21/02/2011
Aléxia Pádua Franco, Leide Divina Alvarenga
Modalidade / Nível de Ensino | Componente Curricular | Tema |
---|---|---|
Ensino Fundamental Final | História | Cidadania e cultura no mundo contemporâneo |
Educação de Jovens e Adultos - 2º ciclo | História | Cidadania e cultura contemporânea |
Ensino Médio | História | Cultura |
-Analisar a produção musical popular na Era Vargas.
-Refletir sobre as pressões exercidas pelo Estado, por meio da censura discográfica, para a veiculação da produção musical popular pelo rádio.
- Analisar o incentivo do Estado à criação de musicalidades nacionalistas e patrióticas.
- Informações em torno de gêneros musicais populares: samba, maxixe, lundu, modinha, samba-canção, samba-exaltação, marchinha, bolero, seresta, chorinho;
- Os conceitos de erudito e popular;
- Aspectos relacionados à história do rádio nas décadas de 1930-40;
- A atuação do DIP – Departamento de Imprensa e Propaganda do Estado Novo,- neste período.
Atividades Propostas:
1- Montagem simulada de uma estação de rádio de 1940 e palestra.
Nesta atividade, os alunos serão estimulados a familiarizarem-se com o ambiente musical das décadas de 1930-40, a chamada "Era de Ouro" do rádio. Para tanto, sugere-se que os mesmos tragam para a sala de aula gravações musicais deste período, em CD´s, fitas-cassete ou discos, fotografias, capas de discos de vinil, cópias de recortes de revistas antigas, aparelhos de rádios antigos, vitrolas, microfones e roupas antigas, a fim de simular um auditório de rádio daquele período. A partir desta montagem, as músicas serão reproduzidas a fim de que os alunos possam diferenciar gêneros musicais, tais como: samba, bolero, chorinho, marchinha, seresta, maxixe, entre outros. Na segunda parte da atividade, será convidado um palestrante que tenha experiência no assunto, tais como: ex-locutores, ex-músicos, ex-cantores de rádio, ex-técnicos de rádio, ou mesmo parentes dos alunos que tenham histórias para contar sobre os anos dourados do rádio no Brasil.
Recursos da aula:
Cópias de recortes de revistas antigas, discos antigos, aparelhos de rádio, letras de músicas impressas, aparelho toca-discos, CD e fita-cassete, vestuário antigo.
Sites para consulta e pesquisa:
História do Rádio, Gravações, Trajetórias de Músicos e cantores do Rádio: http://www.collectors.com.br/
História da Rádio Nacional: http://pt.wikipedia.org/wiki/R%C3%A1dio_Nacional_Rio_de_Janeiro
Imagens de capas da Revista do Rádio: http://www.google.com.br/images?hl=pt-BR&rlz=1T4SKPB_pt-BRBR283BR292&q=revista+do+radio&um=1&ie=UTF-8&source=univ&ei=_hdYTPXYIImNuAfN9LDJCg&sa=X&oi=image_result_group&ct=title&resnum=5&ved=0CDsQsAQwBA&biw=1257&bih=547
Revista do Rádio - História - Reproduções da Revista: http://www.eradoradio.com.br/main_revistas.htm
Revista do Rádio - História - blogdarevistadoradio.blogspot.com/
Aparelhos de rádio antigos: imagens: www.radioantigo.com.br/
Roteiro da entrevista com o convidado:
- Nome, profissão, idade ( optativo).
- Como foi a sua experiência junto ao rádio ?
- Qual era a importância do rádio naquele período ?
- De que forma as pessoas participaram do desenvolvimento do rádio ?
- Quais eram os gêneros musicais mais ouvidos? Qual você preferia ? Por que?
- Quais personagens desta época marcaram a sua vida? Por que ?
