14/12/2009
Elizabet Rezende de Faria
Modalidade / Nível de Ensino | Componente Curricular | Tema |
---|---|---|
Educação de Jovens e Adultos - 1º ciclo | Estudo da Sociedade e da Natureza | Cultura e diversidade cultural |
Ensino Fundamental Final | Artes | Arte Visual: Produção do aluno em arte visual |
Conhecer algumas obras de Matisse e Portinari que retratam o corpo em movimento, trabalhando a apreciação/leitura/recepção destas imagens;
Praticar o desenho e conhecer a técnica do Batique;
Produzir uma composição plástica em Batique sobre tecido Morim à luz do referencial teórico-plástico estudado.
Noções básicas de desenho.
Aula 1
Apresente aos alunos a proposta de trabalho plástico em Batique, falando das possibilidades de aplicação desta técnica na escola;
Suscintamente, fale o que é Batique, pois é uma palavra nova e uma técnica também desconhecida do vocabulário de uma maioria no contexto da escolar. Neste momento inicial, os alunos precisam saber apenas do que se trata para sentirem desejo (atração-interesse) em realizar um trabalho plástico com esse foco. Sugestão:
Batique (ou Batik) é uma técnica de tingimento artesanal de tecido, originária da Ilha de Java, na Indonésia e estudos mostram que ela existe há mais de dois mil anos.
Reúna algumas cangas/saídas de praia ou outros tecidos em Batique e mostre aos alunos para manuseio e exploração;
Solicite que procurem em casa e com familiares, tecidos com estampas diversas em Batique, possibilitando uma troca – socialização na aula seguinte;
Busque imagens de estampas em Batique e apresente aos alunos. Sugestão:
Autoria – Elvira Nesi, artista plástica e designer têxtil.
http://estampas-prints.blogspot.com/2009/08/tecidos-pintados-mao-tecnica-batik.html
Tecidos BATIQUE de Benin. 100% algodão. 120 x 400 cm.
http://www.de-africa.com/1tecidos.html
Agora que o grupo já viu algumas imagens em Batique, fale um pouco mais sobre a técnica proposta. Sugestões:
Batik: arte nobre e técnica milenar.
Batik ou Ambatik é um nome javanês que significa desenhar ou escrever. O Batik surgiu originalmente na Indonésia. Era uma arte nobre, que apenas as princesas e suas damas podiam praticar, pois somente elas dispunham de tempo suficiente para trabalhar os tecidos (normalmente a seda) de forma tão detalhada e elaborada. As tintas que usavam eram extraídas de plantas nativas e preparadas nas habitações, cercadas do maior segredo. Há 2000 anos a.C. no Egito, em Java, na Índia, na China, na África e na Indonésia, já estampavam os tecidos com a técnica do batik, que era usado através da impressão de mensagens e notícias, como meio de comunicação. Só mais tarde esta técnica passou a ser empregada para estampar tecidos de vestuário. Podemos dizer que o batik é uma técnica de vedamento, pois as partes cobertas com a cera não recebem tinta. Desenha-se com a cera sobre o tecido branco ou cru, que depois é tingido normalmente com a cor determinada. As linhas e ranhuras coloridas que vão surgindo no desenho são chamadas de "craquelê", que é a maior característica desta técnica e que contribui para realçar o trabalho. Antigamente, no batik primitivo, para cada cor aplicada o tecido era encerado, tingido, vaporizado e removia-se a cera a cada aplicação de cor. Hoje este processo, está bastante simplificado, além de novas técnicas, existem diversos tipos de corantes, anilinas e tintas para tecidos. Os riscos e temas também foram simplificados. A introdução destas novas técnicas, facilitou tanto a execução do batik, que é possível utilizar, para um único trabalho, todas as cores desejadas em apenas três ou quatro tingimentos. Essa técnica é conhecida como "Falso Batik". O melhor tecido para aplicar a técnica do batik é o algodão liso de cor clara, embora a seda também possa ser usada. Desaconselham-se as fibras sintéticas, pois não tingem bem, e as sedas finas que podem não agarrar a tinta. Se for muito espessa também não é adequada a esta técnica, já que a tinta teria dificuldade em penetrar neste tecido.
http://www.eufalo.com.br/viewtopic.php?f=3&t=1022
Sobre Batique ver também:
http://babeldasartes.wordpress.com/2008/10/19/batik-arte-nobre/http://cintiamidori.blogspot.com/2008/03/arte-do-batik-batique.html
Aula 2
Fale aos alunos que a proposta desenvolvida terá como eixo temático o corpo humano em movimento e mostre algumas imagens de obras que contemplam essa questão. Sugestão:
Portinari - Crianças, desenho a aquarela/papel, 19x18cm, s/d
Disponível em: Portinari, o menino de Brodósqui: Retalhos da minha infância.
