• Conhecer as alterações nas formas físicas e de conteúdo das poesias através do tempo.
• Analisar poesias de Fernando Pessoa, Florbela Espanca, Cecília Meireles, Vinícius de Moraes, Pablo Neruda...
• Explorar a matéria-prima do poeta.
• Socializar preferências e conhecimentos.

05 aulas de 50 minutos

Para que o professor desenvolva esse conteúdo, é preciso que anteriormente tenha trabalhado com os alunos:

• linguagem conotativa e denotativa.
• o que é poesia.
• as principais figuras de linguagem.  

- Discussão em sala.

- Projeção de um filme.

- Utilização do laboratório de informática.

- Leituras, exercícios em grupo.

- Audição e declamação de poesias.

AULAS 1, 2 e 3 

Atividade 1 

1- Como forma de motivação para iniciair os estudos sobre os poetas célebres, o professor deverá colocar os alunos em um grande círculo e promover, através das perguntas abaixo, uma discussão sobre poetas, poesias e a arte de compor.   

a- Quais as condições essenciais a um ser humano para ser poeta? Felicidade? Infelicidade? Riqueza? Pobreza? Morar em um grande centro?

b- Vocês pensam que todos os poetas vivem confortavelmente? Pensam que todos eles têm e sempre tiveram liberdade de expressão?

c- Sabem o nome de algum poeta no Brasil que foi exilado em consequência de suas idéias políticas? E poetas do exterior?

d- Para escrever poesia é essencial que as pessoas tenham o hábito de ler poesia?  E o fato de se ler muita poesia faz poetas?

Atenção: O professor somente deverá ouvir as respostas. Deverá prometer que após o estudo do tema voltará ao assunto para que eles, se necessário, complementem suas respostas. na próxima atividade, convidará os estudantes, então, a assistirem ao filme que fala de poesia e da alma de poetas: O carteiro e o poeta.   

Atividade 2

 O professor deverá locar e levar o filme  "O carteiro e o poeta" para os alunos assistirem.

Antes de iniciar a sessão, o professor deverá apresentar-lhes a ficha técnica do filme, discutindo a função dela.

Ficha Técnica:

• Título original: Il Postino
• Gênero: Romance
• Duração: 01 h 49 min
• Ano de lançamento: 1994    
• Direção: Michael Radford
• Roteiro: Anna Pavignano, Michael Radford, Furio Scarpelli, Giacomo Scarpelli e Massimo Troisi, baseado em livro de Antonio Skármeta
• Produção: Mario Cecchi Gori, Vittorio Cecchi Gori e Gaetano Daniele
• Música: Luiz Enríquez Bacalov
• Fotografia:Franco Di Giacomo  
• Figurino: Gianna Gisi
• Edição: Roberto Perpignani

Após a exibição do filme, o professor deverá pedir que os alunos façam dois exercícios escritos. Pedirá que produzam a sinopse (resumo) do filme e a resenha.

Se os alunos tiverem dúvidas sobre como fazer uma sinopse e uma resenha, o professor deverá estimulá-los a obterem explicações acessando um site de busca ou orientá-los nesta tarefa. Se não tiverem dúvidas, o professor poderá pedir que os façam (sinopse e resenha) individualmente  para posterior discussão envolvendo toda a turma.   

Atividade 3 

Nesta atividade, o professor deverá propor aos estudantes a leitura e a discussão dos resumos e sinopse. Os alunos poderão lê-los e comentá-los.

O professor deverá também propiciar outras discussões para esclarecimento de dúvidas ou exploração de aspectos interessantes do filme.

Encerrará as discussões depois de ouvir a resposta às seguintes perguntas:

O que é prosa poética?

O carteiro e o poeta é um texto escrito em prosa poética?

Atenção: Ainda não é hora de voltar às perguntas da motivação.   

Aulas 4 e 5

Atividade 1

O professor deverá levar os alunos para uma audição de poesias no laboratório de informática. Para tanto, deverão acessar os sites:

http://www.youtube.com/watch?v=Km1_yEmWDUE 

Todas as cartas de amor são ridículas  de Fernando Pessoa

http://www.youtube.com/watch?v=i2zqHuEIx9s      

Dois poemas de Florbela Espanca Inconstância e Saudade

http://www.youtube.com/watch?v=hYEMQ0Gbe38    

De Cecília Meireles - Retrato           

http://www.youtube.com/watch?v=OJJG5elOJVg&feature=related

De Vinícius de Moraes: Soneto do amor total  

http://www.youtube.com/watch?v=I0l2a7iS8Ew  

Poema XX: de Pablo Neruda 

Atividade 2

As poesias transcritas abaixo poderão ser oferecidas a cada um dos alunos ou colocadas em pawerpoint. Para fazer os exercícios propostos, o aluno deverá visualizar o texto ou o professor deverá entregar xerox para cada um. 

Todas as cartas de amor são ridículas

Álvaro de Campos  

Todas as cartas de amor são

Ridículas.

Não seriam cartas de amor se não fossem

Ridículas.

