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Os sentimentos e as relações entre as pessoas

 

25/08/2010

Autor e Coautor(es)
Amélia Pereira Batista Porto
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BELO HORIZONTE - MG ESCOLA DE EDUCACAO BASICA E PROFISSIONAL DA UFMG - CENTRO PEDAGOGICO

Lízia Maria Porto Ramos

Estrutura Curricular
Modalidade / Nível de Ensino Componente Curricular Tema
Ensino Fundamental Inicial Orientação Sexual Relações de gênero
Ensino Fundamental Inicial Ética Diálogo
Ensino Fundamental Inicial Ciências Naturais Ser humano e saúde
Dados da Aula
O que o aluno poderá aprender com esta aula

Comparar ideias relacionadas a sexo e sexualidade identificando semelhanças e diferenças entre elas;

Identificar valores presentes na nossa vida e refletir sobre esses valores nas relações interpessoais;

Relacionar comportamentos característicos do sexo feminino ou masculino à cultura;

Reconhecer a importância do sentimento de respeito por si próprio e pelos outros.

Reconhecer o amor como um sentimento necessário na relação entre duas pessoas.

Duração das atividades
4h/a
Conhecimentos prévios trabalhados pelo professor com o aluno

Não são necessários conhecimentos prévios.

Estratégias e recursos da aula

Introdução: uma abordagem para o professor   

Sabe-se que, hoje, a orientação sexual entrou pela porta da frente da escola, após uma trajetória de avanços e retrocessos. É possível discutir com os pares o tema e elaborar projetos que atendam à demanda das diferentes faixas etárias que compõem a comunidade escolar. Se, inicialmente, buscava-se uma formação para evitar a gravidez precoce e a prevenção de doenças sexualmente transmissíveis, hoje, almeja-se muito mais ao colocar em discussão temáticas relacionadas – por exemplo, como o direito ao prazer e ao exercício da sexualidade com responsabilidade e o entendimento de que a sexualidade é algo inerente à vida e à saúde.   

De acordo com o PCN – Educação Sexual (BRASIL, MEC, 1998) “Ao definir o trabalho com Orientação Sexual como uma de suas competências, a escola estará incluindo-o no seu projeto educativo. Isso implica uma definição clara dos princípios que deverão nortear o trabalho de Orientação Sexual e sua explicitação para toda a comunidade escolar envolvida no processo educativo dos alunos. Esses princípios determinarão desde a postura que se deve ter em relação às questões relacionadas à sexualidade e suas manifestações na escola, até a escolha de conteúdos a serem trabalhados junto com os alunos.

A coerência entre os princípios adotados e a prática cotidiana da escola deverá pautar todo o trabalho.

Para garantir essa coerência ao tratar de tema associado à tão grande multiplicidade de valores, a escola deverá estar consciente da necessidade de se abrir um espaço para reflexão como parte do processo de formação constante de todos os envolvidos no processo educativo”.   

Nesta aula discutiremos a diferença entre sexo e sexualidade, os valores presentes em nossas vidas e a importância das relações interpessoais. Destacamos o fato de que as relações entre as pessoas devem se pautar em valores que priorizam o respeito à diversidade e os sentimentos envolvidos. Para isso, propomos o levantamento dos valores e sentimentos envolvidos nas relações com os outros, de modo geral, e aqueles presentes numa relação de amor entre duas pessoas.   

 Cabe ao professor ao planejar as aulas:

. Selecionar, com antecedência, materiais sobre o assunto: livros, enciclopédias, endereços eletrônicos, gravuras, jornais, revistas, etc.

. Organizar um espaço com o material selecionado para que os alunos consultem sempre que necessário.

.  Propor questões que façam os alunos pensarem sobre o assunto.

. Favorecer as iniciativas individuais e coletivas, acolhendo as ideias dos alunos e possibilitando que elas sejam colocadas em prática.  

