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EXPLORAÇÃO DO TRABALHO INFANTIL: DURA REALIDADE!

 

05/10/2010

Autor e Coautor(es)
Gláucia Costa Abdala Diniz
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UBERLANDIA - MG ESC DE EDUCACAO BASICA

Fátima Rezende Naves Dias, Liliane dos Guimarães Alvim Nunes, Lucianna Ribeiro de Lima

Estrutura Curricular
Modalidade / Nível de Ensino Componente Curricular Tema
Ensino Fundamental Inicial Ética Respeito mútuo
Ensino Fundamental Inicial Ética Solidariedade
Ensino Fundamental Inicial Ética Justiça
Ensino Fundamental Inicial Ética Diálogo
Dados da Aula
O que o aluno poderá aprender com esta aula

1.Conceituar o que se entende por exploração do  trabalho infantil.

2.Identificar os motivos que levam à exploração do trabalho de crianças.

3. Analisar relatos de crianças trabalhadoras em diferentes situações de trabalho.  

Duração das atividades
Três ou mais aulas de 50 minutos.
Conhecimentos prévios trabalhados pelo professor com o aluno

É facilitador para o desenvolvimento da aula que os alunos tenham conhecimento dos significados dos termos "exploração" e "desigualdade social" em relação ao trabalho infantil. Também é importante que os alunos conheçam os direitos das crianças e adolescentes contidos no ECA ( Estatuto da Criança e do Adolescente) e que tenham conhecimentos básicos de leitura, interpretação e escrita.

Estratégias e recursos da aula

Comentários para o professor:

A fim de ampliar as discussões acerca da exploração do trabalho infantil na realidade atual, o professor deverá propor aos colegas das outras áreas de conhecimento da escola, tais como: Língua Portuguesa, História, Geografia, Matemática, Ciências, Educação Artística, dentre outras, a realização de um projeto interdisciplinar relacionado à temática da aula. Nesse sentido, os professores deverão compartilhar entre si as várias possibilidades de desenvolver o tema com os alunos, de forma integrada. Para exemplificar: o professor de Língua Portuguesa proporia a ampliação dos sentidos atribuídos pelos alunos à exploração do trabalho infantil, a partir da leitura e interpretação de diferentes gêneros discursivos relacionados ao tema - textos informativos, notícias, histórias, crônicas, poesias dentre outros, produção e reescrita de textos, sínteses, resumos etc; o professor de História promoveria a análise histórica do trabalho infantil no Brasil e no mundo, avaliação crítica das piores formas de trabalho infantil e das causas e consequências da exploração infantil, as políticas públicas e sociais etc; professores de Geografia e Matemática trabalhariam a identificação dos tipos de moradia, análise e discussão de textos, mapas, gráficos, levantamentos estatísticos representativos da situação do trabalho infantil no Brasil, nos estados brasileiros e em outros países; professor de Ciências investigaria as condições/qualidade de vida das crianças e adolescentes trabalhadores, situações de trabalho que levam a riscos em relação à saúde, como riscos biológicos (vírus, bactérias, fungos, parasitas, etc), riscos químicos (fumaça, tintas, inseticidas, pesticidas, gases, chumbo etc), riscos ambientais (radiações, temperatura, umidade, iluminação etc), riscos nutricionais (desnutrição, raquitismo, nanismo, etc), dentre outros; professor de Educação Artística desenvolveria diferentes formas de expressão artística em relação à exploração do  trabalho infantil e releitura de imagens relacionadas à temática.  

1ª ATIVIDADE: Para dar início à 1ª atividade, seria interessante a participação de todos os professores envolvidos no projeto para esclarecer aos alunos sobre os objetivos e o desenvolvimento das atividades de forma interdisciplinar. Em seguida, será proposta uma dinâmica a ser cocordenada por um dos professores, partindo do título da aula “Exploração do trabalho infantil: dura realidade!". Solicitar aos alunos que façam um desenho que expresse o que sentem e pensam em relação a este título, utilizando folha sulfite, lápis de cor, canetinhas hidrocor, giz de cera ou tintas guache de diversas cores.

