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Quando descrever é também persuadir: uma abordagem retórica da descrição e outros modos de ver

 

08/12/2009

Autor e Coautor(es)
Fabiane de OLiveira Braga Felício
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BELO HORIZONTE - MG ESCOLA DE EDUCACAO BASICA E PROFISSIONAL DA UFMG - CENTRO PEDAGOGICO

Cristia Miranda Edna Maria Santana Magalhães

Estrutura Curricular
Modalidade / Nível de Ensino Componente Curricular Tema
Ensino Fundamental Final Língua Portuguesa Análise linguística: processos de construção de significação
Ensino Fundamental Final Língua Portuguesa Análise linguística: léxico e redes semânticas
Educação de Jovens e Adultos - 2º ciclo Língua Portuguesa Linguagem oral: escrita e produção de texto
Ensino Fundamental Final Língua Portuguesa Língua oral e escrita: processos de interlocução
Educação de Jovens e Adultos - 2º ciclo Língua Portuguesa Linguagem escrita: leitura e produção de textos
Ensino Médio Língua Portuguesa Relações sociopragmáticas e discursivas
Ensino Médio Língua Portuguesa Gêneros discursivos e textuais: narrativo, argumentativo, descritivo, injuntivo, dialogal
Ensino Fundamental Final Língua Portuguesa Análise linguística: modos de organização dos discursos
Dados da Aula
O que o aluno poderá aprender com esta aula

. Identificar os processos de leitura e de produção de texto, através dos tipos textuais, como modos de organização do texto.

. Identificar nos gêneros, especialmente os midiáticos, formas discursivas e estruturais da descrição e da argumentação.

. Analisar e comparar as categorias linguísticas como forma de estruturação da descrição, e , consequentemente, de um gênero tais como: entrevistas de revistas, textos publicitários, entre outros .

. Identificar os modos de organização do discurso presentes nos diferentes gêneros, como também os processos de interlocução e intencionalidade comunicativa, principalmente, a descrição e a argumentação presentes na construição dos seus textos.

. Questionar a intenção comunicativa e os seus possíveis efeitos de sentido, tais como a persuasão, o convencimento e a sedução como resultados de uma estruturação de texto, eminentemente argumentativas.

. Reconhecer nos gêneros abordados para esta aula, a noção e a funcionalidade de evento comunicativo que envolve, além da intencinalidade, os sujeitos enquanto agentes textuais tais como: sujeito locutor, sujeito interlocutor.

. Identificar e produzir textos a partir de várias formas de semioses (textos e suas construções de sentido que não as verbais).

. Reconhecer e identificar, através de diferentes textos, não apenas a descrição ( ou o modo de organização descritivo) mas os outros modos de organização textuais.

. Produzir textos dos mais diversificados gêneros que possam se estruturar a partir da descrição e da intencionalidade de sedução, convencimento e persuasão.

. Saber reconhecer a interface e o trânsito entre os elementos e os efeitos de sentido da descrição e da argumentação.

. Perceber a característica iminente da linguagem - a alteridade.

. Perceber a  língua(gem) como condição necessária e  via de acesso ao outro.

. Identificar e produzir textos com habilidades, considerando o tipo organizacional como também os gêneros.

Duração das atividades
8 aulas de 50 minutos
Conhecimentos prévios trabalhados pelo professor com o aluno

Para que a aula seja bem observada pelo aluno é necessário que ele tenha a concepção do que seja "convencimento", "sedução" e "persuasão". São necessárias algumas abordagens teóricas a respeito desses termos. Nesse sentido, o importante é que o aluno tenha a consciência de que toda linguagem está para a argumentação, no sentido da intencionalidade comunicativa. Nos exemplos utilizados por você, professor, será necessário algum esforço para que o aluno entenda e promova a linguagem como um ato para o OUTRO (o outro do discurso).

Com efeito, ele precisa entender que todo e qualquer tipo de texto é, antes de tudo, um evento comunicativo e como tal ele precisa ser entendido, a partir da interação, ou da interlocução. Nesse sentido, os tipos organizacionais do texto a saber: descrição, argumentação, narração e injunção como elementos estruturadores do texto também precisam e devem atender à expectativa do texto.

