Portal do Governo Brasileiro
Início do Conteúdo
VISUALIZAR AULA
 


CONTOS PORTUGUESES

 

24/05/2010

Autor e Coautor(es)
Daniela Amaral Silva Freitas
imagem do usuário

BELO HORIZONTE - MG ESCOLA DE EDUCACAO BASICA E PROFISSIONAL DA UFMG - CENTRO PEDAGOGICO

Luiz Prazeres

Estrutura Curricular
Modalidade / Nível de Ensino Componente Curricular Tema
Educação Infantil Linguagem oral e escrita Falar e escutar
Ensino Fundamental Inicial Língua Portuguesa Língua escrita: gêneros discursivos
Educação Infantil Linguagem oral e escrita Práticas de leitura
Ensino Fundamental Inicial Língua Portuguesa Língua oral: gêneros discursivos
Ensino Fundamental Inicial Língua Portuguesa Língua escrita: prática de leitura
Dados da Aula
O que o aluno poderá aprender com esta aula

- Relacionar textos a um dado contexto (histórico, social, político, cultural etc.).

- Identificar os elementos organizacionais e estruturais dos contos portugueses e suas especificidades.

Duração das atividades
5 aulas de 50 minutos
Conhecimentos prévios trabalhados pelo professor com o aluno

Elementos da narrativa; conhecimentos acerca da história do Brasil (da vinda dos portugueses para o país); localização de Portugal.

Estratégias e recursos da aula

ATIVIDADE 1:  

Conversar com os alunos sobre Portugal. Levar um mapa e perguntar aos alunos se eles sabem onde fica esse país. Depois, pode indagar sobre a cultura portuguesa: música, gastronomia, arquitetura etc. Seria interessante que o professor levasse imagens de Portugal para ilustrar a conversa. Para planejar sua fala com os alunos, o professor pode recorrer ao seguinte endereço eletrônico:   

http://pt.wikipedia.org/wiki/Portugal    

Após apresentar Portugal para os alunos, o professor pode conversar sobre a influência da cultura portuguesa no Brasil. Para isso, pode se remontar à História do Brasil e contar da chegada dos portugueses nas terras brasileiras, como ocuparam o território etc.   

O professor pode passar para os alunos os seguintes vídeos:  

http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_obra=54430   

http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_obra=20480  

ATIVIDADE 2:  

Após apresentar Portugal, contar aos alunos que muitos contos populares que circulam no Brasil são de origem portuguesa. Perguntar aos alunos se conhecem algum desses contos. Se souberem, pedir que narrem para os colegas.   

Em seguida, contar para a turma o conto:   

A SOPA DE PEDRA

David Martins

Descia o Sol no horizonte. Pela estrada, coberto de poeira, seguia Frei Bernardo, o rosário a tilintar, a barriga a dar horas.             

Longa tinha sido a caminhada, isto para não mencionar a lonjura que ainda tinha de palmilhar até chegar ao mosteiro.             

Se era vivo de espírito, não era menos robusto de corpo, o nosso frade. Cem léguas caminharia, tivesse ele a barriga cheia... mas, não se via nem galinha transviada, nem macieira a convidá-lo sem o dono por perto. Nada, coisa alguma que se pudesse comer.             

Pouco faltava para ele maldizer a sua vida, quando avistou uma quinta no horizonte: o seu santo protector nunca se esquecia de velar por ele! Sorriu, satisfeito. Afinal, não há mal que sempre dure. Com um pouco de sorte, alguma coisa lhe dariam para comer.             

Mas os tempos não iam de feição para se fazer caridade. A vida estava muito difícil, os anos de seca não deixavam os cereais germinar, os legumes definhavam nas hortas, os animais morriam de fome e de sede. Acrescentem-se os impostos que os senhores da terra nunca se esqueciam de mandar cobrar a tempo e horas, os homens que tinham partido para longe, guerrear sabe-se lá que inimigos numa terra distante. O pouco que cada um conseguia extrair da terra ressequida, em sua casa o aferrolhava, que ninguém sabia o que ainda podia estar para vir. Tudo isto o nosso bom frade bem o sabia. Mas não lhe faltava nem bonomia, nem engenho e arte para resolver qualquer problema que lhe surgisse, por mais complicado que ele fosse. Se não se podia ir pela estrada real, dava-se a volta por atalhos, e não era por isso que um homem deixava de chegar ao seu destino.             

