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A rua como local para a poesia modernista.

 

29/06/2010

Autor e Coautor(es)
wendell de freitas amaral
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JUIZ DE FORA - MG COL DE APLICACAO JOAO XXIII

Maria Cristina Weitzel Tavela

Estrutura Curricular
Modalidade / Nível de Ensino Componente Curricular Tema
Ensino Médio Literatura Estudos literários: análise e reflexão
Ensino Médio Literatura Literatura brasileira, clássica e contemporânea: criações poéticas, dramáticas e ficcionais da cultura letrada
Dados da Aula
O que o aluno poderá aprender com esta aula

Ler poemas de autores pré-modernistas e modernistas;

identificar, em poemas do Modernismo, marcas poéticas que tratam o espaço da rua como ambiente de descoberta e interação com o mundo;

relacionar características discursivas e ideológicas de obras do Modernismo brasileiro ao contexto histórico de sua produção, circulação e recepção;

reconhecer a importância do Modernismo brasileiro para a consolidação de uma nova consciência sobre a poesia como visão de mundo.

Duração das atividades
3 aulas de 50 minutos.
Conhecimentos prévios trabalhados pelo professor com o aluno

Habilidades básicas de leitura e escrita.

Noções sobre o Modernismo.

Estratégias e recursos da aula

1ª etapa:   

Professor, ao iniciar a aula peça que os alunos exponham seus conhecimentos sobre o Modernismo e a Semana de Arte Moderna, suas relações com a literatura tradicional e as consequências das modificações radicais provocadas por um grupo de artistas com um espírito um desejo comum de renovação. Caso desconheçam os princípios básicos para compreender o advento deste movimento, leve-os para a sala de informática e indique alguns sites, como esses:   

http://www.infoescola.com/literatura/modernismo/   

http://www.itaucultural.org.br/aplicexternas/enciclopedia_ic/index.cfm?fuseaction=termos_texto&cd_verbete=359      

Atividade: 

Peça aos alunos que pesquisem também sobre alguns poetas modernistas, como Mário de Andrade, Manuel Bandeira, Oswald de Andrade, Murilo Mendes, Carlos Drummond de Andrade e outros, e anotem curiosidades e características do estilo de composição dos diferentes autores.                                                                               

 

2ª etapa:   

Leia para os alunos o seguinte comentário do crítico Antonio Candido:   

“Os modernistas afirmaram a sua libertação em vários rumos e setores: vocabulário, sintaxe, escolha dos temas, a própria maneira de ver o mundo”  

(CANDIDO, Antonio. Presença da literatura brasileira. Modernismo. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2003, p.12)                                                                                      

   

Levando em conta os conhecimentos que o aluno já possui sobre o Modernismo, coloque essas questões para a turma responder oralmente:   

O que seria essa liberdade para a escolha de temas e essa nova maneira de ver o mundo?

Como poderíamos relacionar essa afirmativa com o título da aula?

Qual o papel da rua na poesia modernista?   

Após as intervenções, explique aos alunos que essa atitude do poeta de sair à rua e se encantar com a visão das diversas cenas cotidianas de onde extrai a poesia, caracterizou a modernidade, tendo como grande motivador o poeta francês Charles Baudelaire. Baudelaire foi o precursor do “Modernismo nas ruas” e inclui no rol de temas poéticos tudo que se pode captar ao se projetar nelas, desde a maior vileza até a paisagem mais tocante. O flâneur, poeta desconhecido e indolente que rastreia pistas em meio à massa de gente, mostra como o homem moderno deve se adaptar e desenvolver habilidades necessárias para sua mobilidade no turbilhão do trânsito urbano, o que lhe permite vivenciar variadas experiências em meio à multidão.

Abaixo, Renato Cordeiro Gomes refere-se à estreita relação entre a literatura e a rua na modernidade:

"A literatura que representa este processo é filha da cidade, que experimenta novos ritmos e ganha reputação de centro de mudanças intelectuais e culturais. (...) Mais que lugar de encontros acidentais, espaços de efêmero, ou pontos de cruzamento, a cidade é ambiente de mudanças, de rupturas, pontos focais da comunidade intelectual" (Todas as cidades: a cidade, 1994, p. 104).

 

Atividade:   

Professor, apresente para os alunos os versos abaixo e peça que os compare observando as referências feitas à rua:                                                                                   

Longe do estéril turbilhão da rua,

Beneditino escreve! No aconchego

do claustro, na paciência e no sossego,

trabalha, e teima, e lima, e sofre, e sua!

(Olavo Bilac, A um poeta)                                                                                                                                                                                                              

 

Pela simples razão de eu ser viril e poeta  

que celebra, encantado, eternas bodas,  

olho as mulheres todas  

com o mais impertinente interesse de esteta.                                                                                                                                                                                        

    

Por isso, às três da tarde e às vezes antes,  

desconhecido entre desconhecidos,   

levo para a Avenida uns ares importantes  

e afinado o quinteto dos sentidos.                                                                                                                                                                                                        

    

E fico a deambular a tarde inteira

entre snobs e Apolos de pulseira.