Apresentação de João Cândido Portinari, Rio de Janeiro, Livroarte Editora, 1979, p.93.
Portinari - Jogos, desenho a aquarela/papel, 9x15cm, s/d
Disponível em: Portinari, o menino de Brodósqui: Retalhos da minha infância. Apresentação de João Cândido Portinari, Rio de Janeiro, Livroarte Editora, 1979, p.70.
Matisse – A Dança (1ª versão) 1909, óleo sobre tela, 259,7 x 390,1 cm
http://culturageralsaibamais.files.wordpress.com/2009/08/danca-matisse.jpg
Procure não identificar a obra e a sua autoria, de modo a enriquecer a leitura estética das mesmas;
Proponha uma apreciação das imagens, perguntando:
O que você vê representado nessas imagens?
Você já viu essas imagens em algum lugar?
São obras de arte ou imagens de obra de arte?
Elas se apresentam em cores ou em preto e branco?
Há um ou mais elementos no contexto das imagens?
Os elementos nas imagens mostram-se em movimento ou estáticos?
Que nome você daria a cada uma dessas imagens?
As obras se apresentam na linguagem plástica da Pintura, porém são de técnicas diferentes. Você se arriscaria a descrevê-las?
Você acha que estas obras são de um mesmo autor? Por que?
Entregue um metro de tecido Morim para cada aluno e solicite que escolham um local na sala para colocar o tecido no chão ou sobre a mesa;
De posse dos tecidos, cada aluno deverá criar uma expressão corporal no espaço deste suporte, usando o próprio corpo;
Definida a expressão desejada, o colega ao lado fará o registro em forma de contorno do corpo ou parte/fragmento dele com lápis sobre o tecido Morim;
Criação da expressão corporal e contorno do corpo
Lápis sobre tecido morim
Acervo e autoria Soraia lelis e Marileusa Reducino
Guarde os tecidos riscados/desenhados para continuação da proposta na próxima aula.
Aula 3
Inicie a proposta de Batique, preparando os seguintes materiais:
Os tecidos desenhados (projetos feitos na aula anterior), vela ou parafina, pincéis, penas de galinha, garfos, colheres, facas velhas /sem corte, fósforo, um recipiente onde se possa derreter a parafina e jornais velhos ou não tecido para forrar as mesas;
Veja sugestão de objeto para trabalho com a parafina:
Instrumento improvisado para derretimento da parafina – uma colher de metal (concha) com o cabo entortado e inserido em um suporte de argila, na altura de poder abrigar uma vela acesa.
Acervo e autoria Soraia lelis e Marileusa Reducino
Algumas dicas importantes:
A cera que a ser usada (parafina) deve estar suficientemente quente para ser fácil de espalhar sem escorrer pelo tecido;
Para dar cor, use tinta própria para tingimento de tecido, geralmente adquirida em pó para dissolução em água;
Desejando pintar com mais do que uma cor comece pela mais clara. Não se esqueça de preparar a tinta segundo as instruções do fabricante.
Numa primeira fase, aplique a cera quente com um pequeno pincel de cerda sobre as áreas que não quer pintar.
Aplicação da parafina derretida com pincel sobre o desenho no tecido
Acervo e autoria Soraia lelis e Marileusa Reducino
Aula 4
Entregue os tecidos trabalhados com parafina na aula anterior para seus respectivos autores, de modo que possam receber a primeira cor;
Prepare a tinta em uma bacia e mergulhe os tecidos, um a um;
Deixe de molho na tinta por cerca de 10 minutos. Posteriormente coloque para secar.
Tingimento do tecido com imersão em Tinta Guarani dissolvida em água
Acervo e autoria Soraia lelis e Marileusa Reducino
Aula 5
Retome os tecidos entintados com a primeira cor e repita todo o processo de forma a aplicar nova camada de parafina em outros espaços do desenho/tecido onde o desejo é que a tinta não penetre;
Espere secar a parafina e mergulhe novamente, agora com uma segunda cor.
Aplicação da parafina derretida sobre o desenho
Acervo e autoria Soraia lelis e Marileusa Reducino
Aula 6
Retome os tecidos entintados com a primeira e segunda cores e repita todo o processo de forma a aplicar nova camada de parafina em outros espaços do desenho/tecido onde o desejo é que a tinta não penetre;
Espere secar a parafina e mergulhe novamente, agora com uma terceira cor.
