28/06/2010
BELO HORIZONTE - MG ESCOLA DE EDUCACAO BASICA E PROFISSIONAL DA UFMG - CENTRO PEDAGOGICO
Edna Maria Santana Magalhães
Modalidad / Nivel de Enseñanza | Disciplina | Tema |
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Ensino Fundamental Final | Língua Portuguesa | Análise linguística: léxico e redes semânticas |
Educação de Jovens e Adultos - 1º ciclo | Língua Portuguesa | Análise linguística |
Ensino Fundamental Inicial | Língua Portuguesa | Análise e reflexão sobre a língua |
Educação de Jovens e Adultos - 2º ciclo | Língua Portuguesa | Análise linguística |
Ensino Médio | Língua Portuguesa | Produção, leitura, análise e reflexão sobre linguagens |
Com essa aula, o aluno poderá aprender a:
Professor, para que os alunos aproveitem bem essa proposta de aula é importante que eles saibam que a modalidade "O que é, o que é" é só uma das ramificações de Adivinha, que é um elemento típico da cultura popular brasileira, assim como as lendas, os trava-línguas, as danças, cantigas de roda, brincadeiras de rua, entre outros.
1ª AULA
Professor, a intenção dessa proposta de aulas é levar a uma reflexão sobre a construção semântica de Adivinhas do tipo “O que é, o que é”. Isso porque, nota-se que muitas vezes elas são trabalhadas em sala de aula apenas para marcar um elemento constituinte da cultura do país, ou com o intuito de promover brincadeiras de perguntas e respostas entre os alunos.
Comece a aula explicando aos alunos que, desde a antiguidade, provar a capacidade de decifrar enigmas é uma comprovação de sabedoria. No entanto, essa tradição se modificou e as adivinhas acabaram se tornando elementos que constituem a cultura das brincadeiras infantis.
Para restringir um pouco as ramificações que envolvem as adivinhas, essa aula abordará apenas as no formato de “O que é, o que é”.
A primeira estratégia de aula será criar um caça ao tesouro para os alunos a partir de adivinhas. Divida a sala em equipes de forma que cada equipe seja representada por uma cor. Para o caça ao tesouro, prepare algumas adivinhas em pedaços de cartolinas e espalhe-os pela escola. Cada equipe terá que encontrar cerca de 10 cartolinas de sua cor, com adivinhas específicas para cada grupo. A cada cartolina encontrada, a equipe deverá acertar o “o que é, o que é” proposto e só então você, professor, fornecerá a dica para que encontrem a próxima cartolina. As equipes deverão começar a caça ao tesouro ao mesmo tempo.
Para facilitar a coordenação da atividade, você pode buscar uma parceria com o professor de Educação Física.
A equipe que desvendar mais rapidamente aos enigmas encontrará o tesouro primeiro. Caso algum grupo perca muito tempo em algum enigma, e esse tempo extrapole dez minutos, por exemplo, a equipe deverá ser desclassificada. Por isso, professor, cuidado com o nível de dificuldade dos enigmas que serão propostos.
Quanto ao tesouro, você poderá preparar algum brinde, de acordo com o que a escola puder oferecer. Além disso, o grupo que chegar primeiro ao tesouro encontrará uma folha com alguns escritos e deverão entregá-la em seguida a você, professor, para que seja lida em sala de aula.
2ª aula
De volta à sala de aula, projete em data-show o conteúdo da folha encontrada pelo grupo vencedor, ou entregue para cada aluno uma cópia da mesma. Nela os alunos encontrarão alguns Haikais. Eis alguns exemplos que você poderá utilizar:
pétala caiu
se quis colorir o chão
fez bem, conseguiu.
Carlos Antonholi
no despenhadeiro
a sombra da pedra
cai primeiro
Carlos Seabra
outro outono
no chão entre as folhas
sonhos do verão
Ricardo Silvestrin
fim do dia
porta aberta
o sapo espia
Alice Ruiz
http://pt.wikipedia.org/wiki/Haikai - acesso em 17/05/2010.
Explique que eles são poemas de origem japonesa que valorizam a concisão e objetividade. Demonstre, a partir do data-show, ou do quadro de giz, caso não possua tal tecnologia, que os poemas têm três linhas e que obedecem a formas rigorosas de rima e métrica. Você pode explicar também que existem diferentes correntes de produtores de Haikai, sendo que umas valorizam mais a forma, outras o conteúdo e outras ainda valorizam a utilização de algum elemento que indique uma estação do ano, de acordo com uma tradição japonesa.
