19/10/2010
Lívia Raposo Bardy, Erwin Doescher, Andréa Marques Leão Doescher.
Sulamita Nagem Dias Lima
Modalidade / Nível de Ensino | Componente Curricular | Tema |
---|---|---|
Educação de Jovens e Adultos - 2º ciclo | Língua Portuguesa | Linguagem oral: escrita e produção de texto |
Educação de Jovens e Adultos - 2º ciclo | Língua Portuguesa | Linguagem escrita: leitura e produção de textos |
Educação de Jovens e Adultos - 1º ciclo | Língua Portuguesa | Leitura e escrita de texto |
Educação de Jovens e Adultos - 1º ciclo | Língua Portuguesa | Linguagem oral |
• Observar a configuração desses textos, reconhecer e nomear seus elementos: título, verso, estrofe.
• Observar os recursos sonoros dos textos, repetições sonoras, rimas.
• Ler e analisar oral e coletivamente esses textos, atentando para a linguagem figurada, observando que essa linguagem pode sugerir interpretações diversas.
• Conhecer o nome, breves dados biográficos e alguns poemas de grandes poetas brasileiros.
Domine o processo da leitura com alguma eficiência.
As estratégias a serem utilizadas são:
DESENVOLVIMENTO
1ª atividade : Conversando
1) O professor propõe uma conversa informal a partir das questões:
a) Quem tem medo?
b) De quê vocês tem medo?
c) De que cor é o medo?
2) Vamos conhecer uma poesia que fala de como é o medo. Vamos ver se concordamos ou não com a autora. Para isso, o professor faz uma leitura oral do texto abaixo:
Assim é o medo
Henriqueta Lisboa
Assim é o medo:
cinza
Verde.
Olhos de lince.
Voz sem timbre
Torvo e morno
Melindre.
Da sombra espreita
à espera
de algo
que o alente.
Não age:
tenta
porém recua
a qualquer bulha.
No campo assiste
junto ao títere
à cruz que esparze
vivo gazeio de nervosismo
com vidro moído
grácil granizo de pássaros.
E que rascante
violino brusco
não arrepia
ao longo o azul
dos meus veludos
se, a noite em meio
cá no fundo
quarto escuro,
a lua arrisca
numa oblíqua
o olhar morteiro.
Dentro da jaula
(mundo inapto)
do domador
em fúria à fera
subsinuosa-
mente resvala.
Aos frios reptos
do ziguezague e
m choque,
súbito relampagueio,
as duas forças
se opõem dúbias
se atraem foscas
para a luta pelo avesso:
despiste e fuga
ouro e vermelho
desde a entranha.
As duas forças
antagônicas:
qual delas ganha
acaso
ou perde
o medo
frente a frente
ao medo?
Visitado em 05.09.2009 http://www.revista.agulha.nom.br/hlisbo01.html
3) Após a leitura do poema pelo professor, cada aluno deverá receber uma cópia do texto para uma leitura silenciosa do texto.
4) Em seguida, o professor propõe uma discussão a partir das questões:
a) O que sentiram ao ouvir e ao ler a poesia?
b) O que perceberam das idéias da Henriqueta Lisboa?
c) O que entenderam do que foi lido?
5) O professor propõe uma volta ao texto para que os alunos identifiquem, na poesia, os versos e as estrofes. É bom lembrar que o verso é a “linha” do poema e que a estrofe é um conjunto de versos.
6) O professor coloca no quadro os versos e solicita que os alunos façam uma leitura dos mesmos.
Assim é o medo:
Cinza Verde.
Olhos de lince.
Voz sem timbre
Torvo e morno
7) Após a leitura, o professor propõe a análise do verso: Olhos de lince. O que a autora quis dizer com esse verso, sabendo que lince é um animal? Nesse momento o objetivo é que os alunos percebam o sentido figurado das palavras na poesia.
8) O trabalho anterior deverá ser repetido com o verso: Voz sem timbre
2ª atividade: Conhecendo um pouco a autora Henriqueta Lisboa
1) O professor apresenta as três imagens abaixo, solicitando que as observem bem e digam o que está sendo representado em cada uma delas.
Foto 1.
Foto 2:
http://peregrinacultural.files.wordpress.com/2009/08/henriqueta-lisboa.jpg?w=213&h=240
Foto3:
http://www.tce.mg.gov.br/?cod_pagina=111578&acao=pagina&cod_secao_menu=5K&a=noticias
2) O professor apresenta a biografia da autora a partir da leitura do texto abaixo: Henriqueta Lisboa (1901-1985), poeta mineira considerada pela crítica um dos grandes nomes da lírica modernista, dedicou-se à poesia, ensaios e traduções. Nasceu em Lambari, Minas Gerais, em 15 de julho de 1901, filha do farmacêutico e deputado federal João de Almeida Lisboa e de Maria Rita Vilhena Lisboa. Formou-se normalista pelo Colégio Sion de Campanha, MG, e, em 1924, mudou-se para o Rio de Janeiro.
