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Gerundismo - PARTE 2

 

20/01/2010

Autor e Coautor(es)
Tânia Guedes Magalhães
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JUIZ DE FORA - MG Universidade Federal de Juiz de Fora

Maria Cristina Weitzel Tavela

Estrutura Curricular
Modalidade / Nível de Ensino Componente Curricular Tema
Ensino Médio Língua Portuguesa Produção, leitura, análise e reflexão sobre linguagens
Dados da Aula
O que o aluno poderá aprender com esta aula

Nesta aula, daremos continuidade aos objetivos traçados na aula GERUNDISMO - PARTE 1: perceber a variação lingüística existente na língua, por meio do fenômeno gerundismo; perceber as opiniões diversas sobre o uso do gerundismo, bem como retomar seu uso.

Duração das atividades
3 aulas de 50 minutos
Conhecimentos prévios trabalhados pelo professor com o aluno
O aluno deverá ter assistido a aula Gerundismo - Parte 1
Estratégias e recursos da aula
                   

Etapa 1


Inicie a aula com a leitura do texto de John Robert Schmitz.

Vou estar defendendo o uso do gerúndio
John Robert Schmitz*

"A gerência vai estar transferindo 3 mil reais de sua conta." Quem falar ou escrever uma frase assim atualmente corre o risco de ser ridicularizado. Culpa do gerúndio (e de sua junção com os verbos ir e estar), tachado de "assassino" do idioma por alguns gramáticos e formadores de opinião da mídia. Esse gerúndio é vítima da irritação dos usuários com seus maiores divulgadores, os operadores de telemarketing, que nos obrigam a sofrer para ter acesso telefônico a serviços de empresas. Mas será que o equívoco nesse processo é justamente o uso do gerúndio? Seria o gerúndio um erro gramatical da mesma ordem de falhas como "eu dispor" em vez de "se eu dispuser" ou "interviu" em vez de "interveio". E afinal de contas, o que é que o gerúndio está "assassinando"?
Para desprestigiá-lo, um observador afirmou que o gerúndio é uma firula desnecessária, um drible a mais na comunicação. Dizem, por exemplo, que "estar cuidando" tem o mesmo sentido que "cuidar". Mas todos nós temos o direito de usar ou não usar certa palavra, expressão ou locução. Qualquer idioma serve às intenções comunicativas dos seus falantes. Um determinado usuário pode dizer "vamos estar cuidando do seu caso" quando tem interesse em expressar continuidade, cordialidade ou polidez ao passo que outro falante pode desejar ir direto ao ponto, recorrendo à forma simples: "Vamos cuidar do seu caso" - que caracteriza um tratamento mais descomprometido ou "seco".
Outros falantes alegam que "vai estar transferindo" significa que repetidas transferências de dinheiro serão feitas pela agência bancária. É uma interpretação pessoal, que nada tem a ver com as regras da gramática. Além disso, qualquer cliente sabe que os bancos cuidam bem de suas contas e nunca vão esbanjar dinheiro fazendo transferências à toa. Ainda mais levando-se em conta a voracidade da CPMF.
A campanha contra o gerúndio, creio, é fruto de preconceito lingüistico sem embasamento numa pesquisa de campo entre os diferentes tipos de usuários de português em diferentes contextos. Pergunto por que os desafetos do gerúndio condenam a frase "Ele vai estar chegando na parte da tarde" quando os mesmos aceitam tranqüilamente a presença dos verbos modais: "Ele pode estar chegando, ele deve estar chegando, ele tem de estar chegando na parte da tarde"?
Subjacente à polêmica em torno da campanha de "cassação" do gerúndio, existe uma vontade geral de colocar o idioma numa redoma e não reconhecer que ele muda ao longo do tempo. O português da época de José de Alencar é diferente do português contemporâneo. Todas as línguas vivas inovam graças à criatividade dos seus usuários. Alguns críticos, com o intuito de proteger e manter o idioma estável, implicam com novos verbos, como "disponibilizar", novos substantivos como "descatracalização", novos adjetivos como "imexível" e "descuecado" ou até com estrangeirismos (sem equivalentes em português) como "dumping" e "ombudsman".
Para tentar banir o gerúndio do idioma, alguns observadores questionam as credenciais do mesmo e sugerem que ir + estar + verbo no gerúndio é resultado da invasão sintática do inglês. Essa crença não procede porque, em primeiro lugar, os falantes em questão nem sempre dominam o inglês o suficiente para o idioma estrangeiro interferir no português. Em segundo lugar, o português brasileiro apresenta uma variedade de gerúndios - e o inglês não. Alguns exemplos: "Olha, está querendo chover!", "Não estou podendo tirar férias agora". Cabe observar também que os idiomas francês e alemão não têm gerúndios. É a presença no idioma de uma sentença como: "O plantonista está atendendo amanhã na parte da tarde" que serve como "ponte" pa ra a realização de: "O plantonista vai estar atendendo amanhã na parte da tarde". Na verdade, ao lado de formações como o infinitivo conjugado ("para comprarmos"), a mesóclise ("dir-se-á") e o futuro do subjuntivo ("se ele der"), a presença de gerúndios contribui para diferenciar o português de todas as outras línguas. É como Zeca Pagodinho e caipirinha; só o Brasil tem.

