24/07/2010
Maria Cristina Weitzel Tavela
Modalidade / Nível de Ensino | Componente Curricular | Tema |
---|---|---|
Ensino Médio | Literatura | Outras expressões: letras de música, hip hop, quadrinhos, cordel |
Ensino Médio | Língua Portuguesa | Aspectos cognitivo-conceituais: mundo, objetos, seres, fatos, fenômenos e suas inter-relações |
Ensino Médio | Literatura | Estudos literários: análise e reflexão |
Ensino Médio | Língua Portuguesa | Produção, leitura, análise e reflexão sobre linguagens |
apresentar a poesia trovadoresca e suas características de forma e conteúdo;
identificar a estreita relação da poesia trovadoresca com a música e reconhecer os efeitos de sentido decorrentes desta relação;
relacionar a poesia trovadoresca com a música popular contemporânea e identificar as possíveis semelhanças temáticas e formais.
Habilidades básicas de leitura e escrita.
Conhecimento histórico sobre o período trovadoresco.
1ª aula
Professor, para a primeira atividade exiba para seus alunos as imagens abaixo, retiradas dos respectivos sites:
http://www.ricardocosta.com/textos/guilherme2.htm
http://www.auladeliteraturaportuguesa.blogspot.com/2007_04_01_archive.html
Iluminura das Cantigas de Santa Maria (Ms. escurialense)
Peça para que levantem hipóteses sobre a origem dessas imagens e sobre quem podem ser esses indivíduos representados nelas.
Após as hipóteses, espera-se que os alunos, ao menos, aproximem seus apontamentos em relação ao período histórico, a Idade Média, por causa das vestes e das características dos instrumentos musicais. Em relação ao papel dos indivíduos retratados na imagem, provavelmente, os alunos irão defini-los como músicos, devido aos instrumentos empunhados por eles e às pautas inscritas ao fundo na segunda imagem.
Tendo em vista essa relação apresente a seguinte questão para um debate:
O que esses homens têm a ver com a poesia?
No princípio pode sobressair a dúvida, por não haver referências na imagem à linguagem poética, principalmente a escrita, mas aos poucos o professor deve inserir elementos com algumas dicas históricas, como o questionamento sobre a definição de "trova" (era a denominação de qualquer poema ou canção, na época dos trovadores - séc. XI-XIV d.c.), para que os alunos compreendam que esses cantadores também eram poetas, muitas vezes mais poetas do que músicos.
Mais uma vez o professor estimula-os a demonstrar seus conhecimentos históricos, perguntando, por exemplo, o que sabem sobre trovadores, vates e menestréis.
Leve-os para o laboratório de informática ou biblioteca para que consultem alguma enciclopédia para o esclarecimento de quem foram esses cantadores e do contexto em que viviam.
Daí ficará esclarecido que trovadores, vates e menestréis eram os cantadores, que portando instrumentos como o alaúde, a lira, a flauta, e outros, levavam para a corte, e mesmo para os plebeus, na Idade Média, o conhecimento de histórias de outros reinos e lugares distantes, além da expressão sentimental de seus versos cantados. É importante que fique claro para os alunos que a poesia na época dos trovadores era oral, sendo registrada apenas mais tarde em cancioneiros, e por isso era acompanhada da música para facilitar a continuidade do ritmo e a memorização dos textos. Consequentemente, esses poemas cantados passaram a ser chamados cantigas.
As cantigas, geralmente, eram acompanhadas por um coro e por instrumentos musicais. Seu público não era constituído de leitores, mas de ouvintes. Era, portanto, poesia intimamente ligada à música, própria para apresentações coletivas.
As cantigas compostas pelos trovadores eram musicadas e interpretadas pelos jograis, pelo segrel e pelo menestrel (gente humilde que sobrevivia cantando em público), artistas agregados às cortes ou que perambulavam pelas cidades e feiras. Os trovadores eram quase sempre de origem nobre (alguns reis, como o português D. Diniz e o espanhol Afonso X, "O Sábio", foram também trovadores).
Professor, após essas informações contextuais, adquiridas com a pesquisa, a classe pode chegar a uma conclusão sobre as características das cantigas. Divida-os em grupo e peça que exponham para os colegas os dados coletados na pesquisa, além da conclusão de cada grupo.
Espera-se um quadro próximo a este para as características das cantigas trovadorescas:
Língua galego-português;
Tradição oral e coletiva;
Poesia cantada e acompanhada por instrumentos musicais colecionada em cancioneiros;
Autores: trovadores;
Intérpretes: jograis, segréis e menestréis.