2- Análise de trechos de documentos de época, audição e análise de músicas:
O objetivo desta atividade é colocar os alunos em contato com a linguagem musical da época e interpretar as contradições entre o discurso nacionalista do governo Vargas e a veiculação e sucesso de gêneros musicais populares nas estações de rádio. Para tanto, a sala será dividida em grupos de até 4 alunos, sendo cada grupo responsável pela análise de um documento. As músicas poderão ser baixadas da Internet no site: http://sonora.terra.com.br/#/home
2.1) O samba na ótica do Estado Novo: In: Revista Cultura Política – Departamento de Imprensa e Propaganda, 1941.
“Nos dias que correm, é a música que reage contra o negro. (...) O sensualismo das gentes dos morros torna-se latente por trezentos dias. Nos meses, porém, de janeiro e fevereiro, vem para as ruas, e samba, e grita, e canta, e gesticula, e saracoteia, e ginga, num rodopiar, rodar, dansar, sapatear, entre a transpiração dos corpos, o cheiro ativo dos lança perfumes e o desbotar das serpentinas e confetti. (...) Enquanto não dominarmos esse ímpeto bárbaro, é inútil e prejudicial combatermos no ‘brodcasting’ o samba, o maxixe, a marchinha, e os demais ritmos selvagens da música popular. Seria contrariarmos as tendências e o gosto do povo. (...) A resolução está na elevação do nível artístico e intelectual das massas”. (...) A marchinha, o samba, o maxixe, a embolada, o frevo, precisam, unicamente, de escola. (...) O canto nas escolas e a importância que a música vem tendo, por força do radio, hão de confirmar as nossas esperanças. Os programas de calouros de nossas emissoras estarão, por certo, fadados a um importante lugar na arte do canto se lhes der o DIP orientação severa e bem controlada”.
SALGADO, Álvaro. “Radiodifusão, fator social”, in: REVISTA CULTURA POLÍTICA, nº 6, ago/1941, pp. 85-6.
Roteiro de Análise: 1- Identifique e encontre o significado de palavras ou expressões desconhecidas. 2- Quem fez o texto? 3- Qual a época da produção do documento? 4- Qual é o assunto do documento? A quem ou a que se refere? 5- A quem é dirigido o discurso? 6- De que forma são retratados os sujeitos citados pelo autor? 7- Qual a visão que o autor apresenta sobre a música popular? 8- Qual o papel que o autor defende para o rádio e a escola nesse contexto ?
2.2) O rádio e o samba enquanto identidade da cultura popular no Brasil:
Música: FEITIO DE ORAÇÃO Compositores: Noel Rosa e Vadico Intérprete: Sílvio Caldas Ano da Gravação:1933 Gênero: samba-canção
“Quem acha vive se perdendo/ Por isso agora eu vou me defendendo/ Da dor tão cruel desta saudade/ Que, por infelicidade,/ Meu pobre peito invade /Batuque é um privilégio/ Ninguém aprende samba no colégio/ Sambar é chorar de alegria/ É sorrir de nostalgia/ Dentro da melodia/ Por isso agora/ lá na Penha Vou mandar/ minha morena Pra cantar/ com satisfação/ E com harmonia/ Esta triste melodia/ Que é meu samba/ em feito de oração/ O samba/ na realidade/ não vem do morro/ Nem lá da cidade/ E quem suportar uma paixão/ Sentirá que o samba então/ Nasce do coração.”
Música: AS CANTORAS DO RÁDIO Compositores: Lamartine Babo/ João de Barro/ Alberto Ribeiro/André Ribeiro Ano da Gravação: 1936 – Gravadora Odeon. Gênero: Marchinha Intérpretes:Rosita Gonzales, Nora Nei, Carmélia Alves, Violeta Cavalcante, Ellen de Lima e Zezé Gonzaga. CD "As Eternas Cantoras do Rádio". Grav. ADDAF/Mangione. 1991.
