Portal do Governo Brasileiro
Início do Conteúdo
VISUALIZAR AULA
 


Ambiguidades na Produção Textual

 

19/06/2009

Autor e Coautor(es)
Eliane Candida Pereira
imagem do usuário

SAO PAULO - SP Universidade de São Paulo

Mary Grace Martins (orientação)

Estrutura Curricular
Modalidade / Nível de Ensino Componente Curricular Tema
Ensino Fundamental Final Língua Portuguesa Análise linguística: modos de organização dos discursos
Dados da Aula
O que o aluno poderá aprender com esta aula
Refletir sobre a ambiguidade na produção textual no jornalismo e na publicidade. Utilizar a ambigüidade como recurso estilístico na produção textual. Trabalhar em grupo gerando um produto final.
Duração das atividades
6 aulas
Conhecimentos prévios trabalhados pelo professor com o aluno
Investigue o que seus alunos já sabem sobre a produção gráfica envolvendo diagramação, pois essa informação será útil para agrupamentos produtivos na produção de um fanzine.
Estratégias e recursos da aula


Pergunte aos alunos o que eles acham que  significa o título  “Vó Caiu na Piscina”   

http://portaldoprofessor.mec.gov.br/storage/discovirtual/aulas/1959/imagens/vo.gif


 

Estimule diferentes interpretações. Após ouvir suas hipóteses, leia a crônica de Carlos Drummond de Andrade: 

"VÓ CAIU NA PISCINA"


Noite na casa da serra, a luz apagou. Entra o garoto:
– Pai, vó caiu na piscina.
– Tudo bem, filho.
O garoto insiste:
– Escutou o que eu falei, pai?
– Escutei, e daí? Tudo bem.
– Cê não vai lá?
– Não estou com vontade de cair na piscina.
– Mas ela tá lá...
– Eu sei, você já me contou. Agora deixe seu pai fumar um cigarrinho descansado.
– Tá escuro, pai.
– Assim até é melhor. Eu gosto de fumar no escuro. Daqui a pouco a luz volta. Se não voltar, dá no mesmo. Pede à sua mãe pra acender a vela na sala. Eu fico aqui mesmo, sossegado.
– Pai...
– Meu filho, vá dormir. É melhor você deitar logo. Amanhã cedinho a gente volta pro Rio, e você custa a acordar. Não quero atrasar a descida por sua causa.
– Vó tá com uma vela.
– Pois então? Tudo bem. Depois ela acende.
– Já tá acesa.
– Se está acesa, não tem problema. Quando ela sair da piscina, pega a vela e volta direitinho pra casa. Não vai errar o caminho, a distância é pequena, você sabe muito bem que sua avó não precisa de guia.
– Por quê cê não acredita no que eu digo?
– Como não acredito? Acredito sim.
– Cê não tá acreditando.
– Você falou que a sua avó caiu na piscina, eu acreditei e disse: tudo bem. Que é que você queria que eu dissesse?
– Não, pai, cê não acreditou ni mim.
– Ah, você está me enchendo. Vamos acabar com isso. Eu acreditei. Quantas vezes você quer que eu diga isso? Ou você acha que estou dizendo que acreditei mas estou mentindo? Fique sabendo que seu pai não gosta de mentir.
– Não te chamei de mentiroso.
– Não chamou, mas está duvidando de mim. Bem, não vamos discutir por causa de uma bobagem. Sua avó caiu na piscina, e daí? É um direito dela. Não tem nada de extraordinário cair na piscina. Eu só não caio porque estou meio resfriado.
– Ô, pai, cê é de morte!
O garoto sai, desolado. Aquele velho não compreende mesmo nada. Daí a pouco chega a mãe:
– Eduardo, você sabe que dona Marieta caiu na piscina?
– Até você Fátima? Não chega o Nelsinho vir com essa ladainha?
– Eduardo, está escuro que nem breu, sua mãe tropeçou, escorregou e foi parar dentro da piscina, ouviu? Está com a vela acesa na mão, pedindo para que tirem ela de lá, Eduardo! Não pode sair sozinha, está com a roupa encharcada, pesando muito, e se você não for depressa, ela vai tem uma coisa! Ela morre, Eduardo!
– Como? Por que aquele diabo não me disse isto? Ele falou apenas que ela tinha caído na piscina, não explicou que ela tinha tropeçado, escorregado e caído!
Saiu correndo, nem esperou a vela, tropeçou, quase que ia parar também dentro d’água.
– Mamãe, me desculpe! O menino não me disse nada direito. Falou que a senhora caiu na piscina. Eu pensei que a senhora estava se banhando.
– Está bem, Eduardo – disse dona Marieta, safando-se da água pela mão do filho, e sempre empunhando a vela que conseguira manter acesa. – Mas de outra vez você vai prestar mais atenção no sentido dos verbos, ouviu? Nelsinho falou direito, você é que teve um acesso de burrice, meu filho!