Nesse sentido, vale enfatizar que o aluno precisa entender os tipos organizacionais supracitados enquanto elementos que sustentam e estruturam o texto atuando como um modo de organização. 

Os alunos devem ter uma compreensão ampliada acerca do que seja, também, os textos como língua(gem) para que, assim, ele possa entendê-lo como um evento comunicativo.

É preciso também que eles entendam de antemão que os textos que circulam socialmente são entendidos, também, dentro de uma conjugação entre linguagens, verbal e não-verbal. Portanto, o aluno deve se sentir apto e à vontade, ao analisar textos que conjugam signos verbais e não-verbais. Signos esses que caminham juntos para a construção do efeito de sentido. Nesse sentido é importante que o estímulo às leituras visuais sejam incentivadas antes e a partir dessa aula.

Estratégias e recursos da aula

Primeira aula (duas aulas de cinquenta minutos): Os modos de organização e os diferentes gêneros

Neste tema-aula, professor, serão necessárias a apresentação dos quatro tipos de discursos que sustentam e propiciam o aparecimento de vários gêneros textuais. Trabalhe os conceitos linguísticos da narração e , por último, da argumentação e da descrição. Será necessária a apresentação, nessa ordem, já que os dois últimos serão os tipos organizacionais melhores trabalhados. Nesta primeira aula, a explicação linguística a respeito da definição dos conceitos que estruturam o texto serão necessárias.

No que diz respeito à narração, chame a atenção dos alunos para as características da mesma: a estruturação dos fatos, dos verbos locucionais (disse, falou , comentou - em resumo, os verbos de dizer ou dicendi) e para a presença do discurso direto e indireto que são as presenças das vozes dos textos. Nesse momento, professor, é importante que um exemplo de texto narrativo seja  analisado, a partir, também, das características de vários gêneros textuais. Sugerimos o trabalho dessas estruturas narrativas, a partir do seguinte texto:

Preto e branco

Perdera o emprego, chegara a passar fome, sem que ninguém soubesse; por constrangimento, afastara-se da roda boêmia que antes costumava frequentar – escritores, jornalistas, um sambista de cor que vinha a ser seu mais velho companheiro de noitadas.

De repente, a salvação lhe apareceu na forma de um americano, que lhe oferecia emprego numa agência. Agarrou-se com unhas e dentes à oportunidade, vale dizer, ao americano, para garantir na sua nova função uma relativa estabilidade.

E um belo dia vai seguindo com o chefe pela Rua México, já distraído de seus passados tropeços, mas, tropeçando obstinadamente no inglês com que se entendiam – quando vê do outro lado da rua um preto a agitar a mão para ele.

Era o sambista seu amigo.

Ocorreu-lhe desde logo que ao americano poderia parecer estranha tal amizade, e mais ainda: incompatível com a ética ianque a ser mantida nas funções que passara a exercer. Lembrou-se num átimo que ao americano em geral tem uma coisa muito séria chamada de preconceito racial e seu critério de julgamento da capacidade funcional dos subordinados talvez se deixasse influir por essa odiosa deformação. Por via das dúvidas, correspondeu ao cumprimento de seu amigo da maneira mais discreta que lhe foi possível, mas viu em pânico que ele atravessava a rua e vinha em sua direção, sorriso aberto e braços e prontos para um abraço.


Pensou rapidamente em se esquivar – não dava tempo: o americano também se detivera, vendo o preto aproximar-se. Era seu amigo, velho companheiro, um bom sujeito, dos melhores mesmo que já conhecera – acaso jamais chegara sequer a se lembrar de que se tratava de um preto?Agora , com o gringo ali ao seu lado, todo branco e sardento, é que percebia pela primeira vez: não podia s er mais preto. Sendo a ssim, tivesse paciência: mais tarde lhe explicava tudo, haveria de compreender. Passar fome era muito bom nos romances de Knut Hamsun, lidos depois do jantar, e sem credores à porta. Não teve mais dúvidas: virou a cara quando o outro se aproximou e fingiu que não o via, que não era com ele. 

