31/07/2010
Claudia Helena Azevedo Alvarenga
Modalidade / Nível de Ensino | Componente Curricular | Tema |
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Ensino Médio | Artes | Música: Estruturas sintáticas |
Ensino Fundamental Final | Artes | Música: Compreensão da música como produto cultural e histórico |
Educação de Jovens e Adultos - 2º ciclo | Artes | Música: desenvolvimento da linguagem musical |
Ensino Médio | Artes | Música: Estruturas morfológicas |
Ensino Médio | Artes | Música: Contextualização |
Ensino Fundamental Final | Artes | Música: Apreciação significativa em música: escuta, envolvimento e compreensão da linguagem musical |
Ensino Fundamental Final | Artes | Teatro: Teatro como comunicação e produção coletiva |
Ensino Médio | Artes | Música: Canal |
Educação de Jovens e Adultos - 2º ciclo | Artes | Teatro: dimensões artística, estética, histórica e sociológica |
Ensino Fundamental Final | Artes | Música: Expressão e comunicação em música: improvisação, composição e interpretação |
Educação de Jovens e Adultos - 1º ciclo | Estudo da Sociedade e da Natureza | Cultura e diversidade cultural |
Ensino Médio | Artes | Teatro: Canal |
Ensino Médio | Artes | Teatro: Contextualização |
Caro(a) professor(a), nesta série de aulas abordaremos alguns dos aspectos pedagógicos envolvidos no processo coletivo de criação de canções em sala de aula. Por meio de recursos simples de autoconhecimento da voz e da comunicação cotidiana, é possível introduzir na prática musical dos alunos a criação de suas próprias canções.
Da mesma maneira como a criança se permite riscar o papel em suas primeiras ‘garatujas’ e desenhos, acreditamos ser possível incentivar jovens e crianças a produzir e a organizar seus próprios sons cantados. Muitas vezes a cobrança por um ‘resultado’ prático, ‘bonito’ e condizente com os padrões identificados nos meios de comunicação, sabota um processo de descoberta do som, de possibilidade do erro, do esboço e do ‘brincar’. Compreendemos a canção como ‘brinquedo’, como uma estrutura com a qual desde cedo estamos acostumados, mas que pode ser desmontada, reinventada, experimentada. O percurso de descoberta é salutar para o desenvolvimento cognitivo e expressivo.
Conceitualmente, propomos uma perspectiva de música contemporânea na abordagem da canção popular. Historicamente, a entrada dos compositores contemporâneos, como Schafer e Koellreutter, no campo da educação musical, contribuiu para uma ampliação do conceito de música ao considerar que qualquer som pode ser organizado com intencionalidade musical. No entanto, no Brasil, esta abertura de pensamento, em geral, não faz parte do cotidiano musical do público não especializado que, na maioria das vezes, relaciona-se com música por meio da canção popular através de uma cultura de tradição oral e midiática, por exemplo: Tv aberta, rádios populares e comunitárias, internet etc. Para esta grande audiência, a canção é um dado, um objeto pronto, acabado, figurativo e dotado de padrões, ou seja, tudo aquilo que não se enquadra, não é ou não tem semelhança com o que é considerado tradicionalmente como música.
Esta série de aulas tem por finalidade contribuir para uma compreensão crítica sobre as maneiras como a criança e o jovem de hoje se relacionam com música. Acreditamos que com isso podemos estimular uma relação com música para além da reprodução de um repertório já conhecido. Com este intuito, sugerimos que seja incentivado nas aulas de música o aproveitamento do conhecimento musical informal por meio de discussão, análise e transformação deste material. Sem desconsiderar as especificidades técnicas e estéticas do fazer musical, a criação coletiva de canções, quando abordada em uma perspectiva crítica, é um instrumento provocador de insights e ‘leituras de mundo’.
Afinal, como são compostas canções de funk, pagode, rap, bossa nova, mpb, pop, rock e outros gêneros populares? Como é possível compor um verso, um refrão, como o que ouvimos comumente em nossos ipods (mp3 player)? O que envolve este tipo de criação? Que características melódicas, rítmicas, poéticas, harmônicas e interpretativas, encontramos em cada estilo? Qualquer pessoa pode compor uma canção ou é algo destinado apenas a alguns poucos talentos iluminados? Qual o sentido de compor uma canção hoje? É relevante? O que pode expressar? É possível compor uma canção mesmo com pouco conhecimento técnico e recursos limitados?
Nesta série de aulas propomos problematizar aspectos como estes e desafiar o professor a levantar outros tópicos para discussão com seus alunos. Ao esboçar respostas através de uma atividade prática de criação de canções, sugerimos aos educadores que reflitam sobre a necessidade constante de busca por uma ação musical significativa construída junto aos seus alunos.
Para uma pesquisa inicial sobre canção e sua história, vide links 1, 2 e 3 em Recursos Complementares.
Sobre práticas de criação em música, vide links 4 e 5 em Recursos Complementares.
