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Infância e saudade no Romantismo

 

23/09/2010

Autor e Coautor(es)
wendell de freitas amaral
imagem do usuário

JUIZ DE FORA - MG COL DE APLICACAO JOAO XXIII

Maria Cristina Weitzel Tavela

Estrutura Curricular
Modalidade / Nível de Ensino Componente Curricular Tema
Ensino Médio Literatura Literatura brasileira, clássica e contemporânea: criações poéticas, dramáticas e ficcionais da cultura letrada
Ensino Médio Literatura Estudos literários: análise e reflexão
Dados da Aula
O que o aluno poderá aprender com esta aula

Identificar as manifestações da pureza da infância no romantismo brasileiro;

identificar as manifestações da saudade da infância no romantismo brasileiro;

relacionar características discursivas e ideológicas de obras românticas brasileiras ao contexto histórico de sua produção, circulação e recepção;

compreender a pureza da infância e a saudade como tendências predominantes em parte da poesia romântica brasileira;

posicionar-se frente a valores, ideologias e propostas estéticas representadas em obras literárias românticas;

reconhecer a influência do Romantismo em obras atuais.

Duração das atividades
3 aulas de 50 minutos
Conhecimentos prévios trabalhados pelo professor com o aluno

Habilidades básicas de leitura e escrita;

Iniciação ao estudo da literatura do período romântico.

Estratégias e recursos da aula

Imagem1: http://fotografiadenatureza.blogspot.com/  

Imagem2: http://misteriodasletras.blogspot.com/   

Professor, antes de iniciar as pesquisas sobre os poemas românticos, indique para os alunos a pesquisa sobre o filósofo Jean Jacques Rousseau (1712-1778).

(1) a partir dela, eles poderão entender como as idéias do filósofo pré-romântico sobre a liberdade individual e sobre a pureza da infância vivida em contato com a natureza influenciaram os escritores do século XIX.

Veja dois exemplos abaixo:   

"A infância tem as suas próprias maneiras de ver, pensar e sentir. Nada mais insensato que pretender substituí-las pelas nossas."   

“Que a criança corra, se divirta, caia cem vezes por dia, tanto melhor, aprenderá mais cedo a se levantar” (Jean Jacques Rousseau)   

Para entender melhor essa influência do pensamento de Rousseau sobre as concepções de pureza do homem no período romântico e até nossos dias, leia, abaixo, o comentário de Paulo Ghiraldelli Jr.:   

Rousseau criou a sua educação utópica, a apologia do menino criado na natureza e segundo a natureza; este menino nada seria senão um similar pedagógico do que, no campo político, Rousseau chamou de “o bom selvagem”. O que é o bom selvagem? Trata-se do homem em um hipotético estado de natureza. Nessa situação, o homem é bom – naturalmente bom. O que faz o homem tornar-se capaz de maldade e de criação de ferros para si mesmo é a sociedade e, nela, a cultura. (...) Eis então que sua frase célebre ecoou para os nossos dias: o homem é bom, mas a sociedade o corrompe. Dizemos que tudo que guarda o que há de nós vindo do “bom selvagem” ou da “infância” é bom porque é puro, e que essa pureza se corrompe quando em contato (errado) com a sociedade e a cultura. Nesse processo, em grande parte, valorizamos a própria noção de infância criada por Rousseau.     

© 2010 Paulo Ghiraldelli Jr, filósofo, escritor e professor da UFRRJ   

Para saber mais sobre a “utopia de Rousseau” acesse: http://ghiraldelli.pro.br/2010/06/21/75/   

(imagem do autor)

Atividade 1

Para a primeira atividade: 

(1) distribua para os alunos o prefácio que o poeta Casimiro de Abreu escreveu para seu livro “As Primaveras”.

(2) após a leitura, promova um debate para que os alunos possam expor seus comentários sobre as palavras do poeta.

O objetivo é que eles possam perceber como as manifestações da saudade da pureza da infância estão contidas nesta parte introdutória do livro de poemas de Casimiro.

O livro “As primaveras” pode ser acessado em: http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_obra=2173    

 (imagem do autor)

Para as outras atividades, indicaremos alguns poemas de Casimiro de Abreu e de Fagundes Varela.                                                                                                               

Atividade 2 

Professor, leve os alunos para o laboratório de informática ou para a biblioteca para que possam realizar a pesquisa dos textos que serão analisados nesta segunda atividade.

Abaixo, estão algumas indicações de poemas de Casimiro de Abreu.

(1) dividir a turma em grupos.

(2) sortear os poemas para que cada grupo pesquise e analise um texto.

(3) pedir para compor com os demais grupos, no quadro (modelo abaixo), um panorama geral com as imagens poéticas que remetem ao sentimento de saudade e à pureza da infância na obra do romântico.

O deslumbramento pela mocidade, para este autor torna-se a própria essência da vida. Viver significa, antes de tudo, ser moço. Nele, o lirismo é pura expressão de sensibilidade. Saudade, ternura, natureza e desejo estão modulados numa singela poesia.

Poemas de Casimiro de Abreu que podem ser acessados em:

http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_obra=86500 

http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_obra=86441 

http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_obra=86484  

http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_obra=86497 

http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_obra=86494 

http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_obra=86447  

http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_obra=86440 

http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_obra=86473 

http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_obra=86490 

http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_obra=86455 

POEMAS

PUREZA DA INFÂNCIA

SAUDADE

Meus oito anos

Infância

Quando?!