E não era mesmo com ele. Porque antes de cumprimentá-lo, talvez ainda sem tê-lo visto, o sambista abriu os braços para acolher o americano – também seu amigo.

                                                                                                 ;           SABINO, Fernando . A mulher do vizinho. 7 ed. Rio de Janeiro, Record, 1962, p.163-4.

Nesse texto, trabalhe primeiro a macro-estrutura textual e os aspectos comunicativos contidos nele. Qual seria o tipo de gênero em que o texto poderia ser classificado? Quais são os verbos indicadores de tempo que organizam os fatos em uma sequência lógica?

Neste tema-aula, professor, será necessária a apresentação dos três tipos de discursos que sustentam e propiciam o aparecimento de vários gê neros textuais. Trabalhe os conceitos linguísticos da narração e, por último, da argumentação e da descrição. Será necessária a apresentação, nessa ordem, já que os dois últimos serão os tipos organizacionais melhores trabalhados. Nesta primeira, aula a explicação linguística a respeito da definição dos conceitos que estruturam o texto será necessária.

No que diz respeito à narração, chame a atenção dos alunos para as características da mesma: a estruturação dos fatos, dos verbos locucionais (disse , falou , comentou) e para a presença do discurso direto e indireto que são as presenças das vozes dos textos. Nesse momento , professor, é importante que um exemplo de texto narrativo, da forma tradicional seja evidenciado, a partir, também, das características de vários gêneros textuais. Sugerimos o trabalho dessas estruturas narrativas, a partir dessee texto:

Nesse texto, trabalhe primeiro a macro-estrutura textual os aspectos comunicativos contidos nele. Qual seria o tipo de gênero em que o texto poderia ser classificado? Qual são os verbos, indicadores de tempo qu e organizam os fatos em uma sequência lógica?  Chame atenção da turma para o fato de que existe um enredo sendo contado. Esse enredo por sua vez (que também pode ser chamado de fato) é estruturado com os verbos de ação e os tempos da narrativa: perdera, chegara, afastara-se, apareceu, agarrou-se, vê, ocorreu-lhe, passara a exercer, lembrou-se, correspondeu, viu, atravessava, pensou em se esquivar, se detivera, não dava tempo, virou a cara, aproximou, fingiu, cumprimentá-lo.

Depois desse momento, peça-os para relacionarem cada verbo a um momento da narrativa: introdução, complicação , clímax e desfecho. Peça que listem razões que justifiquem a importância dos verbos para a estruturação da narrativa. Na medida em que apresentarem a argumentação, anote-as de forma esquemática. Depois retome as falas dos alunos e sistematize-as no sentido de explicitar como se dá a organização dos fatos e a correlação dos tempos e modos verbais empregados no texto. Retome o texto e ilustre a sua fala com ele.

Faça os alunos perceberem que as narrativas se organizam, basicamente, através dos verbos de ação. São eles que estruturam a sequência lógica e cronológica dos fatos. Eles devem ter claro que  as relações do tempo (pretérito perfeito, imperfeito, ) se dá pelo uso dos verbose eles estruturam a narrativa e o tempo cronológico em que ela se manifesta.

Procure enfatizar o fato de que existe um enredo sendo contado. Esse enredo por sua vez (que também pode ser considerado fato, nos gêneros jornalísticos) é estruturado com os verbos de ação e os tempos da narrativa: perdera, chegara, afastara-se, apareceu, agarrou-se, vê, ocorreu-lhe, passara a exercer, lembrou-se, correspondeu, viu, atravessava, pensou em se esquivar, se detivera, não dava tempo, virou a cara, aproximou, fingiu, cumprimentá-lo.

Depois desse momento, peça-os para relacionarem cada verbo a um momento da narrativa: introdução, complicação, clímax e desfecho. Como esses verbos são import antes para a estruturação da narrativa.

Faça os alunos perceberem que as narrativas se organizam, basicamente , através dos verbos de ação. São eles que estruturam a sequência lógica e cronológica dos fatos. Faça os perceber que as relações do tempo ( pretérito per feito, imperfeito, ) que são os verbos que estruturam a narrativa e o tempo cronológico em que ela se manifesta são organ izadas a partir da organização desses verbos, da forma como foram flexionadas em seu respectivo tempo:

_ Pretérito mais que perfeito: perdera, chegara, passara a exercer. Indica uma ação no passado, que é anterior a outra ação no passado. ( O momento em que o narrador indica qual era a situação do personagem antes de conseguir emprego.)

