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Narrativa: a crônica

 

31/08/2010

Autor e Coautor(es)
MARTA PONTES PINTO
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UBERLANDIA - MG ESC DE EDUCACAO BASICA

Eliana Dias

Estrutura Curricular
Modalidade / Nível de Ensino Componente Curricular Tema
Ensino Fundamental Final Língua Portuguesa Língua oral e escrita: prática de escuta e de leitura de textos
Ensino Médio Literatura Estudos literários: análise e reflexão
Dados da Aula
O que o aluno poderá aprender com esta aula
  • Conhecer a origem da palavra “crônica” para entender o radical grego crono e sua produtividade na Língua Portuguesa;
  • interpretar crônica do século XV (Fernão Lopes);
  • interpretar crônica do escritor contemporâneo Luís Fernando Veríssimo;
  • produzir uma crônica.
Duração das atividades
03 aulas de 50 minutos
Conhecimentos prévios trabalhados pelo professor com o aluno
  • Textos (verbais e não verbais) que circulam socialmente.
Estratégias e recursos da aula

Atividade 1

Como motivação, o professor perguntará aos alunos: 1- O que é uma crônica? 2- Vocês gostam de ler crônicas? 3- Que palavras da língua portuguesa vocês conhecem com o mesmo radical de crônica? (Possivelmente eles dirão: cronômetro, cronológico, cronometrar). O professor, então, os levará à compreensão de que todas estas outras palavras vêm de chronos: tempo.

Para melhor entendimento sobre crônicas, o professor convidará os alunos à sala de informática. Lá, pedirá que acessem o site: http://www.tvcultura.com.br/aloescola/literatura/cronicas/index.htm 

Nele, os alunos deverão localizar e abrir duas indicações à esquerda da tela para lerem: características da crônica e desvendando a crônica. O roteiro orientador da pesquisa deverá ser entregue xerocado aos alunos.

 ROTEIRO

A-Sobre "características da crônica", respondam:

1- Por que a crônica está ligada ao efêmero?

2- Apontem semelhanças e contrastes entre a crônica e o texto informativo.

CRÔNICA

TEXTO INFORMATIVO

B- Sobre o texto "Desvendando a crônica":

Com base na crônica e na manchete do jornal lido no site, realizem as atividades a seguir:

1- As ideias defendidas por Semler ao longo do texto são também as suas sobre esse assunto?

                                                                                              

Lista com as ideias de Semler

 Lista com as ideias do grupo

2- Em que parte do texto, Semler menciona o acontecimento que dá origem à sua crônica?

3- Ao encerrar, o autor fez alguma ligação entre a frase que encerra e a que inicia a crônica?

4- Estabeleçam relação entre o Brasil e o fato ocorrido no Japão.

5- Qual a frase que sintetiza a ideia que Semler quer transmitir?

Atividade 2

O  professor iniciará esta atividade informando aos alunos que o primeiro cronista a escrever em língua portuguesa foi Fernão Lopes. Sua obra data do século XV.

Pedirá, então que, sabendo já do que todas as crônicas tratam, os alunos levantem hipóteses sobre quais seriam os acontecimentos tratados por Fernão Lopes em pleno seculo XV.

Pedirá que consultem os dois sites abaixo para saberem um pouco sobre Fernão Lopes, e depois lerem duas de suas crônicas: "TEMPOS DIFCEIS" e `"UM VIZINHO DE ALFAMA", para entenderem acontecimentos da época e responderem às questões:

TEMPOS DIFÍCEIS

São tempos difíceis estes os que vivemos nesta era de 1456.

Nas taracenas da Ribeira das Naus, carpinteiros, calafates, petintais e remolares aparelham navios. Navios que tantas vezes servem de esquife aos que se aventuram oceano adentro. Diz-se agora que el-rei vai enviar uma armada para castigar o turco que ameaça a cristandade e outra para derrotar o mouro que nos cerca em Ceuta. Nas ruas de Lisboa são muitas as mulheres e as crianças de negro, viúvas e órfãos dos que nos mares se perdem, tragados pelas ondas ou assaltados pelos corsários.

A cidade fede a incenso e ao olor das velas com que padres escanzelados esconjuram a ameaça de peste. Há muita mercadoria à venda, mas ao preço a que nos chega quem a pode comprar? Tempos de fartura para os senhores e de escassez para vilões e pobres. Todos se queixam, desde os mercadores despojados pelos piratas, aos tendeiros e vendedores a quem as mercadorias chegam pela hora da morte. E as sisas e rendas a pagar ao erário levam, dizem eles, o pouco que lhes fica. Queixam-se os pescadores e as regateiras da Ribeira, os cortadores e os esfoladores de carne, as ensaboadeiras de roupa, os mestres de calçar ruas, os fendedores de lenha, os homens e as moças de soldada.

Tempos difíceis, acho eu. Porém, meu avô diz-me que difíceis, difíceis foram os seus tempos, quando ele tinha os dezasseis anos que agora eu tenho. Diz também que, nós os moços, não sabemos o que são dificuldades, que tudo é fácil para nós comparado com as agruras da sua juventude. E pergunta-me (quase sempre que me vê, mas como se fosse a primeira vez). Sabes tu, rapaz, o que é um almogárave? Não sei eu outra coisa, mas ele não me deixa responder:

- Fica sabendo, que um almogárave é um homem que entra em correrias na retaguarda das hostes inimigas. Pilha, destrói, mata e desaparece como uma nuvem em céu de Agosto. Eu sou um almogárave (diz «eu sou», não «eu fui», como devia, pois fala de coisas passadas há mais de cinquenta anos, antes de que fizéssemos a primeira paz com Castela.) E acrescenta: mas que sabes tu e teu pai, calígrafos que sois, o que são estas coisas de armas? Tempos difíceis, os de hoje? Não, bofé!