 Para planejar a aula é importante ler o texto a seguir, extraído dos PCN – Educação sexual, MEC:  

A sexualidade tem grande importância no desenvolvimento e na vida psíquica das pessoas, pois independentemente da potencialidade reprodutiva, relaciona-se com a busca do prazer, necessidade fundamental dos seres humanos. Nesse sentido, a sexualidade é entendida como algo inerente, que se manifesta desde o momento do nascimento até a morte, de formas diferentes a cada etapa do desenvolvimento. Além disso, sendo a sexualidade construída ao longo da vida, encontra-se necessariamente marcada pela história, cultura, ciência, assim como pelos afetos e sentimentos, expressando-se então com singularidade em cada sujeito. Indissociavelmente ligado a valores, o estudo da sexualidade reúne contribuições de diversas áreas, como Antropologia, História, Economia, Sociologia, Biologia, Medicina, Psicologia e outras mais. Se, por um lado, sexo é expressão biológica que define um conjunto de características anatômicas e funcionais (genitais e extragenitais), a sexualidade é, de forma bem mais ampla, expressão cultural. Cada sociedade cria conjuntos de regras que constituem parâmetros fundamentais para o comportamento sexual de cada indivíduo. Nesse sentido, a proposta de Orientação Sexual considera a sexualidade nas suas dimensões biológica, psíquica e sociocultural.   

Sexualidade na infância e na adolescência   

Os contatos de uma mãe com seu filho despertam nele as primeiras vivências de prazer. Essas primeiras experiências sensuais de vida e de prazer não são essencialmente biológicas, mas constituirão o acervo psíquico do indivíduo, serão o embrião da vida mental no bebê.

A sexualidade infantil se desenvolve desde os primeiros dias de vida e segue se manifestando de forma diferente em cada momento da infância. A sua vivência saudável é fundamental na medida em que é um dos aspectos essenciais de desenvolvimento global dos seres humanos. A sexualidade, assim como a inteligência, será construída a partir das possibilidades individuais e de sua interação com o meio e a cultura. Os adultos reagem, de uma forma ou de outra, aos primeiros movimentos exploratórios que a criança faz em seu corpo e aos jogos sexuais com outras crianças. As crianças recebem então, desde muito cedo, uma qualificação ou “julgamento” do mundo adulto em que está imersa, permeado de valores e crenças que são atribuídos à sua busca de prazer, o que comporá a sua vida psíquica.

Nessa exploração do próprio corpo, na observação do corpo de outros, e a partir das relações familiares é que a criança se descobre num corpo sexuado de menino ou menina. Preocupa-se então mais intensamente com as diferenças entre os sexos, não só as anatômicas, mas também com todas as expressões que caracterizam o homem e a mulher. A construção do que é pertencer a um ou outro sexo se dá pelo tratamento diferenciado para meninos e meninas, inclusive nas expressões diretamente ligadas à sexualidade e, pelos padrões socialmente estabelecidos, de feminino e masculino.

Esses padrões são oriundos das representações sociais e culturais construídas a partir das diferenças biológicas dos sexos e transmitidas pela educação, o que atualmente recebe a denominação de relações de gênero. Essas representações absorvidas são referências fundamentais para a constituição da identidade da criança.

As formulações conceituais sobre sexualidade infantil datam do começo deste século e ainda hoje não são conhecidas ou aceitas por parte dos profissionais que se ocupam de crianças, inclusive educadores. Para alguns, as crianças são seres “puros” e “inocentes” que não têm sexualidade a expressar, e as manifestações da sexualidade infantil possuem a conotação de algo feio, sujo, pecaminoso, cuja existência se deve à má influência de adultos.

Entre outros educadores, no entanto, já se encontram bastante difundidas as noções da existência e da importância da sexualidade para o desenvolvimento de crianças e jovens.

