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O uso do diminutivo na construção de textos

 

20/12/2009

Autor e Coautor(es)
Tânia Guedes Magalhães
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JUIZ DE FORA - MG Universidade Federal de Juiz de Fora

Maria Cristina Weitzel Tavela

Estrutura Curricular
Modalidade / Nível de Ensino Componente Curricular Tema
Ensino Fundamental Final Língua Portuguesa Análise linguística: léxico e redes semânticas
Ensino Fundamental Final Língua Portuguesa Língua oral e escrita: prática de produção de textos orais e escritos
Ensino Fundamental Final Língua Portuguesa Língua oral e escrita: prática de escuta e de leitura de textos
Dados da Aula
O que o aluno poderá aprender com esta aula

Conhecer os diferentes usos do diminutivo e seus sentidos em um texto.

Duração das atividades
3 horas
Conhecimentos prévios trabalhados pelo professor com o aluno

Habilidades básicas de leitura e escrita.

Estratégias e recursos da aula

Etapa 1

A) Antes de iniciar a aula, escreva no quadro as seguintes frases:

Meu amorzinho, saudade de você!
Fui tomar uma cervejinha com os amigos!
Pega a tampinha do refrigerante aí!
Leve sombrinha porque vai chover!

B) Pergunte aos alunos o que as palavras em destaque significam.

C) Leia cada frase com eles e peça que eles respondam as seguintes questões: todas essas palavras estão no diminutivo?; qual delas já é escrita normalmente com o acréscimo do sufixo –inho, sem identificar diminuição de tamanho?; todas elas representam diminuição de tamanho?; qual o sentido de cada uma?

D) Após essa breve discussão, entregue aos alunos um xerox do texto abaixo:

Com a palavra, a palavrinha (Fraga)
Era uma vez um diminutivo reativo. Queria porque queria ser aumentativo. A mãezinha falou baixinho pro altivo:
– Filhinho, você nasceu pequenininho. Acostume-se ao tamanhinho. Fique calminho, você verá seu valor em alguns textinhos e contextinhos.
Mas o diminutivo não diminuía sua viva expectativa. Soar tonitruante, com um til retumbante sobre a cabeça, ah, isso sim seria importante.
E foi à escolinha pela estradinha, admirando florezinhas, seguindo o riachinho, sob o solzinho ou chuvisqueirinho. Na mochilinha, um lanchinho. Na cabeça, único pensamentinho:
– Hei de vencer fora desse mundinho.
E assim passaram-se os aninhos. O diminutivo recebeu seu diplominha e preparou-se pro empreguinho. Sem mostrar ambição (“Til, não! Causa confusão!”), alimentava um projetinho na cabecinha: ir pruma industriazinha avançadinha e prestar seus servicinhos.
Mas, qual? Só podia lidar com chavezinhas, equipamentozinhos, aparelhinhos, ferramentinhas. Procurou na ciência inteirinha. Afinal, era mocinho, precisava de um carguinho, ganhar sua vidinha. Foi quando ouviu falar em nanotecnologia – em vez de palavrinha, palavrona. Mas prometia. Foi lá e fez uns testezinhos. Coisinhas como entrar numa agulhinha e por um furinho chegar aos cantinhos de uma celulazinha e lá, num implantezinho, esperar um tempinho e aguardar um efeitinho. Achou tudo chatinho, além de incertinho. Se houvesse sucessinho, seria num futuro remotinho.
O diminutivo desistiu da experienciazinha. Queria alegrar sua alminha, mas, sem rotinazinha.
Aí lembrou da sua infanciazinha! Quem sabe um estagiozinho na crechinha do seu bairrinho? Nada mais útil à professorinha no trato com os aluninhos. E as criancinhas também gostariam dele nas suas boquinhas e orelhinhas. Abriu um sorrisinho e fez uma entrevistinha.
Deu tudo certinho. Em meio ao vocabulariozinho dos menininhos e menininhas, cheio de bichinhos e risinhos, desenhinhos e musiquinhas, o diminutivo soltou um suspirinho. Já era um comecinho: podia rimar nos versinhos, fazer número nas continhas, ajudar nas primeiras letrinhas. E ainda ia com eles pras casinhas, nos bilhetinhos!
A partir daí, o diminutivo virou felizardinho, nem quis mais ser crescidinho. Descobriu, do melhor jeitinho, que tudo tem seu momentinho e lugarzinho.
E, às vezes, tinha até prazeres sem diminutivos, como no ar marinho, no burburinho do caminho, nos vizinhos e, sobretudo, no carinho.
http://www.sinpro-rs.org.br/extraclasse/jun06/fraga.asp