2ª aula
Para a segunda atividade apresente para os alunos a seguinte tabela, com as características dos gêneros das cantigas:
Lírico (amor e amigo) e Satírico (escárnio e maldizer).
cantiga de amor |
cantiga de amigo |
cantiga de escárnio |
cantiga de maldizer |
Eu lírico masculino |
Eu lírico feminino |
Indiretas |
Diretas, sem equívocos |
Expressão da vida da corte |
Expressão da vida campesina e urbana |
Uso da ironia e do equívoco |
Intenção difamatória |
Amor cortês |
Tratamento dado ao namorado (amigo) |
|
Palavrões e xingamentos |
Idealização da mulher |
Amor realizado - sofrimento amoroso |
|
|
Vassalagem amorosa |
Simplicidade - quadros sentimentais |
|
|
Expressão da coita d'amor |
Paralelismo e refrão |
|
|
Origem provençal |
Origem popular |
|
As cantigas de escárnio e maldizer são a primeira manifestação da sátira na literatura portuguesa. Menos presas a modelos e convenções do que as cantigas de amigo e de amor, as cantigas satíricas buscaram um caminho poético próprio voltando-se para a crítica dos costumes, tendo como alvo diferentes personalidades da sociedade portuguesa: clérigos devassos, cavaleiros e nobres covardes, prostitutas, alguns trovadores e jograis, as soldadeiras (mulheres que cantavam e dançavam durante as apresentações). Há uma pequena diferença entre esses dois tipos de cantiga: enquanto na cantiga de escárnio o nome da pessoa satirizada não é revelada, na cantiga de maldizer fica claro para quem é a sátira, sendo a linguagem da segunda mais direta e obscena.
Para esta aula, daremos mais atenção às cantigas de amor e de amigo.
Abaixo uma cantiga de amigo do rei D. Diniz, com a estrutura detalhada (imagem do autor):
Peça aos alunos, após a leitura da cantiga (mesmo com a linguagem arcaica é possível sua compreensão) que apontem seus elementos característicos, de acordo com a tabela acima: temática; eu lírico; forma paralelística; refrão.
A temática das cantigas de amigo é variada:
(a) a separação do namorado, que parte em alguma expedição militar e a espera de seu retorno;
(b) a romaria a lugares santos, onde a donzela busca uma conquista amorosa, através da dança;
(c) as bailadas, que versam exclusivamente o tema da dança;
(d) as marinhas ou barcarolas, à beira do mar;
(e) o tema das tecedeiras, no interior dos lares;
(f) e o tema das chamadas cantigas de fonte, onde as donzelas iam lavar os cabelos ou mesmo a roupa, encontrando-se então com os namorados.
Em alguns casos, os temas se confundem, há uma fusão. Na forma paralelística da cantiga de amigo, a unidade rítmica não é a estrofe, mas o par de estrofes ou o par de dísticos (dois versos). Ambos os dísticos dizem a mesma coisa, diferindo quase só nas palavras em rima. O último verso de cada estrofe, quase sempre, é o primeiro verso das estrofes no par seguinte. Assim, nessa estrutura paralelística, observa-se que os versos de um par de estrofes se repetem no outro par sem sofrer alteração de sentido, somente na forma se alteram, e são seguidos de refrão, como no exemplo.
Abaixo uma cantiga de amor do século XIII, do trovador Joan Garcia de Guilhade:
Amigos, non poss’eu negar
a gram coita que d’amor hei,
ca me vejo sandeu andar,
e com sandece o direi:
os olhos verdes que eu vi
me fazem ora andar assi.
Pero quenquer x’entenderá
aquestes olhos quaes som,
e d’est alguem se queixará,
mais eu, já quer moiro ou non:
os olhos verdes que eu vi
me fazem ora andar assi.
Pero non devi’ a perder
home que já o sem non há,
de com sandece rem dizer,
e com sandece dig’ eu já;
os olhos verdes que eu vi
me fazem ora andar assi.
Após a leitura da cantiga, peça aos alunos que apontem no caderno os elementos característicos das cantigas de amor: temática; eu lírico; expressão do amor cortês.
3ª e 4ª aulas
Professor, antes de apresentar alguns textos de nossa música popular, que trazem as características das cantigas trovadorescas, mostre aos alunos a imagem do "Violeiro" (1899), do pintor Almeida Júnior. Peça-os que destaquem algumas particularidades da imagem:
O que faz o homem ao centro?
Para quem ele dirige sua cantiga?
Em que ambiente ele se encontra (urbano ou rural)?