"Nós somos as cantoras do rádio/ Levamos a vida a cantar/ De noite embalamos teu sono /De manhã nós vamos te acordar. / Nós somos as cantoras do rádio/ Nossas canções cruzando o espaço azul/ Vão reunindo, /num grande abraço/ Corações de norte a sul / Canto! Pelos espaços afora/ Vou semeando cantigas/ Dando alegria a quem chora/ Canto! /Pois sei que a minha canção/ Vai dissipar a tristeza/ Que mora no teu coração. / Canto!/ Para te ver mais contente/ Pois a ventura dos outros/ É alegria da gente./ Canto! /E sou feliz só assim /E agora peço que cantem /Um pouquinho para mim.
2.3) A marchinha e o samba enquanto exaltação da identidade nacional:
Música: “Quem é o tal” Compositores: Ubirajara Nesdan e Afonso Teixeira Intérprete: João Tetra de Barros Ano da gravação: 1942
“Quem é que usa cabelinho na testa /e um bigodinho que parece mosca ? /Só cumprimenta levantando o braço/ Ê, ê, ê, ê, palhaço. (bis) ***/ Quem é que tem o G que representa a glória/ Quem tem o V que ficará na história/ com seu sorriso que nos dá prazer/ Ê, ê, ê, ê, vitória !”
Música: “Desperta” Compositor: Grande Otelo; Intérprete: Linda Batista; Ano da Gravação: 1943
“ Ora viva a minha terra/ e o meu auriverde pendão...! (bis)/ Desperta, Brasil !/ Raiou teu alvorecer /Desperta, Brasil!/ Queremos lutar,/ queremos vencer/ Pequenina eu sei que sou/ mas sou brasileira também/ Desperta, meu Brasil ! /Você não pode perder para ninguém/ todos temos uma só bandeira/ Temos todos um só coração/ Mas, ora viva minha terra/ que tanta beleza encerra/ e o meu auriverde pendão !”
Roteiro de Análise das músicas: A- Letras: - Quais opiniões o compositor pretende demonstrar? - Quais figuras de linguagem ( símbolos, metáforas) ele utiliza? - Como são retratados os sujeitos que aparecem na música? - Quais seriam os tipos de ouvintes que a música pretende atingir ? - Relacione a música ao contexto histórico em que foi gravada. B-Melodias: - Caracterize o gênero musical. - Identifique o ritmo, arranjos musicais, instrumentos, acompanhamentos e efeitos sonoros.
3- Troca de documentos entre os grupos e debate:
Após a análise do documento e músicas pelos grupos, os mesmos serão trocados a fim de que um mesmo documento/música seja analisado por 2 grupos diferentes. Em seguida, no formato de círculo, os grupos apresentarão as suas interpretações sobre os documentos/músicas.
4- Simulação/Dramatização do auditório da Rádio Nacional, em 1940.
Nesta atividade, após a preparação e montagem do ambiente do auditório realizada na atividade 1, os alunos irão simular e dramatizar a realização de um programa de auditório da Rádio Nacional de 1940. Os alunos dividirão os papéis de apresentadores, produtores, contra-regra, músicos, cantores (as) e platéia. O trabalho poderá ser realizado de forma interdisciplinar com as áreas de Artes Plásticas, Teatro, Música e Língua Portuguesa. O programa poderá ser filmado a fim de divulgar o trabalho junto à escola. Poderão ser convidados pais e parentes mais idosos dos alunos para assistirem à apresentação. Ao final de todo o trabalho de pesquisa, poderá ser criado um blog na Internet para intercâmbio e divulgação do projeto, bem como buscar junto a direção e professores da escola, recursos e apoio logístico para a montagem de uma estação de rádio comunitária na escola, dirigida pelos próprios alunos.
POSSIBILIDADES INTERPRETATIVAS:
O ideal de brasilidade pretendido pelo Estado Novo passava pelo combate a gêneros musicais populares que incentivavam a malandragem, tratados como “selvagens”, como o samba e o maxixe, a fim de que se desenvolvesse o verdadeiro “espírito nacional” pela música. Estas críticas e ações foram observadas em publicações de propaganda do Estado Novo, como a Revista Cultura Política, na produção de manifestações públicas com a presença de grandes conjuntos de orquestras e corais de crianças, com a introdução do ensino de música nas escolas públicas, coordenado pelo músico e maestro Villa-Lobos, com a normatização dos desfiles de Escolas de Samba e pelo incentivo oficial aos músicos para que compusessem letras patrióticas e cívicas, mesmo que conservassem nas melodias tais gêneros populares. Como desdobramentos destas ações de censura e produção musical, os gêneros musicais populares, sobretudo o samba, ganharam adaptações de exaltação ao Brasil, ao lado da predominância de uma programação de sambas de breque, sambas de “partido alto”, sambas-canções, marchinhas, serestas, baiões e músicas sertanejas.
