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A Matemática na Literatura Popular

 

28/01/2011

Autor e Coautor(es)
MARIA LUCIA BRANDAO DOS SANTOS
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RIO DE JANEIRO - RJ COL DE APLIC DA UNIV FED DO RIO DE JANEIRO

Estrutura Curricular
Modalidade / Nível de Ensino Componente Curricular Tema
Ensino Fundamental Inicial Matemática Espaço e forma
Dados da Aula
O que o aluno poderá aprender com esta aula

◦ Reconhecer o folclore como cultura popular criada, reinventada e acumulada através dos tempos.             

◦ Identificar o uso da Matemática na literatura popular em seus contos, adivinhas, trovas com trava-línguas, frases-feitas, parlendas e ditados populares brasileiro, além do das palavras.

◦ Perceber que existem diferentes tipos de manifestação do folclore.

Duração das atividades
2 aulas de 50 min.
Conhecimentos prévios trabalhados pelo professor com o aluno

◦Leitura e linguagem oral envolvendo adivinhas, trovas com trava-línguas, quadras populares, parlendas e cantigas de roda.

Estratégias e recursos da aula

 

         Nas aulas anteriores, realizar atividades nas quais tenham surgido diferentes manifestações folclórica como lendas, parlendas, provérbios, adivinhas canções, discutindo a diferença entre elas e sua importância na cultura de um lugar.

1º momento

         Sala dividida em cinco grupos, cada qual com uma caixa sobre uma das mesas. Elas devem ter o mesmo tamanho, mas forradas de cores diferentes.

         Ao entrar na sala, cada aluno retira um cartão de um saco ou envelope e se dirige ao grupo onde se encontra a caixa com a mesma cor dos sorteados por ele. (Deve haver o mesmo número de cartões e de alunos, divididos igualmente pelas cores das caixas.) Convidar os alunos a conhecerem a história de um gambá muito sonhador. 

        Fonte do texto e imagem(scaneada) do livro: “Histórias que o povo conta” de Ricardo Azevedo, editora Ática.

        Pedir que os alunos abram sua caixa somente quando for pedido.

"O Gambá e o jarro de leite"

 

       O gambá vivia escondido num buraco em cima da árvore. Toda noite, depois que o fazendeiro ia dormir, o danado saía da toca e desandava a fazer coisas errada. Roubava e comia as frutas do pomar. Entrava na cozinha e bebia a cachaça. Brigava com o gato. Arrombava a porta do galinheiro, chupava os ovos e ainda matava um monte de galinhas.

      Um dia, o gambá encontrou um jarro cheio de leite e logo teve uma idéia. Mandou fazer um paletó, botou o jarro na cabeça e foi embora para a cidade.

      “Vou trocar o jarro por duas dúzias de ovos”, pensou o gambá. “Dos ovos vão nascer vinte e quatro pintinhos. Os pintinhos vão crescer e virar vinte e quatro frangos. Vou vender meus frangos e com o dinheiro compro um boi e três vacas.”

      O gambá sorria andando pela estrada de terra com o garrafão no alto da cabeça.“Do boi e das três vacas vão nascer muitos e lindos bezerrinhos. Vou criar os bezerros para vender e depois comprar mais bois e mais vacas. Quando a minha criação de gado ficar bem grande, vendo tudo e compro uma fazenda.”

      O gambá sonhava.
      “Minha fazenda vai ser das grandes.”
      E o bicho andava, e andando via sua fazenda na sua frente.

      “Ali”, apontava, ele com o dedinho no espaço, “vai ser o pomar cheios de frutas deliciosas”. “Mais pra lá”; mostrava ele com a outra mão, “vou construir um curral. Em cima daquele morro, assim,vai ser o pasto para criação de gado. Minha casa vai ficar bem ali, perto do lago. Vou ter ovos, pois pretendo construir um galinheiro.”

      O gambá ria sozinho:
      “Vou ficar rico. Vou ter um baú cheio de dinheiro.”
      E ria mais.
      “Fora isso, vou mandar plantar bastante cana pra fazer cachaça só pra mim.”
      E o malandro já se imaginava de bota de couro e chapéu de abas largas, fumando charuto e andando na sua fazenda imensa.
      Sonhou tanto que acabou tropeçando numa pedra. O jarro escorregou e espatifou no chão.
      O gambá ficou parado olhando o leite derramado. Depois voltou para o seu buraco em cima da árvore, pegou uma violinha de dez cordas e cantarolou:

 Minha gente eu tive um sonho

Quis do nada fazer renda

  Sonhei que de um simples jarro

                Eu tirava uma fazenda               

                 Sem trabalho nem esforço             

                  Só na manhã e na moleza             

                   Quis ter dinheiro e fortuna             

                      Que ser rico é uma beleza!               

