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Macroestrutura laboviana da narrativa

 

22/06/2010

Autor e Coautor(es)
Joseli Rezende Thomaz
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JUIZ DE FORA - MG Universidade Federal de Juiz de Fora

Maria Cristina Weitzel Tavela

Estrutura Curricular
Modalidade / Nível de Ensino Componente Curricular Tema
Educação de Jovens e Adultos - 2º ciclo Língua Portuguesa Linguagem escrita: leitura e produção de textos
Ensino Fundamental Final Língua Portuguesa Língua oral e escrita: prática de produção de textos orais e escritos
Dados da Aula
O que o aluno poderá aprender com esta aula

1) Conhecer a macroestrutura da narrativa segundo os estudos de Labov;  

2) produzir textos utilizando a macroestrutura da narrativa laboviana.

Duração das atividades
3 horas/aula
Conhecimentos prévios trabalhados pelo professor com o aluno

Leitura de textos narrativos.

Estratégias e recursos da aula

AULA (1)

- Professor: muitos estudos foram e ainda são feitos a respeito do texto narrativo. Esta aula será baseada nos estudos de WILLIAM LABOV e JOSHUA WALETZKY, linguistas norte-americanos. Assim como a Psicologia e a Antropologia, também a Sociolinguística tem se ocupado do estudo das narrativas. Eles desenvolveram um modelo de análise que relaciona características textuais e funcionais de elementos constituintes da estrutura interna da narrativa.   

- O modelo proposto por Labov e Waletzky, que aqui chamaremos de macroestrutura laboviana, estrutura a narrativa em seis elementos: resumo, orientação, complicação, avaliação, resolução e coda. O resumo, de caráter facultativo, é uma introdução do texto que, em geral, resume o que vai ser tratado. A orientação dá informações sobre tempo, pessoas, lugares e situação, necessárias, segundo o autor do texto, para a compreensão dos eventos narrados. A complicação é basicamente o conteúdo da narrativa e descreve os fatos ocorridos. A avaliação, que geralmente faz uma interrupção da narrativa propriamente dita, revela a atitude do narrador frente à narrativa. A resolução (ou desfecho), em geral, é a solução para o conflito da narrativa. E, finalmente, a coda, também facultativa, encerra a narrativa, retornando os leitores/ouvintes ao momento da enunciação.

- Para se aprofundar no assunto, consulte os sites:

   http://www.revistas.univerciencia.org/index.php/contracampo/article/viewPDFInterstitial/32/31 

   http://www.veramenezes.com/adail.pdf 

- Até aqui, Professor, foi feito um resumo desta macroestrutura para que você possa compreendê-la. Mas como transmitir este conteúdo aos seus alunos? A melhor maneira é através de modelos de textos. Distribua aos alunos uma cópia que resuma esta estrutura (com a que está abaixo) e, juntamente com exemplos de textos narrativos, vá demonstrando a macroestrutura.

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               MACROESTRUTURA DA  NARRATIVA                                                                                                         

                                                                 Labov e Waletzky

RESUMO: constitui-se, geralmente, de uma ou duas cláusulas que resumem a história.

ORIENTAÇÃO: situa o leitor em relação a lugar, tempo, pessoa.

COMPLICAÇÃO: é o corpo da narrativa; é constituída por cláusulas ordenadas temporalmente.

RESOLUÇÃO: é o desenlace dos acontecimentos.

AVALIAÇÃO: revela a atitude do narrador em relação à narrativa.

CODA: é o mecanismo funcional que faz com que a perspectiva verbal volte ao momento presente.

                          TEXTO (1) – Produção de texto de um aluno do 6º ano do Ensino Fundamental

        Resumo          

       Nesta narrativa vou contar um acontecimento que, para mim, foi bastante engraçado, por pensar que muitas pessoas não sabem e têm medo de aprender

Orientação

       Quando estava com 10 anos de idade, costumávamos, eu e meus colegas, irmos para uma represa tomar banho, todo o fim-de-semana. Eu não sabia nadar, só tomava banho na parte em que a água não me cobria.

Complicação

       Um certo dia, um colega de meu irmão mais velho, que já tinha seus vinte e dois anos mais ou menos, aproveitou um descuido meu. Quando estava em pé na beira da mesa, me pegou pela barriga e jogou-me na represa.

