Relacionar características discursivas e ideológicas de obras românticas brasileiras ao contexto histórico de sua produção, circulação e recepção;

localizar a pureza d’alma e a força do negro como tendências predominantes na obra de Castro Alves;

reconhecer a importância política para a formação da consciência nacional a partir da valorização do africano na poesia romântica brasileira;

reconhecer, em poemas de Castro Alves, conflitos e formas de resistência de minorias sociais e políticas brasileiras;

posicionar-se frente a valores, ideologias e propostas estéticas representadas em obras literárias românticas;

reconhecer ecos de resistência na contemporaneidade.

Habilidades básicas de leitura e escrita.

Iniciação ao estudo do Romantismo.

Semelhante à maneira com que Gonçalves Dias compôs os poemas heróicos com a figura do índio, Castro Alves cantará o negro escravo, oprimido, como parte do drama das injustiças da humanidade. O negro, inferiorizado socialmente, surge na literatura como um problema social, como uma questão política, e o sentimento de humanidade de alguns poetas condoreiros irá motivar esse canto de revolta na poesia. O negro, vítima de atrocidades cometidas em nome do colonização americana e do "desenvolvimento" da agricultura e da mineração,  se ergue, principalmente na pena de Castro Alves, como o ser heróico, o homem forte dos desertos, o caçador, o bravo resistente a todas as crueldades contra a raça.

Apesar de tratar quase sempre o negro como “moreno”, dos “cabelos anelados” e dos "olhos como a noite sem lua", portanto, mais preocupado com a questão social e não racial, Castro Alves traz os sentimentos do negro na mesma medida do branco. O amor, a dor, os sonhos, a saudade da terra, as alegrias, a honra, a dignidade são características comuns à humanidade, o que permitem incluí-lo socialmente, mesmo que ainda escravo, por esses traços de caráter e sensibilidade.

Para essa aula objetiva-se, sobretudo, a difusão e a apreciação de poemas compostos por Castro Alves, na segunda metade do séc. XIX. Após essa leitura partiremos para a análise e troca de conhecimentos sobre as visões do negro em algumas obras pós-românticas, da contemporaneidade.

http://dialogospoliticos.wordpress.com/2009/03/25/25-de-marco-ceara-completa-125-anos-de-abolicao-da-escravatura/ 

Atividade 1  

Professor, para a primeira atividade acompanhe os alunos até o laboratório de informática ou a biblioteca e indique a pesquisa dos seguintes poemas de Castro Alves:

O gondoleiro do Amor - Dama Negra  

http://www.revista.agulha.nom.br/calves05.html#gondoleiro   

Lúcia

http://www.revista.agulha.nom.br/calves09.html#lucia 

Maria

http://www.revista.agulha.nom.br/calves11.html#maria      

(1) instigue os alunos a apontarem nos poemas as imagens relacionadas à mulher negra.

(2) peça para que discutam entre si como isso se revela nos poemas.

Nestes poemas há uma visão ainda tímida sobre a beleza física da mulher negra.

(a) A “Dama negra” pouco tem de características físicas dos africanos a não ser pelo subtítulo do poema e pelos olhos negros “como o negrume do mar”, numa imagem sensual, que seduz o Gondoleiro do Amor.

(b) Lúcia é “morena”, de “cabelos anelados”, “cativa” que alegrava a casa-grande da fazenda e foi vendida devido às dificuldades financeiras dos senhores.

(c) Maria é a “mimosa flor das escravas”, a “mucama tão bonitinha”, a “morena flor do sertão”, amor de Lucas, também um belo escravo, em a Cachoeira de Paulo Afonso.

Atividade 2

Professor, outro enfoque interessante sobre os negros é uma visão do escravo como um ser exilado, afastado da terra, enclausurado nas escuras senzalas ou nos porões imundos dos navios negreiros.

Castro Alves irá cantar em alguns de seus poemas abolicionistas esse sentimento de desejo de libertação e de saudade da terra natal, com imagens de felicidade e completa harmonia do nativo com a natureza. Além disso, a imagem do herói, do bravo e corajoso selvagem irá aflorar em alguns de seus versos, simbolizando a honra e a nobreza de caráter da raça, contrastando com a vileza e a injustiça da sua condição de escravizado e oprimido.   