Dedicou-se à poesia desde muito jovem. Com Enternecimento, publicado em 1929, de forte caráter simbolista, recebeu o Prêmio Olavo Bilac de Poesia da Academia Brasileira de Letras. Aderiu ao Modernisno por volta de 1945, fortemente influenciada pela amizade com Mário de Andrade, com quem trocou rica correspondência entre os anos de 1940 e 1945. Sua produção inclui, além da poesia, inúmeras traduções, ensaios e antologias. Foi a primeira mulher eleita para a Academia Mineira de Letras em 1963.
Em 1984, recebeu o Prêmio Machado de Assis da Academia Brasileira de Letras pelo conjunto de sua obra. Foi professora de Literatura Hispano-Americana e Literatura Brasileira na Pontifícia Universidade Católica (Puc Minas) e na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Poeta sensível, dedicou sua vida à poesia. Considerada um dos grandes nomes da lírica modernista pela crítica especializada, Henriqueta manteve-se sempre atuante no diálogo com os escritores e intelectuais de sua geração e angariou muitos leitores ilustres durante sua vida, dentre eles Mário de Andrade, Carlos Drummond de Andrade, Manuel Bandeira, Cecília Meireles e Gabriela Mistral.
Sobre sua poesia, Drummond nos deixou o seguinte testemunho: ? Não haverá, em nosso acervo poético, instantes mais altos do que os atingidos por este tímido e esquivo poeta? Henriqueta faleceu em Belo Horizonte, no dia 9 de outubro de 1985. Seu Centenário foi comemorado ao longo do ano de 2002 e, além de inúmeros eventos culturais em sua homenagem, várias reedições de sua obra foram feitas com o objetivo de revelar a força de sua poesia para os jovens de hoje.
Títulos publicados Fogo-fátuo (1925); Enternecimento (1929); Velário (1936); Prisioneira da noite (1941); O menino poeta (1943); A face lívida (1945), à memória de Mário de Andrade, falecido nesse ano; Flor da morte (1949); Madrinha Lua (1952); Azul profundo (1955); Lírica (1958); Montanha viva (1959); Além da imagem (1963); Nova Lírica ((1971); Belo Horizonte bem querer (1972); O alvo humano (1973); Reverberações (1976); Miradouro e outros poemas (1976); Celebração dos elementos: água, ar, fogo, terra (1977); Pousada do ser (1982) e Poesia Geral (1985), reunião de poemas selecionados pessoalmente pela autora do conjunto de toda a obra, publicada uma semana após o seu falecimento. Publicou também as coletânas de ensaios Convívio Poético (1955), Vigília Poética (1968) e Vivência Poética (1979), coletâneas de ensaios. Os poemas que traduziu foram recentemente reunidos pela Editora da UFMG em Henriqueta Lisboa: Poesia Traduzida. Entre as coletâneas que preparou para a infância e a juventude, destaca-se esta, de folclore, e Antologia Poética para a Infância e a Juventude (1961), que será reeditado pela Peirópolis brevemente.
Para conhecer mais sobre a autora e sua obra, navegue no site www.letras.ufmg.br/henriquetalisboa.
Livros publicados pela Editora Peirópolis
Literatura oral para a infância e a juventude, Antologia de poemas portugueses para a juventude e O Menino Poeta.
http://www.editorapeiropolis.com.br/biografia.php?id=53
3ª atividade: Conversando mais sobre a linguagem poética
1) O professor coloca no quadro ou entrega uma cópia do trecho abaixo, solicitando a leitura do mesmo:
Função poética da linguagem:
Esta função ocorre quando a própria mensagem é colocada em destaque, a qual revela recursos imaginários, metafóricos criados pelo emissor que podem ser afetivas ou sugestivas. As palavras e suas combinações são valorizadas. É a linguagem figurada presente em textos em que se recorre ao ritmo como letras de músicas, a certos recursos estilísticos como metáforas, algumas propagandas, obras literárias tanto em prosa quanto em verso, principalmente às rimas como na linguagem poética em que as palavras são escolhidas e dispostas de maneira que se tornem singulares, raras
Ex.:
Eis uma amostra:
Se eu não vejo
a mulher
que eu mais desejo
nada que eu veja
vale o que
eu não vejo
http://www.danny.hpgvip.ig.com.br/liter/funcoes_linguagem.htm
2) Após a leitura, o professor entrega mais um poema de Henriqueta Lisboa, propondo a leitura do mesmo e a identificação das palavras usadas pela autora para dar o tom poético ao texto.
