Os alunos perceberão que em textos de opinião existem recursos que são usados para se dissimular a tese defendida.

Os alunos aprenderão que a ironia é um desses recursos.

Esta sequência didática propiciará aos alunos argumentos para que eles leiam com atenção aos textos de opinião de modo a observarem as estratégias discursivas que tornam as opiniões menos diretas.

Após esta sequência didática, os alunos serão mais competentes na leitura de enunciados irônicos e saberão que, na verdade, não existe discurso neutro, já que as escolhas linguísticas representam as  intenções de quem as escreve.

OS ALUNOS JÁ DEVEM SABER O QUE É UM TEXTO DE OPINIÃO, O QUE É TESE E O QUE SÃO ARGUMENTOS.

1ª etapa: PROFESSOR: exiba algumas imagens do Cristo Redentor do Rio de Janeiro aos alunos. A primeira imagem está disponível em http://t2.gstatic.com/images?q=tbn:vqwbIa7egnyILM:http://3.bp.blogspot.com/_fBY07WDMmrE . A segunda você pode encontrar no endereço http://t2.gstatic.com/images?q=tbn:_ItHEMp_6_KbFM:http://www.destinosdeviagem.com/wp-content/gallery/rio-janeiro/cristo-redentor-rio-de-janeiro.jpg 

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Esta terceira imagem está disponível em bahianoticias.com.br/.../2010/4/17/noticia.html  

Depois de os alunos identificarem o monumento (nome, onde fica, importância histórica, importância turística, etc) passe-lhes algumas informações sobre esse monumento. Você pode acessar informações sobre o Cristo Redentor.(http://www.corcovado.org.br/#)

2ª etapa: PROFESSOR: mostre a imagem ao lado ( disponível em http://t2.gstatic.com/images?q=tbn:D2ZYeAJ8wXyVHM:http://ozknews.portalozk.com/noticia/wp-content/uploads/2010/06/cristo_pozk.jpg), criando algumas expectativas de leitura, ao fazer as seguintes perguntas: a) por que o monumento está todo encoberto por andaimes; b) por que existe um retângulo vermelho no braço direito do monumento. 

3ª etapa: PROFESSOR: leia com aos alunos a Notícia "Estátua do Cristo Redentor amanhece pichada" (http://g1.globo.com/rio-de-janeiro/noticia/2010/04/estatua-do-cristo-amanhece-pichada.html) 

PROFESSOR: após a leitura, trabalhe as informações novas que foram dadas pela notícia. Explique aos alunos o que é um crime de lesa-pátria: sf. 1. Crime contra a soberania e a segurança da pátria; LESO-PATRIOTISMO [Pl.: lesas-pátrias.].   Após a explicação do verbete, pergunte aos alunos se eles concordam com a afirmação do prefeito Eduardo Paes. Anote os argumentos dados pelos alunos no quadro.

4ª etapa: Distribua a carta de leitor “Pichação” acessada em carta de leitor- Folha de São Paulo (http://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/fz2304201010.htm) 

PROFESSOR: analise as pistas linguísticas que  levam os leitores a concluir que a carta do leitor Alexandre Machado é uma ironia: as aspas da expressão “está de parabéns”; as comparações com a máfia dos caça-níqueis e com a prevenção da ocupação de áreas de risco.   Com o recurso da ironia, a tese do autor fica dissimulada, exigindo uma leitura mais atenta do leitor. Professor, peça, pois, aos alunos que leiam as entrelinhas e traduzam a verdadeira tese do autor. Chame, também, a atenção dos alunos para o “quem escreve”(remetente da carta) , dando ênfase à informação agregada ao nome do leitor ( ex-pichador). Pergunte aos alunos se o fato de o leitor ser um ex-pichador fez diferença na hora de ele manifestar sua opinião.  

PROFESSOR: após essa etapa, sistematize com os alunos o recurso da IRONIA como uma estratégia usada por quem escreve para organizar um discurso "pretensamente" neutro, na medida em que a ironia depende da interpretação de quem lê, o que cria uma linguagem não oficial, já que o autor teria a prerrogativa de poder negar "o que disse".