 

Também escrevi em meu tempo cartas

de amor,  

Como as outras,

Ridículas.

 

As cartas de amor, se há amor,  

Têm de ser

Ridículas.

 

Mas, afinal,

Só as criaturas que nunca escreveram Cartas

de amor  

É que são

Ridículas.

 

Quem me dera no tempo em que escrevia  

Sem dar por isso

Cartas de amor

Ridículas.

 

A verdade é que hoje 

 As minhas memórias  

Dessas cartas de amor  

É que são

Ridículas.

 

(Todas as palavras esdrúxulas,

Como os sentimentos esdrúxulos,

São naturalmente Ridículas.)

Disponível em:  Obra Poética, Rio de Janeiro: Cia. José Aguilar Editora, 1972.

 

Retrato

Cecília Meireles   

Eu não tinha este rosto de hoje,

assim calmo, assim triste, assim magro,

nem estes olhos tão vazios,

nem o lábio amargo.

 

Eu não tinha estas mãos sem força,

tão paradas e frias e mortas;

eu não tinha este coração

que nem se mostra.

 

Eu não dei por esta mudança,

tão simples, tão certa, tão fácil:

- Em que espelho ficou perdida a minha face?     

Disponível em: Obra Completa, Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001. 

POEMA 20

Pablo Neruda

Posso escrever os versos mais tristes esta noite.

Escrever por exemplo: A noite está fria e

tiritam, azuis, os astros à distância.

 

Gira o vento da noite pelo céu e canta.

 

Posso escrever os versos mais tristes esta noite.

Eu a quis  e por vezes ela também me quis.

 

Em noites como esta, apertei-a em meus braços.

Beijei-a tantas vezes sob o céu infinito.

 

Ela me quis  as vezes eu também a queria.

Como não ter amado seus grandes olhos fixos?  

 

 Posso escrever os versos mais lindos esta noite.

Pensar que não a tenho. Sentir que já a perdi.

 

Ouvir a noite imensa mais profunda sem ela.

E cai o verso na alma como orvalho no trigo.

   

Que importa se não pode o meu amor guardá-la ?

A noite está estrelada e ela não está comigo.

 

Isso é tudo.

A distância alguém canta. A distância

Minha alma se exaspera por havê-la perdido.   

 

Para tê-la mais perto meu olhar a procura.

Meu coração procura-a, ela não está comigo.   

 

A mesma noite faz brancas as mesmas árvores

Já não somos os mesmos que antes havíamos sido.   

 

Já não a quero, é certo porém quanto a queria!

A minha voz no vento ia tocar-lhe o ouvido.   

De outro. Será de outro.

Como antes de meus beijos.

Sua voz, seu corpo claro, seus olhos infinitos.

   

Já não a quero, é certo, porém talvez a queira.

Ah ! é tão curto o amor, tão demorado o olvido.

   

Porque em noites como esta eu a apertei em meus braços,

Minha alma se exaspera por havê-la perdido.

   

Mesmo que seja a última esta dor que me causa,

E estes versos os últimos que eu lhe tenha escrito.

Disponível em: 20 poemas de amor e uma canção desesperada.Trad. Domingos Carvalho da Silva, Rio de Janeiro: José Olímpio Editora, 1974.

 

Inconstância         

Florbela Espanca 

Procurei o amor, que me mentiu.

Pedi à vida mais do que ela dava;

Eterna sonhadora edificava

Meu castelo de luz que me caiu!

 

Tanto clarão nas trevas refulgiu,

E tanto beijo a boca me queimava!

E era o sol que os longes deslumbrava

Igual a tanto sol que me fugiu!

 

Passei a vida a amar e a esquecer...

Atrás do sol dum dia outro a aquecer

As brumas dos atalhos por onde ando...

 

E este amor que assim me vai fugindo

É igual a outro amor que vai surgindo,

Que há-de partir também... nem eu sei quando...

Disponível em:  Poemas de Florbela Espanca, Portugal: Livraria Bertrand, 19ª ed., 1997.  

Saudades     

Florbela Espanca 

Saudades! Sim... Talvez... e porque não?...

Se o nosso sonho foi tão alto e forte

Que bem pensara vê-lo até à morte

Deslumbrar-me de luz o coração!

 

Esquecer! Para quê?... Ah! como é vão!

Que tudo isso, Amor, nos não importe.

Se ele deixou beleza que conforte

Deve-nos ser sagrado como o pão!

 

Quantas vezes, Amor, já te esqueci,

Para mais doidamente me lembrar,

Mais doidamente me lembrar de ti!

 

E quem dera que fosse sempre assim:

Quanto menos quisesse recordar

Mais a saudade andasse presa a mim!

Disponível em: Poemas de Florbela Espanca, Portugal: Livraria Bertrand, 19ª ed., 1997.

 

Soneto do Amor Total

Vinícius de Moraes

Amo-te tanto meu amor... não cante

O humano coração com mais verdade...

Amo-te como amigo e como amante

Numa sempre diversa realidade.