Em relação à puberdade, as mudanças físicas incluem alterações hormonais que, muitas vezes, provocam estados de excitação incontroláveis, ocorre intensificação da atividade masturbatória e instala-se a função genital. É a fase das descobertas e experimentações em relação à atração e às fantasias sexuais. A experimentação dos vínculos tem relação com a rapidez e a intensidade da formação e da separação de pares amorosos entre os adolescentes.

É uma questão bastante atual e presente no cotidiano de todos os profissionais da educação a postura a ser adotada, dentro das escolas, em face das manifestações da sexualidade dos alunos. Daí, a presente proposta de trabalho, que legitima o papel e delimita a atuação do educador neste campo.   

Trechos extraídos do PCN - Educação Sexual, MEC. Para leitura de todo o documento acesse o link a seguir:  

http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/livro102.pdf    Consultado em agosto de 2010. 

Estratégia:   

Como os alunos poderão atingir os objetivos propostos:   

Os alunos poderão atingir os objetivos propostos através de conversa dialogada em que vão expor suas ideias sobre os temas explorados, participando das atividades sugeridas para desenvolver o assunto da aula.   

Como o professor irá ativar esse processo:   

Levantando situações – problema em que os alunos serão estimulados a emitir suas ideias sobre sexo e sexualidade; os valores presentes em nossas vidas e a importância das relações interpessoais. Participarão de elaboração de cartaz para discutir ideias relacionadas a sexo e sexualidade, farão uma lista de valores que orientam a vida pessoal e responderão um questionário sobre gênero sexual. Através das discussões e atividades realizadas esperamos contribuir para a construção dos conhecimentos e sistematização do estudo.  

Atividades 1

Introduza o assunto explicando para a turma que a puberdade e a adolescência são marcadas por muitas transformações que acontecem no corpo, na maneira de entender as coisas, no convívio com colegas e familiares, na vida em geral. Não existe uma data fixa para o início da puberdade. Cada pessoa tem seu ritmo próprio.   

A seguir converse com os alunos sobre o assunto.

Sugestão de diálogo:

1. Você percebeu ou tem percebido mudanças no seu corpo? Como você se sentiu ou tem se sentido em relação a elas?

2. Você recebeu ou recebe orientação da sua família a respeito das mudanças que têm ocorrido ou ocorreram no seu corpo? Elas foram ou são satisfatórias?

3. Com quem você tem mais liberdade de conversar sobre sexualidade?

4. Onde você busca informações quando tem dúvidas sobre o assunto?

5. Que ideia você tem de sexo?   

Geralmente sexo e sexualidade são palavras usadas como sinônimos. É importante que os alunos reflitam sobre esses termos e estabeleçam as diferenças e as relações que existem entre eles. Sexo pode ser entendido como um componente biológico vinculado à reprodução humana; sexualidade é uma maneira de buscar e dar prazer que envolve a pessoa por inteiro.   

Para entender o que é sexo e sexualidade proponha a seguinte atividade:

Peça aos alunos que recortem de revistas gravuras que remetam a sexo e a sexualidade para montagem de mural sobre o tema. Selecione as gravuras que poderão fazer parte do mural com cada aluno. Combine um dia com a turma e monte um mural coletivo com as gravuras selecionadas. Peça a cada aluno que cole de um lado do mural as gravuras relacionadas a sexo. Do outro lado as gravuras relativas à sexualidade. Peça, também, que expliquem a escolha feita.   

Após a montagem do mural converse com os alunos sobre o assunto.

Sugestão de diálogo:

.O que podemos entender por sexo? E por sexualidade?

.Que diferenças podem estabelecer entre sexo e sexualidade?

.De onde vem nossa definição de sexualidade?

.Que tipo de mensagem a respeito de sexualidade é apresentada pelos meios de comunicação?

.Nossa cultura valoriza o afeto em algumas fases da vida e em outras o sexo. Como isso acontece?

