O objetivo desta aula é revitalizar a capacidade de ler, ouvir, contar e escrever histórias, articulando a expressão oral e a escrita, inserindo, mais vigorosamente, os alunos nas práticas discursivas orais. As aulas estarão centradas na literatura, mais especificamente nas narrativas tradicionais – fábulas, contos de fadas e contos maravilhosos. Pretende-se, assim, aumentar o nível de letramento por meio de leituras prazerosas, resgatando outros tempos guardados na memória. Serão também prestigiadas atividades escritas voltadas para a intertextualidade.

Aulas elaboradas para alunos do 6° ano do ensino fundamental, sendo desejável que já tenham tido contato com os gêneros fábulas, contos de fadas e contos maravilhosos.

Aulas 1 e 2
Professor: comece a aula, buscando resgatar as lembranças dos alunos em relação às histórias – contos de fadas, contos maravilhosos e fábulas - já ouvidas em casa, na escola. Promova uma interação em que todos possam se manifestar, expressando o prazer que essas histórias despertam não só nas crianças, como também nos adultos.

No site abaixo, você encontra uma excelente discussão de Marcos Bagno sobre Fábulas.
http://www.tvebrasil.com.br/salto/boletins2002/vdt/vdttxt3.htm  

Sobre contos maravilhosos e contos de fadas, leia algumas informações abaixo.

Segundo Nelly N. Coelho (2003:79), “grosso modo, pode-se dizer que o conto maravilhoso tem raízes orientais e gira em torno de uma problemática material/social/sensorial – a busca de riquezas; a conquista do poder; a satisfação do corpo etc.- ligada basicamente à realização socioeconômica do indivíduo em seu maio. Exemplos: Aladim e a Lâmpada Maravilhosa; O Gato de Botas; O Pescador e o Gênio; Simbad, o Marujo.
Quanto aos contos de fadas de raízes celtas, giram em torno de uma problemática espiritual/ética/existencial, ligada à realização interior do indivíduo, basicamente por intermédio do Amor. Daí que suas aventuras tenham como motivo central o encontro/a união do Cavaleiro com a Amada (princesa ou plebéia), após vencer grandes obstáculos, levantados pela maldade de alguém. Exemplos: Rapunzel, O Pássaro Azul, A Bela Adormecida, Branca de Neve e os Sete Anões, A Bela e a Fera.”

Se desejar se aprofundar no assunto, consulte:
ABRAMOVITH, Fanny. Literatura Infantil: gostosuras e bobices. São Paulo: Scipione, 1997.
COELHO, Nelly Novaes. Literatura infantil: teoria, análise, didática. São Paulo: Moderna, 2000.
COELHO, Nelly Novaes. O conto de fadas: símbolos mitos arquétipos. São Paulo: Difusão Cultural do Livro, 2003.

Professor:
Após o momento inicial, apresente a sua proposta de trabalho aos alunos:
1) Leitura de um conto tradicional: O Patinho Feio.
2) Leitura e análise de O Retorno do Patinho Feio, uma revisita à história desse famoso personagem.
3) Divisão da turma em duplas para preparar a oficina de contação de histórias. Para tanto, as duplas irão:
a) selecionar textos tradicionais – fábulas, contos de fadas ou maravilhosos. Eles poderão escolher entre os já citados: Aladim e a Lâmpada Maravilhosa; O Gato de Botas; O Pescador e o Gênio; Simbad, o Marujo. Ou Rapunzel, O Pássaro Azul, A Bela Adormecida, Branca de Neve e os Sete Anões, A Bela e a Fera. Ou, ainda, outros contos ou fábulas escolhidos livremente pela dupla.
b) preparar a história para ser contada, ou lida interativamente. (A leitura interativa pressupõe um alto grau de envolvimento do leitor com os ouvintes).

4) Finalizando a proposta, os alunos deverão produzir, por escrito, em folha à parte, uma paráfrase ou uma paródia da história que eles contaram. Essa atividade faz parte da avaliação.

Professor: é importante que você inclua uma paráfrase e uma paródia de uma dessas narrativas. Por exemplo, Branca de Fome seria uma paródia de Branca de Neve e os Sete Anões. Você a encontra no site
http://www.monica.com.br/revistas/receitas/branca.htm

Sobre paródia e paráfrase, leia o texto abaixo:

“Affonso Romano de Sant’Anna ainda distingue em sua obra Paródia, Paráfrase & Cia a intertextualidade das semelhanças da intertextualidade das diferenças. No primeiro caso, manifesta-se adesão ao que é dito; no segundo, representa-se o que foi dito para propor uma leitura diferente e/ou contrária.” ( KOCH, I. V.; TRAVAGLIA, Luiz Carlos. A coerência textual. São Paulo: Contexto, 2001)

Professor: comece a pôr em prática a sua proposta. Distribua o conto O Patinho Feio, do escritor dinamarquês Hans Christian Andersen. Consulte na biblioteca da sua escola o texto original. Conte um pouco sobre a vida e a obra desse importante contador de histórias. Consulte:

http://educacao.uol.com.br/biografias/ult1789u692.jhtm  

Em seguida, distribua o texto abaixo, O Retorno do Patinho Feio, de Marcelo Coelho, publicado no jornal Folha de São Paulo, em 19/03/2005.

