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O teatro de mamulengos

 

19/10/2010

Autor e Coautor(es)
WALLESKA BERNARDINO SILVA
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UBERLANDIA - MG ESC DE EDUCACAO BASICA

Eliana Dias

Estrutura Curricular
Modalidade / Nível de Ensino Componente Curricular Tema
Educação Escolar Indígena Línguas Desenvolvimento da linguagem oral
Ensino Fundamental Final Língua Portuguesa Língua oral e escrita: prática de escuta e de leitura de textos
Educação de Jovens e Adultos - 2º ciclo Língua Portuguesa Linguagem oral: escrita e produção de texto
Dados da Aula
O que o aluno poderá aprender com esta aula
  • Estudar a origem do termo mamulengo;
  • apreciar peças do teatro de mamulengos;
  • valorizar a cultura popular;
  • escrever um texto dramático para ser encenado pelo teatro de mamulengos.  
Duração das atividades
5 aulas de 50 minutos cada.
Conhecimentos prévios trabalhados pelo professor com o aluno
  • Estrutura do texto dramático.
Estratégias e recursos da aula

Estratégias:

  • atividades em grupo;
  • discussão coletiva;
  • encenação.   

Recursos:

  • hipermídia com internet e data-show;
  • folhas xerocopiadas.   

Aula 1

Atividade 1   

OBS: A aula deve acontecer em local que tenha disponibilizado recurso de internet e data show para exibição de teatros de mamulengos.   

O professor deverá iniciar a aula propondo a brincadeira com o jogo da forca com o objetivo de os alunos descobrirem a temática: teatro de mamulengos. Deverá dividir a sala em dois grupos e para cada grupo, será desenhada uma forca. Cada aluno de cada grupo vai falando uma letra até formarem toda palavra. Vence o grupo que tiver menor quantidade de partes dependuradas na forca.

Disponível em: http://spectrum.weblog.com.pt/arquivo/desenhinho_forca_Carmona.jpg     

Atividade 2   

Após os alunos descobrirem a temática da aula, o professor os organizará em círculo para buscar deles algumas informações sobre “teatro de mamulengos”: Para tanto, perguntará:

  • Vocês sabem o que é mamulengo?
  • Como surgiu o termo?
  • Já viram um teatro de mamulengos?
  • Qual a importância dos mamulengos para a sociedade?   

Mesmo que os alunos em um primeiro momento não respondam aos questionamentos, o professor exibirá para eles trechos de peças de teatro de mamulengos sem dar ainda maiores explicações: 

Disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=Ax9SF8vz7MY

http://www.youtube.com/watch?v=LozuaCpbwkw&feature=related

http://www.youtube.com/watch?v=Ji4Cj8sUHZA&NR=1

Ao final da exibição, o professor entregará aos alunos um papel para que escrevam o que sabem sobre mamulengos. Essa atividade tentará extrair dos alunos algumas informações a partir de seu conhecimento prévio associado à exibição dos vídeos. Depois, o professor deverá orientar os alunos a trocarem os papéis entre os colegas e a lerem em voz alta os registros para socialização dos conhecimentos.   

Aula 2

Atividade 1   

Com um boneco de mamulengo (conforme imagem abaixo) e com a improvisação de um cenário, o professor deverá iniciar a aula dramatizando a história dos mamulengos. É sugerido, nessa situação, que o boneco seja o de uma senhora que gosta de contar histórias e o texto para adaptação ao teatro de mamulengos segue abaixo:

A brincadeira de fantoches está na história desde a Antiguidade. Alguns estudos indicam a origem na Índia, outros no Egito, onde foram encontrados bonecos de ouro, marfim e barro.

Os registros demonstram que estavam presentes nas feiras da antiga Grécia e de lá passaram para Roma. Da Itália, na Idade Média, os bonecos caminharam pelas mãos de artistas anônimos pela Europa. Eles chegaram ao Brasil em dois momentos diferentes. Primeiro chegaram em Pernambuco, trazidos pelos holandeses.

Acredita-se que o nome "mamulengo" nasceu da "mão molenga" ou da brincadeira de molengo". Em seguida, chegaram ao Rio Grande do Sul e se popularizaram por contar lendas como a do Negrinho do Pastoreio.

Os bonecos costumam ser feitos de madeira, metal, papel, palha e barro, entre outros materiais. São vestidos a caráter de acordo com os personagens, como o chorão, o briguento, o valente e o bondoso.

Hoje, os mamulengos são manuseados por três grupos diferentes: tem os bonecos de varinha, os que são movimentados por cordas (marionetes) e os de guignol (movimentados pelas mãos do artista).   

