO 2
Segredos
Sempre me chamou a atenção, aquela senhora. Ela almoça no mesmo restaurante que eu. Todos os dias, à mesma hora, vejo-a entrar, sozinha, elegante em sua roupa escura, quase sempre de gola rolê, os cabelos muito brancos presos num coque. Pisa o chão de lajotas com passos incertos, o corpo muito magro um pouco encurvado, como se carregasse um peso invisível – ou um segredo. Sim, porque os segredos vergam as costas, pesam como fardos. E, ao olhar para ela, desde a primeira vez, fui tomada pela sensação de que tinha algo a esconder.
Outro dia – um dia de sol, de primavera, com o ar impregnado de luz – ela chegou à porta do restaurante com um andar diferente. Passos mais rápidos. E, antes mesmo que entrasse, notei, através do vidro, que se dera alguma transformação. Fiquei observando. Entrou e passou com seu andar mais leve. Sentou-se a poucos metros de mim, mas num ângulo que não me permitia ver seu rosto, apenas o perfil e as mãos. Estavam trêmulas, mais do que de costume. E, enquanto esperava a chegada do garçom, ela tirou da bolsa alguma coisa que seus dedos nervosos trouxeram para cima da mesa. Inclinei-me para a frente e pude ver: era uma carta.
Nesse instante, ela se virou e, ainda com o envelope nas mãos, olhou o dia lá fora. Vi então, com toda a clareza, que seu olhar carregava um brilho novo, febril. E aquilo atiçou minha imaginação. Sem dúvida, a carta a transtornara. E eu poderia jurar que tinha alguma relação com seu segredo – fosse qual fosse. Os olhos traem, revelam. Nas mulheres muito velhas, são eles que exibem as marcas de antigas paixões. Por trás dos cabelos brancos, das rugas, da pele ressecada, cintila muitas vezes, nos olhos, um brilho traiçoeiro – porque é ali que os desejos cavam sua última trincheira.
* * *
Muitas semanas se passaram. Todos os dias, à mesma hora, ela continua chegando para almoçar, os olhos novamente apagados, o passo outra vez mais lento, o tremor das mãos apaziguado. Parece que o efeito da carta passou. Sei que nunca saberei o que estava escrito ali. Sei que a velha senhora nunca falará comigo, nem com ninguém. Mas há pelo menos um segredo de seu passado que já conheço. Por mero acaso. Aconteceu ontem. Ela se sentou na mesa ao lado da minha. Nunca antes isso acontecera. Era a chance para observá-la bem de perto. Vestia, como de costume, uma blusa de mangas compridas, de malha de lã, escura. E, sob o facho de luz que incidia sobre sua mesa, pegou o cardápio. Ao fazê-lo, a manga da blusa franziu-se um pouco em direção ao cotovelo, deixando à mostra uma parte do antebraço. E foi então que eu vi, no pulso muito branco, a cicatriz.
Um dia, ela quis morrer. E tenho certeza de que foi por amor.
Atividades:
1) Qual o foco narrativo do conto “SegredoS” de Heloísa Seixas? Justifique sua resposta com um trecho do texto.
2) Caracterize a “senhora”, personagem do conto.
3) Que impressão a “senhora” passou à personagem que narra o conto.
4) No 2º parágrafo, o “eu” do conto nota que algo mudou naquela senhora, havia ocorrido uma transformação. Que transformação foi essa? Qual é o motivo dessa transformação, de acordo com o “eu”?
5) Em “Nas mulheres muito velhas, são eles que exibem as marcas de antigas paixões.”:
a) o elemento destacado faz referência a que termo?
b) explique o que o “eu” quis dizer com “as marcas de antigas paixões”.
6) “Nunca antes isso acontecera.”, “isso” o quê?
7) De acordo com o texto, explique o sentido da palavra destacada no trecho “E foi então que eu vi, no pulso muito branco, a cic atriz.”
8) “Inclinei-me para a frente e pude ver: era uma carta.”
No conto, o “eu” diz “nunca saberei o que estava escrito ali. Sei que a velha senhora nunca falará comigo, nem com ninguém.” e conclui após t er visto “a cicatriz” que “Um dia, ela quis morrer. E tenho certeza de que foi por amor.”. Agora, você produzirá um texto em que o “eu” terá acesso à carta recebida pela senhora.
• Será que a hipótese levantada pelo “eu” será confirmada? Ou não?
• O que está escrito nesta carta?
5ª AULA
Professor, faça a correção das atividades com a participação dos alunos. Peça um aluno que vá até o quadro e, com a participação de todos, construa uma sugestão de resposta para cada uma das questões a partir da resposta deles. Depois, peça a eles que leiam a produção de texto solicitada na questão 8.
Avaliação:
Nos dois contos de Heloísa Seixas, o narrador-personagem observa cenas da vida de pessoas idosas. Em “O beijo”, um casal de idosos enamorados se abraça e se beija em pleno “rodamoinho” da cidade do Rio de Janeiro. Eles se despedem e tomam rumos diferentes, deixando o narrador-personagem a impressão de que ali se dera um encontro furtivo. Já em “Segredos”, o narrador-personagem observa uma senhora solitária que ao receber uma carta se transforma. No entanto, o narrador percebe que ela guardava um grande segredo, este revelado ao narrador-personagem através de uma cicatriz.
Com base nos dois textos de Heloísa Seixas, produza um conto em que haja também encontro e desencontros.
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