Visão

Três Cantos

Minha mãe

Ilusão

Orações

Saudades

Sempre sonhos

No túmulo dum menino

                                                                                                                                                                 

Atividade 3  

Professor, leve os alunos para o laboratório de informática ou para a biblioteca para que possam realizar a pesquisa sobre o “Cântico do Calvário”, de Fagundes Varela, texto que será analisado nesta terceira atividade.

http://www.revista.agulha.nom.br/fvarela.html#calvario 

Como é um longo poema, após a pesquisa:

(1) peça para que todos leiam com atenção.

(2) discuta com eles sobre as possíveis razões da dor de Varela ao compor o poema em louvor ao filho morto.

(3) instigue os alunos a identificarem os versos que relacionam a imagem da criança à pureza e aqueles que expressam as manifestações de saudades do pai pelo filho.

Abaixo estão alguns trechos do poema nos quais os alunos deverão encontrar as imagens e sentimentos que tratam o filho morto como um ser sublime, protetor, angelical, puro, cândido, sinônimo de esperança, glória, inspiração etc.

Eras na vida a pomba predileta

Que sobre um mar de angústias conduzia

O ramo da esperança!... eras a estrela

Que entre as névoas do inverno cintilava

Apontando o caminho ao pegureiro!...

Eras a messe de um dourado estio!...

Eras o idílio de um amor sublime!...

Eras a glória, a inspiração, a pátria,

O porvir de teu pai! - Ah! no entanto,

Pomba - varou-te a flecha do destino!

Astro - engoliu-te o temporal do norte!

Teto, caíste! Crença, já não vives!

E tu tão jovem,

Tão puro ainda, ainda na alvorada,

Ave banhada em mares de esperança,

Rosa em botão, crisálida entre luzes,

Foste o escolhido na tremenda ceifa!

Ah! quando a vez primeira em meus cabelos

Senti bater teu hálito suave;

Quando em meus braços te cerrei, ouvindo

Pulsar-te o coração divino ainda;

Quando fitei teus olhos sossegados,

Abismos de inocência e de candura,

E baixo e a medo murmurei: meu filho!

Inda te vejo pelas noites minhas,

Em meus dias sem luz vejo-te ainda,

Creio-te vivo, e morto te pranteio!...

Oh! filho de minh’alma! Última rosa

Que neste solo ingrato vicejava!

Minha esperança amargamente doce!

Como eras lindo! Nas rosadas faces

Tinhas ainda o tépido vestígio

Dos beijos divinais! nos olhos langues

Brilhava o brando raio que acendera

A bênção do Senhor quando o deixaste!

Sobre o teu corpo a chusma dos anjinhos,

Filhos do éter e da luz, voavam,

Riam-se alegres, das caçoilas níveas,

Celeste aroma te vertendo ao corpo!

E eu dizia comigo: - teu destino

Será mais belo que o cantar das fadas

Que dançam no arrebol, mais triunfante

Que o sol nascente derribando ao nada

Muralhas de negrume!... Irás tão alto

Como o pássaro-rei do Novo Mundo!

Vejo esparsas

Saudades e perpétuas, sinto o aroma

Do incenso das igrejas, ouço os cantos

Dos ministros de Deus que me repetem

Que não és mais da terra!... E choro embalde!...

Mas não! Tu dormes no infinito seio

Do criador dos seres! Tu me falas

Na voz dos ventos, no chorar das aves,

Talvez das ondas no respiro flébil!

Tu me contemplas lá do céu, quem sabe?

No vulto solitário de uma estrela...

E são teus raios que meu estro aquecem!

Pois bem! Mostra-me as voltas do caminho!

Brilha e fulgura no azulado manto!

Na imagem abaixo, percebe-se a gama de relações feitas pelo autor para louvar o filho morto, numa clara manifestação de saudade, num desejo de ter a imagem de Emiliano (filho) sempre presente. Espera-se que os alunos percebam essas relações e interpretem-nas de acordo com essa valorização da pureza da infância e do desejo do pai de ter o filho novamente ao seu lado, mesmo que na fantasia. O filho morto concentra na lembrança que dele ficou as virtudes da condição humana que se resolve em nada (passagem para outro mundo - morte).

As metáforas e comparações apresentam as variadas conotações positivas da infância, além de personificar sentimentos ou elementos da natureza vistos como belos, sublimes, puros, protetores (Esperança, Inspiração, Crença, Glória, Teto, Pomba, Rosa em botão, Estrela, Abismo de inocência e candura etc).

(imagem do autor)

Recursos Complementares

BOSI, Alfredo. História concisa da literatura brasileira. 2. ed. São Paulo: Cultrix, 1978.

CANDIDO, Antonio. Formação da literatura brasileira: momentos decisivos. Belo Horizonte: Ed. Itatiaia; São Paulo: Edusp, 1975.

COUTINHO, Afrânio. A literatura no Brasil: era romântica. São Paulo: Global, 2004.

http://www.revista.agulha.nom.br/fvarela.html 

http://www.revista.agulha.nom.br/casi.html 

http://www.graudez.com.br/literatura/romantismopoesia.html 

http://www.webartigos.com/articles/12222/1/Romantismo/pagina1.html 

Avaliação

Professor, como avaliação indique para seus alunos algumas letras da nossa MPB e peça para que tracem um paralelo entre os sentimentos de saudade da infância no Romantismo e na modernidade.

Letras como "Meus tempos de criança" (Ataulfo Alves), "Doze anos" (Chico Buarque), "Quem nunca foi um menino" (Moraes Moreira), "O poeta aprendiz" (Vinícius de Moraes), "Ai que saudades da Amélia" (Ataulfo Alves-Mário Lago), "Saudades do Matão" (Tonico e Tinoco) podem acessadas em sites de letras de música como este: www.vagalume.com.br 

Professor, os alunos também poderão incluir na pesquisa músicas de seu repertório, pois o tema saudade, principalmente, é recorrente em muitas canções.

Opinião de quem acessou

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