E) Peça aos alunos que façam uma leitura silenciosa do texto. Em seguida, peça que cada aluno leia um parágrafo em voz alta.

F) Pergunte aos alunos o que acharam do texto, se gostaram, se não gostaram, (por quê?) e se o compreenderam.

G) Discuta oralmente com os alunos as seguintes questões:
- Qual é o assunto tratado pelo texto?
- Como está escrita a maioria das palavras?
- O que o autor quis dizer com a afirmação: “E, às vezes , tinha até prazeres sem diminutivos, como no ar marinho, no burburinho do caminho, nos vizinhos e, sobretudo, no carinho”?


Etapa 2

A) Após a discussão acima, entregue aos alunos uma cópia do texto abaixo:

Diminutivos
Algumas pessoas sabem o quanto isso me irrita. Mas no fundo que merda é essa de “diminutivos”?! Acho que é uma daquelas cenas que a nossa gramática tem, mas nem ela sabe para que serve e qual a sua utilidade. Um pouco como as tunas.
O diminutivo é algo que diminui a palavra, torna-a mais pequena e, irritantemente mais querida e ternurenta. Em vez de dizerem “querida” dizem “queridinha”. Este tipo de pessoas caracterizam-se por serem irritantes, chatas e por usarem os diminutivos em praticamente todas as palavras que utilizam. “Queridinho, leva o guarda chuvinha senão chegas a casa todo molhadinho..” Mas que merda é esta?! Na minha opinião das duas uma. Ou enviamos estas pessoas todas para uma ilha ou as fuzilamos. Não vejo outra solução.
Estas pessoas deixam as pessoas sãs, como eu (ou não), à beira do suicídio, logo perdemos a vontade de fazer alguma coisa, a desmotivação toma conta de nós. Mas logo aparece alguém que nos diz: “Estás tristinho. A vidinha não te corre bem?!” Aí é que uma pessoa perde mesmo a vontade de lutar..
Eu acho que estas pessoas deviam andar identificadas na rua com uma placa, ou um emblema a dizer “Sou chatinho e utilizo diminutivos” mas com cores berrantes e néons! Um gajo via uma pessoa destas e fugia logo!
É que depois as pessoas não vêem o ridículo em que caem! No outro dia fui a um café e fui atendido por uma empregada chamada Clara. Só que ela era negra!.. E todos a chamavam, de uma forma ternurenta, Clarinha.. Tipo, ela é negra! Uma negra que é Clarinha?! Sem preconceito, mas será que os pais dela nunca pensaram nisso?! Os diminutivos e abreviaturas nos nomes. Afinal, para que servem?! Manuel para Manel, Alexandre para Alex, José para Zé, Francisco para Chico, Margarida para Guida.. Mas porquê?! Até o meu nome tem diminutivo. Pedrinho. Já viram?! Um diminutivo com mais letras que o nome original!
Mas se há coisa que irrita mesmo são os namorados e a linguagem que utilizamos. Vocês já pararam para pensar nas merdas que dizemos quando namoramos?! Não há linguagem mais complicada do que a do amor. Se há coisa que detesto é ver um casal de namorados. Mãozinha dada, sempre com sorrisos. Depois começam com beijos dignos de ida ao motel. Nem sei como conseguem respirar. E se ambos se engasgam?! Gostava de ver isso acontecer!
Não conheço linguagem com mais diminutivos do que a de um casal de namorados, especialmente se ainda estiverem a começar. Uma conversa é algo mais ou menos assim:

- “Meu amorzinho, és o meu docinho, o meu Sol”
- “Ai, meu queridinho, sinto que vamos ser tão felizes. Adoro-te tanto”
- “És tão mentirosa, meu torrãozinho. Eu é que gosto mais de ti, minha abelhinha..” - “Não gostas nada. Eu gosto mais de ti, meu príncipezinho”
Não há maior conversa de bestas do que isto. Porque é que esta gente dá tanto nas vistas?! Já todos viram que eles namoram, quanto mais não seja pelas mãos dadas, mas não.. ainda começam com estas conversas e dão cabo do juízo a quem os tem de aturar! Quando a relação já está a dar as últimas e as discussões são freqüentes, aparecem os aumentativos, nada mais nada menos que o contrário dos diminutivos que são mais uma merda que a própria gramática não sabe para que servem. Tratam-se de expressões cujo objetivo é aumentar a palavra, fortalecer o seu significado. Por exemplo, o “és o meu bizerrinho” passa a “És uma vacazona!”, ou termos parecidos como “cabrão”, “porcalhão”, “cabrona”, etc.. Resultado, a relação acaba, cada um toma o seu caminho. Algum tempo mais tarde, começa tudo outra vez. Cada um conhece outra pessoa e voltam as “abelhinhas”, os “torrõezinhos”..
Vai-se lá entender estas coisas.
http://myownsecretplace.blogspot.com/2005/03/diminutivos.html

B) Peça aos alunos que leiam o texto em silêncio.


C) Após a leitura silenciosa, peça aos alunos que leiam em voz alta. Cada aluno deverá ler um parágrafo.

D) Pergunte aos alunos se gostaram do texto ou se não e por quê.

E) Em seguida, entregue aos alunos uma cópia dos seguintes exercícios:

EXERCÍCIOS

01) Como texto I e II se relacionam?
02) Segundo o autor, o que são os diminutivos?
03) De acordo com o texto, como se caracterizam as pessoas que usam diminutivos?
04) Segundo o autor, o que as pessoas que utilizam diminutivos provocam nas outras pessoas, as que não fazem uso desse recurso?
05) Conforme o texto, dentre todos os usos do diminutivo, em qual situação ele seria mais irritante? Por quê?
06) Após a leitura do texto, podemos concluir que o autor não suporta o uso dos diminutivos ou o contrário? Justifique.


Etapa 3

A) Após realizar as leituras dos textos acima e as discussões propostas, entregue aos alunos uma cópia do seguinte texto:

Diminutivo: um grande recurso da língua

“Preta, preta, pretinha...” (Moraes Moreira)
Tradicionalmente, o diminutivo é ensinado como uma indicação formal de diminuição de tamanho. Mas, dependendo do contexto em que o diminutivo é usado, ele pode assumir as mais diversas significações, indicando manifestações da emoção e das intenções do falante.
Embora a significação dos diminutivos de uma palavra dependa do contexto e só exista em relação a ele, seguem abaixo alguns dos efeitos de sentido e das significações do uso cotidiano desse recurso de linguagem:

a) ADMIRAÇÃO/ SURPRESA
Dois amigos se encontram e um deles convida o amigo para conhecer a sua “casinha” (sentido afetivo, de aconchego).
Quando o amigo chegou em frente à casa, declara admirado:
- Que “casinha” hein!...
Na realidade, a casa não era uma casinha, (no sentido de pequena), mas uma casa grande, o que causa surpresa por não corresponder à expectativa criada quando o amigo se referiu à sua propriedade.

b) IRONIA/ DEPRECIAÇÃO/ ANTIPATIA
Você gosta mesmo de ler esse jornalzinho?
Esse doutorzinho não acertou um diagnóstico sequer.
Vai entender o que esse povinho quer fazer da vida.
Ele nos serviu um vinhozinho qualquer.
Nesses casos, a entonação de voz ajuda a reforçar o sentido irônico ou depreciativo do termo empregado no diminutivo.