5^a etapa:   PROFESSOR: assista ao um vídeo com os alunos sobre pichação e pichadores, preparando, anteriormente, um material de escuta ativa que aproveite as informações dadas no  vídeo sobre pichação e pichadores (http://www.youtube.com/watch?v=ldbnfqg6d)

  Preparação da escuta ativa:   1)Logo no início do vídeo, aparece um texto no qual se pode ler o objetivo dos pichadores da periferia. Que objetivo é esse?

2)O documentário exibe textos que seriam “falas” dos pichadores. Em uma dessas falas, está escrito que muitos pichadores picham para “sentir o que sentem os burgueses ao comprar carros novos”. De que sensação está se falando?

3) Complete:   a) “No início dos anos 80, a pichação consistia em escrever exaustivamente ___________________________ dentro de inúmeros bairros e avenidas da cidade.”   b) “No Brasil, a prática se iniciou nas grandes metrópoles como__________________ e acabou se ________________________”.   c) “De acordo com a lei brasileira, a prática da pichação é considerada__________________”. d) “A pichação é uma forma de protesto pela sua própria existência. Ela não diz nada, mas ao mesmo tempo é uma linguagem _________________________________________.”   

4) Discuta a frase final: “Em nome da liberdade de expressão, eles estão invadindo  a liberdade alheia”, considerando todas as imagens mostradas no vídeo.     

Após o esquema da escuta ativo ser preenchido, abra espaço para um debate entre os alunos sobre o vídeo.

5^a etapa: PROFESSOR: distribua o texto “Por ruas limpas”, disponível em   "Por ruas limpas" (http://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/fz1904201005.htm)  

Após a leitura atenta, leve os alunos a perceber o tom indignado do autor e sua “antipatia” pelos pichadores. Ressalte as pistas linguísticas como: “se esfolem uns aos outros”; “lambança promovida por esses ágrafos cuja forma de preencher seu vazio interior e pobreza de espírito é agredir a propriedade pública ou privada”; “não há muita diferença entre seus garatujos”; “eles deixarão de avacalhar as cidades”.   Professor: mostre aos alunos que, embora Rui Castro afirme não discutir que os pichadores sejam artistas, na verdade sua argumentação irônica nos leva a concluir que ele não concorda com tal predicativo. Enfatize com os alunos as pistas linguísticas: “Aliás, não há muita diferença entre seus garatujos e certas instalações em que tropeçamos nos salões -basta que os ensaístas descubram neles os conteúdos que enxergam em caixas cheias de minhocas ou em um cachorro sendo deixado para morrer de fome e de sede diante dos visitantes.”   

Professor:  após toda a discussão do texto, peça aos alunos que parafraseiem a tese do autor Rui Castro ( para certificar-se de que os alunos conseguiram compreender realmente o artigo) e sistematize com os alunos as estratégias de ambos os textos (a carta de leitor e o artigo de opinião) para dissimular a verdadeira tese que pretendiam sustentar. Ressalte a ironia como a estratégia presente em ambos os textos.  É importante, nessa etapa, mostrar aos alunos que não existe discurso neutro, já que as escolhas linguísticas não são isentas de intenção por parte do falante. Discuta, como exemplo, a diferença entre "dizer que alguém mentiu", "dizer que  alguém é mentiroso" ou "dizer que alguém faltou com a verdade", para ilustrar essa discussão.

6^a etapa: PROFESSOR: organize com os professores de Artes da sua escola um debate cujo tema seja "Pichação: vandalismo ou arte?". Convide artistas da sua cidade, pichadores, alguém da comunidade, algum representante da prefeitura. Após essa sequência didática, seus alunos estão preparados para participarem ativamente desse debate.

Professor, para preparar o debate você encontra um material interessante em blog que discute vandalismo e arte, arte e não arte (http://antropoantro.blogspot.com/2008/07/pichao-arte-ou-vandalismo.html) 

PROFESSOR: peça aos alunos que cortem uma cartolina em forma de uma camiseta e pichem  nesta uma frase sobre o tema discutido em aula "pichação". Por exemplo, “quem picha suja” ou “pichação é a arte do protesto”. Cada um poderá enfeitar sua “camiseta” do jeito que preferir. Coloque as camisetas em um varal para expô-las. Vá analisando com os alunos quais slogans são a favor da pichação, quais são contrários e quais representam um discurso que se pretende neutro. ( se houver frases como "Pichação: arte ou vandalismo?", por exemplo)