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Carlos Drumond de Andrade conta como nasce um autor

 

14/05/2010

Autor e Coautor(es)
Mirian Chaves Carneiro
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BELO HORIZONTE - MG Universidade Federal de Minas Gerais

Sulamita Nagem Dias Lima

Estrutura Curricular
Modalidade / Nível de Ensino Componente Curricular Tema
Educação de Jovens e Adultos - 1º ciclo Língua Portuguesa Linguagem oral
Educação de Jovens e Adultos - 1º ciclo Língua Portuguesa Leitura e escrita de texto
Dados da Aula
O que o aluno poderá aprender com esta aula

- Reconhecer e valorizar os conhecimentos científicos e históricos, assim como a produção literária e artística como patrimônios culturais da humanidade.   

-Valorizar a língua como veículo de comunicação e expressão das pessoas e dos povos.

- Desenvolver estratégias de compreensão e fluência na leitura.

- Buscar e selecionar textos de acordo com suas necessidades e interesses.

- Expressar-se por escrito com eficiência e de forma adequada a diferentes situações comunicativas, interessando-se pela correção ortográfica e gramatical.

- Analisar características da Língua Portuguesa e marcas lingüísticas de diferentes textos interessando-se por aprofundar seus conhecimentos sobre a língua.

- Conhecer  textos através da leitura oral do professor, identificando elementos como título, personagens, complicação e desfecho.

-  Escrever, com ajuda do professor e dos colegas, pequenas histórias do cotidiano, anedotas ou contos conhecidos.

Duração das atividades
3 aulas de 50 minutos cada.
Conhecimentos prévios trabalhados pelo professor com o aluno

 

Estratégias e recursos da aula

As estratégias a serem utilizadas são:

- aula interativa;

- trabalhos em grupos, duplas...

- debate

  

1º passo:

- O educador  apresenta a imagem de Carlos Drumond de Andrade sem dizer quem é e pergunta quem conhece este senhor? Ver imagem no link

http://www.releituras.com/drummond_bio.asp 

Esta assinatura é deste senhor da foto. Quem acertou? - Em seguida, o educador reforça  que  a foto e a assinatura são de  Carlos Drumond de Andrade e  pergunta se alguém  já ouviu falar dele? O que ele fazia? Nesse momento, dados do autor,  retirados da biografia do mesmo, podem ser repassados aos alunos

Ver assinatura  no link:  http://www.releituras.com/drummond_bio.asp     

- O educador propõe que a turma compare o que eles disseram sobre quem seria o senhor da foto com os dados da biografia, fazendo os comentários necessários. Poderão ainda, estimar quantos anos o escritor teria se tivesse vivo, onde nasceu, onde viveu,  quem conhece Itabira-MG e Rio de Janeiro – RJ e que outros escritores eles já conhecem.                      

2º passo:

- O educador entrega o texto: Um escritor nasce e morre de Carlos Drumond de Andrade para que os alunos possam acompanhar a leitura que ele fará, oralmente, para a turma.                        

                                 Um escritor nasce e morre                                      

Carlos Drumond de Andrade

Nasci numa tarde de julho, na pequena cidade onde havia uma cadeia, uma igreja e uma escola bem próximas, umas das outras, e que se chamava Turmalinas. (...) E a escola, nova de quatro ou cinco anos, era o lugar menos estimado de todos. Foi aí que nasci: Nasci na sala do 3 ° ano, sendo professora D. Emerenciana Barbosa, que Deus tenha. Até então, era analfabeto e despretensioso. Lembro-me: nesse dia de julho, o sol que descia da serra era bravo e parado. A aula era de geografia, e a professora traçava no quadro-negro nomes de países distantes. As cidades vinham surgindo na ponte dos nomes, e Paris era uma torre ao lado de uma ponte e de um rio, a Inglaterra não se enxergava bem no nevoeiro, um esquimó, um condor surgiam misteriosamente, trazendo países inteiros. Então, nasci. De repente nasci, isto é, senti necessidade de escrever. Nunca pensara no que podia sair do papel e do lápis, a não ser bonecos sem pescoço, com cinco riscos representando as mãos. Nesse momento, porém, minha mão avançou para a carteira à procura de um objeto, achou-o, apertou-o irresistivelmente, escreveu alguma coisa parecida com a narração de uma viagem de Turmalinas ao Pólo Norte. É talvez a mais curta narração no gênero. Dez linhas, inclusive o naufrágio e a visita ao vulcão. Eu escrevia com o rosto ardendo, e a mão veloz tropeçando sobre complicações ortográficas, mas passava adiante. Isso durou talvez um quarto de hora, e valeu-me a interpelação de D. Emerenciana: - Juquita, que que você está fazendo? O rosto ficou mais quente, não respondi. Ela insistiu: - Me dá esse papel aí. . . Me dá aqui. Eu relutava, mas seus óculos eram imperiosos. Sucumbido, levantei-me, o braço duro segurando a ponta do papel, a classe toda olhando para mim, gozando já o espetáculo da humilhação. D. Emerenciana passou os óculos pelo papel e, com assombro para mim, declarou à classe:

- Vocês estão rindo do Juquita. Não façam isso. Ele fez uma descrição muito chique, mostrou que está aproveitando bem as aulas. Uma pausa, e rematou:

- Continue, Juquita. Você ainda será um grande escritor. A maioria, na sala, não avaliava o que fosse um grande escritor. eu próprio não avaliava. Mas sabia que no Rio de Janeiro havia um homem pequenininho, de cabeça enorme, que fazia discursos muito compridos e era inteligentíssimo.

Devia ser, com certeza, um grande escritor, e em meus nove anos achei que a professora me comparava a Rui Barbosa. .    

http://www.casadobruxo.com.br/poesia/c/prosa8.htm  

- Em seguida faz alguns comentários sondando o que os alunos compreenderam do texto que ouviram e se for necessário, outras leituras serão realizadas.         

3º passo:

- O professor propõe uma nova leitura do texto destacando em cada frase as palavras em negrito para que os alunos, através do sentido no texto, digam qual é o sinônimo para aquela palavra. Se o professor achar conveniente ele poderá ir copiando, no quadro,  as frases e os sinônimos para as palavras para que os alunos tenham esse registro no caderno. As palavras em negrito são:    

  1. Próximas
  2. Estimado
  3. Analfabeto
  4. Traçava
  5. Condor
  6. Avançou
  7. Naufrágio
  8. Complicações
  9. Ortográficas
  10. Interpelação
  11. Relutava
  12. Sucumbindo
  13. Gozando
  14. Assombro
  15. Rematou

4º passo:   

- O educador retoma o trecho do texto onde há  o diálogo entre D. Emereciana e Juquita. - Solicita que em duplas, os alunos preparem esse diálogo para apresentarem para a turma. “Isso durou talvez um quarto de hora, e valeu-me a interpelação de D. Emerenciana:

- Juquita, que que você está fazendo? O rosto ficou mais quente, não respondi. Ela insistiu:

- Me dá esse papel aí. Me dá aqui. Eu relutava, mas seus óculos eram imperiosos.”

- Após cada apresentação, o educador discute com a turma os aspectos positivos e os que precisam ser aprimorados em relação à entonação, fluência,  das leituras apresentadas, oralmente, para a turma.    

5º passo:

- O educador retoma a última frase do texto: “Devia ser, com certeza, um grande escritor, e em meus nove anos achei que a professora me comparava a Rui Barbosa”.

E discute com a turma: quem foi Rui Barbosa e se já ouviram falar dele. Em seguida, apresenta  numa conversa informal, os dados dele:

Ruy Barbosa de Oliveira : Salvador, 5 de novembro de 1849 — Petrópolis, 1 de março de 1923) foi um jurista, político, diplomata, escritor, filólogo, tradutor e orador brasileiro, formado pela Faculdade de Direito do Largo de São Francisco.    

Biografia de Rui Barbosa: http://pt.wikipedia.org/wiki/Ruy_Barbosa    

6º passo:  

O educador faz uma nova leitura do texto com o objetivo de que os alunos, respondam oralmente ou por escrito, as questões abaixo:

1 - Qual deve ter sido o sentimento do Juquita quando foi perguntado pela dona Emerenciana, o que estava fazendo?

2- O que significa passar os óculos pelo papel?

3- Por que os colegas estavam rindo de Juquita?

4-  Que motivos nos levam a rir na sala de aula? Isto é correto? Por quê? Nesse momento é importante comentar sobre a necessidade de se respeitar e aceitar as diferenças entre as pessoas.

7º passo:

- O  educador retoma a parte do texto em que o Juquita está escrevendo na folha de papel e sua professora passa  os óculos  dizendo que ele ainda seria um grande escritor.

- O educador entrega a cada aluno uma folha em branco e apresenta a orientação para a atividade: Imagine que você é o Juquita e está escrevendo nessa folha. O que você escreveria?

- O educador socializa as produções e se achar conveniente, organiza com a turma a exposição das  produções dos alunos em mural.

Recursos Complementares

 

 

 

Avaliação

A avaliação é processual e contínua, devendo ser realizada  oral e coletivamente,  enfocando a dinâmica do grupo, identificando avanços e dificuldades. O desempenho dos alunos durante a aula, a realização das tarefas propostas de dramatização bem como a produção do texto imaginário e as intervenções do professor, a auto-avaliação do professor e do aluno serão elementos essenciais para verificar se as competências previstas para a aula foram ou não desenvolvidas pelos alunos.

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