4ª Atividade Sarau de poesias
Sugestão de temas:
a) Poesias que brincam (Inspirada na brincadeira Cadê o toucinho que estava aqui?)
Ciranda de mariposas
Henriqueta Lisboa
Vamos todos cirandar
ciranda de mariposas.
Mariposas na vidraça são jóias,
são brincos de ouro.
Ai! poeira de ouro translúcida
bailando em torno da lâmpada.
Ai! fulgurantes espelhos
refletindo asas que dançam.
Estrelas são mariposas
(faz tanto frio na rua!)
batem asas de esperança
contra as vidraças da lua.
Publicado: Menino Poeta (1943) http://www.revista.agulha.nom.br/hlisbo02.html#ciranda
3) O professor organiza a turma em grupos e entrega a cada um deles um dos poemas abaixo, solicitando que:
a) Façam a leitura do mesmo;
b) Escrevam o poema em uma cartolina;
c) Assinalem as palavras usadas pela autora para dar o tom poético ao texto;
d) Apresentem os trabalhos para o restante da turma.
Textos para os grupos:
1) A menina selvagem
Henriqueta Lisboa
A menina selvagem veio da aurora
acompanhada de pássaros,
estrelas-marinhas
e seixos.
Traz uma tinta de magnólia escorrida
nas faces.
Seus cabelos, molhados de orvalho e
tocados de musgo,
cascateiam brincando com o vento.
A menina selvagem carrega punhados
de renda,
sacode soltas espumas.
Alimenta peixes ariscos e renitentes papagaios.
E há de relance, no seu riso,
gume de aço e polpa de amora.
Reis Magos, é tempo!
Oferecei bosques, várzeas e campos
à menina selvagem: ela veio atrás das libélulas.
Publicado: Lírica (1958) http://www.revista.agulha.nom.br/hlisbo01.html#amenina
2) Calendário
Henriqueta Lisboa
Calada floração
fictícia
caindo da árvore
dos dias
Publicado: Reverberações (1976) http://www.revista.agulha.nom.br/hlisbo02.html#calendario
3) Infância
Henriqueta Lisboa
E volta sempre a infância
com suas íntimas, fundas amarguras.
Oh! por que não esquecer
as amarguras
e somente lembrar o que foi suave
ao nosso coração de seis anos?
A misteriosa infância
ficou naquele quarto em desordem,
nos soluços de nossa mãe
junto ao leito onde arqueja uma criança;
nos sobrecenhos de nosso pai
examinando o termômetro: a febre subiu;
e no beijo de despedida à irmãzinha
à hora mais fria da madrugada.
A infância melancólica
ficou naqueles longos dias iguais,
a olhar o rio no quintal horas inteiras,
a ouvir o gemido dos bambus verde-negros
em luta sempre contra as ventanias!
A infância inquieta
ficou no medo da noite
quando a lamparina vacilava mortiça
e ao derredor tudo crescia escuro, escuro...
A menininha ríspida
nunca disse a ninguém que tinha medo,
porém Deus sabe como seu coração batia no escuro,
Deus sabe como seu coração ficou para sempre diante da vida
— batendo, batendo assombrado!
Publicado: Prisioneiro da Noite (1941) http://www.revista.agulha.nom.br/hlisbo03.html#infancia
4) Horizonte
Henriqueta Lisboa
Alma em suspiro
pelo encontro
do que fica
sempre mais longe
Publicado: Reverberações (1976) http://www.revista.agulha.nom.br/hlisbo03.html#horizonte
4) O professor propõe a socialização dos trabalhos dos grupos fazendo os comentários necessários.
5ª atividade: Criando poesias
1) Com a turma ainda em grupos, o professor propõe a produção de uma poesia e para isso, a equipe deverá:
a) Escolher o tema sobre o qual irão falar;
b) Escolher algumas palavras que darão o tom poético ao texto do grupo;
c) Escrever a poesia;
d) Preparar a apresentação da produção para o restante da turma.
2) O professor socializa as produções e faz os comentários necessários.