Resolução

       Para alegria e surpresa minha, comecei a bater com os pés e mãos e consegui chegar do outro lado da represa.

Avaliação

       Não é um fato que pode-se dizer que seja pitoresco.  Mas acho que é engraçado, porque o rapaz que me jogou dentro d'água não estava ciente de que eu não sabia nadar.

Coda

NÃO TEM

         (texto adaptado de BASTOS,  L. K. Coesão e coerência  em narrativas escolares. São Paulo: Martins Fontes, 1992)

TEXTO (2) – Produção de texto de um aluno do 5º ano do Ensino Fundamental

Resumo

NÃO TEM

Orientação

       O fato ocorreu num dia próprio mesmo para o acontecimento, um dia chuvoso.

Complicação

       Eu e meus colegas fomos a um velório do pai de um amigo nosso. Ao chegarmos estavam todos muito tristes, chorando pelo que tinha ocorrido. Nós  nos reunimos na cozinha da sala e começamos a pensar em alguma coisa para deixar as pessoas mais contentes um pouco. Nisso um colega meu, o mais louco da turma, abriu a porta do armário e encontrou um litro de pinga. Discretamente, com a desculpa do tempo estar chuvoso e um pouco frio, começamos a dar pinga aos homens e mulheres que estavam presentes. 

Resolução

       Depois de alguns minutos o litro estava vazio e todo mundo rindo, contando piadas, esquecendo-se do velório do pai do nosso colega.

Avaliação

NÃO TEM

Coda

       Um  conselho que eu dou para as pessoas donas da casa onde são feitos os velórios: é melhor servir pinga em vez de café.

        (texto adaptado de BASTOS,  L. K. Coesão e coerência  em narrativas escolares. São Paulo: Martins Fontes, 1992)

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AULA (2)

 - O vídeo a que vamos assistir chama-se “Parque de Diversões” que conta sobre um pai e seus filhos que saem de casa num domingo e percorrem um longo trajeto em busca da diversão possível. O vídeo é baseado no conto homônimo da escritora Ana Miranda.

 - Solicite aos alunos que, na medida em que o vídeo for sendo mostrado, eles preencham a tabela abaixo, colhendo as informações da narrativa que está sendo contada.

Elementos constituintes da estrutura interna da narrativa                

Questões às quais se referem

Resumo

Do que se trata?

Orientação

Quem? Quando? Onde? 

Complicação

O que aconteceu?

Avaliação

E então?

Resolução

Finalmente, o que aconteceu?  

Coda  

Fechamento

- Assista ao vídeo em http://www.portacurtas.com.br/pop_160.asp?Cod=9182&exib=5937 

- Após assistirem ao vídeo e preencherem a tabela com as informações, converse com os alunos a respeito da história. Faça perguntas orais e permita que eles se posicionem, emitindo opiniões:

1) Ao nos dirigirmos a um parque de diversões, o que esperamos encontrar? Descreva um parque de diversões.

 2) O parque de diversões a que o vídeo se refere é o mesmo descrito na questão anterior? Por quê? Descreva-o.

3) Então, por que o título “Parque de Diversões”?

- Faça o levantamento das informações colhidas nas tabelas oralmente. Discuta com os alunos se todos os elementos da macroestrutura laboviana foram preenchidos e, se não foram, o porquê.

AULA (3)

 - Relembre com os alunos a história do vídeo a que assistiram na aula anterior.

- Distribua o texto de Ana Miranda, “Parque de Diversões”, e solicite a um ou mais alunos que o leiam em voz alta.

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                                                            PARQUE DE DIVERSÕES

                                                                                                                           Ana Miranda

          Ele saiu com sua melhor roupa, de mãos dadas com o filho maior, e o menor no colo. Deu um beijo na mulher, ela sorriu, enxugou as mãos na barra da saia e foi olhar da porta a saída alegre da família. Era um domingo de céu azul. Todos os domingos ele fazia o mesmo trajeto com os filhos.

