21/09/2010
Maria Cristina Weitzel Tavela
Modalidade / Nível de Ensino | Componente Curricular | Tema |
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Ensino Médio | Literatura | Literatura brasileira, clássica e contemporânea: criações poéticas, dramáticas e ficcionais da cultura letrada |
Ensino Médio | Literatura | Estudos literários: análise e reflexão |
Identificar as marcas discursivas e ideológicas dessa poética e seus efeitos de sentido;
relacionar características discursivas e ideológicas de obras românticas brasileiras ao contexto histórico de sua produção, circulação e recepção;
localizar os elementos de afirmação do nacionalismo como tendência predominante em parte da poesia romântica brasileira;
reconhecer a importância política do Romantismo brasileiro para a formação da consciência nacional e de uma visão de país autônomo a partir da valorização de sua cultura.
Habilidades básicas de leitura e escrita;
iniciação ao estudo da literatura romântica.
http://seer.ufrgs.br/index.php/aedos/article/view/10585/6226
Professor, para iniciar a aula, exiba a imagem acima, de Conde de Clarac, sobre a floresta tropical brasileira e peça que reflitam e apontem os elementos que sugerem a exuberância da nossa natureza.
Após as manifestações dos alunos, explique que essa imagem foi considerada no século XIX como uma das primeiras ilustrações autênticas da natureza nativa do Brasil.
Chame a atenção para a data de composição (1816), que é anterior à Independência do país e anterior às primeiras manifestações românticas na literatura nacional, o que se deu anos mais tarde com "Suspiros poéticos e saudades" (1836), obra considerada medíocre, de Gonçalves de Magalhães.
Em todo o correr do período romântico, sobretudo na primeira fase, a poesia brasileira estará imbuída desses elementos da natureza tropical. Poetas como Gonçalves Dias e Casimiro de Abreu são exemplo dos que buscaram a expressão grandiosa na contemplação da natureza. As montanhas, as cascatas, o mar, o abismo, as florestas, o céu, seus aspectos agrestes e inacessíveis, permeados de mistério, serão a inspiração para o romântico que busca uma nova expressão a cada experiência, e que, por isso, se sentirá incapaz de conseguir exprimir todo o mistério e a supremacia da natureza.
Como continuidade para a primeira atividade, peça aos alunos que identifiquem nos trechos abaixo, de Gonçalves Dias e de Casimiro de Abreu, as marcas dessa relação estreita entre o poeta e a natureza.
Com a vida isolada que vivo, gosto de afastar os olhos de sobre a nossa arena política para ler em minha alma, reduzindo à linguagem harmoniosa e cadente o pensamento que me vem de improviso, e as idéias que em mim desperta a vista de uma paisagem ou do oceano – o aspecto enfim da natureza. Casar assim o pensamento com o sentimento – o coração com o entendimento – a idéia com a paixão – colorir tudo isto com a imaginação, fundir tudo isto com a vida e com a natureza, purificar tudo com o sentimento da religião e da divindade, eis a Poesia – a Poesia como eu a compreendo sem a poder definir, como eu a sinto sem a poder traduzir.
Rio de Janeiro – julho de 1846. Antônio Gonçalves Dias. |
Um dia – além dos Órgãos, na poética Friburgo – isolado dos meus companheiros de estudo, tive saudades da casa paterna e chorei. Era de tarde; o crepúsculo descia sobre a crista das montanhas e a natureza como que se recolhia para entoar o cântico da noite; as sombras estendiam-se pelo leito dos vales e o silêncio tornava mais solene a voz melancólica do cair das cachoeiras. Era a hora da merenda em nossa casa e pareceu-me ouvir o eco das risadas infantis de minha mana pequena! As lágrimas correram e fiz os primeiros versos da minha vida, que intitulei – Às Ave-Marias: – a saudade havia sido a minha primeira musa. [...]Depois, mais tarde, nas ribas pitorescas do Douro ou nas várzeas do Tejo, tive saudades do meu ninho das florestas e cantei; a nostalgia me apagava a vida e as veigas visonhas do Minho não tinham a beleza majestosa dos sertões.
Rio – 20 de Agosto – 1859. Casimiro de Abreu. |
Nestes textos introdutórios, os autores manifestam claramente sua relação de intimidade com a Natureza.
A admiração pela natureza do nosso país, a natureza exuberante e exótica dos trópicos, como na imagem acima, bem diversa da paisagem européia, servirão de motivo para a consolidação de uma imagem própria da nova nação, recentemente independente de Portugal.