                                                                 O retorno do Patinho Feio

Alfonso era o mais belo cisne do lago Príncipe das Astúrias. Todos os dias, ele contemplava a sua imagem refletida nas águas daquele chiquérrimo e exclusivo condomínio para aves milionárias. Mas Alfonso não se esquecia de sua origem humilde.
- Pensar que, não faz muito tempo, eu era conhecido como o Patinho Feio ...
Um dia, ele sentiu saudades da mãe, dos irmãos e dos amiguinhos da escola.
Voou até a lagoa do Quaquenhá. O pequeno e barrento local de sua infância.
A pata Quitéria conversava com as amigas chocando sua quadragésima ninhada. Alfonso abriu suas largas asas brancas.
- Mamãe! Mamãe! Você se lembra de mim?
Quitéria levantou-se muito espantada.
- Se-se-senhor cisne...quanta honra ... mas creio que o senhor se confunde...
- Mamãe...?
- Como poderia eu ser mãe de tão belo e nobre animal?
Não adiantou explicar. Dona Quitéria balançava a cabeça.
- Esse cisne é mesmo lindo... mas doido de pedra, coitado...
Alfonso foi então procurar a Bianca. Uma patinha linda do pré- primário. Que vivia chamando Alfonso de feio.
- Lembra de mim, Bianca? Gostaria de me namorar agora? He,he,he.
- Deus me livre! Está louco? Uma pata namorando um cisne! Aberração da natureza...
Alfonso respirou fundo. Nada mais fazia sentido por ali. Resolveu procurar um famoso bruxo da região. Com alguns passes mágicos, o feiticeiro e astrólogo Omar Rhekko resolveu o problema. Em poucos dias, Alfonso transformou-se num pato adulto. Gorducho e bastante sem graça. Dona Quitéria capricha fazendo lasanhas para ele.
- Cuidado para não engordar demais, filhinho.
Bianca faz um cafuné na cabeça de Alfonso.
- Gordo... pescoçudo... bicudo... Mas sabe que eu acho você uma gracinha?
Viveram felizes para sempre.

Atividades para serem feitas por escrito

1) O texto O retorno do Patinho Feio é uma continuação da história original de Andersen. Nele, o autor Marcelo Coelho atribui um nome ao personagem: Alfonso.

Como o autor o descreve esse personagem no início da história?
Marque a opção com um “X”.
( ) rico, lindo, feliz
( ) rico, feio, feliz
( ) pobre, lindo, feliz
( ) rico, lindo, infeliz
( ) pobre, lindo, infeliz

2) Qual é o motivo da tristeza de Alfonso?
3) Releia um trecho do diálogo do Patinho (agora um belo cisne) com sua mãe:

- Se-se-senhor ci sne...quanta honra ... mas creio que o senhor se confunde...
- Mamãe...?

Alfonso não é reconhecido pela mãe. Esse fato provoca um sentimento no personagem. Qual é ele?

4) Desanimado, Alfonso procura Bianca, uma amiga do pré- primário. Qual foi a proposta que ele lhe fez?

5) Naquele momento, a proposta era séria ou tratava-se de uma provocação? Por quê?

6) Não tendo sido aceito pelo antigo grupo, que atitude Alfonso tomou?

7) Explique a expressão “doido de pedra” em “Esse cisne é mesmo lindo... mas doido de pedra, coitado...” .

8) O retorno do Patinho Feio nos permite refletir sobre a alegria e a satisfação pessoal. Alfonso abriu mão da riqueza e da beleza, optando pela felicidade total. Você faria o mesmo no lugar dele? Dê a sua opinião.

Aula 3

Professor: nessa aula você vai acompanhar os alunos à Biblioteca ou ao Laboratório de Informática para que eles possam selecionar os textos que vão ler/contar.

Contar história é uma arte que equilibra o que é ouvido com o que é sentido, utilizando-se a voz de forma simples e harmônica, obedecendo-se a ritmos, cadências, velocidade, etc.

Assim, leia e distribua as orientações abaixo. Converse com os alunos sobre cada uma delas.

Orientações
1) Leia bem o texto, até criar grande familiaridade; não se trata de decorar.

2) Narre com expressividade e entusiasmo, para captar o interesse dos ouvintes. Saiba usar as modalidades e possibilidades da voz:
- sussurre quando a personagem fala baixinho ou está pensando em algo muito importante;
- levante a voz ou fale de mansinho, de acordo com a ação narrativa.
- use com humor as onomatopéias.
3) Se possível, faça gestos, mímicas e expressões faciais, para dar mais vida à narrativa.
4) Utilize uma linguagem acessível à platéia. Contar para crianças é diferente de contar para adultos.
5) Pronuncie as palavras corretamente e com clareza. Tome cuidado para não empacar na pronúncia de nomes, lugares...
6) Crie pausas nos momentos certos, dando tempo para que o ouvinte construa um cenário e nele vá vivenciando as experiências.
7) Evite a repetição exagerada de palavras e expressões como né?; aí; então; estão entendendo?; é ou não é?. Na expressão oral, elas servem para prender a atenção do ouvinte, mas devem ser usadas de forma moderada, para não tornar desagradável a narrativa.
8) Termine em grande estilo, mostrando, se for o caso, de onde tirou a história.

Aula 4

Professor: destine essa aula à  preparação da contação. Faça uma aferição para verificar como está o andamento da atividade. Se for conveniente, já inicie as apresentações. Atribua algum valor para essa atividade, contemplando a aplicação e a adesão dos alunos em todas as etapas da atividade.

Aula 5
- Professor: prossiga com as apresentações.

Aula 6

Professor: nessa aula, os alunos também serão avaliados, por meio de uma produção de texto, na qual as duplas farão uma paráfrase (contar a mesma história com as próprias palavras) ou uma paródia (contar a história, porém de forma diferente e/ou contrária ao texto original). O texto fonte será a história que contaram. O enunciado da atividade está na avaliação.

Junto com seu colega de dupla, produza um texto baseado na história que você contou, seguindo uma das seguintes instruções:
a) faça uma paráfrase, ou seja, conte a mesma história com as suas palavras ou
b) faça uma paródia, isto é, reconte a história que você apresentou em sala, porém de forma diferente e/ou contrária ao texto original.