Para a segunda atividade, divida a turma em grupos e sugira que iniciem uma busca de imagens, textos, vídeos e curiosidades históricas sobre os escravos e depois apresentem um seminário oral, para que possam ilustrar a leitura e a interpretação que farão dos seguintes poemas:   

A canção do africano http://www.revista.agulha.nom.br/calves08.html#cancao 

Vozes d’África http://www.revista.agulha.nom.br/calves02.html 

Sangue de Africano http://www.revista.agulha.nom.br/calves12.html#sangue 

A mãe do cativo http://www.revista.agulha.nom.br/calves08.html#mae 

A criança http://www.revista.agulha.nom.br/calves08.html#crianca 

Mater Dolorosa http://www.revista.agulha.nom.br/calves10.html#mater  

Após a leitura e análise de cada poema feitos oralmente por cada grupo, abra espaço para um debate entre os presentes sobre os aspectos temáticos expostos e sobre as visões do africano nos poemas.

http://artistoria.wordpress.com/category/historia/africa/ 

planta do porão de um navio negreiro

http://www.planetaeducacao.com.br/portal/artigo.asp?artigo=190 

Negros no porão de navio - Rugendas

http://racismoambiental.net.br/category/violencia-racial/ 

escravos amontoados no tombadilho

http://www.planetaeducacao.com.br/portal/artigo.asp?artigo=190 

Atividade 3

Para a terceira atividade, que irá objetivar um paralelo entre as questões abolicionistas românticas e as manifestações dos movimentos negros atuais, discuta com seus alunos, antes de iniciar a pesquisa e a elaboração dos trabalhos, sobre a condição do negro mais de 120 anos após a abolição.

(a) Ainda há racismo no Brasil?

(b) Em que situções percebemos isso?

(c) Como é tratado o negro em novelas, filmes e nos movimentos culturais? Excluem ou exaltam a figura do negro?    

Como dica, assista com eles ao filme Quanto vale ou é por quilo? , ou o curtametragem O xadrez das cores disponível para visualização em: http://www.portacurtas.com.br/curtanaescola/Filme.asp?Cod=2932    

Após o debate e a apreciação dos filmes, indique a pesquisa dos poemas, músicas e vídeos:

O Navio Negreiro – partes 4ª, 5ª e 6ª, principalmente http://www.revista.agulha.nom.br/calves01.html#   

Saudação a Palmares http://www.revista.agulha.nom.br/calves10.html#saudacao     

Poemas de Cuti http://www.cuti.com.br/poesia2.htm 

Caetano Veloso – O navio negreiro, de Castro Alves, em rap (excerto) http://www.youtube.com/watch?v=1Osbp0IMYRM&feature=related      

O Rappa – Todo camburão tem um pouco de navio negreiro http://www.youtube.com/watch?v=pQpXxHpSfAk&feature=related  

Caetano Veloso – Zumbi, de Jorge Ben Jor http://www.youtube.com/watch?v=EUK0DHU902w 

(1) peça aos alunos para relacionarem os poemas de Castro Alves com os textos contemporâneos.

(2) a partir daí, estabelecer um eixo que liga todo esse tempo histórico, pensando nas correspondências entre as épocas e debatendo sobre as atuais concepções sobre a condição do negro no Brasil.

BOSI, Alfredo. História concisa da literatura brasileira. 2. ed. São Paulo: Cultrix, 1978.

CANDIDO, Antonio. Formação da literatura brasileira: momentos decisivos. Belo Horizonte: Ed. Itatiaia; São Paulo: Edusp, 1975.

COUTINHO, Afrânio. A literatura no Brasil: era romântica. São Paulo: Global, 2004.

http://www.quilombhoje.com.br/ 

http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0103-40142004000100017&script=sci_arttext 

http://www.augustaschimidt.prosaeverso.net/visualizar.php?idt=33804 

http://www.interney.net/blogs/lll/2008/07/03/tipicos_personagens_negros_da_literatura/ 

Professor, para a avaliação baseie-se nas atividades realizadas em sala, tanto nos debates, no seminário e nas manifestações sobre o tema do negro na literatura romântica e na contemporaneidade.