Explique aos alunos que, em nossa cultura, geralmente o afeto é associado à criança e ao idoso enquanto o sexo é associado ao adolescente e ao adulto. Por outro lado, os meios de comunicação tendem a veicular mensagens reduzindo a sexualidade presente em nossa vida, desde o nascimento, ao sexo (atributo biológico que caracteriza o homem e a mulher).

De acordo com o PCN,  Educação Sexual/ MEC, 1998, a sexualidade é entendida como algo inerente, que se manifesta desde o momento do nascimento até a morte, de formas diferentes a cada etapa do desenvolvimento.  O sexo é caracterizado pelas diferenças anatômicas e também pelas expressões que caracterizam o homem e a mulher. Encaminhe a discussão refletindo sobre a distinção que pode ser estabelecida entre os dois termos.  

Atividade 2   

Explique para a turma que sexualidade é uma maneira de buscar e dar prazer que envolve a pessoa por inteiro. Essa troca envolve sentimentos de amizade, carinho, amor, alegria, tristeza, ciúme...

Valores como companheirismo, ética, honestidade, generosidade faz com que nossos sentimentos para com os outros sejam mais verdadeiros e solidários contribuindo para o bem estar individual e coletivo. Nossos valores orientam nossas ações para o que acreditamos, desejamos e sentimos.   

Peça a cada aluno que escreva em uma folha seis valores que orientam sua vida e seu relacionamento com as pessoas. A seguir peça que escreva esses valores por ordem de importância para ele. Depois, justifique a primeira escolha.

Organize a turma para a discussão da atividade. Escreva o valor mais importante para cada aluno, no quadro de giz. Em caso de mais de um aluno considerar mais importante um mesmo valor, faça a tabulação dos dados e represente o resultado num gráfico de coluna como o representado a seguir. A linha vertical deve corresponder ao número de respostas dadas e a linha horizontal aos valores citados pelos alunos.

http://escolovar.org/mat_grafico_grapher.gif   Consultado em agosto de 2010. 

Atividade 3

 Apresente para os alunos o texto e/ou o vídeo sobre o Estatuto do Homem escrito por Thiago de Mello. Peça aos alunos que enquanto assistem ao vídeo e lêem o texto, escrevam que valores lhes vêm à cabeça. Ao final identifique com os alunos a ideia principal de cada trecho do estatuto.   

Vídeo: Estatuto do Homem http://www.youtube.com/watch?v=tvFsPvwhFpE&feature=fvw 4:30min. Consultado em agosto de 2010    

Texto: Estatuto do Homem, transcrito a seguir. http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/thiago-de-mello/os-estatutos-do-homem.php Consultado em agosto de 2010 

Estatuto do homem   

Thiago de Mello

Artigo I

Fica decretado que agora vale a verdade. Agora vale a vida, e de mãos dadas, marcharemos todos pela vida verdadeira.

Artigo II

 Fica decretado que todos os dias da semana, inclusive as terças-feiras mais cinzentas, têm direito a converter-se em manhãs de domingo.

Artigo III

Fica decretado que, a partir deste instante, haverá girassóis em todas as janelas, que os girassóis terão direito a abrir-se dentro da sombra; e que as janelas devem permanecer, o dia inteiro, abertas para o verde onde cresce a esperança.

 Artigo IV

 Fica decretado que o homem não precisará nunca mais duvidar do homem. Que o homem confiará no homem como a palmeira confia no vento, como o vento confia no ar, como o ar confia no campo azul do céu.

Parágrafo único: O homem, confiará no homem como um menino confia em outro menino.

Artigo V

 Fica decretado que os homens estão livres do jugo da mentira. Nunca mais será preciso usar a couraça do silêncio nem a armadura de palavras. O homem se sentará à mesa com seu olhar limpo porque a verdade passará a ser servida antes da sobremesa.

Artigo VI

Fica estabelecida, durante dez séculos, a prática sonhada pelo profeta Isaías, e o lobo e o cordeiro pastarão juntos e a comida de ambos terá o mesmo gosto de aurora.