À medida que encurtava a distância que o separava da casa de paredes de pedra escura da região e telhado de colmo, uma ideia foi ganhando forma na sua mente. Apanhou uma pedra do chão e sorriu. Era uma pedra redondinha. Limpou o pó que a cobria e bateu à porta.             

- Quem é? - Gritou uma voz de mulher.             

- Deus te salve, boa mulher! Não terás por aí uma panela que me emprestes e um poucochinho de água que me dês? É que aqui mesmo acendo umas brasinhas e faço uma sopa de pedra.             

- Essa agora! Não querem lá ver? Havia de ter graça! - exclamou a mulher, rindo, os dedos cruzados sobre o ventre empinado pelo pimpolho que em breve daria à luz. - Sopa de pedra? Nunca de tal coisa ouvi falar!

- Pois olha que é um manjar que se faz muito lá na minha aldeia, e é de muito alimento. Queres ver?

É claro que a curiosidade da mulher era mais do que muita, e ela não a escondia, observando o frade com o mesmo espanto com que olharia para uma galinha com cinco cabeças.

- Sempre estou para ver como é que vossemecê faz esse petisco - disse ela, abanando a cabeça, meio incrédula, meio divertida.

- É simples, já vais ver. Ponho esta pedra dentro da panela com água e deixo ferver - explicou ele, mostrando o seixo reluzente.

A mulher não queria acreditar, mas como a curiosidade era mais forte, lá foi buscar uma panela com água.

Frei Bernardo juntou meia dúzia de cavacas, acendeu um lume bem espevitado, meteu-lhe o tacho em cima com a pedra lá dentro, cruzando em seguida os braços como quem está à espera que qualquer coisa aconteça, e depois sentou-se tranquilamente, desfiando o seu rosário. Passados momentos, já a água fervia... com a pedra lá dentro.

A mulher, sempre desconfiada, não tirava os olhos do frade.

- Sabes que mais - disse ele - vou prová-la. - Hmm... parece que precisa de um bocadinho de sal.

E a mulher foi buscar o sal. Frei Bernardo agradeceu, e voltou às contas do seu rosário.

A mulher, como se nada daquilo lhe dissesse respeito, ia no entanto arranjando afazeres que a obrigassem a rondar por ali. Sempre queria ver. O frade fingia não dar pela presença dela que, a certa altura, não resistiu mais e perguntou:

- Então, e é boa... essa sopa?

- Boa? Fica sabendo que é das coisas mais saborosas que eu já comi. E então se me trouxesses uma batatinha, ou uma folhinha de couve, ainda ficava melhor.

A mulher lá foi à horta e regressou com duas batatas, uma cebola, três folhas de couve. Frei Bernardo não se fez rogado. Uma boa sopa de hortaliças já ele tinha a ferver, diante dele. No entanto, passado algum tempo, virou-se para a mulher e disse:

- Esta sopinha não está nada má, mas se lhe juntasse um dentinho de alho, um fio de azeite, duas rodelas de chouriço... ah! Então até os anjos do Céu seriam capazes de a comer.

A sopa cheirava que era um regalo, disso ninguém poderia duvidar. A mulher entrou em casa e de lá saiu trazendo o que faltava.

- Sabes o que te digo? És uma boa alma. Vai buscar duas gamelas e senta-te aqui comigo, que a sopa chega bem para os dois.

Eis como Frei Bernando se deliciou com uma bela sopa, num local onde, de outro modo, bem sabia que nada lhe teriam dado para comer.

- E a pedra? - perguntou a mulher, quando chegaram ao fundo da panela.

- A pedra? Olha, essa, levo-a comigo, que me há-de servir outras vezes.   

Disponível em: <http://contoselendas.blogspot.com/2005/08/sopa-de-pedra.html>. Acesso em 10 de maio de 2010.    

Após a leitura, verificar se os alunos compreenderam os principais acontecimentos do conto, por meio de perguntas, como:

- Qual o principal fato retratado no conto?

- Onde ele acontece?

- Em que época?

- Quem é o personagem principal?

- O que o Frei queria?