Retirado de: http://www.cecac.org.br/Artes_Almeida_Jr.htm
Após a participação dos alunos, explique qual a relação entre o meio rural, o caipira, seu violão e sua amada. O violeiro é um cantador solitário como eram os trovadores e menestréis e é com sua cantiga que se comunica com a amada (senhora). Salvo as diferenças culturais e históricas, podemos perceber as semelhanças entre esse cantador sertanejo e os poetas trovadores (principalmente o das cantigas de amigo, que tematizam a simplicidade do ambiente campestre e a cultura popular, embora este eu lírico seja geralmente feminino, cabendo ao eu lírico masculino a expressão nas cantigas de amor).
Na nossa música popular também ocorrem algumas manifestações desses cantadores que se assemelham aos trovadores. Alguns deles são fiéis à estrutura de composição, à temática medieval e a uma variante arcaica ou regionalista da língua, com termos de pouco uso contemporâneo, sobretudo nos ambientes urbanos. Isso faz com que suas cantigas estejam muito próximas das medievais, considerando a distância temporal de 1000 anos, ao mesmo tempo que são um exemplo típico da cultura do sertão brasileiro.
Um dos maiores exemplos da tradição do cantador, na atualidade, é Elomar Figueira de Melo. Abaixo reproduzimos um trecho de um comentário de Vinícius de Moraes sobre o cantador baiano, retirado da contracapa do LP "Elomar... das barrancas do Rio Gavião", de 1973:
" (...) Elomar Figueira de Melo: um príncipe da caatinga, que o mantém desidratado como um couro bem curtido, em seus 34 anos de vida e muitos séculos de cultura musical, nisso que suas composições são uma sábia mistura do romanceiro medieval, tal como era praticado pelos reis-cavalheiros e menestréis errantes e que culminou na época de Elizabeth, da Inglaterra; e do cancioneiro do Nordeste, com suas toadas em terças plangentes e suas canções de cordel, que trazem logo à mente os brancos e planos caminhos desolados do sertão, no fim extremo dos quais reponta de repente um cego cantador com os olhos comidos de glaucoma e guiado por um menino - anjo a cantar façanhas de antigos cangaceiros ou "causos" escabrosos de paixões espúrias sob o sol assassino do agreste" (...).
Abaixo a canção "O Violêro", que expressa muito bem qual a função do "errante" dessa "mudernage". Após se apresentar, revelar sua crença religiosa e dizer que já cantou em um castelo (referências ao medievalismo), o trovador ressalta que o que mais vale para ele é a música, a liberdade e o amor: "viola, furria, amô, dinhêro não". É o que canta até o fim, independente de sua penúria: "sem um tustão na cuia u cantadô/ canta inté morrê o bem do amô".
O Violêro
Vô cantá no canturi primero
as coisa lá da minha mudernage
qui mi fizero errante e violêro
eu falo séro i num é vadiage
i pra você qui agora está mi ôvino
juro inté pelo Santo Minino
Vige Maria qui ôve o qui eu digo
si fô mintira mi manda um castigo
Apois pro cantadô i violero
só hai treis coisa nesse mundo vão
amô, furria, viola, nunca dinhêro
viola, furria, amô, dinhêro não
Cantadô di trovas i martelo
di gabinete, ligêra i moirão
ai cantadô já curri o mundo intêro
já inté cantei nas portas di um castelo
dum rei qui si chamava di Juão
pode acriditá meu companhêro
dispois di tê cantado u dia intêro
o rei mi disse fica, eu disse não
Si eu tivesse di vivê obrigado
um dia inantes dêsse dia eu morro
Deus feis os homi e os bicho tudo fôrro
já vi iscrito no Livro Sagrado
qui a vida nessa terra é u'a passage
i cada um leva um fardo pesado
é um insinamento qui derna a mudernage
eu trago bem dent' do coração guardado
Tive muita dô di num tê nada
pensano qui êsse mundo é tud'tê
mais só dispois di pená pelas istrada
beleza na pobreza é qui vim vê
vim vê na procissão u Lôvado-seja
i o malassombro das casa abandonada
côro di cego nas porta das igreja
i o êrmo da solidão das istrada
Pispiano tudo du cumêço
eu vô mostrá como faiz o pachola
qui inforca u pescoço da viola
rivira toda moda pelo avêsso
i sem arrepará si é noite ou dia
vai longe cantá o bem da furria
sem um tustão na cuia u cantadô
canta inté morrê o bem do amô.
letra disponível em: http://www.elomar.com.br/discografia/letras/violero.html
Retirado de: http://www.elomar.com.br/biografia.html
Após a apresentação do artista, instrua os alunos a pesquisar na internet sobre a figura de Elomar, basta uma busca rápida para encontrar o sítio, ou melhor, a "porteira" do cantador e lá terão matéria bastante para uma pesquisa mais que confiável. Link: http://www.elomar.com.br/
Abaixo, para a terceira atividade, quatro letras de cantigas de Elomar: "Cantiga de Amigo" - "Incelença pro amor ritirante" - "Acalanto" - "O rapto de Juana do Tarugo".