                    Mas foi tudo uma miragem            

                      Bem no meio do caminho             

                   Bem no meio da viagem            

                      Uma pedra fez seu ninho              

                     Que tristeza, minha gente            

                      Por causa de um tropeção            

                       Lá se foi minha esperança             

                          Meu sonho quebrou no chão               

                        Adeus, frutas do pomar             

                         Adeus, gado e galinheiro             

                          Adeus, fazenda e cachaça             

                         Adeus, baú de dinheiro               

                 Agora vivo a cantar             

                       Que chorar não me consola             

                         Perdi fazenda e dinheiro             

              Mas guardei minha viola!

 

          Depois da história contada, discutir sobre a sabedoria nela existente e propor as seguintes questões:

a) O gambá disse que ia trocar o jarro por duas dúzias de ovos. Se uma dúzia é igual a 12, quantos ovos haveria em duas dúzias de ovos?

   E se fossem quatro dúzias?

   E se fossem meia dúzia?

   E se fossem três dúzias e meia?

b) O gambá venderia cada frango por R$9,00. Se ele vendesse os 24 frangos, quanto ganharia?

c) Com o dinheiro, ele compraria um boi e três vacas e não sobraria troco. Se os quatro animais tivessem o mesmo preço, quanto custaria cada um?  

 

2º momento

          Pedir aos grupos para que abram a caixa e sigam as orientações encontradas em seu interior:   

  •  Ler o material com o grupo.
  •  Relacionar o material lido a uma das manifestações folclóricas conhecidas pela turma.
  •  Descobrir semelhanças entre a história ouvida e o material lido.
  •  Contar suas descobertas para a turma.  

Obs: Cada caixa conterá as orientações e uma das variações da literatura popular:

   

1ª Caixa: Adivinhas ou Adivinhações

a) Quando é que nove menos um é igual a dez? (Quando o nove está em algarismos romanos – IX)

b) Qual a diferença entre uma lagosta de seis meses e um elefante de 14 anos? (13 anos e meio)

c) Quatro pernas e uma tábua. / Sou alegre porque sempre faço falta./ Aqui se come, se estuda./ Aqui é possível qualquer surpresa./Sou a essência da casa./ Quem sou eu?  (A mesa)

d) Uma sala tem quatro cantos. Cada canto tem um gato. Cada gato vê três gatos. Quantos gatos são? (4 gatos)

e) Trabalho com muito empenho, procuro sempre acertar. Ensino, educo, esclareço: posso às vezes até errar, mas tenho boa intenção. Sou uma trabalhadora! Quem sou eu? (A calculadora)

f) Que é, que é? Quanto maior, menos se vê? (A escuridão)

g) Uma meia, meia feita. Outra meia por fazer. Diga-me, minha menina. Quantas meias vem a ser? (Meia meia)

     

2ª Caixa:: Parlendas 

(Versos de cinco ou seis sílabas para entreter, acalmar ou escolher quem vai iniciar um jogo)   

a) Um, dois- feijão com arroz.

   Três, quatro- feijão no prato.

   Cinco, seis- feijão pra nós três.

   Sete, oito- feijão com biscoito.

   Nove, dez- feijão com pastéis.   

b) “História da velha que tinha dez filhos.” (Citada no “Folclore da Matemática” do Prof. Mello de Souza)

    Era uma velha que tinha 10 filhos

    Todos 10 dentro de um fole;

    Deu o tango-lo-mango num deles,

    Desses 10, ficaram 9 E esses 9, meu bem, que ficaram

    Foram logo fazer biscoito

    Deu o tango-lo-mango num deles,

    Desses 9, ficaram 8

    E esses 8, meu bem, que ficaram

    Foram brincar com canivete

    Deu o tango-lo-mango num deles,

    Desses 8, ficaram 7

    E esses 7, meu bem, que ficaram

    Foram fazer um bolo inglês

    Deu o tango-lo-mango num deles,

    Desses 7, ficaram 6

    E esses 6, meu bem, que ficaram

    Foram a porta bater no trinco

    Deu o tango-lo-mango num deles,

    Desses 6, ficaram 5

    E esses 5, meu bem, que ficaram

    Com o Diabo fizeram um trato

    Deu o tango-lo-mango num deles,

    Desses 5, ficaram 4

    E esses 4, meu bem, que ficaram

    Foram aprender português;

    Deu o tango-lo-mango num deles,

    Desses 4, ficaram 3

    E esses 3, meu bem, que ficaram

    Foram ao campo buscar cem bois,

    Deu o tango-lo-mango num deles,

    Desses 3, ficaram 2

    E esses 2, meu bem, que ficaram

    Foram ao mato caçar anum,

    Deu o tango-lo-mango num deles,

    Desses 2, restou só 1!