Abordagem Interdisciplinar dos Conceitos: - O professor de História, em conjunto com os professores de Sociologia, Filosofia, Língua Portuguesa, Artes e Música, poderá discutir os conceitos de: música erudita e música popular, além de reconhecerem as identidades e diferenças entre os gêneros musicais populares, os costumes e vestimentas do período estudado.
Vídeo: - Mini-Série de TV : Dalva e Herivelto. Rede Globo, 2009. Relata a trajetória de vida e a carreira artística de Dalva de Oliveira ( cantora) e Herivelto Martins (cantor e compositor), os desajustes amorosos, o sucesso e a decadência de ambos, trazendo como pano de fundo o ambiente boêmio da Lapa no Rio de Janeiro das décadas de 1940-50 e 60.
Sites importantes com Acervos Fotográficos, Documentos e Gravações de Músicas e Depoimentos de época:
*Arquivo Estadual de São Paulo: WWW.arquivoestado.sp.gov.br
*CPDOC – FGV – RJ- Centro de Pesquisa em Documentação de História Contemporânea do Brasil – Fundação Getúlio Vargas: WWW.cpdoc.fgv.br
*Museu da Imagem e do Som – RJ- WWW.mis.rj.gov.br
*Arquivo Nacional – RJ – WWW.arquivonacional.gov.br
Livros:
- TINHORÃO, José Ramos.História social da música popular brasileira. São Paulo: Editora 34, 1998.
- LENHARO, Alcir. Cantores do rádio: a trajetória de Nora Ney e Jorge Goulart e o meio artístico de seu tempo. Campinas/ UNICAMP, 1995.
A Avaliação poderá ser feita na forma de exposição oral, em que o aluno apresentará os seus conhecimentos sobre o assunto e os resultados das atividades propostas. A apresentação do programa de rádio poderá ser avaliada a partir da participação coletiva dos alunos e no envolvimento individual na montagem das atividades, nas quais poderão ser apreendidos a capacidade de reconhecimento de gêneros musicais do período estudado, o questionamento em torno da utilização da musicalidade popular pelo Estado Novo e a percepção da música radiofônica como suporte de identidades, hábitos e linguagens urbanas populares.
Cinco estrelas 4 classificações
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21/01/2015
Cinco estrelasConteúdo estimulante e muito interessante. Parabéns!!
04/03/2012
Cinco estrelasO projeto é magnífico e as aulas são interessantíssimas e motivadoras, onde a descoberta do mundo do rádio fascina o alunado. O mais importante é o tratamento pós trabalho dos alunos quantos aos ritmos da época. As caras feias e chacotas antes idealizadas dão espaço ao brilho nos olhos e satisfação. O prazer em mostrar para os mais velhos a magnitude do seu feito. Divino, maravilhoso não tenho adjetivos para expressar tamanha satisfação.
01/05/2011
Cinco estrelasGostei muito do acesso a aula de História sobre a musica já tinha trabalhado em aulas, mais não tão profunda como esta,maravilhosa estudamos de todos os ângulos.Irei modificar o rumo da aula já que temos uma rádio na escola,mas não funciona por falta de alguém que organize um projeto que favoreça o aprendizado do aluno na sala de aula de forma divertida de dinâmica farecendo mais integração da História da musica com o dia a dia do aluno no mundo musical.irailde
05/04/2011
Cinco estrelasExcelente, uma orientação objetiva e direta para uma abordagem criativa sobre o assunto.