Mergulho do trabalho em nova cor
Acervo e autoria Soraia lelis e Marileusa Reducino
Use também a pena de galinha, garfos e outros objetos para trabalhar traços diferentes sobre o desenho, na figura ou no fundo;
Aula 7
Retire o excesso de cera/parafina com auxílio de uma colher, raspando-a sobre o desenho parafinado – esse produto pode ser guardado para utilização futura, então não o descarte;
Cubra uma parte da mesa com tecidos velhos e jornal;
Ligue o ferro elétrico, regulado para uma temperatura quente própria para uso sobre algodão;
Ajeite o trabalho/tecido entintado sobre a mesa preparada para passação e, sobre ele, uma camada de papel absorvente ou jornal. Com o ferro, passe o tecido dos dois lados, substituindo o papel absorvente ou jornal, à medida que este vai ficando ensopado/engordurado;
Repita esse processo até perceber a transparência do desenho nas áreas preservadas com parafina e que todo o excesso da cera tenha sido retirado.
Alguns resultados plásticos obtidos com a proposta do Batique na escola:
Composição plástica em Batique sobre Morim
Fonte: Acervo - autoria Soraia Lelis e Marileusa Reducino
Aula 8
Convide os alunos a montarem uma exposição dos trabalhos, atentando para o fato de que estes, para serem apreciados, necessitam estar abertos, esticados e pendurados – uma instalação aérea. É importante que se reúnam, andem pela escola e elejam o melhor local para abrigar os trabalhos.
Instalação Corpus poiésis na pós-modernidade
Batique sobre Morim
Alunos do 5º Ano – ESEBA/UFU-2008
Fonte: Acervo - autoria Soraia Lelis e Marileusa Reducino
A técnica do Batik é antiga, estudos mostram que já existia a 2000 anos atrás. Os primeiros indícios foram encontrados na Ásia e África. Ela ganhou o mundo através da cultura levada pelos javaneses ao mundo com seus tecidos tingidos (estamparia comercial) com primor. A palavra tem origem de Java: ambatik = escrever a mão em forma de desenho. A forma conhecida hoje como Batik é uma mistura da antiga técnica com a mistura de várias culturas, um exemplo é a chinesa e a japonesa com a técnica kiokechi. No batique javanês, o efeito final é produzido por sucessivos tingimentos no tecido, protegido por máscaras de cera, onde somente as partes não vedadas pela cera são tingidas. As máscaras são aplicadas sobre a seda com pincel ou "tjanting", uma ferramenta de metal própria para dispensar pingos de cera derretida. A Indonésia foi o berço do Batik, forma de expressão artística que consiste em desenhar com cera quente sobre o tecido e em seguida tingí-lo com cores variadas, que lhe confere uma impressionante beleza. A técnica do Batik tem como característica singular o efeito da cera, que se parte em alguns lugares deixando um craquelê no desenho, o que acrescenta um toque especial no trabalho dos artistas. Por se tratar de uma arte milenar, o Batik se mantêm fiel, sem sofrer mudanças na forma de construir as telas, dentro de um processo que exige uma grande concentração e capacidade de imaginar na abstração do olhar a beleza que cada trabalho revela ao ser finalizado. Nos tempos das colonizações a técnica do Batik embarcou nos navios holandeses e viajou pelo mundo. Com o Batik, pode-se fazer quadros, cangas, lenços, enfim, tudo que tenha como suporte o tecido, e alem dele, papel, couro e casca de ovo. Cada trabalho de Batik é original e feito à mão. (http://pt.wikipedia.org/wiki/Batik)
Suporte – Material que serve de base – o papel para o desenho, a tela para a pintura, etc. (SANTOS, Denise. Orientações Didáticas em Arte Educação. Belo Horizonte: C/Arte: FHC/Fumec, 2002. p.92)
• Acredita-se que em um processo contínuo, as trocas e reflexões acerca da fruição e da produção artística pelo viés da História da Arte, atribuem mérito à produção do conhecimento em arte e contribuem para a construção do repertório e vocabulário plásticos. Neste sentido, o ensino de arte deve buscar a educação estética, entendendo a avaliação em Arte como processual e qualitativa, não visando apenas a um resultado final.
Recursos educacionais
Nome Tipo
Aula expositiva Teórica
Apreciação de imagem de obras Teórica
Desenho e pintura Prática
Composição plástica em Batique Prática
Expressão Corporal Prática
Cinco estrelas 2 classificações
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09/04/2010
Cinco estrelasadorei estou iniciando exelente
24/03/2010
Cinco estrelasAdorei a aula, estava procurando uma proposta de aula prática para meus alunos e achei fantástico seu passo a passo.Parabéns pela elaboração da aula.