Ao término dos desenhos, os alunos se organizarão em círculo, para socializar as suas produções com toda a turma, colocando-as no centro do círculo. Na sequência, será pedido aos alunos que, coletivamente, organizem estas produções de maneira a formar uma única imagem que represente o título da aula na percepção do grupo. Este momento requer dos alunos uma escuta atenta ao que é falado, respeito às diferentes opiniões, negociação de idéias para que ocorra uma produção conjunta. Posteriormente, solicitar que observem a produção coletiva de diferentes ângulos e que justifiquem a imagem criada por eles. Além disso, poderão ainda tecer comentários sobre como se sentiram ao realizar esta atividade.

Prosseguindo, com a colaboração do professor de Português, os alunos deverão elaborar uma síntese coletiva sobre o que entendem por exploração do trabalho infantil, registrando-a no caderno.

2ª ATIVIDADE: Para a apresentação e discussão de um vídeo relacionado ao tema, também será bastante produtivo contar com a participação de pelo menos alguns professores das diferentes áreas de conhecimento, a fim de enriquecer e ampliar o debate (Caso isto não seja possível, os professores poderão assisti-lo em outro momento, buscando integrar as informações do vídeo aos conteúdos a serem trabalhados com os alunos).

Os alunos serão convidados a assistir ao vídeo "Exploração do trabalho infantil - UNICEF", acessando o sítio

http://www.youtube.com/watch?v=CQswJT7qOKI  

Ao término do vídeo, os alunos poderão fazer perguntas, expressar oralmente o que sentiram, perceberam e pensaram a partir das informações e das situações das crianças trabalhadoras apresentadas no vídeo. O início do debate pelos próprios alunos pode revelar os pontos de maior interesse para a turma em relação à temática, além de constituir um exercício de autonomia de pensamento. Assim, é importante que os professores das diferentes áreas de conhecimento considerem os interesses dos alunos ao propor atividades relativas ao tema.

Dando continuidade à discussão, os professores poderão lançar perguntas tais como: Vocês acham que as crianças devem trabalhar? Por quê? Por que as crianças mostradas no vídeo estão trabalhando? Quais os riscos que elas correm nessas situações de trabalho?  Vocês consideram essas situações apresentadas como formas de exploração do trabalho infantil? Crianças pedindo esmolas, vendendo guloseimas nas ruas, realizando serviços domésticos em casas de famílias são formas de exploração infantil? Será que as crianças que trabalham têm tempo para brincar, para ir à escola? Será que elas gostariam de ter outro tipo de vida? Para vocês, quais são as piores formas de trabalho infantil? Por quê? Quais motivos levam à exploração do trabalho infantil? Será que a pobreza e a desigualdade social são os principais fatores responsáveis pela exploração do trabalho infantil?

Listar na lousa os motivos que levam à exploração do trabalho infantil citados pelos alunos, e em seguida, os professores deverão intervir de forma a acrescentar nesta lista outros motivos não comentados por eles. Na sequência, esta lista deverá ser registrada no caderno  (Professores, para enriquecer e complementar as intervenções de vocês em relação às respostas dadas pelos alunos, poderão ler textos informativos disponíveis nos seguintes sítios:

http://pt.wikipedia.org/wiki/Trabalho_infantil  "Trabalho infantil/  piores fomas de trabalho infantil". 

http://vsites.unb.br/face/eco/peteco/dload/monos_022003/erica.pdf  "Trabalho infantil: causas, consequências e políticas sociais". 

http://www.revelacaoonline.uniube.br/a2002/cidade/infantil.html  "Trabalho infantil, uma realidade").

 

3ª ATIVIDADE: "Relatos de crianças e adolescentes trabalhadores em diferentes situações de trabalho"  

Alunos organizados em 4 grupos. Cada grupo receberá uma cópia do relato de uma criança ou adolescente trabalhador para ser lido e analisado pelo grupo, com base no vídeo assistido, nos direitos das crianças e adolescentes e nas discussões realizadas durante a aula. 

Grupo 1- Relato A

“Eu ajudo meus pais quando não estou na escola. Ajudo na lavoura, cuidar dos animais. Eu ajudo desde os seis anos. Agora eu ajudo umas quatro horas por dia. Nós temos que ajudar a trabalhar para ter o que comer. Estudar e trabalhar ao mesmo tempo é mais ou menos. Eu já reprovei uma vez na 2ª série porque eu não fui bem na escola. O que eu gosto na escola é a merenda, não gosto de ficar sem recreio” (Menino de 11 anos que cursa o 3º ano).