_ Pretérito perfeito e imperfeito: apareceu, agarrou-se, ocorreu-lhe, lembrou-se, correspondeu, viu,pensou em se esquivar, virou a cara , aproximou, fingiu. (Tais verbos indicam o tempo em que os fatos são organizados no tempo da narrativa).

_ Pretérito Imperfeito: atravessava, não dava mais tempo. ( O pretérito imperfeito organiza o fato dentro do tempo da própría narrativa). Enfatize o fato de que os verbos que são colocados no presente para indicar uma ação que acontece no passado e que tem uma continuidade).

Por fim, indique e enfatize que a estruturação do texto só se torna possível através da presença desses verbos de ação, estruturados no passado. Dessa maneira, eles perceberão o texto enquanto uma macro-estrutura textual.

Nesta aula, é interessante que você explore também as características do formato "conto". Indague os alunos se a estrutura de uma narrativa ficcional é apenas recorrente em textos ficcionais, ou se repetem nos demais textos que circulam socialmente.

Apresente aos alunos um texto retirado de uma notícia de jornal ou de  uma reportagem e explore os mesmos elementos lingüísticos que estruturam a narrativa ficcional: os verbos no pretérito imperfeito, os verbos no pretérito mais que perfeito (se houver) e os verbos no pre´terito perfeito. O importante é que os alunos percebam a importância da organização e da estruturação do texto através de sua organização macro- categoria da estruturação da notícia: os fatos ordenados dentro de uma sequência lógica. A intenção de recontar os fatos através das palavras, e a estruturação icônica em forma de notícia.

Segunda aula :(duas aulas de 50 minutos) Dia do samba é marcado por herdeiros do Ritmo

Leia com os alunos o texto a seguir:

E para marcar a data o Jornal Hoje reuniu uma turma especial no Rio. Eles herdaram o talento dos pai s e agora carregam a responsabilidade de manter a tradição do ritmo mais popular do Bra sil. (Mônica Sanches - Rio de Janeiro)

No lugar onde o samba nasceu e floresceu, a nova geração se reúne. Eles vêm de famílias de músicos. Todos são herdeiros do samba. A praça onze, no centro do Rio, tem uma história centenária, que prova que é o berço do ritmo e do carnaval carioca.

A primeira escola de samba surgiu numa vizinhança, em 1928. A praça onze também foi escolhida para o primeiro desfile oficial do carnaval carioca, em 1935. E bem antes disso, os sambistas promoviam reuniões animadas na casa da tia Ciata, a baiana quituteira que morava por lá. Num destes encontros foi composto o primeiro samba gravado no Brasil.

“Minha avó me contava que lá na casa da tia Ciata as mulheres ficavam lá fazendo as comidas e Donga, Pixinguinha, João da Baiana e outros sambistas, rolava o chorinho e tudo acabava em samba”, fala André Lara, neto de Ivone Lara.

“O meu pai que me ensinou a gostar de samba e acho que é super importante porque o samba é a identidade do Brasil”, conta Ronaldo Mattos, filho de Nélson Sargento.

“O DNA aumenta a cobrança porque pelo que meu avô já fez, pelo que todos já fizeram, a gente tem que representar bem, não pode ser mais ou menos tem que ser muito bem. Tem que ser perfeito”, explica Raoni Ventapane, n eto de Martinho da Vi la.

Todos conhecem a emo ção de desfilar na pas sarela. Nos próximos carnavais, nos palcos e nas rodas prometem m anter viva a semente do samba.

“Eu tenho dois filho s: Felipe, de dois a nos e Junior, de 10 anos. Eu canto samba lá em casa e eles ficam baten do na palma da m ão. O meu de dois anos começa a dançar, isso está na veia”, diz Alex Ribeiro, filho de Roberto Ribeiro.