c) ATENUAR SENTIDO:
Ao dizer “senti um ‘friozinho na barriga só de pensar em perder meu emprego”, a pessoa deve estar atenuando o gelo de medo que sentiu ao pensar em algo desfavorável/ desagradável.
Essa atenuação ocorre para desarmar certas palavras que, na sua forma original, são desagradáveis, como operação. Se um médico disser que o paciente passará por uma operaçãozinha, parece que é algo mais banal do que se disser operação, uma palavra que denota uma situação que certamente durará horas e pela qual pacientes graves passam.
Pensando em palavras menos trágicas, mas que podem ser atenuadas: você pode passar horas tomando chopinho e comendo porçõezinhas fritas sem o peso na consciência que você poderia ter se tivesse tomado dois chopes com duas porções fritas.

d) REFORÇAR SENTIDO: Quando o diminutivo sugere alguma incumbência ou ordem, não indica que a pessoa deverá realizá-la mais lenta ou rapidamente, mas sim acentuar a recomendação, reforçar o sentido.
João, vá depressinha apanhar o meu remédio na farmácia.

e) AFETIVIDADE: nesse caso, o diminutivo denota sentimentalismo, carinho ou cuidado com algo ou com a outra pessoa envolvida na comunicação.
Que saudade da minha caminha!
Que comidinha gostosa a sua mãe faz !
Gostou do caf ezinho?
Às vezes essa afetividade pode infantilizar a pessoa a quem o emissor se r efere:
- Filho, quer um leitinho quentinho? (e o filho tem mais de 21 anos de idade)

f) SIGNIFICADO CRISTALIZADO: Existem palavras que, embora utilizem o sufixo diminutivo, não tem significação de diminutivo, dependendo, sempre, do contexto em que são utilizadas.
1. Terrinha: Portugal
2. Pombinhos: casal feliz
3. Santinho: Propaganda eleitoral impressa em formato pequeno, com foto do candidato e informações sobre ele.
4. Folhinha: Folha com o calendário impresso.
5. Patricinha: Mulher que se veste com excessivo apuro.
6. Vaquinha: ajuda mútua, caixinha.
“Não tinha dinheiro, então, fez-se uma vaquinha entre os amigos para comprar a carne para o churrasco”.

Diante desses exemplos de efeitos de sentido gerados a partir do uso do diminutivo, procure utilizá-lo de acordo com o contexto adequado e com o efeito de sentido pretendido. Caso contrário, você pode ser mal interpretado, afinal, há inúmeros efeitos de sentido pela “simples” inserção do –inho ao final de uma palavra.
http://www.artigos.com/artigos/sociais/administracao/treinamento/diminutivo:-um-grande-recurso-da-lingua-1935/artigo/

B) Peça aos alunos que leiam o texto silenciosamente.

C) Após a leitura silenciosa, pergunte aos alunos se compreenderam o texto.

D) Leia em voz alta, explicando cada sentido que o diminutivo pode assumir de acordo com a situação comunicativa, esclarecendo as dúvidas dos alunos.

E) Levante outros exemplos em sala de aula. Peça a ajuda dos alunos.
Para verificar se os alunos compreenderam, acrescente mais (no mínimo) um exemplo a cada caso.

Recursos Complementares

Outros textos sobre diminutivos:

Diminutivos – Martha Medeiros
http://jgiacometti.multiply.com/journal/item/48

Diminutivos – Luis Fernando Veríssimo
http://intervox.ufrj.br/~jobis/l-dimi.htm

Avaliação

A avaliação dessa aula será simples, como uma pequena brincadeira. Peça aos alunos que escrevam uma pequena carta a alguém muito querido. Nessa carta, eles deverão fazer uso do diminutivo relatando situações afetivas, irônicas e de atenuação de sentido. Após a confecção da carta, peça aos alunos que façam um círculo. Cada um lerá sua carta. Chame a atenção deles para a importância da impostação da voz. Os outros alunos tentarão adivinhar em qual sentido o diminutivo foi empregado. Dessa forma, o professor poderá verificar se todos compreenderam os diferentes valores que o diminutivo assume de acordo com o que se quer dizer ou com o contexto.

Opinião de quem acessou

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