1) Porque trabalhar poesia: Consultar a minha aula “Recital de poesias”
2) Informações ao professor sobre o trabalho com os textos poéticos: Para trabalhar com poesia não é necessário entender o significado de palavra por palavra. O importante é o todo, embora o educador possa, sem problemas, diminuir as dúvidas e juntos, buscar o significado das palavras questionadas pela turma. “O objetivo central em Língua Portuguesa é formar bons leitores e produtores de textos, que saibam apreciar suas qualidades, encontrar e compreender informações escritas, expressar-se de forma clara e adequada à intenção comunicativa. Portanto, atividades que envolvam leitura e produção de textos são essenciais para alcançar esse objetivo. Para aprender a escrever é preciso escrever, e o mesmo vale para a leitura. Na interação com este objeto de conhecimento — o texto — e com a ajuda do professor, o aluno poderá realizar essas aprendizagens.(...) Para entrar em contato com os textos, os alunos que não são capazes ainda de ler com autonomia dependerão da ajuda do professor, que deve criar as estratégias para apoiar seus alunos nesse sentido. Uma estratégia fundamental é ler em voz alta para eles. Ouvindo a leitura em voz alta do professor, os leitores iniciantes vão se familiarizando com a estrutura sintática e com o vocabulário que caracteriza as diferentes modalidades de textos.” (...)“Uma boa forma de organizar o trabalho com a escrita é articulá-lo com o da leitura, dentro de uma mesma modalidade textual. À medida que lêem e analisam modelos variados de cartas, por exemplo, os educandos podem ser encorajados a escrever suas próprias cartas, inicialmente ainda com bastante ajuda do professor, paulatinamente com maior autonomia, fazendo e refazendo, relendo e comparando e, finalmente, enviando suas cartas, experimentando o poder e o prazer da escrita em situações reais de comunicação.” Educação para jovens e adultos - Ensino Fundamental - Proposta curricular.1º segmento. 2001. Páginas 57 e 61.
“ A leitura deste tipo de texto (poesia) promove o desenvolvimento pleno da linguagem, na medida em que capacita os leitores à compreensão de textos conotativos e simbólicos. Simultaneamente, a poesia aguça a sensibilidade do leitor, pois, de um lado, na poesia o poeta revela sua sensibilidade, exteriorizando-se a si mesmo e, de outro, o leitor é induzido a partilhar dos sentimentos aí expressos. A poesia deve explorar bastante a sensibilidade e a fantasia. Quanto menor o número de elementos conceituais, quanto maior a exploração do sentimento e do sensorial, melhor será a acolhida desse tipo de texto entre as crianças. O ritmo, elemento essencial a toda arte, deverá ser fortemente marcado no poema para crianças. As imagens devem traduzir as correspondências entre o mundo externo e o mundo interno, exteriorizando as “paisagens” íntimas do sujeito lírico, com o qual o leitor se identifica e, muitas vezes, se compreende. A rima, que naturalmente é um acessório na poesia, agrada muito aos alunos. Criar novas rimas é um exercício que os faz ficarem atentos à sonoridade das palavras. O professor pode, por exemplo, manter um verso fixo e pedir para as crianças rimarem os seguintes. Elas às vezes buscam palavras que apenas combinam entre si, mas não têm relação com o poema. Neste momento, os professores podem trabalhar também a coerência necessária dentro de um poema.”
Trabalhando com Poesia na Sala de Aula. Iara Silvano,Jaqueline Gobatto,Liége Mielezarski, Manuela Valim,Sylvia Pilla,Valdecir da Costa. http://www1.fapa.com.br/cadernosfapa/artigos/1edicao/educacao/trabalhando.pdf
3) Significado de LINCE: É um animal mamífero, carnívoro, da família dos Felídeos. Sua distribuição geográfica está restrita ao Hemisfério Norte. São felinos de dimensões um pouco maior do que um gato doméstico, podendo , no máximo, atingir 30 quilos de peso. Têm cauda curta e orelhas pontudas, bigodes ultra-sensíveis, pelagem espessa , adapta- da para a vida em regiões muito frias. Se alimentam de roedores, especialmente, lebres e coelhos. http://www.dicionarioinformal.com.br/definicao.php?palavra=lince&id=1033
A avaliação é processual e contínua, devendo ser realizada oral e coletivamente, enfocando a dinâmica do grupo, identificando avanços e dificuldades. O desempenho dos alunos durante a aula, a discussão sobre os medos da turma, a realização das tarefas de criação e leitura das poesias e das questões apresentadas pelo educador, somadas às intervenções dele, a auto-avaliação do professor e do aluno serão elementos essenciais para verificar se as competências previstas para a aula foram ou não desenvolvidas pelos alunos.
Quatro estrelas 1 classificações
Denuncie opiniões ou materiais indevidos!
01/12/2011
Quatro estrelasSempre que se trabalha com poesias é interessante desenvolver saraus de poesias ou recital que seja, e isso faz com que o aluno se familiarize mais ainda com a leitura, identifique bem a tipologia textual, a qual muitos educandos não compreendem a diferença. Muitas vezes leem mas não entendem. Cabe, também, ao professor, o papel de incentivador no processo contínuo do desenvolvimento da leitura fazendo com que a turma crie o gosto e coloque em prática esse hábito, uma vez que o mundo a exige.