No entanto, o que nos interessa em relação aos Haikais na presente aula é que os alunos observem a perspicácia que é necessária para extrair sentido desses textos tão pequenos e ao mesmo tempo complexos.
De forma oral, peça que os alunos levantem hipóteses sobre o sentido de alguns dos Haikais apresentados e vá registrando todas as suas opiniões no quadro.
Depois dessa discussão, você pode dividir a turma em equipe (ou manter a divisão feita anteriormente para o caça ao tesouro) e fornecer para cada equipe um poema. Então, cada grupo deve ficar responsável por apresentar o seu poema para a turma, juntamente com a leitura que dele fizeram. Isso deve acontecer em formato de seminário, de forma que toda a turma possa interagir e dar opiniões sobre a apresentação dos outros.
Na sequência, peça que cada aluno crie dois Haikais. Um deles com uma temática mais livre, e o segundo será a retextualização de uma adivinha em formato de Haikai. Ou seja, os alunos terão que redigir um Haikai a partir de uma adivinha que escolherem, primando pela concisão de sentido e a objetividade que é típica desses poemas. Isso será possível porque esse dois gêneros dialogam. Os dois constituem uma forma de texto que exige perícia e atenção durante a leitura, para que o enigma ou o sentido que guardam seja desvendado, ambos são curtos e diretos.
Após a produção, prossiga com as apresentações dos poemas. Questione os alunos sobre suas escolhas e mantenha um espaço aberto para o diálogo entre os alunos.
3ª AULA
Comece a terceira aula apresentado aos alunos alguns “O que é, o que é”. A turma deverá estar em círculo e as adivinhas podem ser projetados no data-show. Proponha que os alunos tentem responder as adivinhas.
Veja-os:
O que é, o que é?
1 - Voa pelo ar feito balão, aos vivos dá alimento, aos mortos consolação? Abelha
2 -Tem barba, mas não é homem; tem dente mas não é gente? Allho
3 - Para ser direito tem que ser torto? Anzol
4 - Por mais que é cortado fica do mesmo tamanho? Baralho
5 - Enche uma casa, mas não enche uma mão? Botão
6 - Nele, quanto mais se tira, ele maior fica? Buraco
7 - Tem mais de vinte cabeças, mas não sabe pensar? Caixa de fósforo
8 - Tem pés redondos e rastro comprido? Veículo
9 - Entra na boca da gente todos os dias e a gente não come? Garfo/Colher
10 - O que tem a idade do mundo e todo mês nasce? A lua
11 - Qual é a carta que nunca leva recado? A do barlho
12 - Qual é a fruta que todo mundo carrega duas? Mangas de camisa
13 - Qual é o casal que nunca se encontrou?A noite e o dia
14 - Qual é o olho que mais chora? O olho d’água
http://www.arteducacao.pro.br/Cultura/adivinhas.htm - acesso em 17/05/2010 -
Agora, professor, depois de que os alunos tentaram responder a cada uma dessas adivinhas, proponha uma discussão em torno de algumas, em específico. Certamente, ao propor respostas para os enigmas, os alunos deram sugestões que podiam ser aceitas como resposta, mas que não eram as soluções já conhecidas dos enigmas. Veja, por exemplo, em:
O que é, o que é: qual é a fruta que todo mundo carrega duas? Mangas de camisa.
Bom, a resposta “mangas de camisa” parece um tanto vaga. E se a pessoa usa um vestido cavado? Aí seria contestável a afirmação de que “todo mundo carrega duas”. Além disso, haveria uma segunda resposta plausível para esse adivinha: as maçãs do rosto.
Para ser direito tem que ser torto? Anzol
Os alunos podem ter sugerido também a resposta “gancho”, e não seria realmente uma possibilidade aceitável? Afinal, também o gancho, para exercer direito a sua função, precisa ser torto.