(Marcelo Gama, Mulheres)                                                                                                                                                                                                                     

Deve ficar claro que enquanto nos versos de Bilac, anti-modernista, a rua aparece como ambiente "estéril" para a poesia, Marcelo Gama como o flâneur fica a "deambular" na rua em busca da essência para sua poética, num culto à beleza feminina.

Marshall Berman define assim os dois extremos da presença do poeta nas ruas:

“A diferença entre o modernista e o antimodernista (...) é que o modernista se sente em casa nesse cenário, ao passo que o antimodernista percorre as ruas à procura de um caminho para fora delas” (Tudo que é sólido desmancha no ar, 1999, p. 157).

Bilac não foi antimodernista nesse sentido em todo sua obra, como são prova suas crônicas; mas o poema acima caracteriza muito bem a visão do poeta que deveria compor isolado, na "torre de marfim".                                                                                                                                                                                                          

 

Agora peça para que os alunos pesquisem e analisem em alguns poemas de Murilo Mendes, Carlos Drummond de Andrade, Manuel Bandeira, Oswald de Andrade, Mário de Andrade entre outros, elementos de referência à rua e à poesia do cotidiano urbano. Divida-os em grupo, por exemplo, cada grupo com um poeta, e depois de analisar os textos eles deverão expor suas conclusões para a turma.

Como dica, vão alguns poemas:

"Paisagem nº 4"; de Mário de Andrade.

"As meninas da gare"; "Bonde"; "Brinquedo"; Oswald de Andrade.

"Poema de sete faces"; "Cota zero"; "O procurador do amor; Carlos Drummond de Andrade.

"Cartão postal"; "Aquarela"; Murilo Mendes.

"Poema tirado de uma notícia de jornal"; "O beco"; Manuel Bandeira.

                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                             

3ª etapa:   

Leve-os para a sala de informática e exiba os seguintes vídeos:   

(Lima Barreto) Um grito brasileiro

http://www.pactoaudiovisual.com.br/mestres_final/limabarreto/documentario.htm    

(Mário de Andrade) Reinventando o Brasil

http://www.pactoaudiovisual.com.br/mestres_final/mario/documentario.htm    

(Carlos Drummond de Andrade) No caminho de Drummond

http://www.pactoaudiovisual.com.br/mestres_final/drummond/documentario.htm 

(Manuel Bandeira) O habitante de Pasárgada

http://www.youtube.com/watch?v=acWHzVBs394&feature=related   

                                                                                                                                                     

Atividade:

Professor, com os vídeos os alunos irão perceber mais claramente algumas das características pessoais de cada autor, além de suas afinidades com a poesia mais libertária, conforme disse Antonio Candido na citação vista acima.

Essa liberdade se faz presente na linguagem mais coloquial e nos temas quotidianos, para os quais a rua é o espaço comum, no ambiente urbano das grandes cidades onde viveram os poetas.

O vídeo sobre o prosador Lima Barreto serve como uma "deixa" para o professor incluir também os pré-modernistas, escritores que precederam à Semana de Arte Moderna com as inovações temáticas e um olhar diferente sobre a rua. A esse respeito cabe ressaltar poemas de Marcelo Gama, Ribeiro Couto, Mário Pederneiras e outros. Vale como dica.

Após a  exibição de cada vídeo inicie um debate para que os alunos possam apresentar as marcas perceptíveis sobre a valorização da rua como espaço para a poesia de tais autores.

Recursos Complementares

ANDRADE. Carlos Drummond de. Poesia completa. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2007.   

ANDRADE, Oswald de. Caderno de poesia do aluno Oswald. São Paulo: Círculo do Livro, 1985.

BANDEIRA, Manuel. Estrela da vida inteira. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1993.

MENDES, Murilo. Poesia completa e prosa. Vol. III. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1994.

web:

http://www.revistasusp.sibi.usp.br/scielo.php?pid=S0103-99892006000300016&script=sci_arttext    

http://www.itaucultural.org.br/modernismo/home.html    

http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/05.053/536    

http://www.revista.agulha.nom.br/poesia.html   

Avaliação

Para a avaliação o professor deve observar a capacidade interpretativa dos alunos desde o início das atividades e sua competência para relacionar as obras com o contexto e com os elementos que demosntram ser a rua um espaço privilegiado para a poesia.

Peça-os que produzam um texto (um poema ou crônica) em que o olhar sobre a rua busque captar sua poesia cotidiana. O objetivo não será a valorização da qualidade estética ou literária do texto, e sim um momento para que o aluno tente ressaltar as marcas do dia a dia urbano expressando a relação que tem sua vida com estes aspectos.  

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