    E esses 1, meu bem, que ficou

    Foi brincar com Lampeão,

    Deu o tango-lo-mango no tal,

    E acabou-se a geração...   

c) Serra madeira

    Senhor carpinteiro

    Serra direito

    Pra ganhar dinheiro. (Sistema monetário)

     

3ª Caixa:Trava-línguas 

(Parlendas que apresentam dificuldades na pronúncia de suas frases.)   

a) Uma tartaruga, duas tartarugas, três tartarugas, tagarelam no rio.   

b) O tempo perguntou pro tempo, qual é o tempo que o tempo tem

    O tempo respondeu pro tempo que não tem tempo de dizer pro tempo que o tempo do tempo é o tempo que o tempo tem.   

c) Porque um ninho de carrapatos,

    Cheio de carrapatinhos.

    Qual o bom carrapateador

    Quem o descarrapateará?   

d) Um ninho de mafagatos,

    Com sete mafagatinhos.

    Quem os desmafagatizar,

    Bom desmafagatizador será.

e) Um ninho de mafagafa,

    Com sete mafagafinhos.

    Quem os desmafaguifar,

    Bom desmafaguifador será.

     

4ª Caixa: Quadras populares 

(Poemas de quatro linhas, onde o segundo verso sempre rima com o quarto.)

a) Dois beijos tenho na boca

   Que jamais esquecerei

   O primeiro que me deste

   O primeiro que te dei.   

b) Sexta-feira faz um ano

    Que meu coração fechou

    Quem morava dentro dele

    Tirou a chave e levou.   

c) Quem quiser vender eu compro

    Um limão por um tostão

    Para tirar uma moeda

    No meu triste coração.   

d) Fui pedir a São Gonçalo

    Que me fizesse casar

    10 noivos apareceram

    9 deles fiz voltar.   

e) Calango fez um sobrado

    Com 25 janelas

    Para brotar moças brancas,

    Mulatas cor de canela.

 

5ª Caixa: Provérbios 

(Também chamados de ditados populares ou adágios, mostram a sabedoria do povo nas dificuldades da vida.)   

a) Quando um não quer, dois não brigam.   

b) 12 galinhas e 1 galo, comem tanto como 1 cavalo.   

c) Quem aos 20 não sabe, aos 30, não casa, aos 40, não tem: Tarde sabe, tarde casa, tarde tem.   

d) Quem tem 100 e deve 100, nada tem.   

e) Mais vale um pássaro na mão que dois voando.   

f) Os últimos serão os primeiros.   

g) Antes tarde do que nunca.

   

3º momento:

       Depois da leitura e da discussão dos grupos, pedir que eles contem o que descobriram nas situações apresentadas.   

Recursos Complementares

Livros: - Armazém do Folclore. Ricardo Azevedo. Ed. Ática.

          - História que o povo conta. Ricardo Azevedo. Ed. Ática.

          - Folcloriando. Amir Piedade. Ed. Elementar.

          - O Livro das Adivinhações. Renata Pallttini. Ed. Moderna.

          - Didática do Folclore. Corina Maria Peixoto Ruiz. Ed. Arco-Íris.

          - O jogo da parlenda. Heloisa Prieto. Ed. Companhia das letrinhas.

Avaliação

          ◦ Observação dos grupos durante a leitura e discussão dos textos.

          ◦ Apresentação oral das descobertas dos grupos

Opinião de quem acessou

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Opiniões

  • ANA , ESCOLA DIONÍZIO PEREIRA , Bahia - disse:
    anacatialima@yahoo.com.br

    02/04/2014

    Cinco estrelas

    ADOREI A AULA, MUITO BOM PODER COLOCAR A CULTURA POPULAR NA MATEMÁTICA. PARABÉNS!


  • marianne fernandes, escola municipal virginia ... , Minas Gerais - disse:
    maryannasantos77@hotmail.com

    21/08/2012

    Cinco estrelas

    gostei muito me ajudou num resumo para um trabalho e tb ri muito meu irmao de 5 aninhos gostou muito ....


  • Regina, Ciep 127 , Rio de Janeiro - disse:
    reginafreit@hotmail.com

    12/03/2011

    Cinco estrelas

    Adorei a aula, excelente para trabalhar matemática no Fundamental I de forma ludica e interdisciplinar. Você está de parabéns. Continue multiplicando suas ideias.


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