Artigo VII

Por decreto irrevogável fica estabelecido o reinado permanente da justiça e da claridade, e a alegria será uma bandeira generosa para sempre desfraldada na alma do povo.

Artigo VIII 

Fica decretado que a maior dor sempre foi e será sempre não poder dar-se amor a quem se ama e saber que é a água que dá à planta o milagre da flor.

Artigo IX 

Fica permitido que o pão de cada dia tenha no homem o sinal de seu suor. Mas que sobretudo tenha sempre o quente sabor da ternura.

Artigo X

 Fica permitido a qualquer pessoa, qualquer hora da vida, uso do traje branco.

Artigo XI

Fica decretado, por definição, que o homem é um animal que ama e que por isso é belo, muito mais belo que a estrela da manhã.

Artigo XII

Decreta-se que nada será obrigado nem proibido, tudo será permitido, inclusive brincar com os rinocerontes e caminhar pelas tardes com uma imensa begônia na lapela.

Parágrafo único: Só uma coisa fica proibida: amar sem amor.

Artigo XIII

Fica decretado que o dinheiro não poderá nunca mais comprar o sol das manhãs vindouras. Expulso do grande baú do medo, o dinheiro se transformará em uma espada fraternal para defender o direito de cantar e a festa do dia que chegou.

Artigo Final

Fica proibido o uso da palavra liberdade, a qual será suprimida dos dicionários e do pântano enganoso das bocas. A partir deste instante a liberdade será algo vivo e transparente como um fogo ou um rio, e a sua morada será sempre o coração do homem.

Santiago do Chile, abril de 1964.

Atividade 4

Antes de explorar a atividade 4, leia o texto extraído dos PCN – Educação sexual, MEC,1998:   

RELAÇÕES DE GÊNERO   

Desde muito cedo, são transmitidos padrões de comportamento diferenciados para homens e mulheres. O conceito de gênero diz respeito ao conjunto das representações sociais e culturais construídas a partir da diferença biológica dos sexos. Enquanto o sexo diz respeito ao atributo anatômico, no conceito de gênero toma-se o desenvolvimento das noções de “masculino” e “feminino” como construção social. O uso desse conceito permite abandonar a explicação da natureza como a responsável pela grande diferença existente entre os comportamentos e lugares ocupados por homens e mulheres na sociedade.

Essa diferença historicamente tem privilegiado os homens, na medida em que a sociedade não tem oferecido as mesmas oportunidades a ambos.Mesmo com a grande transformação dos costumes e valores que vêm ocorrendo nas últimas décadas ainda persistem muitas discriminações, por vezes encobertas, relacionadas ao gênero. Todas as diferenças existentes no comportamento de homens e mulheres refletem-se na vivência da sexualidade de cada um, nos relacionamentos a dois e nas relações humanas em geral.

A discussão sobre relações de gênero tem como objetivo combater relações autoritárias, questionar a rigidez dos padrões de conduta estabelecidos para homens e mulheres e apontar para sua transformação. A flexibilização dos padrões visa permitir a expressão de potencialidades existentes em cada ser humano que são dificultadas pelos estereótipos de gênero. Como exemplo comum pode-se lembrar a repressão das expressões de sensibilidade, intuição e meiguice nos meninos ou de objetividade e agressividade nas meninas. As diferenças não devem ficar aprisionadas em padrões preestabelecidos, mas podem e devem ser vividas a partir da singularidade de cada um, apontando para a eqüidade entre os sexos.   

Ao se observar o comportamento diferenciado dos alunos dos primeiros ciclos, vêem-se inúmeras situações que dizem respeito à questão dos gêneros. No primeiro ciclo, geralmente ocorre o agrupamento espontâneo das crianças por sexo, sendo mais dificultado o relacionamento entre meninos e meninas.