Disponível em: http://g1.globo.com/jornalhoje/0,,MUL1400546-16022,00-DIA+DO+SAMBA+E+COMEMORADO+POR+HERDEIROS+DO+RITMO.htm . [Acesso em 05/12/2009].

Nesse exemplo de texto, trabalhe primeiro as características do gênero "notícia", no âmbito da intencionalidade comunicativa, quem são os interlocutores, etc. Depois trabalhe a estrutura da notícia jornalística: o Título , subtítulo, o lead, e as informações que trabalham com as perguntas: o quê? quando? onde? e por quê?

Por fim trabalhe a estrutura linguística a partir dos verbos de ação. Proponha aos alunos que faça o mesmo que fizeram com o conto estudado na primeira fase da aula, Preto e Branco.

Peça os alunos que identifiquem na estrutura dos textos, a organização cronológica dos fatos, através dos verbos de ação que os alunos conseguirem identificar nos textos

Divida-os em grupo e peça-os para recontarem os fatos de forma a ordená-los em uma sequência.

Terceira aula (duas aulas de 50 minutos): A descrição e a argumentação na interface, construindo os efeitos de sentido

Introduza esta etapa da aula referindo-se primeiro às características do texto argumentativo.

Quais as características de um texto argumentativo?

Como elas podem ser definidas do ponto de vista da intencionalidade comunicativa?

É importante que o aluno consiga fazer um paralelo entre os textos argumentativos e a característica da linguagem de ser para o O utro (conforme Bakhtin, 1995).

Nesse sentido, é que os termos convencimento e persuasão, sedução devem ser trabalhados. Coloque os termos na lousa e pergunte aos alunos o que eles conseguem falar a respeito desses três termos: quais são as diferenças e as semelhanças entre eles. Quais as formas de as pessoas se relacionarem com a(s) linguagem(s).

O importante é levá-los, através das várias definições, a compreender que tais termos evocam, a ideia de que eles visam sempre uma determinada intenção em relação ao sujeito para quem se destina a mensagem (ao pathos, ao receptor, interlocutor) . Por isso, instigue-os a perceberem que, nesse sentido, os textos da forma como circulam socialmente, nos diferentes gêneros, se organizam conjugando os diferentes tipos textuais (injunção, argumentação, narração).

Quais são as possíveis características da argumentação? Em se tratando de uma gama de texto que possa ser exemplificadas com características essenciais da descrição o que podemos observar em suas características principais.

Faça-os entender que o convencimento é a forma de querer a adesão do outro pela linguagem. É mover o raciocínio lógico o pensamento do Outro, no mesmo curso do pensamento do orador. Lembre que alguns textos em geral trabalham nessa perspectiva de ser sempre para o outro.

Não será necessário trabalhar com textos argumentativos já que estamos sustentando que os efeitos de sentido, convencionalmente aceitos em um texto eminentemente argumentativo estarão presentes também em um texto eminentemen te descritivo.

Agora faça com que eles relembrem as características da descrição: um texto que tem a organização eminentemente descritiva precisa possuir um referente: um objeto, uma pessoa, ou seja: é preciso que o texto tenha intenção de constr uir uma imagem, atravé s das palav ras, daquilo que se q uer representar ( subst ituir) através da li nguagem (verbal), ou at ravés das palavras.&nbs p;

Chame a atenção para o fato que um gênero textual qualquer que se organize a partir da descrição, precisa possuir três características identificadas no texto: a nomeação, a qualificação e localização- situação.

-Nomeação: através de nomes, apelidos, metáfora s que configuram uma imagem ao ser descrito.

-Qualificação: através de adjetivos ou locuções adjetivas que atribuem um estado, algumas condições de existir ao se r, ou objeto descrito ampliando a imagem já designada pela nomeação.

- Localização-situação: através de advérbios de tempo e de lugar que configuram e atribuem um lugar e uma localização espaço-temporal aos seres descritos.

Depois de explicitar tais características traga um exemplo de gênero que se organiza a partir da descrição:

Disponível em: Revista Veja, Editora Abril, 16 de março de 2006.

Comente a intenção comunicativa dos textos de apresentação que antecedem as entrevistas da Revista Veja, conhecidas como "Páginas Amarelas".