*Nasceu nos Estados Unidos e tem 69 anos - 35 deles vividos no Brasil. É integrante, e ex-chefe, do Departamento de lingüística Aplicada da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).

Retirado de:
http://super.abril.com.br/superarquivo/2005/conteudo_373137.shtml

Depois da leitura, desenvolver, com os alunos, as seguintes questões (cada aluno deverá, por escrito, desenvolver seu próprio exercício)

1) Após a leitura do texto, percebemos que há uma divergência de opiniões em relação aos textos I e II, lidos anteriormente. Que divergência é essa?

2) No 4º parágrafo, o autor diz que a campanha contra o gerúndio é resultado de quê? Explique o que isso significa.

3) O que significa “colocar o idioma numa redoma”?

4) John Robert Schimitz afirma, no 6º parágrafo, que a construção IR + ESTAR + GERÚNDIO não procede de uma invasão do inglês. Cite os argumentos em que ele se baseia para afirmar isso.

5) No 2º parágrafo, o autor afirma que o uso do gerúndio pode estar associado à polidez. Pesquise no dicionário o que isso significa e explique seu sentido no texto, relacionando-o ao gerúndio.

6) Explique por que o autor afirmou que o gerundismo “é como Zeca Pagodinho e capirinha”.


Etapa 2:

Após a correção dos exercícios acima, sistematizar, com os alunos, todo o tema tratado, para o desenvolvimento da próxima etapa.

- diferença entre gerundismo e gerúndio, com exemplos;


- levantamento de diferentes opiniões em torno do gerundismo: os favoráveis, que consideram esse uso uma variedade existente na língua, e os contrários, que não aceitam essa variedade.

Recursos Complementares

Indicação de sites de consulta sobre gerúndio/gerundismo:

Programa Língua solta
http://www.youtube.com/watch?v=HIoMlMIfa5E

Entrevista com José Augusto Carvalho, professor da UFES
http://www.youtube.com/watch?v=iM664Neere0

Consulta

http://www.youtube.com/watch?v=UauI263bVvo&NR=1

Pasquale
http://www.youtube.com/watch?v=HbZVcaCbKgQ

Avaliação

Produção de um texto expositivo sobre o “gerúndio e gerundismo”

Elaborar, com os alunos, um texto didático/expositivo em que eles resumam (condensem) todas as informações estudadas sobre o uso do gerúndio/gerundismo, para ser publicado num jornal destinado a adolescentes. Os alunos devem ser divididos em grupos de 4 pessoas. Cada grupo produzirá um texto e, ao final da produção, o professor escolherá o melhor texto para publicação num site, blog, jornal ou revista, de escolha do professor.

O texto deve conter:

- pergunta inicial que provoque curiosidade no leitor sobre o assunto;
- diferença entre gerúndio e gerundismo e sua aceitação, com exemplos;
- explicitação das causas do surgimento do gerundismo, segundo Pasquale;
- explicações das possíveis causas do uso do gerúndio, segundo John Robert Schmitz;
- conclusões sobre o uso do gerúndio/gerundismo (opinião dos alunos sobre o uso);
- indicações de vídeos, livros e sites sobre o assunto, que o aluno já pesquisou na aula 1 de Gerundismo.

Opinião de quem acessou

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Opiniões

  • REGINA CÉLIA FERREIRA, E.E.M.ROMEU DE CASTRO MENEZES , Ceará - disse:
    reginacarmelitinha@bol.com.br

    24/03/2010

    Cinco estrelas

    Que maravilha de aula!. É assim que se dá aulas, e desta forma todos aprendem sem medo, decoreba ou algo que o valha. Abraço.


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