          Atravessou a rua com as duas crianças no colo para não sujarem os únicos sapatos que tinham. Os vizinhos acenaram. Ele comprou a passagem com tíquetes e esperou meia hora na estação, até que o trem apareceu, vazio. Entrou no vagão, sentou-se com os filhos e fizeram a viagem em silêncio. As crianças, absortas, olhavam a paisagem que se tornava cada vez mais urbana: carros, ruas asfaltadas e edifícios. Saltaram na última estação.

          Caminharam algumas quadras, atravessaram ruas, praças e chegaram ao ponto de ônibus. Esperaram quase uma hora, as crianças impacientes reclamaram de sede, e ele foi a uma padaria, pediu um copo de água e deu de beber aos filhos. As crianças pediram um sonho, mas ele explicou que não tinha dinheiro. Voltaram ao ponto. O ônibus apareceu. Subiram e viajaram mais algum tempo. Cansadas, as crianças adormeceram. O ônibus chegou ao centro da cidade.

          Saltaram no ponto da praça. Ele deitou as crianças num banco e esperou. As crianças acordaram e quiseram olhar os pombos, que comiam milho jogado por um mendigo. Ele disse: “Vamos logo, estamos perto”. Atravessaram um labirinto de ruas estreitas e desertas, com as grades das lojas abaixadas. Cruzaram a larga avenida central e chegaram ao destino. De mãos dadas com o filho maior e o menor no colo, ele entrou no edifício. O vigia acenou. Faxineiros varriam a rampa. Excitadas, as crianças sorriam. Ele desceu a escada rolante em silêncio, as crianças absortas. Ao final, fizeram a volta e subiram a escada rolante. Desceram e subiram durante mais de uma hora. Ele disse que estava na hora de voltar.

          Cruzaram a avenida, o labirinto de ruas, beberam água na padaria, tomaram o ônibus, o trem, as ruas de lama, e ao entardecer chegaram em casa, cansados e felizes. 

(Publicado na revista Caros Amigos, no 48, março de 2001)

DISPONÍVEL EM: http://eja.sb2.construnet.com.br/cadernosdeeja/tempolivreetrabalho/tlt_txt10.php?acao3_cod0=77cdf529c3c18ed837ab7015aaf5e8c9 

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- Oralmente, levante com os alunos semelhanças e diferenças entre a história do vídeo e a da escritora Ana Miranda.

- Em duplas, peça aos alunos para preencherem a mesma tabela, só que com as informações contidas no texto escrito.

Elementos constituintes da estrutura interna da narrativa     

Questões às quais se referem

Resumo

Do que se trata?

Orientação

Quem? Quando? Onde?  

Complicação

 O que aconteceu?

Avaliação

 E então?

Resolução

Finalmente, o que aconteceu?   

Coda  

 Fechamento

- Ainda oralmente, discuta com os alunos a maneira com que preencheram a nova tabela e comparem-na com a anterior sobre o vídeo.

1) Esta tabela foi preenchida da mesma maneira que a anterior? O que há de semelhante e de diferente?

2) Foi mais fácil preencher a tabela referente ao vídeo ou a referente ao texto? Por quê?

- Esclareça aos alunos que, para que uma narrativa seja bem compreendida, a complicação e a resolução são fundamentais. A orientação, apesar de opcional, é bastante importante. O resumo, a avaliação e a coda são elementos da macroestrutura facultativos e a sua inexistência não compromete a compreensão da narrativa, seja ela escrita, em vídeo ou em qualquer outro suporte.

Recursos Complementares

Complementação: leia mais sobre Labov em:  http://temasdelingua.blogspot.com/2008/12/william-labov.html 

Avaliação

- Os alunos deverão fazer uma nova escrita do texto “Parque de Diversões” com suas palavras. No texto, deverão constar todos os elementos da macroestrutura laboviana: resumo, orientação, complicação, avaliação, resolução e coda. Os elementos que não apareceram no texto de Ana Miranda deverão ser inseridos no texto do aluno de forma clara e coerente com as definições estudadas.

- Terminada a produção, os alunos deverão trocar os texto entre si para que possam ler o texto um do outro, emitindo opiniões a respeito das ideias desenvolvidas pelos colegas.

- Ao final, recolha os textos para  corrigi-los, avaliando se os alunos compreenderam a macroestrutura laboviana da narrativa.

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