Apresente o gênero " textos de apresentação" e analisem juntos como o título, o subtítulo, e o texto de apresentação trabalham juntos para a construção da imagem do entrevistados. Comente, inclusive, que, nos textos de apresentação, o tipo de organização predominante é a descrição, mas que a intenção final é criar uma imagem aceitável do entrevistado,de tal modo que o leitor se sinta convencido e/ ou persuadido a ler o restante da entrevista.

Aprese nte outro texto de ap resentação, a fim de comparação:

Trabalhe os mesmos elementos apontados na primeira imagem e compare os elementos utilizados para a construção dessa segunda imagem.

Em seguida, a partir da leitura do texto de apresentação da entrevistada, explore os elementos presentes nos dois textos, analisando a nomeação, a qualificação e a descrição presentes no texto. Se quiser, profesor, prepare os elementos presentes no texto em apresentação no power point para que você possa mostrar, também, como é a organização desse texto na lousa.

Legenda:

[1]: Nomeação

[2]: Qualificação

[3]: localização-situação

Título do E1: Não fuja da dor.

Subtítulo do E1: Para um dos psicólogos[1] mais polêmicos[2] dos Estados Unidos[3], é preciso aceitar a tristeza porque felicidade não é normal. (Revista VEJA, 01/03/2006)

O psicólogo[1] americano[2] Steven Hayes, de 57 anos, está causando alvoroço entre seus colegas de profissão. Em seu novo livro, Saia de Sua Mente e Entre em Sua Vida, publicado no fim do ano passado nos Estados Unidos[3], ele rompe com um método em voga na psicologia há trinta anos[3]: a terapia cognitiva, que instrui pacientes a se livrar de seus pensamentos e sentimentos negativos. Hayes diz que, ao contrário, é preciso aceitar a dor e o sofrimento como parte da vida. Suas teorias causam especial impacto no tratamento de distúrbios como a depressão e os transtornos de ansiedade. Autor[1] de 27 livros[2] e centenas de artigos científicos, nos últimos dez anos. Hayes recebeu mais de 5 milhões de dólares do governo americano para avançar em s eus estudos. Ex-presidente da associação de Terapias Cognitivas. Comportamentais, ele está há onze anos sem ter um ata que de síndrome do pânico, que o aflige desde os 29 anos[3]. Hayes[1] concedeu a seguinte entrevista a VEJA de sua casa no estado de Nevada, onde mora com a mulher, a psicóloga gaúcha Jacqueline Pistorelo, e três de seus quatro filhos.(Revista VEJA, 19/04 2006).

Em seguida trabalhe com os elementos presentes segundo texto, chamando-o de E2:

Título: A guerreira de Bush
E2: Assessora e amiga[1] do presidente[1] americano[2], a subsecretária de Estado corre o mundo com a difícil missão de melhorar a imagem dos EUA.(Revista VEJA, 22/03/2006).

Agora apresente o texto de apresentação como um todo, delimitando as nomeações as qualificações e as localizações-sit uações :

Karen Hughes[1] é uma das amazonas[2] do presidente[1 ] americano[2] George W. Bush[1], que gosta de se cercar de colaboradoras[1] fortes e fiéis. No caso dela, a comparação com as guerreiras mitológicas é mais do que simbólica. Ela[1] mede mais de 1, 80 metros[2], calça 41 e tem uma capacidade de comando que já aterrorizou muitos marmanjos, tanto durante a primeira campanha presidencial de Bush quanto no período em que controlou ferozmente todo o esquema de comunicação social da Casa Branca. Apelidada de “Spice Girl”[1], ela largou tudo em 2002 para voltar ao Texas[3] porque o filho adolescente e o marido não se acostumavam à vida em Washington[3]. Escreveu um livro deu palestras e fez comida para a família até ser convocada pe lo chefe e amigo, no ano passado. Retornou como subsecretária de Estado para Diplomacia Pública, com a missão- impossível, acreditam muitos- de melhorar a imagem dos Estados Unidos no mundo, o que tem lhe valido, mesmo entre públicos menos hostis, risinhos irônicos, contestações inflamadas e até vaias. Situações que enfrenta com os olhos azuis faiscantes[2] de convicção total na sua tarefa e o método de só focar nas mensagens positivas. (Revista VEJA, 22/03/2007).