Professor, o que se pretende com esse exercício de pensar em demais respostas e contradições das adivinhas, não é tirar o mérito delas, nem contestá-las, mas levar os alunos a pensar que o que produz o efeito das mesmas é a pertinência da escolha das palavras que as compõem. É importante que eles entendam que o “o que é, o que é” só alcança o efeito esperado se as escolhas para a sua produção forem coerentes. Portanto, nenhum exemplo melhor que esse para pensar no papel das palavras para a construção de um determinado efeito no leitor. Deixe claro, então, que mesmo que as adivinhas aceitem mais de um significado, como no caso de “maçãs do rosto” e “mangas de camisa”, elas excluem uma porção de outras possibilidades, fazendo com o que efeito do enigma se mantenha. Esclareça também que isso em nada diminui o papel de transmissoras da cultura popular e de peças chave na vivência infantil que as adivinhas certamente têm. Ao contrário, elas conseguem mesclar certo nível de complexidade de sentido, com um jogo criado para divertir e intrigar. Esse nível de dificuldade faz com que as habilidades exigidas para a construção de sentidos seja, também, maior.
2ª AULA
Agora, professor, depois de conhecer mais uma porção de “O que é, o que é” (vários links foram sugeridos no campo Recursos Complementares), você pode sugerir que os alunos façam equipes e tentem criar, eles mesmos, no mínimo dez “O que é, o que é”. Esse exercício pode ser positivo, pois ele exigirá dos alunos uma preocupação com o efeito das palavras no enigma e as várias possibilidades de respostas que podem ser obtidas. Ajude-os nessa construção. Forneça dicas e faça a revisão do que escreverem.
3ª AULA
Por último, cada equipe poderá criar uma cruzadinha com os “O que é, o que é” que inventaram. Eles mesmo poderão fazer o desenho em folhas de papel cartão, como se fossem tabuleiros, construir fichas com as respostas e para que o material não se estrague facilmente, podem recobri-lo com plástico contact.
4ª AULA
Nessa última aula, professor, a proposta é que os alunos promovam uma disputa com as cruzadinhas dos “O que é, o que é” cada equipe aplicará a outra a sua cruzadinha, e os grupos que acertarem menos enigmas vão sendo eliminados, até que fique apenas um ganhador. Já pensou como os alunos se sentirão bem ao usarem um material que foi todo produzido por eles? Essa proposta pode se estender mais ainda. Várias cópias das cruzadinhas podem ser distribuídas pelos diferentes setores da escola, para que mais pessoas tenham acesso a esse estudo. Os alunos ainda podem postar suas produções no blog da sala ou da escola também.
http://criancas.uol.com.br/piadas/piadas_oquee.jhtm - Lista de "O que é, o que é" - acesso em 17/05/2010.
http://www.suapesquisa.com/folclorebrasileiro/adivinhas.htm - O que é, o que é - acesso em 17/05/2010.
http://varaldofolclore.blogspot.com/2008/03/adivinhas.html - Varal de adivinhas - acesso em 17/05/2010.
Professor, avalie o interesse de seus alunos em relação às proposições feitas em sala de aula. Observe a criatividade e a capacidade deles de criarem enigmas bons. Caso tenham sido perspicazes e coerentes em suas escolhas, elogie-os. Em casos contrários, demonstre ao aluno de forma carinhosa que ele poderá se esforçar mais para obter melhores resultados e apresente um novo modelo de como ele poderia ter feito. Fique atento, pois se seu aluno não trouxe o retorno que você esperava, há alguma lacuna de compreensão que precisa ser preenchida. Dar uma atenção especial a esse aluno pode despertar maior interesse e comprometimento dele em relação às atividades propostas.
Por último, proponha que cada aluno elabore uma auto-avaliação em uma folha separada. Nela ele deverá escrever com as próprias palavras o que aprendeu com a proposta apresentada, além de poder dar alguma sugestão de melhoria a ela.
Quatro estrelas 5 calificaciones
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12/12/2013
Cinco estrelasmuito interessante, mais tem que saber envolver o aluno se não não funciona, principalmente os calados demais ou os peraltas demais.
23/05/2013
Quatro estrelasA aula apresentou diversos detalhes que devemos atentar além de ter coerência de proposição.
13/12/2011
Cinco estrelasachei espetacular a ideia, além de ter mim ajudado bastante. Parabéns
01/11/2011
Cinco estrelasadorei , muito legal, super bacana muito ensentivo pra muita gente.ameiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii.z
05/08/2011
Cinco estrelasMuito legal e educativo. Estão de parabéns pela iniciativa.