Cantiga de Amigo
Lá na casa dos Carneiros
Onde os violeiros vão cantar louvando você
Em cantiga de amigo
Cantando comigo somente porque você é
Minha amiga, mulher
Lua nova do céu que já não me quer
Dezessete é minha conta
Vem amiga e conta uma coisa linda pra mim
Conta os fios dos teus cabelos
Sonhos e anelos
Conta-me se o amor não tem fim
Madre amiga é ruim
Me mentiu jurando amor que não tem fim
Lá na casa dos Carneiros
Sete candeeiros iluminam a sala de amor
Sete violas em clamores, sete cantadores
São sete tiranas de amor para a amiga
Em flor
Que partiu e até hoje não voltou
Dezessete é minha conta
Vem amiga e conta
Uma coisa linda pra mim
Pois na casa dos Carneiros
Violas e violeiros
Só vivem clamando assim
Madre amiga é ruim
Me mentiu jurando amor que não tem fim.
Letra disponível em: http://www.elomar.com.br/discografia/letras/cantigaamigo.html
Incelença pro Amor Ritirante
Vem amiga visitar
A terra, o lugar
Que você abandonou
Inda ouço murmurar
Nunca vou te deixar
Por Deus nosso Senhor
Pena cumpanheira agora
Que você foi embora
A vida fulorô
Ouço em toda noite escura
Como eu a sua procura
Um grilo a cantar
Lá no fundo do terreiro
Um grilo violeiro
Inhambado a procurar
Mas já pela madrugada
Ouço o canto da amada
Do grilo cantador
Geme os rebanhos na aurora
Mugindo cadê a senhora
Que nunca mais voltou
Faz um ano in janeiro
Que aqui pousou um tropeiro
O cujo prometeu
De na derradeira lua
Trazer notícia sua
Se vive ou se morreu
Derna aquela madrugada
Tenho os olhos na istrada
E a tropa não voltou
Ao Sinhô peço clemência
Num canto de incelença
Pro amor que retirou.
Letra disponível em: http://www.elomar.com.br/discografia/letras/incelencaamorretirante.html
Acalanto
Certa vez ouvi contar
que muito longe daqui
Muito além do São Francisco, ainda prá lá...
Em um castelo encantado,
morava um triste rei
E uma linda princesinha,
sempre a chorar...
Ela sempre demorava
na janela do castelo
Todo dia à tardezinha, a sonhar...
Bem prá lá do seu castelo,
muito além, ainda mais belo,
havia outro reinado,
de um outro rei.
Certo dia a princesinha,
que vivia a chorar
saiu andando sozinha,
ao luar...
E o castelo encantado
foi ficando inda prá lá
Caminhando e caminhando,
sem encontrar.
Contam que essa princesinha
não parou de caminhar,
e o rei endoideceu,
e na janela do castelo morreu,
vendo coisas ao luar.
Letra disponível em: http://www.letras.com.br/elomar/acalanto
O Rapto de Juana do Tarugo
Infrentei fôsso muralha e os ferros dos portais
só pela graça da gentil senhora
filtrando a vida pelas grãos de ampulhetas mortais
d'além de tras-os-Montes venho
por campo de justas honrando este amor
me expondo à Sanha Sanguinária de côrtes cruéis
infrentei vilões no Algouço e em Senhores de Biscaia
fidalgos corpos de armas brunhidas
não temo escorpiões cruéis carrascos vosso pai
enfreado à porta do castelo
tenho meu murzelo ligeiro e alazão
que em lidas sangrentas bateu mil mouros infiéis
Ó Senhora dos Sarsais
minh'alma só teme ao Rei dos reis
deixa a alcôva vem-me à janela
Ó Senhora dos Sarsais
só por vosso amor e nada mais
desça da tôrre Naíla donzela
venho d'um reino distante, errante e menestrel
inda esta noite e eu tenho esta donzela
minha espada empenho a uma deã mais pura das vestais
aviai pois a viagem é longa
e já vim preparado para vos levar
já tarda e quase o minguante está a morrer nos céus
Ó Senhora dos Sarsais
minh'alma só teme ao Rei dos reis
deixa a alcôva vem-me à janela
Ó Senhora dos Sarsais
só por vosso amor e nada mais
desça da torre Juana tão bela
Naila donzela, Juana tão bela.