Contando com a exposição das página s amarelas como um todo, tal como elas aparecem na Revista, explore também a foto dos entrevistados: o que aparece ao fundo? qual o cenário? Qual a posição dos entrevistados nas fotos? De alguma maneira, a posição dos entrevistados nas fotos contribuem para a imagem que se quer construir dos mesmos? Elas coincidem com o que o texto de apresentação diz sobre elas? A imagem construída, tanto nas fotos quanto na apresentação dos entrevistados contribuem para criar uma imagem positiva a respeito dos mesmos? Poder-se-ia dizer que houve , enquanto intenção comunicaativa, estratégias para convencimento e/ou persuasão do leitor?

Quarta aula (duas aulas de  50 minutos): Quando descrever é também produzir textos

Nesta sexta aula, apresente aos alunos algumas publicidades que possuem apenas imagens. Divida-os em grupos de quatro, ou cinco e proponha que eles são o anunciante de uma marca apresentada nas imagens.Peça a eles. alunos para construírem pequenos enunciados verbais, predominantemente, descritivos cuja intenção seja convencer o público alvo a consumir um determinado produto que, supostamente, esteja sendo anunciado.

Estimule-os a analisarem as fotos e a se inspirarem em algo que combine com elas, elaborando, criteriosamente o texto em conjugação com a criatividade das imagens.

Por fim, deixe-o produzirem à vontade, conforme a orientação que eles mesmo obtiverem, segundo as suas próprias inspirações.

Peça-os para escolherem um produto presente nas três imagens e formular um  texto verbal bem criativo para cada uma delas, juntamente com a descrição do produto, visando a convencer e/ou persuadir o público-alvo:

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Disponível em: http: www.publicidades.com [Acesso em: 03/12/2010].

Recursos Complementares

Para saber mais:

BAKHTIN, Mikhail (VOLOCHINOV). Marxismo e filosofia da linguagem: problemas fundamentais do método sociológico. Trad. Michel Lachud (et all). 7º ed. São Paulo: Hucitec, 1995

CHARAUDEAU, Patrick. O discurso das mídias. Trad. Ângela S. M. Corrêa. São Paulo: Contexto, 2006.

CHARAUDEAU, Patrick. Visadas discursivas, gêneros situacionais e contrução Textual. In: MACHADO, Ida & MELLO, Renato (orgs). Reflexões em Análise do Disccurso. Belo Horizonte: NAD/FALE/UFMG, 2004.

CHARAUDEAU, Patrick. Grammaire du sens et l’expression. Paris: Hachette, 1992.

Avaliação

Para alcançar os objetivos pretendidos por essa aula, professor, tais como saber identificar estruturar, ler e produzir textos verbais e não verbais com as características supracitadas é necessário que você avalie, no âmbito da produção de texto, não apenas a produção de texto e sua habilidade em estruturá-los .

Apesar de ser necessário que , ao final de cada etapa da aula, o aluno seja capaz de produzir textos estruturados a partir da argumentação, descrição, o importante também é que o aluno, atrávés da leitura e da interpretação, sejam capazes de identificar elementos imprescindíveis à organização de determinados gêneros discursivos e /ou textuais.

Para tanto, como instrumento de avaliação, seria importante instituir uma espécie de seminário em que o aluno deverá, primeiro, elaborar um portifólio, em que nele constem alguns gêneros textuais. Após isso deverá apresentar e discutir com a turma as características intra e extra-textuais que caracterizam tal gênero.

Na última aula avalie se o aluno foi capaz de entender a estrutura da descrição e sua função nos textos modernos, quando da intenção comunicativa que seja convencer e persuadir o público-alvo.

Avalie se o aluno foi capaz de demonstrar os aspectos relacionados ao sujeito do discurso, à intenção comunicativa e ao predomínio de um tipo discursivo em relação ao outro.

A partir disso, avalie se os alunos souberam construir, através da descrição uma imagem coesa e coerente para o referente dos textos publicitários apresentados de tal forma que os mesmos possam convencer e/ou seduzir os leitores. 

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