ANDRADE, Carlos Drummond. Vó caiu na Piscina. São Paulo, Editora Record.
Texto disponível em
www.escolasaopaulo.com.br/arquivos/b20085af.pdf

Exiba o vídeo     Português claro [Sua língua]  disponível no Portal do Professor.  O vídeo apresenta as ambigüidades presentes em textos jornalísticos que podem provocar diferentes interpretações pelo leitor. Estimule que comentem situações de ambigüidade em discursos, textos, etc.
 

Organize grupos e peça que pesquisem o termo ambiguidade em dicionários e exemplifiquem. Socializem as definições e exemplos elaborados pelos grupos.
 

Dividida a turma e peça a alguns grupos que , durante uma semana, consultem os jornais locais em busca de ambiguidades no texto. Aos demais grupos peça que pesquisem textos publicitários que apresentem ambiguidades. Cada grupo deverá compartilhar ao menos um texto jornalístico ou publicitário na semana seguinte.
 

Promova a socialização das descobertas. Provoque seus alunos a pensarem as consequências da ambiguidade em textos jornalísticos e a intencionalidade de seu uso em textos publicitários.
 

Peça que pesquisem o significado e origem de fanzines. Na socialização compartilhe a informação que nos Estados Unidos , em 1930, surgiram os primeiros fanzines feitos por fãs de ficção científica, e que na década de 60, na França, os fanzines foram usados para publicação de textos críticos e de estudo. Assim, fanzines podem apresentar temas diversos e seus títulos, além indicarem o conteúdo, são criativos e podem expressar criticidade, cabendo também, o uso do recurso da ambiguidade. Proponha assim que definam uma temática para criar um fanzine da turma. Definam a quantidade de páginas e o nome. Cada grupo deve produzir um texto, usando a ambiguidade como recurso estilístico em títulos ou conteúdos.

Organize o dia da revisão textual: os grupos apresentam seus textos com o auxílio de um projetor multimídia para análise e revisão da turma. A mediação do professor é muito importante nessa etapa: não apenas faça correções, mas faça-os pensar sobre as melhores formas de comunicar o que desejam, retomando o recurso da ambiguidade estudado.
 

Coletivamente decidam a organização gráfica dos textos: distribuição das colunas, letras, ilustrações. Cada grupo deve deixar seu artigo pronto para a finalização do fanzine. Escolha uma ferramenta para organizar todos os textos em uma diagramação final, como por exemplo, o Adobe Pagemaker. É possível utilizar uma versão gratuita do produto por 30 dias acessando  http://www.adobe.com/cfusion/tdrc/index.cfm?loc=pt%5Fbr&product=pagemaker

http://portaldoprofessor.mec.gov.br/storage/discovirtual/aulas/1959/imagens/pagemaker.jpg

Cada grupo pode acessar o documento salvo na rede da sala de informática de sua escola e fazer sua inserção. Com um projetor multimídia conduza os acertos finais coletivamente. Finalmente, façam a impressão e as cópias do fanzine para distribuição na escola.

 

 

Recursos Educacionais
Nome Tipo
Português claro [Sua língua] Vídeo
Recursos Complementares
Saiba mais sobre o Adobe Pagemaker consultando tutoriais na Internet, por exemplo: http://www.juliobattisti.com.br/tutoriais/keniareis/pagemaker7001.asp . http://www.apostilando.com/download.php?cod=348&categoria=Outras%20Apostilas .
Avaliação
Durante as primeiras discussões, observe quais alunos conseguem explorar sozinhos as possiveis interpretações das ambiguidades textuais e quais precisam de sua mediação. Durante a revisão, auxilie o grupo a avaliar a utilização da ambigüidade como recurso estilístico nas produções textuais, observando se mantiveram o mesmo repertório que apareceu nas pesquisas, ou se conseguiram ampliá-lo. Observe e pergunte aos alunos como foi o trabalho em grupo e o nível de colaboração dos participantes.
Opinião de quem acessou

Quatro estrelas 4 classificações

  • Cinco estrelas 3/4 - 75%
  • Quatro estrelas 1/4 - 25%
  • Três estrelas 0/4 - 0%
  • Duas estrelas 0/4 - 0%
  • Uma estrela 0/4 - 0%

Denuncie opiniões ou materiais indevidos!

Opiniões

Sem classificação.
REPORTAR ERROS
Encontrou algum erro? Descreva-o aqui e contribua para que as informações do Portal estejam sempre corretas.
CONTATO
Deixe sua mensagem para o Portal. Dúvidas, críticas e sugestões são sempre bem-vindas.