- Por que estava difícil conseguir?

- Qual foi a estratégia que inventou para não ficar com fome?

- Deu certo?

- Por que a mulher ajudou o Frei a fazer a sopa?

- O que o Frei fez com a pedra depois de a sopa estar pronta?   

Discutir também com os alunos as características das personagens: Frei (astucioso, engenhoso), mulher (curiosa).   

ATIVIDADE 3:  

Perguntar para os alunos se eles já tomaram sopa de pedra ou se tomariam. Em seguida, contar para eles que a sopa de pedra é uma sopa típica da culinária de Portugal, em particular da cidade de Almeirim, situada no coração da região do Ribatejo, considerada a "capital da sopa da pedra". E que, ao contrário do que o nome indica, a sopa de pedra é uma sopa com muitos ingredientes, em que a pedra é apenas o pretexto para se fazer a sopa. Se quiser enriquecer sua aula, o professor pode acessar o site da Câmara Municipal de Almeirim e mostrar para os alunos a receita da sopa de pedra disponível lá:

http://www.cm-almeirim.pt/almeirim/Concelho/Gastronomia/Receitas.htm    

Se a escola em que trabalha tiver condições, o professor pode até, seguindo a receita narrada na história ou disponibilizada pela Câmara Municipal de Almeirim, fazer a sopa com os alunos.   

ATIVIDADE 4:  

Pedir que os alunos pesquisem outros contos portugueses na internet. Um endereço eletrônico que apresenta diversos contos tradicionais do povo português é:

 http://alfarrabio.di.uminho.pt/vercial/infantil/contos.htm    

Após a pesquisa, dividir a turma em pequenos grupos e pedir que os alunos apresentem para os outros grupos algum dos contos. Pode-se propor que a apresentação seja feita oralmente, ou por meio de ilustrações, ou de encenações. O professor deve adaptar essa atividade às características de sua turma.

Recursos Complementares

O professor que quiser se aprofundar na discussão sobre o assunto, pode acessar os seguintes endereços eletrônicos:

 http://www.tvebrasil.com.br/salto/boletins2006/cr/index.htm  

 http://alfarrabio.di.uminho.pt/vercial/infantil/contos.htm 

Avaliação

ATIVIDADE 5: 

O professor deve avaliar, durante o processo, se os alunos conseguiram compreender os contos portugueses e sua importância para a cultura brasileira. Entretanto, para uma avaliação mais efetiva, o professor pode formar uma roda com seus alunos e avaliar coletivamente todas as atividades por meio de perguntas como: Vocês conheciam a cultura portuguesa? E os contos portugueses? O que podemos aprender com eles? O que vocês conseguiram aprender com as atividades?  Tal procedimento permite que o professor reflita sobre sua prática e que os alunos se autoavaliem, refletindo sobre o próprio desempenho e aprendam a identificar o que aprenderam e a corrigir erros e equívocos. É interessante que essa atividade avaliativa seja realizada após o cumprimento das demais etapas.

Opinião de quem acessou

Cinco estrelas 2 classificações

  • Cinco estrelas 2/2 - 100%
  • Quatro estrelas 0/2 - 0%
  • Três estrelas 0/2 - 0%
  • Duas estrelas 0/2 - 0%
  • Uma estrela 0/2 - 0%

Denuncie opiniões ou materiais indevidos!

Opiniões

  • Rosana Lacerda Coelho da Silva, C.E. Coronel Serrado , Rio de Janeiro - disse:
    rosanammr@gmail.com

    26/01/2016

    Cinco estrelas

    Trata-se de uma aula mais aprofundada que precisa de pesquisa, porém muito apropriada para ampliarmos de forma construtiva e adequada o campo do conhecimento do nosso alunado.


  • Lenaide, FACVEST , Santa Catarina - disse:
    lenaidegi@yahoo.com.br

    25/05/2012

    Cinco estrelas

    Parabéns! Otima sua aula. Aqui vemos a interdisciplinariedade.


Sem classificação.
REPORTAR ERROS
Encontrou algum erro? Descreva-o aqui e contribua para que as informações do Portal estejam sempre corretas.
CONTATO
Deixe sua mensagem para o Portal. Dúvidas, críticas e sugestões são sempre bem-vindas.