Texto disponível em: http://www.diariodepernambuco.com.br/2009/09/05/interior1_0.asp 

Importante: professor, os bonecos de mamulengo têm cabeça e mãos de madeira (a mulungu ou a imburana) e o corpo de pano, vazio, como uma luva. São manipulados acima de uma cortina ou telão por trás do qual se escondem os manipuladores e que também falam - dão voz aos bonecos. Caso não consiga um boneco “oficial” mamulengo, confeccione um utilizando material reciclado. Veja modelos disponíveis nos sites abaixo.

http://www.pontosolidario.org.br/mamulengo_olinda.htm

http://www.bonecosdepernambuco.com/index.php?option=com_content&view=article&id=66%3Amestre-joao-galego-&catid=38%3Amamulengueiros&Itemid=55

Professor, Luís da Câmara Cascudo, em seu livro Dicionário do Folclore sobre Mamulengo explica: "é uma espécie de divertimento popular em Pernambuco, que consiste em representações dramáticas por meio de bonecos, em pequeno palco, alguma coisa elevado. Por detrás de uma empanada, esconde-se uma ou duas pessoas adestradas, e fazem que os bonecos se exibam com movimento e fala. A esses dramas servem ao mesmo tempo de assunto, cenas bíblicas e de atualidade. Tem lugar por ocasião das festividades da igreja, principalmente nos arrabaldes. O povo aplaude e se deleita com essa distração, recompensando seus autores com pequenas dádivas pecuniárias. Em outras regiões do país a "brincadeira" (como denominam os praticantes desta arte popular), adquire outras denominações como Babau, João Redondo, Cassimiro Côco etc". O Teatro de Bonecos Popular também está presente em diversas culturas pelo mundo afora, sendo conhecido como Petruska (Russia), Polichinelo (França), Fantochini (Itália), entre outras” (texto disponível em: http://www.bonecosdepernambuco.com/index.php?option=com_content&view=article&id=85&Itemid=55       

Atividade 2   

Dramatizada a história da arte dos mamulengos, chegou o momento de despertar os alunos para a consciência de que essa arte representa a cultura popular e, portanto, deve ser valorizada. Para tanto, o professor entregará em xerocópias o depoimento de um dos mestres de mamulengos – expressão utilizada para nomear uma pessoa que vive dos mamulengos.  

Consciente do efeito que os bonecos têm em crianças e adultos, Zé Lopes reivindica o maior uso deles em campanhas educativas e outras formas de promoção da cidadania.

- Faça um teste em qualquer lugar. Faça uma apresentação na rua sem bonecos e veja se para alguém para ver. Agora, no mesmo local, arme uma barraca de mamulengo, bote um boneco bem safado, contando tudo. Se pararem ali 50 pessoas, menos de uma hora depois cerca de 500 já estarão sabendo daquilo. Temos que levar os bonecos para as salas de aulas, para as campanhas ambientais, de saúde – reclama.

O mestre artesão chega a dizer que os bonecos tiveram influência na colonização brasileira.

- Já ficou comprovado que os bonecos chegaram aqui para chamar a atenção dos índios. Tanto que esqueceram o tupi-guarani e começaram a aprender o português para o trabalho. Mas quando os bonecos foram para as ruas e fazendeiros e padres descobriram a magia deles, ficaram com raiva – abre a polêmica o bonequeiro.

Para Zé Lopes, ser um mestre popular significa antes de tudo ter um compromisso com a sua arte e principalmente, com a perpetuação desse saber. “Ser mestre é uma responsabilidade. Tem que ter compromisso mesmo diante de situações difíceis de resolver”, diz.

Imbuído de seu papel de liderança, mestre Zé Lopes sugere estratégias para o reconhecimento e a continuidade dessa tradição popular.

- Acho que é obrigação do Brasil e do mundo me pagar. Tenho 47 anos de experiência e não quero morrer com essa experiência dentro de mim. Eu tenho que passar isso agora, agora. Eu tenho mais valor do que a carta de Pero Vaz de caminha. Porque eu estou vivo.   

Zé Lopes propõe que mestres do mamulengo recebam um salário, com o compromisso de transmitir o seu conhecimento, a obrigação de ensinar regularmente o fazer e as técnicas a outras pessoas.

Segundo o mestre, tem que se mamulengueiro virar uma profissão, os jovens serão atraídos. “Funciona como um espelho: tem que ter sucesso para que os outros queiram também”, argumenta.

Sugere também que todo esse poder do mamulengo e da cultura local seja usado para que as cidades nordestinas gerem mais receita e que a sua juventude não precise, como ele precisou, deixar a terra natal.