E se está na rua, cospe depreciativamente. Porém, quando fala do «seu tempo» o olhar ilumina-se-lhe e a voz cresce de vigor e emoção. Porque, diz ele, apesar de muito mais difíceis, os seus tempos eram mais belos, o céu era mais azul, o sol era mais quente, o odor do mar mais salgado e penetrante, os frutos mais saborosos, as moças mais formosas (ainda que muito mais recatadas)... Tudo era mais difícil, mas tudo era melhor.

Difícil é compreender os anciãos, digo eu.  

 Tanto saber intrigou-me. Um dia em que, sozinho, bebia o meu fresco hidromel e saboreava a minha cidrada, perguntei ao locandeiro quem é aquele afável ancião, tão diferente do meu avô, casmurro e condenador de tudo o que é novo. É um vizinho de Alfama, disse-me ele. Mora junto à igreja de S. Miguel. É casado com Mor Lourenço, tia da mulher do sapateiro que tem a tenda ali perto, na Rua das Pedras Negras, logo atrás da Capela de Santo António. Gente de muitos cabedais. Até têm uma propriedade agrícola na Aldeia Galega. Só isso?, perguntei incrédulo, porque o mestre Lopo sabe a vida de todos os vizinhos de Alfama, de São Mamede à Rua do Bairro dos Escolares, de São Pedro à Rua do Santo Espírito. Nem cães nem gatos escapam à sua alcoviteira crónica. Bem, disse ele com um sorriso sorneiro, até há dois anos foi o guarda das escrituras do registo del-rei. E cronista-mor do reino, durante os últimos vinte anos. Mas esse é o mestre Fernão Lopes, de quem meu pai tanto fala e com tal veneração como se de pessoa divina se tratasse! É esse mesmo, respondeu o tendeiro. É para que vejas que à minha taverna não vêm somente catraios ranhosos como tu. Em pensamentos chamei-lhe merdilheiro, que é o tratamento que o meu avô dispensa a quem despreza (a quem sente rancuna chama fi de puta). Fiquei a pensar na minha anterior conversa com o ancião. Menos mal, que a opinião de meu pai que incautamente lhe transmiti, não era ofensiva, antes pelo contrário. Acabei a minha bebida, paguei-a e desci até à Rua Nova, onde os mercadores fechavam já as suas tendas.

Textos retirados de:

http://www.vidaslusofonas.pt/fernao_lopes.htm

http://www.rtp.pt/gdesport/?article=672&visual=3&topic=1

Questões:

a- Vocês pensam que o português usado nos textos acima está como foram escritos ou foram atualizados? Justifiquem.

b- Poderiam ter sido feitas ainda outras  atualizações?

c- Todas as línguas são dinâmicas. Isso significa que palavras que não são mais usadas (arcaísmos) desaparecem, e as que vão surguindo (neologismos) passam a fazer parte do vocabulário.Vocês calculam que no decorrer de 700 anos quantas palavras desapareceram e quantas apareceram?

Professor, não há possibilidade de pesquisar esse dado mas, com sua ajuda, os alunos deverão concluir que foram milhares.

d- Quais os temas explorados em cada uma das crônicas?

e- E quanto aos temas, vocês os acham ultrapassados ou ainda são atuais. Justifiquem.

Atividade 3

Para iniciar a atividade, o professor deverá dizer que, dando um grande salto no tempo, lerão nesta aula uma crônica apresentada em power point do autor contemporâneo Luís Fernando Veríssimo.  Site:                                                                    

http://www.minutodesabedoria.com.br/conteudo/midias/power_point_909.asp 

Depois de apresentado o texto, a atividade 3 será discutida oralmente e será uma motivação para a próxima atividade.                                               

Atividade 4

Produção de texto                        

O professor estimulará os alunos a escolherem algum acontecimento atual que lhes chame a atenção. Dirá que eles podem procurá-lo em meios como jornais, revistas e noticiários como fez Semler. Deverá levar revistas e jornais para a sala. Dirá que outra boa forma de encontrar um tema é andar, conversar com as pessoas, ou seja, entrar em contato com a infinidade de fatos que acontecem ao seu redor, como fizeram Fernão Lopes e Luís  Fernando Veríssimo, pois tudo pode ser assunto para uma crônica. É importante que o tema escolhido desperte interesse, cause alguma sensação interessante: entusiasmo, horror, desânimo, indignação, felicidade...

Uma boa escolha de acontecimento pode ajudar o estudante a escrever uma crônica com maior facilidade.

Após a atividade, o professor deverá perguntar quem gostaria de socializar o trabalho fazendo a leitura em voz alta para a classe. Recolherá as produções, e fará, em cada trabalho, observações sobre qualidades e defeitos do texto. Se necessário, pedirá que o refaçam e exporá em mural da escola, se obtiver autorização dos autores.

Recursos Complementares
Avaliação

A avaliação deverá ocorrer por meio da observação do professor no interesse e envolvimento dos alunos durante as atividades. Além disso, poderá, ao corrigir o texto do aluno, utilizar de conceitos, tais como: ótimo, bom, gostei de seu texto, sempre priorizando os aspectos positivos para incentivar os alunos a escreverem sempre mais e melhor.

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