(Professor, caso seja necessário, para contribuir com a análise deste relato, algumas considerações poderão ser feitas por você no momento da socialização: verifica-se o não cumprimento das necessidades básicas das crianças e dos adolescentes propostas pelo ECA; pode-se pensar no cotidiano de menores que está fortemente ligado à pobreza; estes menores acabam se submetendo a uma exaustiva jornada de trabalho, sem remuneração adequada, sem garantia de direitos sociais e trabalhistas, em condições de insalubridade e sem o espaço para o lazer; ocorre um atropelamento das fases de desenvolvimento humano, onde crianças e adolescentes assumem papéis de adultos, ou seja, há a precarização do ser-criança e do ser-adolescente...).

Grupo 2 - Relato B

 "Se eu não ajudar meus pais, quem ajuda no meu lugar?" (menino de13 anos, cursando o 6º ano) .

 "Eu gosto de trabalhar porque ajudando meus pais estou ajudando a mim mesma" (menina de 12 anos, cursando o 6º ano).

 "Nós temos que ajudar a trabalhar para ter o que comer" (menino de 11anos, cursando o 4º ano).

(Professor, seguem algumas considerações sobre estes breves relatos: estes adolescentes chamam para si a responsabilidade do trabalho; o trabalho além de uma necessidade é uma obrigação junto à unidade familiar, pois os chefes de família, impossibilitados de cumprir os papéis de provedores, recorrem aos seus filhos para colaborar na melhoria do rendimento familiar; geralmente não há muito tempo para a escola, para os brinquedos, porque são encaminhados prematuramente ao trabalho sem direito de escolha e de recusa; o estudo acaba ficando comprometido...).

Fonte:  http://www.unimep.br/phpg/mostraacademica/anais/5mostra/4/363.pdf "Trabalho infantil" 

Grupo 3 - Relato C

Todos os sábados, ele atravessa a pé três bairros da cidade. Sai do Jurunas, no final da manhã, cruza a Batista Campos e alcança a Cidade Velha, retornando para casa, lá pelas 9 da noite. Ele é Fabrício, 12 anos, vendedor de amendoim: "Tem que vim a pé, porque nem toda vez o motora deixa entrar pela frente. Prá vender tudo, tem que ficar até de noite", conta o menino. Fabrício é só uma das mais de cem mil crianças paraenses mergulhados no mundo cruel do trabalho infantil. De acordo com o IBGE, em todo o Brasil elas são mais de 5 milhões. São vistas todos os dias e a qualquer hora. No comércio informal de rua, vendendo guloseimas, nas portas de bares e boates guardando carros e principalmente no interior das residências, presas ao trabalho doméstico.

(Professor, apresentamos alguns comentários referentes ao relato: necessidade de ajudar na renda familiar; carga horária excessiva de trabalho; saúde, educação e lazer ficam comprometidos; direitos não cumpridos; o trabalho precoce afeta o desenvolvimento físico e psicológico das crianças e adolescentes, quando sujeitos a esforços perigosos e excessivos além de suas capacidades, podendo comprometer uma vida adulta saudável; trabalho doméstico é muito grave, porque é um mundo silenciado pela própria sociedade e de difícil acesso...).

Fonte: http://www.ufpa.br/beiradorio/arquivo/beira12/noticias/noticia3.htm  "Trabalho infantil atinge mais de 100 mil no Pará". 

Grupo 4 - Relato D

Uma adolescente disse que quando era mais nova pensava que o trabalho era uma forma de escravização, pois tinha muito serviço, precisava ficar trabalhando até de madrugada: "Bom, eu pensava eu to ajudando minha mãe só que fica até de madrugada, passa da hora assim, nóis parava só pra almoça, nóis almoçava correndo e ...ia costurar, tinha nem tempo, nossa.(...) Nossa eu pensava que ela tava me escravizando. Aí, por causa que era muito nova, muito, muito, muito...É uma obrigação, tipo uma rotina de limpa a casa, era a mesma coisa, intão nem precisava da minha mãe mandar mais a gente costurar, a gente já pegava nosso sapato e já fazia. Aí a gente acostumo e foi. Deve fazer uns sete, oito anos que eu costuro. Ainda mais que quando nóis pegava sapato não era pouco....Aí, é...porque se eu não costurar é lógico que eu acho que ela vai me bate. Nóis tinha que fazê" (Mônica, 15 anos, costura manual de sapato).