A Independência política e o Romantismo ajudaram a solidificar a aspiração por uma "literatura nacional". Com o intuito de se construir uma grande nação, essa busca por uma expressividade nacional autêntica, de cunho nativista e patriótico, irá perpassar boa parte da obra de autores da poesia romântica brasileira.
Professor, para que os alunos possam evidenciar esse sentimento, acompanhe-os até o laboratório de informática ou a biblioteca para que iniciem a segunda atividade e pesquisem os seguintes textos: Canção do exílio (Gonçalves Dias) e A flor do maracujá (Fagundes Varela). Abaixo, uma reprodução dos textos.
http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_obra=2112
http://peregrinacultural.wordpress.com/2008/09/14/a-flor-do-maracuja-poema-de-fagundes-varela/
Floresta brasileira, 1853, Manuel José de Araújo Porto Alegre, http://www.mnba.gov.br/2_colecoes/1_desenho_br/g_araujo_porto_alegre.htm
Peça para que os alunos elaborem, no caderno, um quadro com todas as referências dos poemas à natureza. Após a coleta dos dados, instigue-os a um debate, a fim de que possam perceber de que maneira os poetas tratam a natureza em seus textos.
Como o homem se vê diante da natureza?
Essa relação é vista de maneira harmoniosa ou conflitante?
Quais elementos naturais e culturais são tipicamente brasileiros nos poemas?
Quais os sentimentos mais marcantes em relação à natureza nacional presentes nos poemas?
Como os autores constroem as imagens para expressar esse sentimento?
Que aspectos políticos estão envolvidos nessa construção?
Partindo de questionamentos desse tipo, espera-se que os alunos manifestem-se de maneira produtiva e que percebam esse tratamento variado de percepções a partir do contato do homem romântico com a natureza. Além disso, devem estar atentos aos objetivos políticos que inspiram esse sentimento nativista, a fim de que percebam a natureza brasileira como símbolo predominante nos poemas para uma exaltação da pátria.
http://educaterra.terra.com.br/literatura/romantismo/romantismo_1.htm
Professor, para a terceira atividade, apresente a imagem de Eugène Delacroix inspirada na Revolução Francesa, ocorrida no final do séc. XVIII, e que também influenciou o espírito libertador e patriótico de nossos românticos.
Juntamente com essa imagem, peça aos alunos que busquem entre os poemas indicados abaixo, referências que comprovem esse amor incondicional à pátria brasileira e pensem sobre quais símbolos é construído a ideia de superioridade, de grandeza e exuberância, de afirmação de uma cultura própria.
Indicação de poemas:
Casimiro de Abreu: "Minha terra"; "Canção do exílio"; "Juriti"; "No lar".
http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_obra=2173
Castro Alves: "Sub Tegmine Fagi"; "O livro e a América".
http://www.revista.agulha.nom.br/calves.html
Gonçalves Dias: "O Gigante de Pedra".
http://www.revista.agulha.nom.br/gdias02.html
Divida a turma em grupos, cada grupo com um poema, e peça para relacioná-lo ao sentimento de patriotismo.
Sugira que destaquem as imagens que referem-se a esse sentimento e exponham para os colegas, de maneira oral, podendo ser também em cartazes ou slides (data-show ou retroprojetor) para melhor visualizarem o resultado do trabalho.
Para finalizar, indique a busca do "Hino Nacional", composto já no século XX, por Osório Duque Estrada, e, após a audição e o acompanhamento da letra do hino, faça um trabalho oral envolvendo toda a turma e estimule-os a fazer um paralelo entre os poemas lidos e a letra do hino. Assim, eles poderão concluir que esse sentimento patriótico e nativista, muito forte no Romantismo, ainda permanece em obras e manifestações contemporâneas.
Hino Nacional:
http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_obra=2213
BOSI, Alfredo. História concisa da literatura brasileira. 2. ed. São Paulo: Cultrix, 1978.
CANDIDO, Antonio. Formação da literatura brasileira: momentos decisivos. Belo Horizonte: Ed. Itatiaia; São Paulo: Edusp, 1975.
COUTINHO, Afrânio. A literatura no Brasil: era romântica. São Paulo: Global, 2004.
www2.fcsh.unl.pt/invest/edtl/verbetes/N/nacionalismo-literario.htm
http://prefaciocultural.wordpress.com/tag/romantismo/
Para a avaliação, baseie-se nas atividades escritas e orais desenvolvidas pelos alunos e na percepção de uma conscientização crítica de cada estudante acerca dos conhecimentos literários, culturais e históricos trabalhados em sala de aula durante os trabalhos.
Cinco estrelas 1 classificações
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14/04/2013
Cinco estrelasExcelente! parabéns! Estou salvando para aplicá-la esta Unidade.