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Ler, interpretar e recriar: a literatura em foco

 

02/12/2010

Autor e Coautor(es)
Grazielle Tomaz de Almeida
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BELO HORIZONTE - MG ESCOLA DE EDUCACAO BASICA E PROFISSIONAL DA UFMG - CENTRO PEDAGOGICO

Clenice Griffo

Estrutura Curricular
Modalidade / Nível de Ensino Componente Curricular Tema
Ensino Fundamental Inicial Alfabetização Processos de leitura
Ensino Fundamental Inicial Alfabetização Gêneros de texto
Ensino Fundamental Inicial Alfabetização Evolução da escrita alfabética
Ensino Fundamental Inicial Alfabetização Concepção de texto
Dados da Aula
O que o aluno poderá aprender com esta aula

Desenvolver habilidades de leitura, interpretação e produção de histórias a partir de uma leitura de referência, no caso o literatura clássica, dirigida ao público infantil (releituras); Ampliar a capacidade de compreensão da estrutura dos contos literários clássicos disponíveis para o público infantil; Desenvolver a competência em escrita de histórias de acordo com as características desse gênero textual.

Duração das atividades
aproximadamente 6 aulas de 50 minutos.
Conhecimentos prévios trabalhados pelo professor com o aluno

Estratégias para compreensão do funcionamento da escrita alfabética leitura de textos mais complexos, elaborados.  

Estratégias e recursos da aula

As atividades sugeridas nesta aula pretendem desenvolver a capacidade de: fluência em leitura, compreensão de textos, busca de pistas textuais e intertextuais, compreensão global do texto lido.   

Para desenvolver as atividades utilizaremos os contos clássicos originais e as releituras (adaptações dos clássicos originais).  Vamos articular experiências de leitura, interpretação e produção de texto com a finalidade de desafiar o grupo para a produção autônoma de releituras.

1 – Compreendendo o que é uma releitura   

Objetivo: construir compreensão global do texto lido, unificando e relacionando informações implícitas e explicitas dos textos lidos.

É importante saber que uma releitura não se resume a simples cópia do texto lido, ou a uma “imitação” do mesmo. Uma releitura representa uma criação que se inspira em uma obra clássica já existente, resultando em uma nova obra, um novo enredo, com características próprias da cultura e das vivências do “novo autor do texto” – no caso, o aprendiz que reescreve a obra na sua perspectiva.       

Abaixo uma sugestão de releitura.

O PATINHO BONITO

Publicado na Folhinha, sábado, 12 de agosto de 1989 Marcelo Coelho

Era uma vez um pato chamado Milton. Sei que Milton não é nome de pato. Mas esse se chamava assim, e você vai logo saber por quê. Quando ele nasceu, todos tiveram a maior surpresa. Aliás, não foi quando ele nasceu, foi quando viram que o ovo dele - quer dizer, o ovo que depois seria ele - não era um ovo de pato comum. Era meio azulado e brilhante, quase como um ovo de Páscoa. Mas ovos de Páscoa são embrulhados. Esse ovo não era; a casca é que era meio azul. Os pais de Milton, quando viram o ovo no ninho, foram logo perguntando:  

- Mas que é que este ovo está fazendo aí?

- Isso não é ovo de pato.

 - Acho que é ovo de galinha.

 - Não seja bobo! Galinhas têm ovos brancos!

- Brancos nada! Já vi uns que são meio amarelos, meio beges. Se ovos de galinha podem ser amarelos, por que é que não podem também ser azuis?

- Bom, então pode ser que seja um ovo de pato. Vai ver que também existem ovos de pato que são azuis.

 Acharam melhor esperar para ver o que acontecia.

Um dia, a casca azulada do ovo começou a se quebrar e de lá saiu um lindo patinho. Era azul? Não, não era. Era um patinho normal. Só que muito mais bonito que os outros. Não sei bem como é que um pato normal pode ser mais bonito que os outros; mas os patos sabem. Acharam ele tão bonito que resolveram logo uma coisa. Não era justo dar para ele um nome qualquer. Ele era diferente. Era mais bonito. Como é que poderia tem um nome comum, como "Quém quém?".

- Esse nome é para patos comuns, disse a mãe dele.

- Então vamos chamá-lo de Quá-quá, disse a madrinha dele.

- Isto também é para patos comuns, sua boba!, respondeu a mãe. Eu quero que ele seu chame Milton.

- Ela gostava do nome Milton. Todos acharam meio estranho, mas acabaram concordando que um patinho tão bonito merecia um nome especial.

O tempo foi passando, e Milton era o patinho mais bonito da escola. Todos olhavam para ele e diziam: "Como ele é bonito!" Ele se olhava no espelho e dizia: "Como eu sou bonito!" E ficava pensando: "Sou tão bonito que talvez eu nem seja um pato de verdade. Tenho até nome diferente. Meu ovo era azul. Eu me chamo Milton. Quem sabe eu sou gente?

E Milton começou a ficar meio besta. Diziam: "Milton, vem nadar!" Ele respondia: "Eu não. Pensam que eu sou pato como vocês?" Todos os outros patos começaram a achar o Milton meio chato. Ele foi ficando sozinho. E dizia: "Não faz mal. Sou mais bonito. Vou terminar na televisão. Vou ser o maior galã".