- Não precisa mais sair. Cada um deve descobrir a potencialidade da sua cidade. Hoje se ganha dinheiro até com o lixo. Os jovens têm que se ligar na cultura. Com um pouco de empenho, vão ganhar dinheiro em qualquer cidade, por menor que seja.

O mestre popular lembra que em Glória do Goitá não há somente o mamulengo, mas também cantadores de viola e expressões populares como o Cavalo Marinho e mesmo casas de farinha artesanais.

Com clareza de economista, descreve rapidamente uma cadeia produtiva com base na cultura:

- É uma bola de neve. Os turistas vêm conhecer essas coisas e dá aquela fome. Daí comem um assado ou uma boa macaxeira. Vai ganhar a pousada, o hotel. Vai ganhar rapaz que vende picolé. Até a prefeitura da cidade vai ganhar dinheiro. Basta que o prefeito, que os políticos resolvam valorizar a cultura da sua terra, investir na cultura de sua cidade - explica.

Entretanto, como diz o mestre, “a turma aqui não sabe explorar ainda essa área. Nem pequenos bonequinhos como lembranças da cidade não fazem. Nem mesmo chaveiros”, reclama.

Autor: Mestre Zé Lopes

Texto disponível em: http://blog.clickgratis.com.br/culturapopular/73435/Mamulengo.html 

Feita a leitura do depoimento, o professor deverá abrir uma roda de conversa para debater a questão da importância da cultura popular na vida das pessoas. A dinâmica da discussão pode ser conduzida por meio da opinião dos alunos sobre trechos do depoimento acima. Os trechos podem ser:   

Trecho 1

Para Zé Lopes, ser um mestre popular significa antes de tudo ter um compromisso com a sua arte e principalmente, com a perpetuação desse saber. “Ser mestre é uma responsabilidade. Tem que ter compromisso mesmo diante de situações difíceis de resolver”   

Trecho 2

Sugere também que todo esse poder do mamulengo e da cultura local seja usado para que as cidades nordestinas gerem mais receita e que a sua juventude não precise, como ele precisou, deixar a terra natal.

Trecho 3

- Acho que é obrigação do Brasil e do mundo me pagar. Tenho 47 anos de experiência e não quero morrer com essa experiência dentro de mim. Eu tenho que passar isso agora, agora. Eu tenho mais valor do que a carta de Pero Vaz de caminha. Porque eu estou vivo.

    

Aula 3

Atividade 1   

Esta aula será dedicada à construção de um texto para ser dramatizado por meio dos mamulengos. Os alunos terão liberdade para se dividirem em grupos e criarem um texto dramático.   

Importante: professor, não se esqueça de retomar com os alunos algumas das características básicas dos textos dramáticos, como o fato de poder dispensar o narrador e a importância da vocalização no momento da encenação dos textos.   A primeira versão deverá ser feita em sala e corrigida pelo professor. Em seguida, com o texto dramático pronto, os alunos terão de produzir seus próprios mamulengos (Para isso é importante que o professor faça parcerias com o docente de Artes, pois este poderá auxiliar os alunos em suas dificuldades). Caso não seja possível esculpir a madeira para a confecção da cabeça e das mãos dos mamulengos, é aconselhado utilizar material reciclado.   

Aula 4

Ensaio para a apresentação do teatro de mamulengos.   

Aula 5

Encenação do teatro de mamulengos.   

Importante: professor, caso o trabalho seja produtivo, organize a apresentação do teatro para toda escola e comunidade, valorizando o empenho dos alunos e incentivando a difusão da cultura popular.  

Recursos Complementares
Avaliação

A avaliação constará de dois momentos específicos: i) a participação efetiva dos alunos na discussão coletiva sobre a importância da valorização da cultura popular, especialmente, o teatro de mamulengos; e ii) o empenho na e para a produção do teatro de mamulengos.

Opinião de quem acessou

Cinco estrelas 2 classificações

  • Cinco estrelas 2/2 - 100%
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Opiniões

  • Juliana Dias, CIEP 402- Aparício Torelli , Rio de Janeiro - disse:
    judi-chan96@hotmail.com

    29/10/2013

    Cinco estrelas

    Estou fazendo formação de professores e achei mt interessante seus planos de aula, obrigada por partilhar uma experiência tão boa. ainda bem que ainda existem profissionais tão bons como a senhora !!! espero no futuro também colocar alguma experiência tão boa como essa :)


  • Márcia Helena Nascimento de Lima, E E E F M MAL CORDEIRO DE FARIAS , Pará - disse:
    marcia.lima2000@gmail.com

    04/01/2011

    Cinco estrelas

    Gostei muito de dua aula professora Walleska Silva. É muito dificil encontrar aulas sobre teatro de formas animadas em qualquer site e sua contribuição foi valiosa.


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