Professor, inicie a aula propondo um desafio aos alunos sem explicações ou definições prévias. É a partir desta investigação que os alunos terão a oportunidade de formular e reformular seus conceitos. Estimule-os com um questionamento sobre algo simples e identificável em seu cotidiano, relacionando a fala e o canto. Pergunte:
- Alguém pode explicar se há diferença entre falar e cantar?
Provoque os alunos para que fundamentem com exemplos práticos as suas hipóteses e questionem suas próprias respostas. Enriqueça o debate com mais ideias e perguntas:
Formule um quadro comparativo entre fala e canto, anotando os comentários dos alunos.
Este debate é relevante porque é comum em grupos de crianças, adolescentes e principalmente adultos, o argumento de não saber cantar ou ser desafinado, como justificativa para uma suposta 'incapacidade' musical. É o famoso "não levo jeito para a coisa", muitas vezes introjetado na vivência musical das pessoas. No entanto, na própria comunicação cotidiana estão presentes elementos do canto:
Como normalmente estamos nos comunicando, não prestamos atenção ao som que produzimos com a voz. Por exemplo, no momento em que chamamos alguém pelo nome, não estamos analisando em que altura falamos ou nos preocupando com uma precisão melódica. Buscamos simplesmente nos comunicar de maneira efetiva, de acordo com a intenção pretendida. Independente disto, o caráter melódico da fala está presente, mesmo que sem intencionalidade musical.
Exemplifique usando o nome de um aluno do grupo. Pergunte aos alunos como falariam este nome se estivessem:
Proponha que cada um do grupo fale seu próprio nome de uma forma diferente percebendo a maneira como cada um 'canta' ao falar. Busque reproduzir coletivamente com o máximo de precisão possível o 'contorno' ou direção melódica da fala original. Chame atenção para o fato de que a sustentação do som de uma sílaba poder reforçar o caráter melódico das palavras.
Apresente aos alunos o seguinte vídeo de Hermeto Pascoal (vide link 6 em Recursos Complementares)
http://www.youtube.com/watch?v=SrgveUpwCnM
No vídeo em questão, Hermeto pesquisa as nuanças melódicas de uma pessoa falando em francês. A diferença de língua possibilita uma audição mais voltada para a sonoridade, independente dos significados do texto. Discuta a proposta de Hermeto. Pergunte:
O Grito, Edvard Munch - http://www.ibiblio.org/wm/paint/auth/munch/munch.scream.jpg
Bal au Moulin de La Galette, Pierre-Auguste Renoir - http://www.lannaronca.it/Renoir/Bal%20au%20Moulin%20de%20la%20Galette.jpg
A Dança, Peter Paul Rubens - http://www.bepeli.com.br/imagen/barroco/rubens-pintura-barroca.jpg
Link 1 - Canção na wikipédia - http://pt.wikipedia.org/wiki/Canção
Link 2 - O Século da Canção, Luiz Tatit - http://books.google.com/books?id=IZrktBBCEb4C&printsec=frontcover&dq=canção&hl=pt-BR&cd=3#v=onepage&q&f=false
Link 3 - História Social da Música Popular Brasileira, José Ramos Tinhorão http://books.google.com/books?id=8qbjll0LmbwC&pg=PA129&dq=canção&lr=&hl=pt-BR&cd=13#v=onepage&q=can%C3%A7%C3%A3o&f=false
Link 4 - Música na Educação Infantil, Teca Alencar de Brito http://books.google.com/books?id=dQUI4OQfk8YC&printsec=frontcover&dq=teca+alencar+de+brito&lr=&as_brr=0&hl=pt-BR&cd=1#v=onepage&q&f=false
Link 5 - Koellreutter Educador, Teca Alencar de Brito http://books.google.com/books?id=uKUkCKTgPskC&printsec=frontcover&dq=teca+alencar+de+brito&lr=&as_brr=0&hl=pt-BR&cd=2#v=onepage&q&f=false
Link 6 - Hermeto Pascoal - http://www.hermetopascoal.com.br/index.asp
Ao final da atividade, observe se os alunos atingiram os objetivos propostos. Avalie:
1. Conseguiram observar semelhanças e diferenças entre falar e cantar?
2. Identificaram nuanças rítmicas e de alturas contidas na fala em diversas situações de comunicação?
3. Demonstraram interesse pela pesquisa de Hermeto Pascoal? Relacionaram a provocação inicial ao seu processo criativo?
4. Criaram e apresentaram cenas com situações cotidianas estabelecendo uma entonação para o diálogo?
5. Conseguiram comunicar o sentido original do texto através do contorno melódico, mesmo substituindo-o por uma única sílaba?
6. Discutiram em conjunto a cena e tomaram decisões em grupo?
Cinco estrelas 1 classificações
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15/03/2011
Cinco estrelasGostei muito destas aulas e prentendo utilizá-las, adaptando-as a nossa realidade.