Uma noite Milton resolveu fugir de casa. Foi até a cidade para tentar entrar na televisão. Quando chegou na porta da estação de TV, foi logo dizendo: "Eu me chamo Milton. Além de bonito, acho que eu tenho muito talento artístico". Ele tinha jeito para ser ator de novela. Juntou gente em volta. "Ih, não enche", disse alguém. "Todo dia alguém arranja uma fantasia de bicho e vem aqui procurar lugar na televisão".

- Mas você não vê que eu não estou fantasiado? Perguntou Milton. Seu eu estivesse usando uma roupa de pato, se eu fosse uma pessoa com roupa de pato, eu seria da sua altura. Mas eu sou baixinho como um pato! Como um pato de verdade!

- Então como é que você sabe falar?

- Mas os patos falam!! disse Milton, quase chorando.

- Não vem com essa, ô malandro, disse um guarda que estava ali perto. Para mim você é um pato mecânico. Deve ser uma espécie de robô com um computador na cabeça!

E o guarda foi logo agarrando o Milton para arrancar a cabeça dele e ver o que tinha dentro.

- Me larga! Me larga! Gritava Milton. "Eu sou um pato! Um pato de verdade! Sou um PATO! Um PATÔÔÔ..."!

De repente Milton teve um estremeção. Abriu os olhos e viu que estava em casa. Ele tinha sonhado. Olhou para seus pais, ainda meio assustado, e disse:

- Eu sou um pato... eu sou um pato...

E seus pais disseram:

- Puxa, ainda bem que você se convenceu!

- É mesmo, já estava na hora de você achar que era um pato mesmo! - É, todo mundo estava cheio dessa história de achar que não era um pato, que era diferente...

Milton ouviu tudo aquilo e ficou pensando: "Puxa, ainda bem que eu sou um pato, um patinho como todos os outros! Ainda bem!".

E daí por diante não havia pato mais contente, que tivesse mais vontade de nadar na lagoa, do que o Milton. De vez em quando ele ainda dizia: "Sou um pato! Um pato mesmo!". E dava um suspiro de alívio.

Texto retirado do site http://almanaque.folha.uol.com.br/folhinha_texto_marcelo_patinho.htm, acesso em 03 de junho de 2010). 

Após a leitura realizada pelo professor, desenvolva  a interpretação oral com base nas questões que se seguem:  

 1. Esta história, que acabamos de ouvir nos lembra alguma história conhecida? Qual?

2. Alguém já ouviu alguma outra história, que retrata uma situação parecida? Qual e como foi?

3. O que é parecido com a história do Patinho Feio e o que é diferente?

4. Qual delas se parece mais com a nossa época?

5. Qual delas vocês consideram mais interessante? Por quê?

6. Vocês já haviam pensado que podemos  modificar uma história?

7. Vocês sabiam que recontar uma história, de um jeito diferente é uma prática adotada por alguns escritores?

8. Essa prática possui um nome. Vocês sabem qual é?

 9. Quando fazemos uma releitura, podemos mudar o título da história? Porque?

10. Hoje existem alguns filmes que também trabalham com releitura. Vocês conhecem algum?

No desenvolvimento desta atividade faz-se importante destacar alguns aspectos:

  • As releituras como textos que se relacionam com alguma história conhecida, no caso os clássicos da literatura que hoje é dirigida ao público infantil;
  • Permanência de elementos comuns, como os personagens principais e estrutura do texto; A flexibilidade da participação dos personagens e do desfecho;
  • O desenvolvimento e o final da história normalmente se aproximam do contexto de quem escreve novamente a história (tempo, características dos personagens, dentre outros).

DICA: Para realização dessa seqüência didática trabalhe também: A verdadeira história dos três porquinhos!   Editora Companhia das Letrinhas, disponível em slide show no seguinte endereço _ http://sites.google.com/site/leituraereleitura/releitura (acesso em 03 de junho de 2010).   

 http://www.acaixamagica.com/acaixamagica.com/wp-content/uploads/HLIC/d5a4994a4ffea5e92529129a93f2fec7.jpg (Acesso em 23 de novembro de 2010).  

 2- Releitura oral

 Objetivos: planejar a fala; realizar com pertinência tarefas cujo desenvolvimento dependa da escuta atenta e compreensão.    

Deixe disponível (na biblioteca da escola ou na sala de aula) alguns contos clássicos. Peça que escolham um para ser lido individualmente ou em duplas.

Em seguida professor(a) deverá ler um clássico. Após a leitura oriente o grupo para a produção de uma releitura oral e coletiva deste clássico.

Para que o desenvolvimento aconteça de modo organizado, tenha em mãos uma bolinha que irá orientar quem será o “autor” da vez. A regra implica em: aquele que receber a bola deve dar continuidade à história e quando considerar pertinente deve lançar a bola para um amigo, de modo que este dê continuidade. Assim, deve acontecer até que todos participem.  