Disponível em:http://www.elomar.com.br/discografia/letras/raptojuanatarugo.html
Intrua os alunos a fazer uma análise comparativa entre as cantigas trovadorescas e essa manifestação semelhante na nossa música popular e verdadeiramente sertaneja.
Após a atividade de escuta, leitura e análise os grupos apresentam suas conclusões sobre a aproximação entre a música popular brasileira e a poesia trovadoresca.
Cantiga de amigo e Incelença pro amor ritirante são dois exemplos bem próximos das cantigas de amigo e amor dos trovadores: mais próximas das cantigas de amigo pela temática, a saudade da pessoa amada, que está distante, porém com eu lírico masculino cantando seu amor pela senhora, o que faz com que ocorra uma espécie de fusão dos dois tipos de cantiga. Na primeira, o eu lírico se vê distante da amada (amiga) por ela ter negado sua companhia e seu amor, nos versos abaixo ele descreve a relação de maneira metalinguística e depois apresenta a causa de seu infortúnio no refrão:
"Em cantiga de amigo/ Cantando comigo somente porque você é/ Minha amiga, mulher/ Lua nova do céu que já não me quer"
"Madre amiga é ruim/ Me mentiu jurando amor que não tem fim"
Na segunda cantiga, a distância é espacial, e a saudade da amada é também o tema da cantiga, pois a senhora deixou sua terra e seu amor para desaparecer mundo afora.
"Pena cumpanheira agora/ Que você foi embora"
"...cadê a senhora/ Que nunca mais voltou"
Em Acalanto, o tema é a monarquia medieval: o rei, seu castelo e sua filha "princesinha", que sai a procurar um outro reino em busca de felicidade e nunca mais volta deixando o pai enlouquecido.
Em O rapto de Juana do tarugo a referência à Península Ibérica medieval é bem explícita, com nomes de localidades como "Algouço" e "Biscaia", além dos conquistadores e inimigos dos ibéricos, os "mouros".
O eu lírico vai até um reino distante para raptar a amada senhora Juana, se arriscando por amor:
"Infrentei fôsso muralha e os ferros dos portais/ só pela graça da gentil senhora".
Nesta cantiga, ele se apresenta não apenas como cavaleiro, mas também como trovador apaixonado:
"d'além de tras-os-Montes venho/ por campo de justas honrando este amor" (...) "venho d'um reino distante, errante e menestrel".
http://www.juliobattisti.com.br/tutoriais/adrienearaujo/literatura003.asp
http://www.jackbran.pro.br/literatura/trovadorismo_portugues.htm
Professor, para a avaliação podem ser explorados os exemplos das cantigas de Elomar. Divida-as em grupos de alunos e peça-os para que pesquisem em algum site onde é possível baixar músicas como o www.4shared.com e depois de ouvir e ler as cantigas, cada grupo apresenta-as para o restante da turma apontando os aspectos que as fazem semelhantes às cantigas dos trovadores medievais (ver tabela postada na aula).
A atividade permitirá não só o estudo de um gênero poético importante, pois trata-se das origens de nossa poesia e de nossa língua portuguesa, além da exploração da relação muito íntima entre a música e a poesia. Este aspecto permite que entendamos o valor de artistas como Elomar, que mantém viva essa tradição medieval dos cantadores e menestréis, mesmo que modificada pelo tempo, e que nos leva a tocar as raízes de um de nossos troncos culturais, que é a Península Ibérica.
Quatro estrelas 4 classificações
Denuncie opiniões ou materiais indevidos!
10/05/2012
Quatro estrelasMUITO CRIATIVA!!!
09/11/2011
Quatro estrelasadorei as explicações que tem aqui . *_*
17/05/2011
Quatro estrelasAchei muito bacana essa atividade e muito enriquecedora também, vou aproveitá-la com ceteza! só uma dica no lugar das imagens vou usar cenas do filme Romeu e Julieta de Franco Zeffirele, acho que fica mais fácil para os alunnos entenderem. A cena do filme eu baixei no You Tubehttp://www.youtube.com/watch?v=2jpcjPzuCqI&feature=player_detailpage cans 6 e 7.
25/10/2010
Cinco estrelasNota máxima, tudo que eu precisava para este conteúdo com meus alunos.