 

Amo-te enfim, de um calmo amor prestante

E te amo além, presente na saudade.

Amo-te, enfim, com grande liberdade

Dentro da eternidade e a cada instante.

 

Amo-te como um bicho, simplesmente

De um amor sem mistério e sem virtude

Com um desejo maciço e permanente.

 

E de te amar assim, muito e amiúde

É que um dia em teu corpo de repente

Hei de morrer de amar mais do que pude.

Disponível em: Antologia Poética. São Paulo: Cia das Letras, 2003.

 

POEMA 20

Pablo Neruda Puedo

Puedo escribir los versos más tristes esta noche.

Escribir, por ejemplo: "La noche está estrellada,

y tiritan, azules, los astros, a lo lejos.

 

" El viento de la noche gira en el cielo y canta.

 

Puedo escribir los versos más tristes esta noche.

Yo la quise, y a veces ella también me quiso.

 

En las noches como ésta la tuve entre mis brazos.

La besé tantas veces bajo el cielo infinito.

 

Ella me quiso, a veces yo también la quería.

Cómo no haber amado sus grandes ojos fijos.

 

Puedo escribir los versos más tristes esta noche.

Pensar que no la tengo. Sentir que la he perdido.

 

Oír la noche inmensa, más inmensa sin ella.

Y el verso cae al alma como al pasto el rocío.

 

Qué importa que mi amor no pudiera guardarla.

La noche está estrellada y ella no está conmigo.

 

Eso es todo. A lo lejos alguien canta. A lo lejos.

Mi alma no se contenta con haberla perdido.

 

Como para acercarla mi mirada la busca.

Mi corazón la busca, y ella no está conmigo.

 

La misma noche que hace blanquear los mismos árboles.

Nosotros, los de entonces, ya no somos los mismos.

 

Ya no la quiero, es cierto, pero cuánto la quise.

Mi voz buscaba el viento para tocar su oído.

 

De otro. Será de otro. Como antes de mis besos.

Su voz, su cuerpo claro. Sus ojos infinitos.

 

Ya no la quiero, es cierto, pero tal vez la quiero.

Es tan corto el amor, y es tan largo el olvido.

 

Porque en noches como ésta la tuve entre mis brazos,

Mi alma no se contenta con haberla perdido.

 

Aunque éste sea el último dolor que ella me causa,

y éstos sean los últimos versos que yo le escribo.     

Disponível em: 20 poemas de amor y una cancion desesperada, México: editora Zatro, 1974.

 

Proposta de trabalho em grupo:

O professor deverá solicitar aos estudantes que respondam às questões abaixo e, ao término da atividade, entreguem as respostas escritas elaboradas pelo grupo para o professor.

1- Temos aqui cinco poemas: Todas as Cartas de Amor são Ridículas, Inconstância, Saudades, Soneto do Amor Total, Poema 20.

a-Três desses poemas são classificados como sonetos. Pesquisem sobre o que é um soneto e quais são suas principais características. Em seguida, classifiquem os poemas, que são soneto, quanto à rima e número de sílabas.

b- Os dois outros poemas são classificados como versos livres e soltos. Expliquem o que é isso.

c- Quanto ao tipo de composição, qual a forma poética mais antiga: os sonetos ou os poemas com versos livres e soltos?

2-  a- O poema Todas as cartas de amor são ridículas foram escritas por Fernando Pessoa ou Álvaro de Campos? Os alunos devem ler a biografia de Fernando Pessoa, se não souberem a resposta.

b- Por que, para Álvaro de Campos,  todas as cartas de amor são ridículas. Vocês concordam ou discordam dele? Por quê?       

3- a- O poema Inconstância está repleto de metáforas. Retirem-nas e as expliquem.            

b- Por que o título é Inconstância?             

c- O que, possivelmente, Florbela Espanca quis dizer em: “Se o nosso sonho foi tão alto e forte que bem pensara vê-lo até à morte”.

d - Em Retrato, o eu lírico diz que não percebeu as transformações pelas quais passou. Vocês perceberam as suas? Isso faz vocês alegres ou tristes?         

5- Expliquem o título: Amor Total.         

6- Vocês têm aí O poema 20 em espanhol e em português. O que pensam sobre a tradução de poesias. Um tradutor consegue dizer bem o que disse outro em outra língua?         

7- Cada componente do grupo preparará a leitura em voz alta de um desses poemas para apresentar ao grupo. Em seguida, o grupo selecionará um para ler para a sala.

• Para fazer um fechamento para os estudos sobre o tema,  chegou a hora de voltar às perguntas da motivação e rever as respostas dos alunos. Tudo deverá ser feito oralmente. 

Para enriquecimento e ampliação dos conhecimentos, tanto  professor quanto os alunos  deverão acessar o site: Poetas famosos.

http://www.contos.poesias.nom.br/poetasfamosos/poetasfamosos.htm   

_{Os alunos serão avaliados durante todas as atividades, isto é, através da observação de seus envolvimentos nas discussões, na correção da resenha, do resumo (individual), no trabalho em grupo.}