(Professor, a seguir algumas considerações acerca do relato: além de ajudar na costura do sapato, também ajuda no serviço doméstico; começou a trabalhar muito cedo e em determinado momento já não era mais necessário que a mãe a mandasse trabalhar, porque se não costurasse provavelmente apanharia da mãe; pode-se notar como o trabalho se tornou rotina e ganhou um "caráter natural", podendo-se perceber como acontece o processo de naturalização do trabalho na vida das crianças, sendo que no início ele pode até causar um estranhamento, mas, com o passar do tempo, incorpora-se à realidade e pode ficar cada vez mais difícil fugir desse ciclo; observa-se que, neste contexto, as crianças e adolescentes não têm a oportunidade de escolher entre trabalhar e brincar, pois estão submetidas às ordens dos pais...).

Fonte: http://www.facef.br/novo/publicacoes/IIforum/Textos%20IC/Marilia%20e%20Daniela.pdf   "As vivências e representações sobre o trabalho em crianças e adolescentes do setor informal da indústria calçadista". 

Dando continuidade, cada grupo deverá socializar o seu relato e a análise feita em relação a ele. Professores e alunos poderão fazer comentários, solicitar esclarecimentos, trocar informações, completar idéias, detectar contradições, observar pontos em comum em relação aos relatos apresentados. 

Ao final da socialização, professores e alunos poderão sintetizar os aspectos que predominaram, os pontos em comum identificados em relação aos relatos das crianças e adolescentes trabalhadores, registrando-os em um cartaz.

4ª ATIVIDADE: "Jogo: combatendo o trabalho infantil" 

Este jogo poderá ser confeccionado pelos alunos, também com a colaboração e orientação do professor de Educação Artística.

Para o encerramento desta aula, com este jogo, todos estarão convidados a divertir-se e, ao mesmo tempo, reconhecer as características negativas do trabalho infantil e a importância do cumprimento do Estatuto da Criança e do Adolescente para pôr fim a essa exploração. O objetivo do jogo é tirar todas as “crianças” das situações de trabalho (em carvoaria, pedreira, lixão ou no beneficiamento do sisal) e levá-las para a escola. Para chegar lá, é preciso percorrer o caminho e ir conhecendo um pouco mais as graves situações a que estão submetidas crianças que trabalham e, também, algumas possibilidades de reverter essa realidade. Para saber sobre os materiais que compõem este jogo, número de participantes, como jogar e as orientações de como montar o dado e as fichas relacionadas às situações de trabalho a serem destacadas (última parte), o professor deverá acessar o sítio

http://www.oitbrasil.org.br/info/downloadfile.php?fileId=141 

Recursos Complementares

Professores, sugerimos a leitura dos seguintes textos: "Análise da Situação Ocupacional de Crianças e Adolescentes no Trabalho Infantil", disponível no sítio

http://www.artigonal.com/educacao-artigos/analise-da-situacao-ocupacional-de-criancas-e-adolescentes-no-trabalho-infantil-414315.html 

 "Exploração do trabalho infantil sob a ótica dos direitos humanos", acessando o sítio

http://www.buscalegis.ufsc.br/revistas/index.php/buscalegis/article/viewFile/30366/29741%20   

Sugerimos também, como complemento para a aula, a apresentação do vídeo "Piores formas de trabalho infantil", disponível no sítio http://www.youtube.com/watch?v=pWlNQ3-DPmI 

Avaliação

 Auto-avaliação dos alunos (oral ou por escrito): Participação individual e grupal nos diferentes momentos da aula.

Avaliação dos alunos pelo professor: Respeito aos momentos de fala e de escuta e às opiniões dos colegas. Envolvimento e participação dos alunos durante as atividades propostas. O professor deverá verificar se os alunos conseguiram: expressar oralmente e por desenho o que  entendem por exploração do trabalho infantil; identificar os motivos que levam à exploração do trabalho de crianças; analisar relatos de crianças trabalhadoras em diferentes situações de trabalho; participar da elaboração de sínteses coletivas; compreender e seguir as regras do jogo "Combatendo o trabalho infantil".

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