Esse movimento pode e deve ser respeitado, desde que não implique a desvalorização do outro. Trata-se de um movimento que se relaciona com a construção da identidade de cada criança, em que primeiramente é preciso afirmar-se como menino ou como menina a partir das semelhanças e afinidades de interesse típicas da idade e sexo. Vêem-se então os “clubes do bolinha” ou “da luluzinha” e também as amizades exclusivas entre pares. Já no segundo ciclo costuma haver, espontaneamente também, uma aproximação entre eles, revelando-se mais claramente a curiosidade pelas diferenças. Com a puberdade há maior entrosamento e atração entre meninos e meninas. Essa aproximação não se dá sem conflitos, medos e por vezes agressões de diferentes intensidades. Muitas vezes o professor é chamado a intervir nesses conflitos ao mesmo tempo em que pode propor situações de trabalho em conjunto como estratégia de facilitação das relações entre meninos e meninas.

Para os conteúdos deste bloco as articulações privilegiadas são com as áreas de História, Educação Física e todas as situações de convívio escolar.

A abordagem das relações de gênero com as crianças dessas faixas etárias, convém esclarecer, é uma tarefa delicada. A rigor, pode-se trabalhar as relações de gênero em qualquer situação do convívio escolar. Elas se apresentam de forma nítida nas relações entre os alunos e nas brincadeiras diretamente ligadas à sexualidade. Também estão presentes nas demais brincadeiras, no modo de realizar as tarefas escolares, na organização do material de estudo, enfim, nos comportamentos diferenciados de meninos e meninas. Nessas situações, o professor, estando atento, pode intervir de modo a combater as discriminações e questionar os estereótipos associados ao gênero. Os momentos e as situações em que se faz necessária essa intervenção são os que implicam discriminação de um aluno em seu grupo, com apelidos jocosos e às vezes questionamento sobre sua sexualidade.

O professor deve então sinalizar a rigidez das regras existentes nesse grupo que definem o que é ser menino ou menina, apontando para a imensa diversidade dos jeitos de ser. Também as situações de depreciação ou menosprezo por colegas do outro sexo demandam a intervenção do professor a fim de se trabalhar o respeito ao outro e às diferenças.

A proposição, por parte do professor, de momentos de convivência e de trabalho com alunos de ambos os sexos pode ajudar a diminuir a hostilidade entre eles, além de propiciar observação, descobertas e tolerância das diferenças. Essa convivência, mesmo quando vivida de forma conflituosa, é também facilitadora dessas relações, pois oferece oportunidades concretas para o questionamento dos estereótipos associados ao gênero.

É igualmente importante que se eleja um (ou mais) momento(s) em que esse tema seja diretamente abordado, como trabalho planejado e sistematizado. Leitura e análise de notícias ou de obras literárias são boas formas de informar e promover discussões a respeito de valores e atitudes ligados à questão. No estudo dos conteúdos de História, podem ser trabalhados os comportamentos diferenciados de homens e mulheres em diferentes culturas e momentos históricos, o que auxilia os alunos a entenderem as determinações da cultura em comportamentos individuais.

Conteúdos a serem trabalhados:

• a diversidade de comportamento de homens e mulheres em função da época e do local onde vivem;

• a relatividade das concepções tradicionalmente associadas ao masculino e ao feminino;

• o respeito pelo outro sexo, na figura das pessoas com as quais se convive;

• o respeito às muitas e variadas expressões do feminino e do masculino  

 Trechos extraídos do PCN - Educação Sexual, MEC,1998. Para leitura de todo o documento acesse o link a seguir:   http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/livro102.pdf   Consultado em agosto de 2010 

 Explique aos alunos que o conceito de gênero diz respeito ao conjunto das representações sociais e culturais construídas com base na diferença biológica dos sexos. Sexo diz respeito ao atributo biológico, enquanto gênero está associado às noções de masculino e feminino como construção social. É importante atentar-se para não reforçar estereótipos que, normalmente, se encontram relacionados ao que é feminino e ao que é masculino, como ser bom em alguma matéria, ser organizado, cuidar dos filhos e da casa.