Será necessário esclarecer também os tópicos a seguir:  

  • Toda história deve ter princípio meio e fim, portanto deve-se ter atenção para que não fique repetitivo e desconecto - fator que pode resultar na ausência de um final;
  • A escuta atenta será essencial para que haja envolvimento, sentido e continuidade coerente à história;
  • Necessidade de atenção para não lançar a bola para um colega que já tenha participado.

  Professor, para o grupo compreender bem o que demarca introdução, desenvolvimento e conclusão, retome estas partes, ou seja, a estrutura do conto clássico, para que o reconto oral flua de maneira interessante e organizada.  

DICA: nas primeiras experiências desse tipo deve ficar a cargo do professor iniciar o ‘contar a história’. Isso ajudará a garantir a “formação” e a qualidade da experiência. É indicado também que o professor combine com o grupo que, após a participação de todos, a bola deverá retornar ao professor para que construa um final apropriado, de acordo com o enredo do grupo e com os objetivos didáticos relacionados à coerência do texto produzido.  

Quando o grupo mostrar maior desenvoltura com esta atividade o professor poderá variar a experiência formando pequenos grupos para prática do reconto. Prática que poderá culminar em uma produção escrita do grupo.   

3_ Interpretação de texto  

 Objetivo: desenvolver capacidade de decifração, interpretação de texto, fluência da leitura e entendimento do conceito de releitura.

Com base no texto indicado na atividade I O patinho bonitinho, apresente a seguinte atividade:  

1 –  Vocês acabaram de acompanhar a leitura feita pela professora. Leiam a história outra vez individualmente.  

 2- Qual a referência bibliográfica do texto, ou seja, onde ele foi publicado, quando e quem o escreveu.    

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3- Esta história é uma releitura? Como podemos justificar isso?

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4 – Qual é o nome do personagem principal desta história?

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5 – O ovo de Milton despertou a maior surpresa nas pessoas.

Com base no texto, responda o que provocou tamanha surpresa.

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6 – O que diferencia Milton do pato da história “O Patinho Feio”?

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7- Há uma parte desta releitura que nos faz perceber que tudo se passa nos tempos atuais. Que fato confirma isso?

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8 – No texto há uma parte na qual as palavras aparecem todas com letras maiúsculas.

Levando em consideração o que acontece neste momento, porque o autor utilizou este recurso? O que isso significa para o leitor?

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9-  O que acontece de diferente no final das duas histórias aqui comparadas?

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4 – A releitura na prática escrita   

Objetivos: desenvolver fluência na leitura; planejar a escrita do texto considerando o tema central e os seus desdobramentos; revisar e reelaborar a própria escrita.  

Junto com os alunos, selecione de quatro a seis contos clássicos ( Chapeuzinho Vermelho, Branca de Neve e os Sete Anões, João e Maria etc) consultando autores como por exemplo os Irmãos Grimm.

A cada encontro, releia para o grupo um dos contos selecionados. Em seguida, retomem os principais aspectos deste clássico, considerando que na produção da releitura temos flexibilidade de alterar enredo e inclusive o final.  

DICA_ É fundamental que os clássicos selecionados para releitura sejam bem conhecidos pelo grupo.

Cada criança deve receber uma cópia do clássico e ser orientada a fazer leitura silenciosa, por no mínimo duas vezes. Terminada a leitura, deverá fazer outra, mas desta vez com a tarefa de sublinhar/marcar com lápis de escrever as partes que considerar mais relevantes do texto.

Agora é momento de organizar duplas de trabalho, que deverão primeiramente dialogar estabelecendo um paralelo sobre as partes marcadas por cada uma. Devem nesta mesma ocasião, argumentar porque estas são importantes para compreensão do texto e, na seqüência, deverão levantar as mudanças a serem feitas e registradas na releitura.  

Neste diálogo devem perceber que a produção escrita envolve um planejamento de idéias e acontecimentos que comporão a história.  

Após a produção escrita, recolha o material e faça intervenções quanto à pontuação, coerência, clareza e compreensão das características da releitura indicada. Identifique ainda, se contemplaram devidamente: introdução, desenvolvimento e conclusão.

Em um próximo encontro a dupla deverá passar a o texto a limpo, fazendo as correções indicadas.  

Ao término da revisão reúna o grupo e convide duas ou três duplas a apresentarem sua história para turma.

Se possível exponha o material no mural da sala, para que todos possam apreciar a criatividade de cada produção.

Recursos Complementares

Conheça o Projeto Mala de Leitura no site  http://www.cp.ufmg.br/maladeleitura/ (acesso em 07 de junho de 2010).   

Para consultar outras possibilidades de releitura conheça a obra organizada por Heloisa Pietro, “Vice-versa ao contrário” da Editora Companhia das letrinhas.

Avaliação

Para avaliar o desempenho individual dos alunos leia um clássico conhecido, mas que não tenha sido trabalhado nas atividades anteriores. Faça uma leitura com grupo e oriente a leitura silenciosa. Em seguida, solicite a produção individual de uma releitura.  

 O aprendiz deverá ser capaz de escrever uma história de acordo com os critérios e orientações destacadas nessa sequência didática. O professor deverá considerar o desenvolvimento específico do grupo no que se refere ao gênero textual trabalhado

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