Durante a discussão com a turma, aproveite a oportunidade para questionar a rigidez dos padrões de conduta estabelecidos para homens e mulheres e apontar para sua transformação.   

A seguir peça que registrem as respostas das questões abaixo para discussão com a turma.

1.Você faz distinção entre atividades exclusivas do sexo feminino ou do sexo masculino? Qual é o critério que você usa para fazer essa distinção? Registre aqui suas ideias.   

2. Na nossa cultura, encontramos padrões de comportamento diferenciados para homens e mulheres. Muitas vezes, não questionamos se tais padrões são os únicos possíveis e, além disso, o que define que devemos agir de um jeito ou de outro. Os comportamentos listados abaixo são femininos, masculinos ou de ambos os sexos? Dê sua opinião marcando um X na coluna correspondente.

Comportamento                             

                                                             Feminino                               Masculino                        Ambos os sexos

Cuidar dos filhos.

Trabalhar em escola infantil.

Usar cosméticos.

 Ser educado.

Ser romântico e delicado.

Realizar serviços domésticos.

Arrumar a casa.

Decidir quando ter filhos.

Ser corajoso e ter força física.

Trabalhar como motorista.

Amamentar o filho.

Usar brinco e pulseira.

Sustentar a família.

Cuidar da beleza.

Urinar em pé.

Ser objetivo e prático.

Orientar os filhos.

Tomar a iniciativa numa relação.

Ser organizado com o material escolar.

3. Discuta as questões do quadro em turma.   

A seguir proponha aos alunos que pensem em uma situação na qual o convencionalmente aceito em relação a gênero vem sendo mudado (mulheres motoristas de caminhão e homens trabalhando em serviço doméstico, por exemplo). Peça que criem, em dupla, uma história em quadrinhos, no caderno, retratando a situação pensada.

        

Recursos Complementares

Saiba mais sobre o tema da aula acessando o link:   

Texto: Gênero e exclusão social http://www.fundaj.gov.br/tpd/113.html 

acessado em 23/08/2010

Avaliação

Avaliar numa perspectiva formativa implica estar atento à construção de conhecimentos conceituais, comportamentais e atitudinais de nossos alunos. Por isso é importante estar atento a todo o percurso do aluno enquanto aprende: suas ideias iniciais, aquelas apresentadas durante a investigação, à maneira que relaciona com os colegas, sua atitude investigativa e crítica, no decorrer da aula. Nesta aula, além dos conhecimentos conceituais trabalhados, em diferentes momentos foi possível perceber a visão dos alunos em relação aos sentimentos e valores que permeam diferentes fases da vida, possibilitando-lhes manifestar comportamentos e atitudes relativos ao convívio com pessoas em diferentes fases. Feitas estas considerações, propomos mais um momento para que os alunos sejam avaliados em relação aos objetivos propostos inicialmente.   

Para finalizar o trabalho realizado, peça-lhes que, em duplas, escrevam uma história de amor na qual fiquem evidenciados os valores e sentimentos que devem permear um relacionamento entre duas pessoas que se gostam e querem caminhar juntas.

Opinião de quem acessou

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Opiniões

  • Dalva de Oliveira Soares da Costa, Diretoria de Ensino Região de Jundiaí , São Paulo - disse:
    dalva_pcp@yahoo.com.br

    24/03/2014

    Cinco estrelas

    Boa tarde, Muito obrigada, pela sequência didática, vou utilizar em uma orientação técnica para ser trabalhada com alunos dos 8ºs e 9ºs anos, sobre orientação sexual e também sobre os diferentes gêneros sexuais existentes. Obrigada, Dalva - PCNP - DE Jundiaí


  • LIGIA MARIA DE MESQUITA, PREF MUN DE NOVA VENEZA , Goiás - disse:
    ligiamoles@hotmail.com

    06/05/2011

    Cinco estrelas

    muito produtiva.


Sem classificação.
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